Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Bons Momentos - de cortes inesperados


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Ser um casal de Almas Gêmeas não significa ter um relacionamento sem brigas ou em que ambos os cônjuges concordem em cem por cento do tempo. Até mesmo Shino e Kiba discordavam em vários pontos, divergiam em inúmeras questões.

E um desses pontos se referia à suposta fase rebelde passada por Aburame Masako.

Kiba dizia para quem quisesse ouvir (e quem não quisesse também) que a menina havia passado por uma fase rebelde. Shino debatia que não, que a primogênita apenas viveu um estágio de amadurecimento e autoafirmação normal e esperado para a idade.

Tudo isso graças a uma tarde de sábado qualquer, em que Kiba estava em casa recebendo a visita do melhor amigo. Naruto tinha mais tempo vago, graças ao sucesso do restaurante de lamen que lhe permitiu contratar novos funcionários. Só cozinhava quando sentia falta, o resto do expediente apenas administrava os negócios. Naquele sábado resolveu tirar uma folga para visitar a família que considerava como sua.

Encontrou Kiba em casa com a filha caçula, Hikaru, ajeitando a menina logo após o banho. A pequena Beta tinha apenas dois anos e era literalmente a imagem da fofura.

— Mas que gracinha! — Naruto estendeu os braços para pegá-la, mas Kiba acertou um tapa nas mãos do Alpha.

— Calma, to terminando de arrumar!

A bebê já vestia um conjuntinho rosado cheio de babadinhos, pois parecia mais feliz quando escolhiam algo daquela cor, conforme Kiba notou. Os sapatinhos pretos tinham lacinhos rosa na ponta. E os cabelos castanhos eram um show à parte: Kiba enfeitava os fios castanhos bagunçados desde tenra idade. Não havia meio de domá-los! Então prendia lacinhos e enfeites coloridos.

— Oi, princesa! — Naruto sentou-se no sofá ao lado dos dois. Hikaru aproveitou para escapulir e abraçá-lo pelo pescoço. — Cadê o povo dessa casa?!

O Ômega apenas observou. A menininha mostrava um lado carinhoso que não via em si. Shino tinha esses gestos mais contundentes em relação ao que sentia, embora de modo discreto e pontual. Hikaru era muito expressiva ao dar carinho para os membros da família.

— Shino está fazendo hora extra por causa da época das provas, que estão vindo aí. Masako está treinando pro Intercolegial e Kaoru foi comprar alguma coisa pra gente comer. Se eu soubesse que você vinha nem tinha mandado!

— Posso cozinhar do mesmo jeito, Kiba!

— Eu sei, maldito. Capricha no lamen.

— Enquanto isso me atualiza das coisas.

Kiba recuperou a filhote e juntou o resto das presilhas. Foram para a cozinha, onde Naruto reuniu os itens do lamen e se pôs a preparar a refeição. O Ômega sentou a caçula no balcão de mármore e voltou a penteá-la.

— Cadê o entojado do seu companheiro?

— Sasuke tem prova do mestrado hoje. Você sabe que ele adora as crianças e não perderia uma chance de vê-las, mas ele estaria lascado se não fosse à aula.

Kiba torceu o nariz. Pensar em Sasuke enrascado era ótimo.

— TADAIMA! — Ouviram um grito se anunciando no outro cômodo, logo Kaoru entrava na cozinha com uma grande sacola de papel nas mãos — Naruto-oji!!

Nem esperou instruções antes de ir guardar a sacola na geladeira. Ele comprou os bento conforme o pai pediu, mas entendeu que comeriam o delicioso lamen do tio Naruto, muito melhor do que comida comprada.

— Mini Kiba!! — O homem trocou um aperto de mão cheio de firulas e toques com o garoto, bem no estilo adolescente. Kaoru tinha doze anos e estava entrando nessa fase.

Nem tentou corrigir o “oji” por “oni”. Fazia isso muito na época em que Masako era novinha, uma competição entre ele e Kiba. Mas o tempo passa, já não eram tão jovens. Na verdade Naruto tinha quarenta anos, ser chamado de “tio” parecia bem mais apropriado.

— Vai fazer lamen?! — Kaoru perguntou sem esconder a animação. — Posso pegar ela?

Terminou por se aproximar da irmãzinha e olhar cheio de expectativa. Kiba negou com um aceno de cabeça.

— To domando esse porco-espinho que a Hikaru tem na cabeça. Você precisa entrar na fila porque o Naruto quer pegar a praguinha também.

Kaoru se conformou em ceder a vez, apenas colou-se ao balcão de mármore para segurar nas bochechas gordinhas marcadas com triângulos vermelhos e lindas covinhas, e dar um beijo na testa da irmã. Por algum motivo, o jeito carinhoso de Hikaru despertava resposta igual nas pessoas. A menina era simplesmente... fofinha! E deu um gritinho feliz com o gesto do irmão.

— Karu — Chamou. Os dois anos limitavam demais o vocabulário infantil. Conquanto Kiba soubesse pelas experiências anteriores que logo, logo a tagarela estaria controlando as palavras. Ainda não sabia se Hikaru seria mais econômica com as frases, a lá Masako ou uma vitrolinha a lá Kaoru.

Na verdade, conseguia imaginar um meio termo. Afinal Masako nasceu herdando muito da família Aburame: a pele pálida, os olhos escuros, os cabelos negros, grossos e pesados, a atração por casacos longos e roupas exóticas, assim como por óculos escuros. Kaoru era gritantemente um Inuzuka: os cabelos castanhos bagunçados, a pele trigueira que se dourava com facilidade no sol, o jeito escandaloso e impulsivo, um pequeno “atira antes e pergunta depois”, que só avalia a situação após o estrago feito.

Hikaru era a terceira filha. Tinha os cabelos característicos dos Inuzuka e os olhos dos Aburame.  A pele era branquinha e marmórea, mas já se bronzeava fácil ao sair no sol. Juntava as palavras com agilidade, embora tivesse seus longos momentos de silêncio reflexivo, que poderiam parecer estranhos em uma criança. Que para Kiba, acostumado com o jeitão de Masako, soava apenas como mais um aspecto singular da família que amava: os Aburame.

— Precisa de ajuda, Naruto-oji?

— Pode cortar aqueles legumes ali, já adianta o meu lado.

— Liga o rádio! — Kiba mandou. — Deixa baixinho só pra animar o ambiente.

Kaoru obedeceu, indo sintonizar na principal rádio de Konoha, que tocava algum hit do momento. Por alguns segundos ficaram naquela cena confortável: Kiba prendendo lacinhos coloridos nos cabelos castanhos de Hikaru, enquanto Naruto e Kaoru cuidavam da comida. Também ia atualizando o amigo dos últimos acontecimentos, Masako que estava se saindo bem no time de basquete e tinha uma bolsa em um ótimo colégio garantida. Kaoru que havia participado do time de judô como titular na competição amistosa entre escolas. Hikaru que passou por uma pequena dor de barriga no mês passado e descobriram que a pobrezinha tinha intolerância à aveia.

Naruto contou sobre o progresso do companheiro no mestrado, sobre as pesquisas de jutsu históricos e a descoberta do envolvimento dos Uchiha em técnicas secretas e poderosas, sobre as quais pretendia escrever um livro.

O lamen começava a ferver e desprender um cheirinho apetitoso quando ouviram uma voz calma se anunciando.

— Tadaima. — Masako falou segundos antes de entrar na cozinha e quase provocar um infarto em Kiba.

O Ômega, que naquele instante estava sentado à mesa assistindo Kaoru brincar no chão com Hikaru, ergueu o rosto para responder o cumprimento e não conseguiu. O queixo caiu e o pobre rapaz perdeu a voz por instantes.

— Masako! O que aconteceu, filha?! — Esganiçou-se chamando a atenção de Naruto e Kaoru.

— Caralho! — Kaoru exclamou e ganhou um olhar de alerta por parte do pai.

— Tá gata, hein? — Naruto sorriu e foi sincero.

A longa trança que acompanhou a Alpha desde tenra idade desapareceu. Em seu lugar, Masako exibia um corte de cabelo jovial, com os fios negros caindo pouco abaixo da orelha, emoldurando o rosto com graça e leveza.

— Obrigada, Naruto-jichan!

— Seu... Seu cabelo! — Kiba ainda estava impactado. A expressão do rosto gritava claramente: “Caralho, Vida, de novo?!” E aquilo nos lábios da filha era batom?!! — Você cortou?

— Não... — Naruto debochou. — Ele saiu voando do crânio da menina!

— Mas... Por que? Sua trança... Seu cabelo... Masako! É a fase rebelde?

A jovem Alpha sorriu, tirando os óculos de sol do rosto, ajeitando no decote da blusa escolar, e caminhou até o pai, inclinando-se depositou um beijo sobre os cabelos castanhos. Já era alta o bastante com catorze anos para ser não apenas titular do time de basquete, mas a capitã. E jogava bem, muito bem.

— Não é fase rebelde, Kiba-tou. Só quis mudar um pouco. Não gostou? — ela hesitou um pouco. — Ficou feio?

— Cara de bolacha!! — Kaoru provocou e correu da cozinha antes que sofresse retaliação. Esquecendo-se que voltaria para dividir a refeição e não teria como escapar...

Ficou feio? Feio? Muito pelo contrário. A menina estava linda, o corte caiu como um luva, combinando com o rosto meio redondo e destacando o ar de feminilidade. Aquele tom infantil que a longa trança acentuava simplesmente desapareceu. Masako parecia mais com uma jovem mulher do que com a sua pequena garotinha. Linda como uma flor de cerejeira no Hanami.

— Você está maravilhosa, ranhenta! — Ele sussurrou, reclinando-se para pegar Hikaru no colo. A bebê caminhou até suas pernas tão logo Kaoru debandou.

Naruto aproximou-se e bagunçou os cabelos castanhos do grande amigo de infância, sentindo a emoção do Ômega e se contagiando com ela. Se Kiba tivesse uma crise de choro, todos ali teriam, atingidos pela percepção de maturidade que rondava a primogênita da família. Apenas catorze anos de idade. Ao mesmo tempo: catorze anos de idade já! Caralho, vida!

— Obrigada! O cheiro está ótimo! — Feliz, Masako foi até o fogão e destampou a grande panela. — Mês que vem é a final. Conto com vocês por lá!

E esse foi o bom momento que Kiba chamaria de “fase rebelde” de Masako. E que Shino apenas ouviria de sobrancelhas erguidas, às vezes até um rolar de olhos (por trás dos óculos, claro).

Um bom momento como tantos outros antes da tragédia que dilaceraria aquela família. E do qual só se recuperaram porque o amor que os unia era muito forte e, superando a dor, eles encontraram forças para firmar novos bons momentos.

Mas essa triste história, claro, é assunto para outro dia.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram do novo visual da menina?!! Depois do impacto o Kiba ficou todo babão... horas repetindo "saiu de mim" uahsuahsuah



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