P.O.V Da Sam

Meu encontro com o Shane foi ótimo. Nos divertimos bastante, o Peter é um perfeito cavalheiro, sabe como manter uma boa conversa cativante. Além de ser um homem muito bonito e charmoso, é um cara muito inteligente. Fomos à nova galeria de Artes, amei conhecer as obras primas expostas ali, pinturas contemporâneas e pinturas modernas sempre chamaram a minha atenção. Quando pequena, eu amava fazer desenhos, e durante a adolescência frequentei um cursinho de Artes e fiz aulas de pintura durante um tempo sem os meus amigos saberem, não seria nada legal para a minha reputação de valentona do colégio.

Depois de visitarmos a galeria, Shane me levou para jantar num restaurante bem bacana, provamos da culinária mediterrânea e tomamos um ótimo vinho. Ele foi educado e gentil o tempo todo, não é o tipo de cara que banca o exibido e conta vantagens, porque esse tipinho eu detesto, além de tudo, Shane tem um lado nerd muito cativante.

E é aí que a Sam Puckett do passado se derrete, por mais que eu não admita em voz alta, eu tenho uma queda por caras nerds. E a nova Sam que se tornou mãe e uma mulher bem-sucedida continua se derretendo toda por homens super inteligentes.

O encontro foi realmente bom, como eu sentia falta de sair com alguém, conversamos bastante. E claro, tivemos um momento no carro dele que me deixou até de pernas bambas. Shane não deixou a desejar, até que me surpreendeu bastante.

Nós ficamos e eu gostei muito, não me arrependo.

Cheguei em casa por volta da meia-noite, minha mãe e meu filho deviam estar no quinto sono.

Eu só não esperava encontrar o Benson ferrado no sono no meu sofá.

Me abaixei para retirar meus sapatos que estavam me matando.

Deixei meus sapatos num cantinho encostados na parede, me aproximei devagar após trancar a porta, Freddie estava sentado, numa posição nada correta, com o pescoço pendendo para o lado, o que iria lhe causar dores no dia seguinte.

Roncava, sua boca estava entreaberta e os braços cruzados sobre o peitoral.

— Ei, cara! - Toquei seu ombro, me curvando um pouco sobre ele.

Apesar de se mexer e suas pálpebras tremerem, Freddie não acordou.

— Benson! - O sacudi de leve. - Freddie! - Balancei seu corpo com precisão.

E por fim, o Belo Adormecido despertou.

— Ai! - Sobressaltou, atordoado e alarmado.

— O que diabos ainda faz aqui? - Me afastei cruzando os braços.

O encarei séria.

Benson levantou e bocejou, fez careta e depois checou as horas no relógio que eu havia lhe dado de presente naquela noite em que o nosso filho foi concebido.

— Uou! 00h:13min! - Arregalou os olhos.

— Sim, está mesmo tarde. Nem sei o que faz aqui. E cadê a sua aliança? A Carly te chutou para fora de casa, né? - Presumi.

Shane tinha razão, o Benson estava sem a aliança.

— Pedi o divórcio. Saberia se tivesse atendido as minhas ligações. Por isso eu vim te ver, para te contar pessoalmente, mas você estava de saída. Pelo visto o encontro com o Peter foi bom! - Sorriu sarcástico.

— Meu encontro com o Shane não é da sua conta. Pediu o divórcio? Está feliz com isso? Bom para você! - Bati palmas. - Agora faz o favor de ir embora da minha casa, não vai pegar bem você dormir aqui, para nenhum de nós dois! - Não pedi, mandei ele ir embora.

— Qual é, Sam? Já tá tarde! Sua mãe me deixou ficar. - Me lançou aquele olhar de coitado.

— É, mas agora como a dona da casa estou te expulsando. Não é problema meu se você saiu de casa, será que ainda não dá tempo para vocês se reconciliarem? - Indaguei.

Freddie me olhou incrédulo.

— Pedi a porra do divórcio para poder ficar com você sem impedimentos! Não é justo você ficar me tratando assim, quero uma chance, Sam. Quero fazer a coisa certa desta vez. Podemos recomeçar do zero, podemos ser felizes juntos, você, eu e o nosso filho. - Se aproximou e eu recuei.

— Para eu servir de segunda opção de novo? Como sempre uma segunda opção para você? Lógico, né? Com a Carly não deu certo, agora você corre para mim, achando que a idiota aqui vai te receber de braços abertos! Eu tenho cara de palhaça, Freddward? - Me controlei para não gritar.

Eu não queria acordar a minha mãe e o meu filho.

— Sam, você sabe que não é assim. Foi um erro eu ter casado com a Carly. Você nunca será uma opção para mim! Você realmente é a mulher que eu amo! Amo mais ainda, você é a mãe do meu filho, do meu primogênito. Quero vocês ao meu lado, assim que eu assinar o divórcio, irei... O que é isso no seu pescoço? Um chupão? - Droga.

— O quê? - Levei as mãos até o pescoço.

— Sério, Sam? Você ficou com o Peter? - Ficou descrente.

— Não é da sua conta, aliás, sou solteira! - Minha vida pessoal e íntima não era da conta dele.

— O filho da puta deixou um baitão chupão! - Estava mesmo indignado.

— E daí, Freddie? Tá incomodado por quê mesmo? - O encarei já me irritando.

— Se essa coisa já tá feia, imagina amanhã? Parece que ele esqueceu que você tem filho e...

— Se a sua preocupação é com o Alex, fica tranquilo que ele não sabe o que é um chupão e eu vou cobrir, ok? Agora se você está se mordendo de ciúmes porque fiquei com outro, o problema é seu! - Deixei bem claro.

— Porra, Sam! Você ainda tem o prazer de jogar isso na minha cara? Você sabe que eu tô... Estou mesmo puto! - Admitiu. - Saber que você ficou com o Peter me deixa...

— Não quero saber como você se sente sobre isso. Não quero saber o que acha sobre mim, só quero que me respeite e não invada o meu espaço pessoal. Sou sua ex e a mãe do seu filho, se continuar com essas atitudes, só vai ganhar o meu desprezo, e eu vou manter distância de você! - Eu não estava brincando.

Sua postura se desfez, e ele olhou para o chão, ficamos em silêncio.

— Agora sei que te perdi... - Sua voz embargou.

— Não precisa ir agora, pode dormir no sofá. Vou pegar um cobertor para você. - Eu não ia cair no seu draminha.

— Já incomodei demais, é melhor eu ir logo. - Foi pegar o casaco que estava pendurado.

— Para, Freddie! Não faz isso, não venha bancar o coitadinho para cima de mim! - Segurei o seu braço.

— Coitadinho o caralho! - Afastou minha mão, irritado.

— Ei, abaixa o tom comigo, você tá na minha casa! - O empurrei pelos ombros.

— Me desculpa, Sam, eu não queria...

— Saia daqui, melhor você ir mesmo. - Me afastei.

— Não faz isso comigo, por favor. - Implorou.

Me alcançou de novo, ficamos cara a cara, suas mãos tocaram meu rosto.

Senti seus polegares acariciando-me.

— É você que está fazendo... Fazendo de novo. Sabemos quem vai sair machucada... Como sempre! - Senti vontade de chorar.

— Preciso de você Sam, eu quero ficar com você... Fazer a coisa certa. - Encostou nossas testas.

— Não posso fazer isso. Sinto muito. - Tirei suas mãos que repousavam em meu rosto.

Ele foi rápido, agarrando a minha cintura.

— Me dá só um beijo. Vou te deixar em paz depois disso. - Me encarou.

Estava suplicando.

Apenas assenti, permitindo, fechamos os olhos quase ao mesmo tempo, Freddie me beijou com calma, lentamente, deslizando as mãos sobre a minha cintura.

Como era bom beijá-lo.

Enlacei seu pescoço, quase ficando nas pontas dos pés, por estar descalça.

Aprofundamos o beijo, ele me puxou para mais perto, unindo ainda mais os nossos corpos.

Suas mãos desceram para a minha bunda, arranhei sua nuca.

Paramos o beijo ofegantes.

— Já passou da meia-noite faz tempo... Quer ficar até às 06h? Você tem que ir embora antes da minha mãe acordar. - Falei arfando, tentando recuperar o fôlego.

— O que isso significa? - Passou uma mecha rebelde para trás da minha orelha, meus cachos estavam mais volumosos.

— Só cala a boca e vamos subir para o meu quarto! - O puxei pela camisa.

Nós dois queríamos aquilo, seria uma apenas uma noite, e claro, um ponto final para encerrarmos o que ainda tínhamos pendente antes de eu embarcar em outro relacionamento.

O que tínhamos pendende afinal de contas? 

Nunca soube ao certo... Mas tínhamos.

Eu realmente queria tentar algo com o Shane e seguir em frente sem ter nada pendente com o Benson.