Os dias seguintes foram de tensão. Negan nos chamou ate sua sala para um reunião.

— Fiquei sabendo que Rick se juntou a Hitlop e vão fazer uma emboscada para mim. O Reino recusou a aliança. Então Rick encontrou o pessoal do Lixão. - Negan riu. - Mal sabe eles que o pessoal do Lixão é nosso amigo. E esta do meu lado. Agora eu vou emboscar a emboscada dele. - Sorriu animado.

— O que faremos? - Simon perguntou.

— Receberei mais noticias em breve. E será o fim de Alexandria.

— Você não pode matar todo mundo, só os lideres. - Falei. - Não se esqueça, um Rei sempre precisa de súditos. Alguém precisa conseguir comida para nós. - Forcei um sorriso e Negan riu.

— Você tem razão.

Depois da reunião retornei ao quarto e caminhei em volta mordendo o dedão. Precisava fazer algo. Não poderia ir ate o Reino, Negan desconfiaria. Mas quando Negan saísse eu teria que ir ao Reino e convocar todos para lutar. Lutar contra o meu pai.

Uma rebelião contra seu carrasco. Meu corpo gelava do de imaginar isso.

No dia seguinte estavam todos alvorotados. Soube disso pelo movimento que estava na rua.

Vesti um body branco com bojo modelado e alças finas, calça jeans e bota cano longo flat sem salto. Fiz as chiquinhas e sai do quarto.

Meu pai estava passando ordens aos Salvadores quando cheguei.

— Recebeu noticias?

— Sim. - Negan respondeu sorrindo. - Hoje Alexandria cai.

— Ótimo. E pai, lembre-se Daryl é meu. - Ele riu.

— Claro querida, trazer de presente para você. Talvez com algumas partes faltando. - Riu e eu forcei um sorriso. - Eles vão aprender da pior maneira que ninguém me engana.

— Eu ficarei por aqui. Avise se precisar de reforços, não acho que precisa. - Sorri. - Mas sempre é bom um plano B.

— Esta bem. - Ele beijou minha bochecha e saiu com os Salvadores.

Deixei eles saírem e ganharem uns 15 minutos de vantagem. Não poderia esperar mais que isso. Peguei minha arma e uma mochila.

Consegui enganar o guarda do portão e sair. Dirigi ate o Reino o mais rápido que consegui. Cheguei buzinando por que era uma emergência. Assim que o portão abriu, estacionei o carro e corri ate Ezequiel.

— Achei que demoraria a vir... Aconteceu alguma coisa?

— O pessoal do Lixão traiu Rick, eles vão morrer. Meu pai esta indo para mata-los. Você não pode deixar que isso aconteça. Quero sua aliança para ir ate lá. Preciso de vocês.

— Luce...

— Não estou pedindo. Estou ordenando, ou todos saberão que você não manda aqui. Que Negan é quem tem controle sobre os mantimentos. Sobre sua vida. Temos que para-lo! Precisa ir comigo!

Ezequiel ficou me encarando.

— Ate quando isso vai ficar em paz? Não vai durar muito. Negan sempre vai querer mais. E quando não puder dar mais ele vai puni-los. Vai matar alguém que você ame. Seus filhos.

— Esta bem. Esta bem. - Sorri. - Vou com você.

Ezequiel ordenou que quem soubesse usar uma arma se juntasse a nós dois.

— Vou ter que ficar. - Henry falou e eu apertei sua mãos.

— Sim. Se algo acontecer, você vai liderar o Reino. Será sua responsabilidade.

— Sou uma criança, não posso ter responsabilidades. - Sorri.

— Mas terá. Tem que ficar aqui e ser forte.

— Lu, você precisa voltar.

— Eu voltarei. - Beijei sua testa e me afastei.

Junto de Ezequiel fomos ate Alexandria. Meu pai estava pronto para matar Carl para castigar Rick.

— Alexandria não cairá hoje. - Ezequiel gritou no mesmo momento em que Shiva se jogou em um dos homens de Negan.

Meu pai nos encarou surpresos, seus olhos ficaram arregalados quando me viram. Foi um festival de tiros de todos os lados. Apontei minhas arma para Negan, era a minha chance. A traição que ele nunca esperou. Meus dedos tremeram uns segundos, mas puxei o gatilho.

Negan caiu para trás. Corri ate ele e coloquei a mão no seu machucado antes de começar a atirar, acertei pessoas que convivi nesses anos. Estávamos de lados contrario agora, eu tinha feito a minha escolha.

— Você... Você me traiu! - Negan resmungou.

— Você me traiu primeiro. - Resmunguei.

Quando finalmente os tiros cessaram encarei Negan que tinha seus olhos em mim. Havia raiva e decepção. Nada que eu ja não fosse acostumada.

Rick agarrou e o pôs de joelhos.

— Vai me matar? - Negan me encarou.

— Não. Diferente de você não me acho no direito de tirar uma vida, nem mesmo de alguém como você. - Virei e coloquei minha arma na mão na mulher de cabelo curto.

A viúva que Negan chamou.

E assim caminhei para longe. Ouvi o tiro e cai de joelhos no chão. Meu peito ardeu e as lagrimas começaram a descer.

Senti os braços de Daryl me envolver e seus lábios beijarem minha testa.

— Não devia ter vindo.

— Eu precisava, por todos que ele matou. Por todos que ele torturou. Por tudo que fez. Eu tinha que para-lo. - Murmurei contra seu peito enquanto seus dedos acariciavam minha nuca.

— Luce, você esta bem? - Ezequiel perguntou.

— Foi tão fácil. - Murmurei contra o peito de Daryl. - Ele realmente nunca acreditou que eu fosse trai-lo. - Encarei o Rei. - Sou igual a ele.

— Não é. Você ajudou meu povo, me ajudou. Conquistou Henry. Somos mais que amigos e aliados. Você se tornou parte da família, Lucinda.

— Lucinda? - Daryl perguntou.

— Por que a surpresa? - Perguntei.

— Achei que fosse Luce de Lucille. - Sorri entre as lagrimas.

Limpei meu rosto.

— Lucille era minha mãe. - Encarei Ezequiel. - Obrigada, pelas palavras majestade. - Ele riu.

— Quando você esta me ameaçando horas atras estava me chamando pelo nome. - Ri.

— Ameaçando? - Daryl perguntou.

— Ezequiel não queria tomar partido na luta, mas eu o convenci. - Sorri ainda abraçada a Daryl que riu.

— Você sempre consegue tudo. - Murmurou me ajudando a levantar.

Rick se aproximou junto dele a mulher de cabelos curtos.

— Sou Maggie. - Ela apertou minha mão.

— Luce. E sinto muito por seu marido.

— Esta acabado agora. - Assenti.

— Acho que devemos agradece-la. Por ajudar Daryl, falar do Reino e agora nos ajudar. - Rick falou estendendo a mão para mim que apertei.

— Não foi nada. Achei que poderia ser as pessoas certas. E são. Negan estava louco, alguém tinha que para-lo.

— Se você queria para-lo por que não fez isso antes? - Maggie perguntou.

— Por que ele era meu pai, não tinha coragem de chegar e atirar a sangue frio.

— Esta acabado agora. - Daryl falou. - Você é uma pessoa livre agora. - Sorri.

— Sim. - Fechei os olhos enquanto abraçava o corpo de Daryl.

Me sentia livre, feliz. Um capitulo da minha vida tira terminado. A pagina tinha virado. Agora eu teria que começar de novo.

Ajudei as pessoas a selecionar os mortos, quem seria jogado para fora e quem seria enterrado em suas comunidades. Olhei para o corpo do meu pai e suspirei.

Eu iria enterra-lo, não em Alexandria é claro. Mas iria enterra-lo em algum lugar.

— Você o traiu! - Ouvi o grito de Simon.

Foi em câmera lenta. Virei para o lado ao mesmo tempo que ouvi o disparo. Talvez esse fosse o meu fim. E eu merecia isso.

Meu corpo foi atingido e cai. Ouvi gritos, tiros. Olhei para o céu. Sentindo o sol em minha pele uma ultima vez. Quando diziam que nossa vida passa na frente dos nossos olhos é verdade. Vi os momentos felizes em que passei com a minha mãe. E os poucos momentos em que passei com Daryl.

Ouvi a voz dele, seus olhos azuis. Tentei sorrir ou ate mesmo falar que "esta tudo bem". Mas não consegui. Não tinha forças. Meu corpo foi ficando mole, fraco, sentia a roupa molhada de sangue E tudo foi ficando escuro.