Doutor Estranho no Multiverso da Loucura escrita por Maximoff


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Barão Mordo se encontra numa caçada contra uma feiticeira poderosa que se corrompeu e ameaça o Multiverso.

Recomendo ouvir a canção All The Things She Said, da banda t.A.T.u, enquanto estiver lendo a história.



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A lua já brilhava no céu quando Karl Amadeus Mordo chegou num lugar que outrora abrigava uma grande floresta boreal, repleta de vida. A região, uma vez rica, linda e imponente, estava destruída, como se um grande incêndio tivesse devastado tudo. As árvores, que um dia foram grandes e robustas, estavam completamente queimadas e contorcidas, as folhas verdes e largas, simplesmente desapareceram. 

As cinzas flutuavam pelo espaço, ampliando os focos da queimada. Os animais sobreviventes gemiam de dor pelo calor intenso das labaredas e o que Mordo mais observou foram as carcaças queimadas e a expressão de dor naqueles que ainda estavam vivos. O cheiro de fogo e da fumaça eram perturbadores e terríveis e a mata densa e escura sufocava apenas com a sua mera visão. 

Certamente era impossível qualquer coisa viva sobreviver naquele ambiente por muito tempo. Em toda sua experiência, Mordo nunca tinha visto nada como aquilo, nada naquela magnitude e crueldade. Qualquer leigo inocente diria que um terrível incêndio teria posto fim aquela linda floresta, dizimando toda a vida do lugar, porém ele não era um leigo e tampouco inocente, ele sabia que aquele fogo não era fruto da natureza e nem de um simples criminoso, mas sim de alguém praticante da magia. 

Desde sua grande decepção com a Anciã e com o Kamar Taj, Barão Mordo havia descoberto a verdade: os magos, com toda sua vaidade, egoísmo e arrogância, eram aqueles que punham de fato toda a realidade em um grande perigo. Desde aquela época, ele caçou centenas de magos, especialmente os indignos, absorvendo seus poderes. Ele já havia lidado com seres bem poderosos, criaturas perigosas e demônios apavorantes e nunca havia sucumbido, mantinha-se firme em sua nobre missão de varrer do universo os indignos. 

Apesar da vasta experiência em caçar bruxos, Mordo estava particularmente fixado em uma. Uma feiticeira que se fingia de heroína, tendo sido membra da maior equipe de heróis do planeta, os Vingadores. Apesar da imagem de boa samaritana, ela possuía um passado sombrio, tendo participado de uma organização terrorista supremacista, a HYDRA, em busca de vingança pessoal, além disso, ela causou um acidente que culminou na morte de dezenas de civis inocentes, o que ajudou a influenciar na assinatura do Tratado de Sokovia. Apesar de seu passado, ela conseguiu fingir por um tempo suas verdadeiras intenções, enganando os Vingadores, no entanto foi após a restauração do blip que ela revelou sua verdadeira identidade. 

Insatisfeita com a vida que levava e inconformada com a perda de seu grande amor, num surto psicótico, ela decidiu alterar a realidade, violando dezenas de leis da magia. Criou um mundo com uma vida perfeita, torturando e escravizando milhares de pessoas que viviam na pequena cidade de Westview. Ao saber do ocorrido, Mordo ficou estarrecido, ele nunca tinha presenciado alguém tão inconsequente, louca, perturbada e perigosa quanto ela. Além disso, os poderes que ela demonstrou deveriam ter sido extintos há séculos, era magia do caos, criada pelo deus do caos, Chthon. Havia profecias e escrituras quanto uma feiticeira muito poderosa, praticante da magia do caos, cujo destino era destruir o mundo, um ser a ser temido por qualquer um minimamente racional, a Feiticeira Escarlate. No momento em que soube dos acontecimentos de Westview, Mordo sabia que se tratava de magia do caos, portanto, da Feiticeira Escarlate. 

Era por causa dela que ele estava ali, no meio do fogo, vendo toda aquela desolação e arriscando a sua própria vida. Aquela mulher era a coisa mais poderosa e perigosa que ele tinha visto, se as profecias fossem verdadeiras, Thanos pareceria um bebê inocente perto dela. Mordo não poderia apenas absorver seus poderes, precisava matá-la e livrar o mundo desse mal terrível. 

Ela era a fonte daquele incêndio que devastava a floresta boreal. Aquele fogo não era comum, ele era mágico, mesmo que todas as pessoas do mundo trouxessem toda a água disponível do planeta, o fogo nunca se extinguiria. Ele era fruto de uma sequência de feitiços proibidos e estavam diretamente conectados aos sentimentos dela, se ela estivesse agitada ou nervosa, o fogo ficaria mais intenso e a destruição seria maior. 

Mordo corria pela floresta, segurando apenas a sua besta mágica que ele trouxe para poder matá-la. Uma maneira simples, porém rápida e eficaz, como precisava ser. Ao chegar no centro da mata, Barão Mordo finalmente encontrou o que procurava. No meio das chamas, do caos e da escuridão havia uma figura feminina de cabelos ruivos flutuando no ar, ela estava de costas para o mago, mas ele não teve dúvida, era ela, Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate. 

Mordo se escondeu atrás de uma árvore contorcida, a espera do melhor momento para atacar. Ele percebeu então que ela parecia estar conversando com alguém ou com algo, mas não havia mais ninguém ali. 

— Não, por favor não! - uma voz feminina disse, porém estava completamente distorcida. Além de um forte sotaque de alguém vindo do leste europeu, a voz estava rouca e arrastada, o que demonstrava um cansaço extremo. Mordo ficou esperando uma voz de resposta, mas não obteve, seja lá com quem ou com o que ela estivesse conversando, certamente o mago não conseguiria ouvir. - Não, por favor não, eu não quero! - ela continuou a dizer, dessa vez com um certo embargo, como se estivesse prestes a chorar. 

— Não, por favor não, não, não me obrigue, eu não quero! - ela continuava a dizer, balançando a cabeça fazendo gestos negativos. - Não, eu não quero machucar ninguém, eu só quero meus filhos de volta! - ela exclamou. 

— Não, por favor, não faça isso! Não me obrigue a ver e ouvir isso novamente, por favor, é doloroso demais, eu não quero! - Seja lá com quem ou com o quê que a Feiticeira Escarlate estivesse conversando, ela claramente estava sendo forçada a fazer algo, mas foi de repente que ela começou a chorar e gritar. - POR FAVOR, PARA! TIRA ISSO, TIRA ISSO DAQUI, EU NÃO QUERO VER, EU NÃO QUERO OUVIR, PARA! - Ela gritava e chorava, tentando tampar os ouvidos, enquanto se debatia no ar. 

— PARA, POR FAVOR, PARA, POR FAVOR, TIRA ISSO, POR FAVOR, PARA! - Ela continuava a berrar e se debater, chorando de soluçar. Foi então que ela parou num instante, como se algo estivesse mudado. - Billy? Tommy? - Ela chamou com uma voz que misturava choro e alívio. - São vocês meus filhos? Não se preocupem, a mamãe está indo, a mamãe vai proteger vocês! - Seja lá o que ela estivesse ouvindo e vendo, a acalmou. Sua voz havia mudado drasticamente de tom, estava mais serena, calma, tranquila, meiga e doce, como a fala de uma mãe ao receber seu filho. 

— Tudo bem, eu faço! Eu irei lançar o feitiço, eu irei invocar a criatura, lançando-a no Multiverso atrás da garota. Eu irei fazer. - Apesar da luta interna, ela tinha sucumbido as vontades da criatura no final. Foi neste momento que Mordo começou a se preparar para atacar. Ele tinha percebido que tudo que ele achou que sabia sobre a Feiticeira Escarlate estava errado e ela era ainda mais perigosa do que ele poderia imaginar. Nitidamente, ela estava sendo controlada e manipulada por alguma criatura, possivelmente um demônio de categoria superior e seja lá o que a criatura queria, envolvia o Multiverso, o que era absurdamente perigoso. Se o Multiverso fosse violado, todas as realidades corriam grande perigo. Foi quando Mordo estava prestes a atacar que Wanda disse algo que o arrepiou dos pés a cabeça. - Eu sei! Eu sei! Eu sei que ele está aqui, eu pude senti-lo também. - Ela sabia que ele estava ali. 

Mordo decidiu atacar rapidamente então. Ele preparou a besta, mirou na mulher e disparou diversas flechas mágicas contra a mesma. Quando elas estavam prestes a atingir Wanda, elas se desfizeram, causando um espanto para o feiticeiro. Foi então que Wanda fez um rápido movimento com as mãos e uma energia vermelha com tons de preto envolveu as mãos, os pés e o pescoço de Mordo, o forçando a levitar no ar, o puxando para perto da bruxa.  

Então, Wanda fez algo que traumatizou o mago, ela começou a girar seu pescoço em cento e oitenta graus. A cada movimento, um barulho estarrecedor ocorria, como se fosse som de um osso se quebrando. Quando todo o pescoço estava voltado para Mordo, o corpo seguiu os movimentos do pescoço, mantendo o barulho horripilante. Quando ela estava totalmente voltada para ele, o barão pode observá-la bem de perto. Sua aparência parecia a de um cadáver ambulante, seus olhos possuíam duas olheiras enormes, a maçã de seu rosto estava comprimida, seu cabelo estava bem ressecado, seus lábios rachados e sangrando e a ponta de seus dedos estavam negras, indicando a presença de magia negra. Havia marcas de arranhões por todo seu corpo e seus olhos eram duas safiras escarlates, além disso, no topo de sua cabeça pairava uma tiara vermelha que se assemelhava a chifres. Certamente, ela tinha feito algum pacto com algum demônio bem poderoso. 

— Confesso que estou profundamente decepcionada com o senhor, Barão Mordo. - Wanda disse, fitando-o com os olhos arregalados. - Afinal, o senhor foi treinado pela maga mais poderosa da Terra, a então Maga Suprema, a Anciã, no melhor centro de preparação de magos e feiticeiros do mundo, o Kamar Taj. O senhor se transformou em Mestre das Artes Místicas e era um dos principais nomes para substitui-la no título de Mago Supremo e, mesmo assim, não conseguiu reconhecer um feitiço antigo, simples e básico de proteção como as runas. - Ela disse, fazendo um gesto com as mãos, revelando runas nas copas das árvores que a envolviam. De fato, Mordo se sentira um idiota por não prever que ela usaria runas para se proteger. - Eu confesso que o senhor me deu muito trabalho nesses últimos dois anos, desde o que ocorreu em Westview. O senhor vem me caçando e me perseguindo, o que me obrigou a trocar de esconderijo algumas vezes. 

— Eu sempre vou caçar bruxos, magos e feiticeiros que descumpriram seus juramentos de proteger a magia e decidiram se transformar em ameaças ao mundo por seus meros caprichos. - Mordo reuniu forças para dizer, mesmo com os poderes da feiticeira o enforcando. 

— Ora Mordo, eu não sou uma ameaça a ninguém, eu apenas estou procurando meus filhos, eles estão em perigo. - Ela disse, enquanto movimentava as mãos, apertando ainda mais as correntes. 

— Você é louca! - Mordo exclamou, enquanto se contorcia de dor. - Seus filhos não estão em perigo, eles não existem! - Assim que terminou a frase, ele pode sentir a fúria nos olhos da Feiticeira Escarlate e rapidamente uma onda de choque percorreu seu corpo, sendo seguida de uma forte dor. 

— Não diga isso! Meus filhos existem e estão em grande perigo, ele me mostrou! - Ela disse, pausando cada palavra com fúria e raiva. 

— Ele? Ele quem? - Mordo perguntou e foi então que uma bola de energia vermelha com tons escuros surgiu bem em frente de Wanda e dela apareceu um livro negro que rapidamente foi reconhecido por Mordo. - Não! Isso é impossível! Esse é o Darkhold, o livro dos condenados! - o mago exclamou, completamente apavorado. 

— Exato. - Wanda respondeu. - Ele me mostrou tudo, me ajudou a controlar meus poderes e ampliá-los, me ajudou a enxergar o que eu não conseguia, a ver a verdade e foi então que ele me mostrou o Multiverso e me levou aos meus filhos. Eles estão em perigo e eu preciso protegê-los, mas eu não consigo acessá-los, não com meu corpo físico, apenas a minha projeção astral. - Apenas aquela explicação deixou Mordo completamente estarrecido, afinal, se fosse verdade, ela talvez fosse a criatura mais poderosa do Multiverso, uma vez que viajar entre dimensões era algo não somente proibido, mas extremamente perigoso, sendo que nenhum outro ser tinha conseguido fazer isso com a sua projeção astral. 

— Você é louca! Este livro é um dos mais perigosos que existem, é o livro dos condenados, há dezenas de espíritos, criaturas e demônios aprisionados neles, apenas esperando por uma mente frágil e vulnerável para eles corromperem e manipularem. - Mordo explicou em vão, pois novamente foi preenchido por dor imensa e de um choque terrível. 

— Nunca mais diga isso! Eu não estou sendo manipulada! Eu vi com meus olhos e ouvi com meus ouvidos meus filhos gritando por mim. - Wanda praticamente gritou. 

— Sua tola, seus filhos não existem, você os inventou, vocês os criou. A vida que você viveu em Westview não era real, era uma invenção da sua mente demoníaca e perturbada. As criaturas do livro estão usando você, pois elas querem acessar o Multiverso para dominá-lo. - Mordo disse, enquanto via a Feiticeira Escarlate tremer de ódio. Seus olhos exalavam puro ódio e suas mãos estavam cerradas fortemente e balançavam descontroladamente. Apesar disso, Mordo continuou a falar. - Você acha que está indo atrás da sua felicidade, mas está indo atrás da sua ruína. As criaturas irão te consumir até o seu limite e se você não for parada, todo o Multiverso pagará com a sua loucura. Eu venho te caçando desde Westview, pois eu sou o único que sei o que você é: a filha do demônio. Não importa quanto tempo leve, não importa se isso custe a minha vida, eu irei sempre te caçar em busca de justiça pelas atrocidades que você cometeu, a sua profanação da realidade não passará impune, eu sempre irei te caçar por toda a eternidade e... 

— CHEGA! - A Feiticeira Escarlate deu um grito que ecoou por todos os cantos e então faíscas de seu poder irradiaram de dentro dela e voaram em direção ao Barão Mordo, atingindo-o. Rapidamente, Mordo parou seu discurso e o silêncio imperou na floresta. Ele então começou a tossir e a se engasgar, enquanto o sangue escorria de sua garganta. 

Então, Wanda, como se estivesse liberta de um transe, recuperou sua consciência e percebeu o que tinha feito. Ela não conseguia se mexer, apenas tremia de medo, enquanto via Mordo se debruçando, implorando pela própria vida. Quando ela finalmente conseguiu se mexer, levou a mão ao rosto e sentiu o sangue daquele homem a cobrindo, o que a fez gritar e chorar desesperadoramente. O mago então, parou de se contorcer e apenas fitava Wanda intensamente. Foi então que a sua cabeça caiu e o corpo ficou, jorrando sangue para todos os lados. Wanda nunca gritou tanto em sua vida. As lágrimas rolaram pelo seu rosto magro numa velocidade impressionante, afinal ela nunca quisera ser uma assassina, ainda mais com aquela morte horrível que acabara de ocorrer. 

— O que foi que eu fiz? - Ela se perguntava, chorando, segurando a cabeça de Mordo. Então, ela finalmente se deu conta que talvez não estivesse sozinha ali. Afinal, e se ele não estivesse sozinho? E se ele tivesse algum capanga, algum aliado? E se ele estivesse ali na espreita? Essas perguntas ecoaram na mente de Wanda, fazendo com que ela pegasse o corpo e voasse dali o mais rápido possível. 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: O Pesadelo.



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