O Conto do Cão Negro escrita por BlackLupin


Capítulo 20
Capítulo 20: A Nova Membro da Ordem




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Depois da partida de Sirius, Flori se obrigou a continuar com sua rotina e agir com naturalidade, ignorando o redemoinho de angústia e preocupação que se revolvia dentro dela. Continuava assinando o Profeta Diário, imaginando que se o homem fosse capturado ou morto – sempre que esse pensamento lhe ocorria, ela o jogava para longe – haveria manchetes por toda a primeira página.

Foi através dessas leituras que percebeu que ele estava certo ao afirmar que se aproximavam de tempos difíceis, pois a cada dia havia um novo acontecimento estranho, que muitas vezes não parecia receber a devida atenção do jornal, mas que para ela parecia obviamente obra dos seguidores de Voldemort, especialmente o que ocorrera na Copa Mundial de Quadribol com a aparição da Marca Negra em muito tempo.

Todas essas ocorrências a deixavam apreensiva e, parecendo adivinhar seus pensamentos, cada vez que se sentia a beira de um ataque de pânico, uma coruja aparecia em sua janela com uma carta, e todas elas continham a mesma mensagem: a impressão de uma grande pata que ocupava metade do pergaminho. Ela sabia que eram de Sirius e mesmo que não contivessem nenhuma informação útil ou mesmo notícias a seu respeito, sentia-se infinitamente melhor todas às vezes. Era assim que sabia que ele continuava vivo e bem e daquela forma podia enfrentar seus dias com renovado ânimo.

Aproximadamente um ano após sua partida, Flori recebeu a primeira carta com palavras de Sirius; e havia muitas palavras. Nela, contou-lhe que Voldemort havia retornado e como isso fora possível. Contou também que, com a ajuda de um cúmplice infiltrado em Hogwarts, usara o Torneio Tribruxo, que fora realizado na escola, como um artifício para chegar até Harry e que foi assim que conseguira capturar o garoto e que por pouco ele não escapara com vida. Disse-lhe, inclusive, que um rapaz que havia sido pego junto com Harry na ocasião, um garoto chamado Cedrico Diggory, havia sido morto por Voldemort. Flori horrorizou-se com a narrativa, sentindo sua compaixão pelo filho de Lílian e Tiago aumentar cada vez mais; ninguém na idade dele deveria ter de passar por tamanha provação e ver um amigo morrer.

Por fim, aproximando-se do final da leitura, Sirius dizia que Dumbledore havia cortado todas as ligações com o Ministério, pois Fudge não queria acreditar que Voldemort havia retornado e com isso, começara a reunir os que haviam sobrado da Ordem da Fênix original e começara a traçar também um plano de ataque contra Voldemort e seus seguidores. Depois disso, Sirius lhe fazia um convite final, perguntando se ela estaria disposta a juntar-se a eles na Ordem daquela vez e que, esperando ansiosamente que a resposta fosse sim, lhe mandasse uma mensagem de volta pela mesma coruja, pois daquela forma ele poderia lhe informar como chegar até a nova sede da Ordem e, consequentemente, até ele.

Flori releu a carta mais uma vez e quando chegou ao fim pensou na proposta de Sirius. Se fosse sincera consigo mesma, sua resposta à pergunta dele seria um grande sim que ocuparia toda uma folha de papel e que poderia ser lida a uma distância de três metros, porém, precisava ponderar se aquela súbita vontade de se juntar a Ordem tinha relação com seu desejo mesquinho de reencontrá-lo ou se realmente era o seu lado nobre e corajoso falando mais alto.

Ela lembrou-se de todos os membros antigos que já haviam morrido e especialmente em suas amigas que foram brutalmente assassinadas por Voldemort ou seus Comensais da Morte e concluiu que, apesar de sentir muita falta do homem, ele não seria o principal motivo de sua afiliação à Ordem; faria isso principalmente por Marlene e Dorcas e, sobretudo, pela melhor amiga, que morrera dando a vida para proteger o filho.

Flori não perdeu tempo e mandou a resposta para Sirius.

 

***

A carta com o endereço onde Sirius estaria demorou alguns dias para chegar e ela aproveitou esse tempo para arrumar suas coisas. Viajaria com pouco, pois agora que seria uma nova membro da Ordem, sabia que poderia ser mandada para longe em alguma missão e não poderia carregar muito peso se quisesse se deslocar rapidamente.

Daquele lugar sentiria falta somente de Anna e foi apenas a ela que reservou uma despedida digna. Contou-lhe que partiria para resolver problemas pessoais e que não tinha certeza se voltaria algum dia. Na verdade, não tinha certeza nem se viveria o próximo ano, contudo, procurou não dividir tais pensamentos.

Quando a carta de Sirius finalmente chegou e ela leu o endereço indicado, pensou que fosse algum tipo de pegadinha e se eles fossem uns cinco anos mais jovens, consideraria seriamente essa hipótese, mas como não era o caso, permaneceu olhando para o pergaminho num silêncio mudo e espantado; era o endereço da casa dos pais de Sirius, o lugar que ele mais detestava no mundo, depois de Azkaban, é claro. Sabia que era esse o local, pois no ano em que moraram juntos em Londres, ao passarem por perto da casa, ele parou a moto e lhe mostrou o lugar que permanecia escondido aos olhos dos trouxas e demais moradores do prédio vizinho. Mesmo depois de quase dezessete anos, ela ainda conseguia se lembrar da expressão de raiva que havia no rosto dele naquele dia e não pôde deixar de se perguntar como estaria sendo para ele voltar ao lugar que odiou por tanto tempo.

 

***

Assim que arrumou sua bagagem e cuidou de lançar feitiços protetores ao redor de sua casa e da loja contra ladrões ou qualquer outra ameaça parecida, Flori pegou o trem que a levaria até Londres. A viagem durou quase seis horas e quando ela desembarcou na estação já era noite.

Passara a viagem toda tão nervosa, que pouco comera e mal prestara atenção no livro que trouxera consigo a fim de se distrair, mas agora que finalmente estava ali, seu nervosismo tomou proporções gigantescas e ela achou que fosse vomitar. Sua náusea não tinha a ver apenas com o reencontro com Sirius, mas principalmente com as incumbências que teria a partir do momento que fizesse parte da Ordem oficialmente; em seu íntimo, não tinha certeza se daria conta. Todavia, aquele não era o momento para dúvidas, não agora que estava tão perto. Ela tomou um táxi rumo ao Largo Grimmauld.

 

***

Quando chegou à porta diante do número doze, ela parou; não tinha bem certeza do que deveria fazer a seguir. Sirius não dissera se deveria lhe mandar uma mensagem na frente ou uma fazer batida secreta na porta. Não parecia haver nem mesmo uma campainha por ali. Por via das dúvidas e por não saber o que poderia acontecer se fizesse algum barulho, Flori conjurou seu Patrono e mandou que ele fosse até Sirius e o informasse de sua chegada.

Ela se sentiu desprotegida e exposta ali do lado de fora enquanto aguardava que algo acontecesse. Quase dois minutos depois, ouviu ruídos metálicos que lembravam correntes retinindo do outro lado, e a porta se abriu com um rangido fantasmagórico. Um corredor escuro a aguardava, porém, antes que pudesse cruzar a soleira, uma massa escura se mexeu à entrada e a ponta de uma varinha apareceu diante dela. Flori congelou, sentindo o coração bater com força no peito.

— Qual é o seu apelido? – Ela ouviu a voz grave de Sirius sussurrando do escuro.

— O... o quê? – Espantou-se.

— Como é que eu gosto de chamá-la? – Repetiu.

Flori enfim compreendeu e percebeu que ele estava apenas sendo cuidadoso e checando se ela não era uma impostora. Sentindo-se levemente constrangida e agradecendo aos céus que não houvesse ninguém por perto, ela inclinou-se para a porta de entrada e sussurrou:

— Ah, hum... toupeirinha.

Sirius guardou a varinha e antes que pudesse dizer algo, sentiu que era sugada para as trevas para um abraço de urso. A porta se fechou atrás deles, enquanto ele aproveitava para cumprimentá-la com um beijo.

— Como...?

Flori estava prestes a perguntar como ele estava, quando sentiu que Sirius colocava seus dedos sobre os lábios dela, interrompendo o fluxo de palavras. Ele colou a boca em seu ouvido e, num tom muito baixo, murmurou:

— Aqui não. Minha mãe.

Flori perguntou-se se a mãe dele ainda estaria viva e se sua audição era tão boa assim que não podiam conversar. Certamente ela ficaria furiosa se visse seu filho mais velho e puro sangue aos beijos com uma sangue ruim como ela. De qualquer forma, ela assentiu, o que no escuro não foi uma boa ideia.

Uma nesga de luz surgiu da varinha de Sirius e ela o seguiu pelo corredor em direção a uma porta ao fundo. Ao entrarem, Sirius continuou fazendo sinal de silêncio com o dedo em riste e, pegando em sua mão, desceu um pequeno lance de escadas e a levou até uma cozinha sombria com paredes de pedras, onde já havia um bruxo sentado à mesa, observando melancólico a xícara diante dele.

Era um pouco mais alto do que Sirius e muito mais magro. Tinha os cabelos castanhos, salpicados de mechas grisalhas e uma cicatriz no rosto. Suas roupas eram gastas e remendadas em vários pontos e, apesar de ser a primeira vez que o via em mais de quinze anos, Flori o reconheceu imediatamente.

— Remo! – Exclamou.

O homem pareceu levar um susto com o grito, que se intensificou ao vê-la. Ele se ergueu da cadeira em um salto e foi até ela.

— Flori! Há quanto tempo!

A mulher o abraçou.

— Como você está? – Indagou ao soltá-lo.

O sorriso dele diminuiu.

— Tão bem quanto alguém na minha situação poderia estar.

— Sirius me contou que você trabalhou um ano em Hogwarts. – Disse. – Sinto muito que não tenha dado certo.

Ele deu de ombros.

— Foi bom enquanto durou.

— Poderia estar lá até hoje se não fosse o desgraçado do Snape. – Rosnou Sirius, aproximando-se.

Os dois trocaram um sorriso.

— Sempre o mesmo cão raivoso. – Zombou Lupin.

Flori virou na direção dele para observá-lo melhor agora que estava sob a luz. O homem ainda continuava com os cabelos compridos e a mesma barba e continuava magro, embora bem menos do que quando havia fugido de Azkaban.

— Sinto muito pela recepção de antes, mas precisava ter certeza de que era você mesma. – Desculpou-se.

— Isso, ou só queria me fazer dizer aquele apelido horroroso em voz alta?

Ele riu.

— Culpado. – Admitiu.

— Por que não queria que sua mãe nos ouvisse? – Lembrou-se.

— Bem, na verdade minha adorada mãe já morreu há uns dez anos, o que nos mostra que há justiça nesse mundo. – Ele sorriu. – No entanto, a megera, deixou-nos um presentinho, uma espécie de retrato dela que xinga a todos os mestiços, traidores do sangue e nascidos trouxas que passam perto dela, por isso, precisamos manter a voz baixa no corredor ou ela começa a gritar. – Explicou.

— E vocês não podem tirá-la de lá? – Ela se virou para Lupin, que possuía um amplo conhecimento em magia.

— Bem, chegamos há pouco tempo e ainda não tivemos tempo de analisar, mas... eu tenho quase certeza de que não será possível arrancá-la de lá. A casa dos Black é cheia de Arte das Trevas.

— Um lugar agradável para se morar, como pode ver. – Retrucou Sirius, num tom amargo. – Bem, mais deixemos isso de lado. Está com fome? – Perguntou.

— Não muito. Estive enjoada durante toda a viagem para cá. – Respondeu.

— Talvez seja melhor todos nós descansarmos. – Sugeriu Lupin. – Amanhã será um dia cheio, Dumbledore pediu a todos os membros que se reunissem aqui logo cedo para discutirmos nossas estratégias.

— Ainda não fizeram isso? – Indagou Flori.

— Não. Como Remo disse, faz bem pouco tempo que estamos aqui. – Informou Sirius. – Quando lhe mandei aquela primeira carta, contando tudo o que havia acontecido, nem havíamos escolhido o lugar da sede ainda; Dumbledore tinha alguns outros em mente, mas como aqui tem vários feitiços contra invasores, ficamos com ele.

— Entendo.

— Bem, vou me retirar. Boa noite para vocês. – Desejou Remo, acenando para eles e saindo da cozinha.

Sirius virou-se para ela com um sorriso travesso nos lábios.

— Espero que não se importe em dividir o quarto.

— Não, é claro que não. Se for a única opção...

— Oh, não. Temos muitos quartos disponíveis aqui na muy nobre e antiga Casa dos Black, mas não posso perder a chance de profanar esse lugar quando tenho a chance.

— Não pode estar falando sério! – Flori o repreendeu. – Com tudo o que temos pela frente, não é hora para brincadeiras!

— Não é brincadeira. – Negou. – E é justamente por não sabermos o que será reservado a cada um de nós que estou pensando nisso. Eu... sinto sua falta.

Não havia mais nenhum sorriso brincalhão em sua face e a expressão mal-humorada dela se amainou.

— Tudo bem. – Suspirou. – O que eu não faço para agradá-lo, não é mesmo?

— Como se a senhorita estivesse sendo obrigada. – Zombou.

— Vamos, Snuffles, deixe suas gracinhas de lado; temos assuntos a resolver.

 

***

As primeiras semanas de Flori foram marcadas por uma faxina geral na casa. Ou melhor, na tentativa, pois o lugar era cheio de armadilhas e feitiços que, se não fosse por Sirius, conhecedor desses artifícios, tanto ela como Lupin poderiam ter acabado muito mal. Foram momentos quase divertidos na opinião dela; “lutar” contra a casa e ainda evitar que Monstro, o elfo doméstico da família Black e que por sinal a detestava tanto quanto detestava seu atual dono, roubasse de volta os objetos que seu senhor decidia jogar fora. Além disso, reencontrou várias pessoas que não conversava há mais de quinze anos, e podia participar das reuniões da Ordem a fim de saber tudo o que estava acontecendo no mundo bruxo nos últimos tempos e, de quebra, ainda podia passar suas noites com Sirius. É óbvio que sabia que não estava em uma colônia de férias, contudo, aproveitaria aqueles momentos de relativa paz enquanto durassem, pois sabia que logo mais Dumbledore lhe confiaria uma missão, como o próprio já havia dito, e não poderia levar o homem junto, já que continuava sendo caçado pelo Ministério.

Flori não sabia se ela era a razão ou se havia algo além, no entanto, observou que Sirius, com o passar das semanas, se tornou cada vez mais reservado e taciturno, deixando o bom-humor de lado e parecendo gradativamente mais aborrecido. Ela entendia o seu comportamento; Severo Snape fazia parte da Ordem e continuava o mesmo sujeitinho desagradável que sempre foi na escola, e além de não parecer sequer se lembrar da existência da amiga que ambos perderam, adorava provocar Sirius, alardeando suas missões e o progresso que fazia, ao contrário de certos membros, que permaneciam no sossego e segurança de seus esconderijos. Ela passou a detestá-lo tanto quanto o noivo e houve um momento em que, inclusive, preparou-se para soltar os cachorros nele, mas a um gesto e olhar de advertência de Lupin, acabou se controlando, afinal, ele tinha razão, nada de bom poderia sair daquilo, seria apenas um grande vexame.

O problema é que Sirius era conhecido por ser cabeça quente e perder a calma com facilidade e o fato de estar preso, sem poder ajudar, quando tudo o que queria era justamente fazer de tudo para acabar com Voldemort, o tornava cada vez mais intratável e até mesmo a mulher passou a evitar, pois quando não o fazia, acabavam discutindo. O estopim foi quando, irritada por uma fada mordente ter tirado um naco de seu dedo e, especialmente, pelo mau-humor dele, acabou dizendo o que estava em sua mente e acabaram brigando.

— Será que você pode parar de agir como um moleque mimado?!

Sirius ergueu os olhos, espantado. Estivera brigando com um armário que insistia em se manter fechado, independente do feitiço que lançassem para abri-lo e por conta disso, acabou chutando-o devido a sua raiva e ralhando com Flori por tê-lo feito sair da cama para uma atividade aborrecida dessas.

— Já estou farta de você descontar em todos nós as suas frustrações! Será que não percebeu que Snape só está tentando te provocar por ter escapado dele há um ano?! É mesmo tão idiota assim que não percebe?!

Ela sabia que havia sido dura em suas palavras, por outro lado, achava que ele precisava daquele choque de realidade, mas seus planos acabaram saindo pela culatra e Sirius ficou ainda mais irritado, ao ponto de se mudar para o quarto de Bicuço. Eles nem chegaram a se desculpar quando Dumbledore enfim convocou Flori para uma missão no exterior com a finalidade de trazer mais bruxos estrangeiros para o lado deles. Foi com um mau agouro que ela partiu naquela manhã; o homem nem aparecera para lhe desejar uma boa viagem e tampouco acenou uma despedida da janela.

Era meados de setembro quando Sirius pareceu finalmente ter caído na real e lhe enviou uma carta, implorando pelo seu perdão. Nela, reconhecia que havia agido de maneira imatura e que agora que todos haviam partido, incluindo Harry, que passara o final de suas férias lá, se sentia mais só do que nunca; aparentemente, Lupin quase não estava em casa. Dizia também que se arrependia de tê-la deixado partir ainda brigados e que desde que havia ido, tinha pesadelos constantes em que via a mulher em perigo mortal e sofrendo e por isso mal dormia.

Ela sentiu que estava sendo sincero e teve compaixão por ele e sua situação e mandou uma resposta, contando que muito em breve estaria de volta, pois sua missão não fora tão bem sucedida e não havia mais nada que pudesse fazer.

Sirius ficou tão animado com a notícia que na manhã em que desembarcou em Londres, Flori o encontrou em sua forma de cão esperando por ela na estação. Brigou com ele enquanto avançavam pela calçada por tamanha irresponsabilidade, porém, sua felicidade era tanta, que ele pouco ligava e saltava diante dela, abanando a cauda e tentando roubar sua bolsa ao segurar na correia e puxá-la, e assim conseguiu contagiá-la e fazê-la deixar a bronca de lado.


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