O Atentado escrita por LOOHOOLIGAN


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a minha amiga pelo grande auxilio com a historia.



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“Você não pode confiar nas pessoas. Até mesmo naquelas que você pensa conhecer profundamente.”

Instinto Selvagem

− Se me permite dizer, um excelente discurso.

− Obrigada, Derek. – Gentilmente sorri para um dos agentes que fora designado para ficar no meu pé.  – Mas não acho que esteja adequado. Por um instante, a TV chamara a atenção de Naomi, Derek e a minha. Todos que estavam na sala.

− É como se um terrorista tivesse feito isso. –   A passos lentos, com as mãos nos quadris, passei pelos móveis sob o piso da sala para chegar até a TV.

 

Não era de se surpreender que ambas eram mãe e filha já que tinham os mesmos cabelos loiros e pele clara, a única diferença era o terno cor de rosa da mãe e, ao que parecia, uma blusa escura da filha.

Eu cruzo os braços rente ao moletom, impressionante como o meu discurso junto à Organização Das Nações Unidas, realizado já quase há um mês, e ainda tinha sempre alguém que ao invés de atentar para minhas palavras, sempre convertiam o momento transformando-o em um assunto fútil, como a minha semelhança com minha mãe. Embora esta tenha sido a última das minhas intenções.

Embora tenha completa consciência da futilidade, não sei o porquê de aquelas palavras ficarem martelando na minha cabeça como um sino de igreja.

— Ignore-as. – Minha amiga apoia meu ombro. – Tão insegura assim, nem parece que fez um grande discurso a mando do seu pai.

− Só nervosismo.

− Eu sei. − O chocolate da sua mão cobriu o rosa da minha pele. − Eu sei. – Naomi repete.

Quando dirigi o olhar para perto da escada, Morgan, parecia pensativo demais.

— Derek, e quanto ao meu pai? Que horas ele chega?

— Estão trazendo-o neste instante, Senhorita. – Ele me informa.

− Agradeço. Quando ele chegar, por favor, avise-me. – E, segurando na mão de Naomi, peço: − Me ajuda com o discurso? −  Ela, na mesma hora, assente.

− Que foi? – Dou um sorriso sorrateiro, mas aparentemente, ela não tinha entendido. Ah, sei!

− Vocês estão saindo?

− Voces... espera, o que?  − Seus olhos castanhos inflam e ela olha sob o casaco vermelho sobre ela. E Morgan esta a poucos passos de nós. − Para de falar absurdos e vamos cuidar do seu discurso isso sim.

Nos conhecemos quando fiz questão de participar do Black Life Is Metta e posteriormente, a levei como quando fui para o Metoo também. Ainda que algumas maçãs podres tenham torcido o nariz para a nossa aproximação, mais extremistas, digamos assim, que eu prefiro chama-los de dejetos da sociedade. E no inicio até mesmo por parte de algumas pessoas que participam do seu lado da moeda, eu entendia que era meio que uma forma de defesa. Eu nunca me importei com isso. Desde então, somos praticamente inseparáveis.

− Você sempre foi igual a sua mãe, gostando desses livros exóticos.

− Não há nada de exótico em ter que ser escoltada por quatro agentes federais e ser ameaçada, xingada e ter aula sozinha aos seis anos por exercer um direito, papai. – Disse enquanto guardava o livro de Ruby Nell Bridges Hall. Em 1954 foi a primeira criança negra autorizada a frequentar uma escola no pais. Os demais agentes estavam um pouco atrás do meu pai. que se acomodara em uma das cadeiras cobertas a beira da piscina.

− Até nisso se parece com ela. Harrie, eu sei que já falamos sobre isso, mas...

− Se for dizer novamente para que eu não vá, saiba que está perdendo seu tempo. E sendo quem é tempo é algo que voce não pode se dar ao luxo de perder.

− Então eu vou com você! – Foi incisivo.

− Senhor, se me permite, isso aumenta ainda mais a tensão. – John se aproxima de nós, interveio. Eu sei que era o trabalho dele como chefe do Serviço Secreto, mas, estranhamente, John tinha um olhar estranho. Como se fosse de... reprovação.

− Isso pode ajudá-lo em questões internas, Senhor presidente. – Audrey, com um ponto eletrônico, ao lado do meu pai, discorda. – Podemos triplicar a segurança para nos certificarmos de que não aconteça eventos inesperados ou, até mesmo, desagradáveis.

− Mas para isso, teremos que mover para um lugar fechado para termos total controle da situação. – John deu a sua opinião quanto as recentes ideias. E ainda que tentasse, o contragosto era transparente.

− Concordo, − Audrey olha para ele depois para nós novamente. –Naomi, pode comunicar aos envolvidos que terão que ir para um novo local? Podemos mandar buscá-los, se necessário. E, se for o caso, podemos já ir tomando o controle da situação.

− Claro.

− Como está tudo, John? – Meu pai questiona essa pergunta é quase que uma pergunta automática. Os protocolos, os quase 7 carros prontos para sair do ponto A ao ponto B, os flashs e perguntas quando mal colocávamos os pés na calçada... era tudo meio automático na verdade, como uma reprise em looping cada vez que deixávamos a Casa Branca.

− Todos foram devidamente revistados, Senhor presidente, e temos, além da segurança de praxe, agentes infiltrados no ambiente. – O Agente responde, dando os mínimos detalhes, e eu, sentada ao lado de meu pai, me controlo para não revirar os olhos. Mas levar o punho fechado para abafar o máximo um pigarro fora inevitável.

− Desculpe por isso, Naomi, sei que é constrangedor para vocês. – Digo em direção à minha amiga. Seu rosto corando devido a todos os exageros no preparativo para um simples evento.

− Não tem problema, ninguém aqui teria vindo se não ficasse confortável com a sua presença e a do seu pai.

− Prontas? – Audrey, com uma pasta em seu colo, abre a cortina e nós confirmamos.  

 −“...Que a liberdade ressoe de cada montanha e de cada pequena elevação do Mississippi. Que de cada encosta a liberdade ressoe. E quando isso acontecer, quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada lugar, de cada estado e cada cidade, seremos capazes de fazer chegar mais rápido o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção espiritual negra:

Finalmente livres! Finalmente livres!

Graças a Deus Todo Poderoso, somos livres, finalmente." Hoje, dia 17,− Começo, após os aplausos cessarem e apenas os cliques das câmeras tornarem-se a única quebra do enorme silencio após eu recitar o “Eu Tenho Um Sonho”, discurso de Martin Luther King. – celebramos o aniversario de um dos homens mais importantes para a nossa história. Acho que nessa altura do campeonato não deveria haver explicações do que este discurso, que eu acabara de sublinhar prega. Porém, mesmo após a sua partida momentos assim ainda são importantes e necessários porque este grande dia ao qual Martin Luther King se refere ainda não chegou apesar de haverem, sim, progressos infinitamente pequenos devo frisar. – Faço uma breve pausa. – Apesar de termos etnias diferentes. A perda de vidas não tem participação alguma nisso. Recentemente, completaram-se 20 anos que eu perdi alguém que amo para a violência. A intolerância, – Discretamente, atrás do microfone, apertei o anel que eu usava. Meu pai, ao lado de John, Derek e os demais agentes, me deu um olhar acolhedor. – me ensinou lições muito importantes. Para mim, a lição central é que, para todos nós, a união é a nossa maior arma, seja em nossos momentos mais expostos ou nos avanços e recuos de nossas vidas. É a união o que nos torna humanos, é a solidariedade, é poder contar uns com os outros sempre, e não podemos abandonar isso. Um dia, este instante subline será real. Obrigada.

— Voce falou muito bem. – Deixo meu lado vulnerável sucumbir quando o abraço do meu pai me acolhe. – Parabéns.

— Senhor presidente. Uma bomba foi encontrada neste edifício.

— O que? Como foi possível?

— Precisamos tira-lo daqui em cinco minutos.

O silêncio após os aplausos foi interrompido por um ruído muito semelhante ao de um raio, primeiro veio um estrondo ensurdecedor, então tudo tremeu e, quando dei por mim, tudo que era visível era poeira e fumaça. Muita fumaça.


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