Pandemônio escrita por Lady Singer


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

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Alan e Luan.

Mais uma dupla de colegas da escola que eu nunca pensei que veria, estou bem surpresa em vê-los e não do modo bom. Eles estão tão altos como Raul e tem expressões iguais de surpresa, mais duas pessoas no grupo não seria ruim, mas podemos confiar neles?

— Achei que nunca mais fosse ver nenhum de vocês – Alan começa sem jeito o olhar vagando entre mim e Raul com incerteza

— Também estou surpresa – sou a menor pessoa na sala, mas cada um dos homens aqui me conhece o suficiente para não citar isso – Bom ver que não somos os únicos vivos, mas achei que vocês estivessem na marinha.

— E estávamos de fato, mas conseguimos uma folga para visitar nossa mãe antes... – Luan usa as mãos para expressar– Disso tudo.

— Ela esta bem? E a irmã e irmão de vocês? – Pergunto

—Dressa esta viva, mamãe e Noah não conseguiram.

O luto ainda é presente na voz e nas expressões deles e refletem a nossa própria dor e luto. Quando não encontro minha voz para dar condolências Raul responde por mim.

— Sentimos muito, também tivemos perdas nos últimos meses.

Silencio preenche o vazio e eu uso esse tempo para analisar os dois irmãos, facas em mãos e pistolas no coldre da cintura, mas sem mochilas ou sacolas de suprimentos. Eles estão perto do próprio abrigo, onde Dressa deve estar.

Alan é o próximo a falar.

— Estão sozinhos? Temos um abrigo no quarto andar há cerca de um dia, era o nosso apartamento.

— Temos mais duas pessoas no grupo, elas estão escondidas esperando suprimentos. Delaylah e Ketty.

— Delaylah? Nossa colega de turma? – Alan parece estupefato, eu também estaria– O apocalipse convocou uma reunião de turma não foi?

—Morávamos todos no mesmo bairro, não foi tão improvável– Raul comenta – e vocês estão em família?

Luan acena e a cabeça de Dressa aparece perto das escadas curiosa e preocupada. Quando sorrio para ela os outros se viram a tempo de a verem correndo em minha direção.

— É tão bom ver um rosto amigo! – ela chora e eu a aperto forte, por mais que eu tivesse uma briga com seu irmão mais velho Dressa sempre gostou muito de mim, e eu não podia expulsar a menina de 11 anos então viramos boas amigas.

— é bom ver você também, mas acho que Ketty vai gostar mais ainda de ver você.

— Ela esta com vocês? Esta viva?

Um dos meninos limpa a garganta para chamar a nossa atenção.

— Bom isso é tudo legal e tal, mas precisamos conversar sério. – Luan e Dressa encaram Alan com estranheza, mas eu e Raul entendemos aonde ele quer chegar. Com um aceno eu dou a Raul uma mensagem ‘você negocia’.

— Por mais colegas que podemos ter sido eu preciso assegurar a segurança do meu grupo– Dressa parece querer interromper, mas Luan faz um bom trabalho em acalma-la.

— Eu compreendo e também quero assegurar a segurança do meu – Raul responde formalmente, a mão apoiada levemente no facão, por reflexo eu acho – Uma aliança? – oferece.

— Aliança? Podemos confiar em você?

 Por mais que tenhamos estudado todos juntos a desconfiança é algo que não se pode evitar depois de viver dois meses no apocalipse, troco um olhar preocupado com Raul e recebo uma pergunta muda ‘Confiamos neles?’. Eu respondo a pergunta e decido oferecer um pouco da informação que temos sobre o mundo.

— Você pode confiar tanto quanto podemos confiar em você agora Alan, mas você sabe que não somos os únicos vivos no bairro? – pela expressão no rosto dele a resposta é não. – Uma parte da facção conseguiu sobreviver e ocupa o sul do bairro, matam qualquer um que se aproxime e fazem tanto barulho que quase nos mataram com uma horda de zumbis que eles atraíram.

— Não sabemos quantos restam, mas unir nossos grupos aumenta nossas chances de defesa e de manter suprimentos a salvo– Raul completa – é a opção mais segura para os nossos grupos, e acredite por mais rápidos que possamos ser para matar zumbis não enlouquecemos a ponto de atacar pessoas vivas que possam ser aliadas.

Luan e Alan se encaram por um longo momento e eu posso dizer que estão discutindo a aliança, Dressa permanece entreolhando entre ambos os irmãos meio furiosa, meio frustrada por não ter voz na decisão. Raul se aproxima de mim e eu sinto a mesma tensão que ele, esta demorando muito para ser uma resposta amigável.

Bem quando minhas mãos estão se apertando e aproximando da faca Alan volta a falar conosco.

— Uma aliança seria boa, chegamos aqui meio perdidos e quase não tem nada que não esteja estragado no meu apartamento já que eu passava meses sem vir aqui.

Eu solto um ar que mal percebi que tinha prendido e sinto a tensão em meu corpo dissipar um pouco, ao meu lado Raul estende a mão para Alan apertar.

— O seu apartamento está em melhores condições que esse aqui? – pergunto tentando focar nas coisas que temos que fazer– a cozinha foi limpa em sua maior parte, mas só um dos quartos está habitável.

— siga-nos, não temos muitos suprimentos, mas o apartamento não tem nada pior que poeira.

Subindo as escadas para o ultimo andar é possível ver a posta de três apartamentos arrebentados e o ultimo que sobrou, o 401, com uma grade aberta e parecendo limpo e convidativo.

Todos sentaram na sala, a porta foi fechada e trancada para a segurança. Alan olhou entre mim e Raul e abriu a boca duas vezes ensaiando uma pergunta antes de fechar, continuei encarnando a espera de uma pergunta. Quando ninguém fala nada eu resolvo começar a quebrar o gelo.

— Bem, nos todos nos conhecemos em algum momento no passado, mas passaram pelo menos oito anos desde a ultima vez que qualquer evento ocorreu e não devemos focar nisso se quisermos sobreviver.

Nem Raul nem Alan estão olhando para mim ou para qualquer um dos outros, eu suspiro e sei que tenho que abordar isso em outro momento.

— Segunda coisa no nosso abrigo na entrada do condomínio está Del e Ket, a irmã delas morreu quando fomos emboscados então Del esta traumatizada e meio paralisada e Ket tem se apoiado em nos – aceno para mim e para Raul – então elas podem não ser a visão mais animadora, mas são parte do grupo e temos que trazê-las aqui.

Luan e Dressa acenam entendimento assim como os outros dois que irritantemente ainda não me encaram, e eu não sei por que Raul esta agindo assim novamente, mas minha paciência esta diminuindo.

— Precisamos decidir onde é mais seguro deixar os mantimentos, todos aqui ou espalhar para caso de invasão – eu paro para revisar se falta algo, nada me ocorre – estou aberta a ideias de como trazer as meninas aqui.

Sento-me e espero as ideias, Luan é o primeiro a falar.

— O muro de cima, que separa o condomínio Liz desse aqui, é alto e longe da rua e da garagem– acompanho sua linha de pensamento – você pode passar despercebido por ali se for cuidadoso.

— Mas se tiver algum zumbi você pode ficar encurralado– contrapõe Raul– quando entramos aqui usamos o outro muro, que nos separa do condomínio Lírio, por causa da descida da rua tem uma vala onde podemos nos esconder e chegar ate a portaria.

— Algum zumbi já ficou preso ali? – Dressa fala hesitante, mas quando ninguém a interrompe continua – também é um lugar terrível para se encontrar com algum zumbi.

— Nunca vi zumbis ali, eles costumam ficar perto da rua, mas evitar encontrar zumbis de surpresa na vala é um dos motivos pelos quais nos sempre usamos o nascer do sol e por do sol para entrar e sair daqui – contribuo.

— O que deu errado hoje para vocês? – Alan pergunta pela primeira vez – pelo que disseram estão aqui a tempo suficiente para ter uma rotina e um modus operante, então o que deu errado para ficarem aqui depois do anoitecer?

— Eu não vi um dos zumbis, ele gritou alertando os outros e fomos cercados e tivemos que lutar, a porta do bloco estava muito cheia de zumbis para sair então esperamos para ver se eles iam embora e encontramos vocês.

— Quase morremos de susto quando ouvimos o grito do zumbi– Dressa sussurra depois da minha resposta – chegamos no meio da noite, pulamos a janela de um apartamento do térreo e subimos ate aqui. Quando ouvimos o grito temíamos que fosse alguém hostil e esperamos horas antes de ter coragem de olhar se os invasores tinham sido devorados e tínhamos mais zumbis para matar ou se tínhamos que lidar com um grupo vivo e perigoso de pessoas.

— Sorte que isso não aconteceu, os criminosos preferem ficar do outro lado do bairro, eu não sei por que, mas fico agradecida que eles não venham por esse lado – outro silencio cai sobre o grupo.

— Cris, devemos pelo menos sinalizar para Ket, se ela não souber que estamos bem pode querer vir aqui sozinha e...

— e não podemos perder mais ninguém – concluo – Del enlouqueceria e eu não poderia lidar também. Pega as cordas e eu pego a lanterna.

Todos levantam conosco, a espera de... Instruções? Ideias? Não sei e nem quero tentar adivinhar agora.

— Devemos trazer a comida para cá – Dressa afirma – podemos vigiá-la aqui e depois se necessário distribuímos, também é bom preparar os quartos para dormirmos.

Eu aceno e sorrio para ela antes de sair em direção à porta com a mochila nas costas. O som dos passos atrás de mim não nega que tem alguém me acompanhando ao terraço, Raul vem com uma corda cheia de nós nas mãos e Alan, Dressa e Luan vem seguindo para as escadas, ou pelo menos os dois últimos já que Alan para ao lado de Raul.

— A altura ate o alçapão deve ser mais ou menos a minha altura nos seus ombros Raul, eu subo e você joga a corda para mim, okay?

Ele acena e estende a mão para me ajudar a subir em seus ombros, já utilizamos essa técnica antes, mas não diminui a ansiedade que tenho e o medo de cair. Uma vez firme nos ombros dele não é difícil abrir a portinha de metal e me içar para o terraço que esta como sempre foi com antenas parabólicas e um grande para-raios, cercado por um parapeito baixo.

Vejo ao longe sob o brilho quase encoberto da lua a caixa d’água e a silhueta de Ket perto da escada, tiro a mochila e me apresso em pegar a lanterna.

“Lanterna na luz baixa aponte e pisque três vezes, isso significa que estamos seguros”. Eu disse para Mel e Ket “pisque duas vezes e significa ajuda, pisque uma vez e significa fuja ou se esconda”. Esse código não vai significar nada para nenhuma outra pessoa, mas é importante que se um dia precisarmos saibamos alertar uns aos outros.

Aponto a lanterna e pisco três vezes, espero um minuto e pisco novamente. A silhueta levanta o braço e acena ‘mensagem recebida’ e volta para dentro do abrigo. Elas nos esperarão pela manhã, um peso some dos meus ombros com a confirmação que elas não farão nada imprudente.

— Sinal interessante esse de vocês – Alan fala baixo e eu posso ouvir os passos de Raul ao lado dele.

— Eu criei, é simples e só nos podemos entendê-lo. Agora, acho que a nossa conversa não pode ser adiada não é?

Viro-me e o vejo acenando em concordância.

— Vamos logo com isso.


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Notas finais do capítulo

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