P.O.V Do Freddie

— Carly, precisamos conversar. - Ela estava retirando a maquiagem, era por volta das 22h da noite, nossa filha estava dormindo.

— Tô com dor de cabeça, a Bel chorou o dia todo amor, estou tão exausta, só quero dormir. - Abriu um pote cor de rosa, começou a passar o creme no rosto.

— Tentei ficar com a Sam hoje, ela me rejeitou. Estou te dizendo porque não vou esconder isso de você. - Toquei num assunto delicado.

Carly riu e eu suspirei, já prevendo seu surto.

— A vadia te rejeitou? Bem feito. Achei mesmo que transou com ela, só pela demora... Mas quer saber? Eu não quero saber se ainda sente algo por ela, você é meu marido. Eu que sou a mãe da sua filha, a que você viu nascer, e aquela mulher é apenas a mãe do seu filho bastardo, uma egoísta que te privou de conhecer o menino, isso se ele realmente for mesmo seu filho! - Levantou da cadeira.

— Claro que é. Alex é meu filho. Tanto quanto a Bel, e eu já o amo. Ele quer conhecer a irmã, vou levar a Bel da próxima vez. - Avisei.

— Nem por cima do meu cadáver, não quero o bastardinho perto da minha filha. Jamais vou permitir que leve nossa filha para a casa da Samantha. É o cúmulo. Freddie, você não teste a minha paciência, se quiser ver o menino, pode ir, mas não leve a Belinda. - Disse irritada.

— Por quê não? Graças a Sam, consegui levar a nossa filha à tempo para o pronto-socorro. E meu filho tem o direito de conhecer a irmãzinha. Você não vai proibir isso! - Deixei bem claro.

— Pelo visto aquela mulher já está fazendo a sua cabeça. Estávamos bem até ela chegar! - Passou a escova pelo cabelo com força, desembaraçando.

— A Sam não é mau caráter. Você devia saber disso. Ela nunca te faz mal, você age como se ela tivesse feito algo horrível, sendo que na verdade, nós dois a magoamos. Por isso a Sam foi embora para L.A. - Joguei na cara dela.

— Freddie, foi só um beijo. Ela fez drama por um simples beijo que não significou nada naquela noite. Depois que ela foi embora, começamos a sair e bom... Sabemos o que aconteceu. Tivemos momentos incríveis. E olhe para nós, somos casados agora e temos uma filha. Nos amamos. Eu sempre fiquei ao seu lado, você me traiu e mesmo assim te perdoei. Você sempre foi louco por mim, desde os 13 anos, não é mesmo? Se estamos juntos, é porque o nosso amor é...

— Carly, quero o divórcio. - A interrompi.

Não queria ouvir aquilo, ela se gabando de tudo, jogando na minha cara que eu a escolhi.

— O que disse? - Largou a escova de cabelo.

— Estou querendo o divórcio. - Falei em alto e bom som.

— Samantha te deu um ultimato? Tá exigindo que me largue? Vadia manipuladora! Eu sabia que...

— PARE DE JOGAR A CULPA NA SAM! - Gritei já farto daquilo.

De suas acusações. Sempre culpando a Puckett.

— Eu não te amo, Carlotta. Estou infeliz vivendo ao seu lado. Será que não entende? Você me sufoca! Amo nossa filha mais que tudo, mas eu não quero mais empurrar nosso casamento com a barriga. Eu tentei, Carly, juro que tentei... Mas nunca serei um homem realizado ao seu lado. Já não sinto mais nem tesão... Não te quero mais como minha mulher! - Fui franco com ela.

— FILHO DA PUTA! - Agarrou o vidro de perfume e jogou em minha direção.

Me abaixei à tempo, ouvi o barulho do vidro se espatifando contra a parede.

— ENLOUQUECEU DE VEZ? - Fiquei chocado e com raiva.

Por pouco não me acertou em cheio.

Teria ferido o meu rosto.

— EU NÃO VOU ASSINAR PAPELADA NENHUMA, NÃO IREI TE DAR O GOSTINHO! VOCÊ É MEU MARIDO E NÃO VOU ACEITAR A PORRA DO DIVÓRCIO! - Gritou.

Ela derrubou tudo que tinha sobre a penteadeira moderna, apanhou o abajur novo e jogou na parede atrás de mim.

Estava num surto.

— Minha advogada vai entrar em contato com o seu advogado. - Retirei a aliança.

Deixei sobre a cama.

— Por favor, pela Bel, por favor... Somos uma família, meu amor. - Implorou começando a chorar.

— Você acha que também não dói em mim? Também estou sofrendo... Merecemos ser felizes, mas não juntos... Carly, não dá mais. Quero mesmo o divórcio. - Eu disse vendo ela sentar na cama aos prantos.

— Vai abandonar sua família por uma mulher que nem te ama? Por uma maldita mulher que só voltou para arruinar o que temos. E você ainda não quer que eu a odeie? - Me olhou magoada, muito indignada.

— Sam me ama e você sabe, sempre soube, eram melhores amigas. E com certeza serei feliz com ela. Não casei por amor. Você fez pressão. Você ficou com a ideia fixa, sempre insistindo até me fazer ceder. E eu acabei casando com você, já estávamos juntos mesmo, e eu me equivoquei. Achei mesmo que me casando, esqueceria a mulher que amo, você sabe que eu amo a...

— SEU DESGRAÇADO! VOCÊ DISSE QUE ME AMAVA NO ALTAR! DISSE QUE ME AMAVA QUANDO A BELINDA NASCEU! E NÃO VOU ACEITAR VOCÊ DIZENDO QUE SEMPRE AMOU A PUCKETT, SENDO QUE VOCÊ É MEU MARIDO, E VOCÊ ME AMA TAMBÉM! - Avançou em mim.

Senti seus tapas por toda a parte, permiti que ela descontasse até cansar e cair de joelhos no chão, derrotada.

— Você é a mãe da minha filha, sempre terei um carinho enorme e muita admiração, fomos felizes, não nego... Podemos ser amigos. Quero seu o bem. Sempre vou te amar, mas não da maneira que... - Ouvi seus soluços.

Carly estava desolada.

Me ajoelhei diante dela, tocando seu ombro.

— Eu realmente te amo, você sempre foi minha melhor amiga acima de tudo... Casou comigo sabendo que realmente amo outra... - Foi o que aconteceu.

— Vai embora, Freddie. Arrume suas coisas e suma daqui! - Sequer ergueu o olhar.

— Sinto muito, Carls. - Levantei triste e me afastei.

— Belinda ficará comigo. Você tem outro filho, e logo vai esquecer a nossa bebê... Vou embora de Seattle assim que assinarmos o divórcio. - Aquilo não era justo.

— Não pode levar a minha filha para longe de mim...

— Você fez a sua escolha. Tomou sua decisão. Corra para os braços da Samantha, porque é o que vai fazer, vocês tem um filho mesmo... - Estava com rancor.

— Mas eu quero ficar ao lado da Bel, ainda serei um bom pai, quero estar presente na vida dela...

— A menina fica comigo. Não vou compartilhar a guarda. Não quero minha filha pulando de casa em casa, sou a mãe. Ela vai morar comigo. Pode visitá-la em outra cidade, não vou me importar. - Estava mesmo decidida.

Mas aquilo não era justo, Carly iria me punir de qualquer forma.

— Ou vai querer brigar no tribunal? - Me encarou.

Só havia frieza em seu tom. Seu olhar estava mudado.

Cheio de ódio.

— Só não se mude para outro país. Vai ser como quiser. - Achei melhor ficar de acordo.

Ela havia aceitado o divórcio, mesmo contrariada.

Arrumei minhas coisas e fui passar a noite num hotel.

Carly iria embora, levaria minha filha para outra cidade.

Para bem longe de mim.

Era só um bebê.

Como eu vou conseguir ficar longe da minha princesinha?

Por quê as coisas tinham que ser daquele jeito?

Nunca imaginei que Carly fosse tão vingativa.