A tarde passou rápido. Fiquei fazendo o de costume: TV, comida, cama, PC... E também pensava nele. Fazia séculos que eu não pensava em garotos, afinal, eu tinha me dedicado inteiramente aos estudos *cof* , mas com certeza estava no caminho certo pra virar a CDF, não era aquela garota tímida que tinha medo das populares. Afinal, a minha sala era tão escrota, mas tão escrota, que eu tinha só uma amiga. Como eu nunca tinha notado o Justin na sala da frente? Acho que já vi ele, mas de longe, onde tudo o que é feio fica bonito. Também nunca quis cruzar caminhos com aqueles cuecas suados que tem na sala da frente. Como eu ia encarar ele na escola? Não tinha como, ele com certeza ia fazer de conta que não me conhecia para se fazer de bad boy.

Ele ia subir no meu conceito se resolvesse dar uma chance para uma nerd de cabelo vermelho... Que canta. Eu sempre amei cantar, e ele ama cantar. Não gosto que ninguém saiba disso. Ele é muito galinha, acho que deve estar fazendo isso só pra dizer que ficou até com a mais “improvável”. E depois vai me deixar com cara de bunda de tanto chorar e blá blá blá. Não gosto disso.

Mas enfim, depois de me entupir de brigadeiro de panela e chorar que nem uma pata vendo a novela (sim, comparo as minhas atitudes com as dos animais), resolvi fazer uma aventura, um sacrifício extremo, porém necessário... Levantar a minha bunda do sofá e dar uma caminhada pela rua. É. Isso é para ver o nível do meu sedentarismo u_u.

Arrumei os vestígios da minha pequena tempestade na sala, tirei a roupa do colégio para por outra mais confortável, tirei a chave da maçaneta, e me fui porta a fora trancando a porta antes, claro.  E é claro, também, que eu ia encontrar o ser lindo com franja irresistível na porta dele, claro.

Acenei com a mão e ele também, e ficou me seguindo com o olhar até ficar na frente do elevador. Cliquei no botãozinho para chamar o elevador, ele chegou bem rápido para a minha completa surpresa. Então a porta abriu-se e eu botei o meu pé dentro do elevador, eu senti uma mão no meu ombro... OH MEU DEUS, O JASON DO SEXTA FEIRA 13 NÃAAO!!! É, para a minha sorte não era o Jason, era o Justin, também com a primeira letra do nome ‘J’ HAHA, conhecidencias G.G

Então em um ato de reflexo me virei, e sem querer, meus cabelos foram parar na cara dele, ou melhor, na boca. Foi MUITO constrangedor... Mas enfim, ele é cavalheiro e esqueceu rapidamente que um dia os meus cabelos bateram na cara dele sem querer...

Posso falar com você?

Disse ele.

- Hm?

- Você vai dar uma volta pelo bairro?

- Ahan, se tá a fim de vir?

- Sim, é que eu não conheço bem essa área então...

- Hm tudo bem, vamos.

Cliquei no botão ‘T’ para ir ao térreo e começar ao meu treinamento de como não gaguejar na frente de um garoto. Conversamos sem parar enquanto andávamos e ele parecia ser bem mais legal do que aparentava. Ele era meio cavalheiro, mas continuava a ser um garoto legal. Chegamos a um parque onde tinha uns bancos e sentamos, continuamos a conversar e rir, ele realmente sabia como fazer piadas engraçadas. Ri alto, e me envergonhei, meu cabelo se descabelou e ele ajeitou botando o cabelo atrás da minha orelha. O vento estava ficando um pouco mais forte, então nos levantamos para voltar para casa, mas de repente o boné de mano roxo dele voou e saímos correndo atrás dele até o boné cair no chão e o vento para de encher o nosso saco. Nos abaixamos para pegar, mas quando esticamos o braço para pegar o boné alguém pegou antes. Fiquei confusa.

- Justin, que conhecidencia. Você por aqui? - Era Ryan, junto com Chris e Chaz, amigos do Justin que “estudavam” na mesma sala que ele. A maldita da sala na frente da minha.

- Eu te conheço de algum lugar não é garota cenoura?

- Essa foi a pior piada que você já fez Ryan - Disse Justin, meio que tentando me defender.

- Justin, você não tinha nos contado que tinha uma namorada nova, e que ela era da escola. E ah! Que era mais nova do que você.

- Ela não é minha namorada, somos amigos e vizinhos. Não enche Chaz.

- Oh calma amigão! Não precisa ficar nervoso assim com a gente, tá bom. Mas é que a gente não sabia que você era tão... Não bad boy.

- Vamos sair daqui. - Eu disse para Justin, não quis dizer alto para os manés não nos ouvirem.

 - Vamos.

- Tá indo? Então considere-se fora do grupo.

Ele se virou rápido, com uma cara de preocupação que me assustou. WTF? Ele estava mesmo se importando em participar de um grupo escroto.

- Espera! Porque, deixa eu continuar no grupo!

- Eai, pessoal deixamos ou não?

- Hum, acho que devemos dar mais uma chance a ele... – disse Chris meio inseguro.

- Isso! – disse o vagabo.

Meu deus! Eu não acredito que aquele idiota achava isso importante! D: não tem coisa mais idiota que isso, grupos! Por isso que gosto de gente alternativa e anti-escrota. Então sai, deixei ele e aqueles intrometidos, eu simplesmente não acreditei. Fui embora e enfiei a minha mão no bolso do casaco e peguei o meu iPod, coloquei Careful bem alto e continuei o meu caminho correndo.

Cheguei no prédio, olhei no relógio, 16h ainda minha mãe ainda não chegou. Subi o elevador, cheguei em casa bati a porta e corri pro meu quarto para enfiar a cara no travesseiro. Não queria pensar como ele podia ser tão idiota... Eu que estava sendo idiota! Jesus José Maria! *momento religioso off* Eu não podia gostar dele. NÃAAO! ELE NÃO! NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO! Justin: metido, idiota, vagabundo, bonito, maravilhoso perfeito... NÃO!

Parei.

Eu não consigo me mexer! O que está acontecendo?! Está gelado... Abri os olhos bem devagar... Estava no chão, enrolada no cobertor com o travesseiro na cara ¬¬ ai como eu quero me matar agora, a burrice humana é uma coisa linda, a minha então ô!