Quando Luka enfim conseguiu fazer com que Alix parasse de gritar e fazer milhares de perguntas que não poderiam ser respondidas ali, – nem em lugar nenhum já que ele não sabia as repostas –, os dois enfim saíram da sorveteria, sendo agraciados com o céu noturno de Paris pontilhado de estrelas. 

Era tão lindo que Luka podia escrever uma música sobre aquela maravilha da natureza. Mas, na verdade, não conseguiria já que os seus pensamentos estavam todos embaralhados iguais às estrelas que não formavam constelações.

— Isso é tão louco... – Alix murmurava, ainda incrédula. 

— Isso porque você não sabe nem da metade – Luka disse, ao aceitar, por fim, a ideia de que não conseguiria inventar desculpas e negar que aquilo fosse verdade, já que Alix já acreditava fielmente que Mari era a Ladybug e a revelação não poderia ser desfeita.

— E se...

— NÃO! – Luka tentou cortar o pensamento dela, mas Alix já tinha entrado a todo o vapor e estava conectando todas as peças do quebra cabeça de uma vez só.

O que, diga-se de passagem, era espantoso.

— ... o Adrien for o Cat Noir? – a ruiva arregalou os olhos. – Pelo Santo Relógio, ele é o Cat Noir! Por isso que você não pode contar para ele que a Marinette é a Ladybug, porque... Peraí! Porque mesmo?

Luka achou adorável o modo como às sobrancelhas dela se franziram.

— Porque são as regras – Luka lhe disse, num tom suave. – Eles têm os Miraculous mais poderosos do mundo. Se juntos eles já são uma força inigualável, imagine se o Howk Moth conseguir virar um contra o outro e deixa-los se destruírem sozinhos.

— Oh! É, faz sentido – Alix disse, lembrando-se de quando os pais de Luka foram akumatizados e lutaram entre si.

Perdida em pensamentos, ela começou a murmurar:

— Então eles não podem descobrir desta forma...

— Não, não podem! – Luka concordou.

— Humm – Alix murmurou sua expressão ganhando um quê de engenhosidade, fazendo com que Luka franzisse o rosto.

— O que a sua mentezinha diabólica está pensando, hein? – ele perguntou, achando realmente que estava para lá de ferrado agora que aquela criaturinha marrenta havia descoberto, em segundos, os segredos que ele devia guardar a sete chaves.

— Estou pensando que... –, ela abriu um amplo sorriso, seus olhos brilhando em deleite –, temos que junta-los antes deles descobrirem a verdade.

Luka fez uma careta.

— Não entendo – ele balbucia.

Como aquilo seria melhor? 

 Parecia muito pior!

— Presta atenção... – Alix disse, já explicando: – Se eles descobrirem agora vai dar um rolo imenso, certo?

— Certo! – Luka concordou, pois sabia que os dois iriam ficar chocados, paralisados com a notícia. 

Depois se evitariam ao máximo, para logo em seguida começarem a guardar suas mágoas e ai a confusão começaria. Eles não saberiam sentar e conversar, pôr tudo para fora. Guardariam tudo para si e isso os envenenaria.

Prato cheio para uma dupla akumatização.

— Por isso temos que uni-los primeiro! – Alix falou.

A ficha de Luka então caiu. Ele enfim entendeu o que devia fazer.

— Sim, temos que junta-los! – Luka afirmou, entendendo o que Alix queria sugerir.

A frase reverberou pelos ouvidos de Alix. A confiança na voz de Luka era admirável, já que ele ainda gostava de Marinette e, mesmo assim, estava disposto à junta-la com outro.

— Ok. Então vamos fazer isto! – ela disse, animada.

No dia seguinte, no Liberty.

Horário de almoço.

— E então? – Alix perguntou quando Luka retornou depois de ter ido cumprir a sua primeira missão na operação “Juntar os Opostos”.

— Não deu certo – Luka responde, desanimado, lembrando-se do fora que Marinette havia lhe dado:

— O que acha de sairmos juntos para um piquenique? – Luka sugeriu para Marinette.

A garota abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas não tivesse decidido ainda o quê.

— Tenho compromisso! – ela então exclamou.

— Mas eu nem te disse o dia que íamos sair – ele argumentou.

— É que a minha agenda mensal já está lotada – a franco-chinesa deu a desculpa. – Mas fica para o próximo ano... Quer dizer, para a próxima vez.

— Mas...

— Agora deixa eu ir plantar batatas... Digo, colher as massas... Quero dizer, ir para aula – ela gaguejou antes de sair correndo.

— Ela ainda está me evitando – Luka diz a Alix, suspirando.

— Ela deve achar que você está tentando uma reaproximação – Alix diz, apoiando seu queixo na mão, pensativa. – Temos que achar um jeito dela acreditar que você já está em outra.

— Em outra como? – Luka franziu o rosto, não gostando nada desta ideia.

— Tipo uma falsa namorada que ninguém nunca ouviu falar, mas por quem você está mortalmente e completamente apaixonado – Alix dá a ideia.

— É, até que isso pode resolver a questão – Luka dá o braço a torcer. 

Alix sorri, travessa:

— Pode deixar comigo então!

Aquela expressão fez Luka temer o que raios pudesse estar se passando pela mente daquela ruivinha diabólica.

No Françoise Dupont.

Mesmo dia. Segundo Período.

— Marinette? – Alix intercepta a amiga antes que ela entre na sala de artes.

— Oi, Alix – Mari sorri para a ruiva.

— Tenho uma novidade incrível para te contar! – Alix exclama, quase dando pulinhos.

— O que houve? – Marinette fica curiosa.

— Então, é o seguinte – Alix começa a explicar. – O Luka e eu estávamos conversando e...

— Boa tarde, meninas – o professor de artes chega dizendo. – Veio participar da minha aula, Srta. Kubdel?

— Não, eu só vim contar para a Marinette sobre o pedido de namoro que o Luka fez...

— Não me diga! – Marinette exclamou, arregalando os olhos.

— É sério! Não é demais? – Alix falou, vendo a expressão chocada da outra - Eu nem acreditei quando eu ouvi, sabe? Mas pelo menos agora ele parece ter te superado completamente.

— Você e o Luka estão namorando!? – Marinette exclama um amplo sorriso cruzando o seu rosto.

— Exato...!

Alix para, chocada com a conclusão precipitada de Marinete 

— Peraí, o quê? – a ruiva se perde em sua linha de raciocínio. – Não é bem assim... Eu... Ele... Nós não...

— Parabéns, Alix! – Mari disse, abraçando a amiga. – Espero que vocês sejam muito felizes. Agora eu tenho que ir, o professor já começou a aula. Tchauzinho.

E com isso, Marinette entrou na sala, deixando uma Alix fora de rumo do lado de fora.

— Mas que merda! – a ruiva resmungou.

O que tinha dado de errado afinal?