Hugo havia invadido a sala de Armando e começou a fazer-lhe perguntas:

—E onde está, onde está, Armani?

—Onde está quem?

—A deusa, a beldade morena que trouxe de onde estava. Sei que minha March vai ficar muito chateada, mas vocês não estão mais juntos não é? Então, Armani quero ela faça um teste comigo.

—Hugo, escuta,  a moça que veio comigo não é modelo.

—De quem ele fala? -perguntou Mário.

—Sabe de quem!

—Não me diga que…

—Sabe que a empresa sempre revelou novos talentos da moda e por corte de verbas não podemos desfilar com modelos famosos. Precisamos de carne  fresca, Armani, de revelar novos rostos.

Neste momento, Betty pensando que Armando está sozinho, dá dois toques na porta e encontra-se com duas presenças desagradáveis: Mário e Hugo.

—Betty…

—Aí está ela! Menina,onde se meteu? Disse que a esperava no ateliê. Foram estes malandros que a abduziram, não?

—Don Hugo.

—Pode me chamar de Huguinho. E vamos logo.  -Disse pegando-a pelo braço.

—Hugo entenda que ela não é modelo. Sei que é linda, incrivelmente linda, mas não é modelo!

—Isto se corrige com curso, meu amor! Já estas  medidas, este corpo esculpido se nasce assim  ou não se nasce!  E esta nasceu, então, vamos menina!

Mário começa a rir, enquanto Armando não gosta nada que Hugo segure o braço de sua mulher e Betty tenta falar-lhe.

—Don Hugo!

—Huguinho!

—Huguinho, sou eu, Betty!

—Sim, já sei que se chama Betty!

Hugo convence Betty a ir ao ateliê com ele, enquanto Mário segura Armando.

—Deixe. Escuta, ele não sabe que é Betty, a ex-monstrete, não é?

Armando olha feio.

—Por estas e outras que Betty te quer fora daqui e tem razão!

—Quanto a isso, tenho certeza que você pode dar um jeito.

—Não vou dar jeito algum!   Não vou me indispor com Betty por sua causa!

—Vivo nesta empresa desde jovenzinho, nunca trabalhei em outro lugar.  Não pode fazer isso, comigo. Olha, eu posso ser útil.

—Como?

—Posso ajudá-los. Ao que parece Marcela não vai aceitar que os dois estejam juntos.

—Isto não me interessa!

—Posso ajudá-los.  Pôxa, sei que errei com o plano, mas se não fosse eu, nunca teria olhado para ela não é?

—Nisto tem razão. Droga, por que fui tão idiota e cego?  Esta mulher é maravilhosa, linda, divina. Veja, como até Huguinho está impressionado com ela.

—Então, amigo. Está feliz com esta beleza que está do seu lado. Diga a ela que precisa que te ajude, por favor. Posso ser útil, sei trabalhar.

—Ok. Vou ver o que eu faço, mas se ela disser ``não`` de primeira, nem adianta que não vou insistir, não vou contrariar minha Betty em nada!

—A que ponto chegou: ela é brava e veste as calças na relação.

Armando lança um olhar de assassino.

—Você cala essa boca ou arruma suas coisas já!

—Desculpe, desculpe, não está mais aqui quem falou.

—______________

Na hora da saída, Betty e Armando conversavam na sala dele, Mário já havia ido.

Eu tenho um pouco de medo de don Hermes, sabe? Ainda mais depois do que me contou.

—Eu sei, mas não vai acontecer nada. Eu não vou deixar que faça nada contigo.

—E a questão da Marcela que foi lá?

—Não sei, não tive tempo para pensar nisso. Mas em relação a minha aparência, sim. Não posso reaparecer assim do nada. Ele me mata se souber que me revelei tal como sou ao mundo.

—Que coisa.

—Tenho que ir mudando aos poucos. Por isso, vou trocar de roupa. Colocar as antigas.

—E onde vai fazer isso?

—Onde mais?  No seu apartamento!

Os olhos de Armando brilharam. Logo, que entraram no apartamento, lógico que não resistiram à paixão e se amaram, afinal ela teria que tirar as roupas novas para se vestir tal como antes.

—Para mim, está linda assim! –disse, olhando Betty vestida tal como fazia quando era sua assistente.

—O senhor não pensava assim antes.

—Eu era um bobo e cego. Para mim, é gostosa assim e do outro jeito, desde que em meus braços.

Betty vermelha de vergonha, só conseguiu dizer:

Melhor que saiamos ou não conseguiremos mais desgrudarmos um do outro. Ojojo.

—Tem razão. E queria nunca mais desgrudar de você!

Armando deixou Betty na porta de sua casa, não podia crer que a deixava assim novamente: por uns momentos o tempo voltou. Não era mais sua namorada e sim aquela secretária que contratou e se tornou sua assistente e amante. Aquele novo look agradaria sua mãe e Nicolás e ainda mais a si mesma, mas traria grandes problemas e perseguições por parte de seu pai, assim, Betty resolveu voltar ao antigo, ao menos, inicialmente. Só exibiria sua dentição perfeita, por enquanto continuaria penteando a franja para frente, mas sem usar fixador, deixaria aque caísse naturalmente.

—Oi, pai, mãe!

—Betty! Que saudades, minha filha!

—Por que não veio para cá, senhorita, antes de ir à Eomoda?  Ia te levar.

—Boa noite, papai! Dona Catalina me levou direto à empresa e depois me trouxe de volta.

—E não vai me dar um abraço?

—Sim, mamita! -disse Júlia, abraçando-a. –Está bonita! Tirou a franja!

Hermes estava frio, embora tivesse vontade de abraçá-la forte, o que Marcela havia lhe dito, lhe causava repulsa, assim que checava tintin por tintin, via algo diferente em sua filha e não sabia o que era.Já não havia gostado que a franja havia desaparecido até que viu seu sorriso.

—O que fez com seus dentes?

—Tirei o aparelho!

—E como que fez isso, Beatriz Aurora?

—Ficou linda, minha filha!

—Fui no dentista. Não precisava mais deles!

—E que dentes perfeitos!

—Espero que tenha sido a única mudança.

—Oj oj oj sim, pai.

—Sabe que precisamos conversar.

—Em Ecomoda está tudo certo! Mas sou a nova presidente.

—O QUÊ? -perguntaram os dois.

Betty explica tudo, deixando-os boquiabertos.

Quanto a isso, creio que fará boa gestão, para isto estudou tanto.

—Grata, papai.

 -Mas não é tudo. E sobre o que aquela senhorita disse?

—Hermes! A menina está cansada, acabou de chegar, foi um dia cheio,  melhor que suba e descanse.

—Em boca fechada, Júlia. Vai ter que me explicar, é verdade o que disse esta moça?

Por sorte, nesta hora, toca a campainha é Nicolás.

—Olha só quem veio!

—Que saudades, Betty!

Os dois fazem que vão se abraçar, mas só rodopiam como sempre.

—Olha só: este sorriso! Tirou o aparelho!

—Já estava na hora.

—Veio fazer o quê, Microláx? Não está na hora da comida!

—Já comi na padaria, agora, vim ver Betty!

—O quê? Não vai filar nossa comida?  -disse don Hermes, surpreendido.

—Não  agora. Mas pode guardar para mais tarde, dona Júlia.

Júlia balança a cabeça rindo. Com isso. Nicolás consegue desviar do assunto, como desejava Betty.

—Eu gostei dos dentes, mas pensei que iria encontrá-la toda bonita e mudada.

—Shiu!

—O que sabe disso? -disse Hermes

—Nada. É só brincadeira de Nicolás.Não se conforma que tenha uma amiga feia.  Vamos!

Assim, Betty empurra Nicolás para que se cale.

—Meu pai não pode saber que te disse.

—Mas eu nem vi você como diz que é!, continuo achando que é brincadeira sua.

—Não é!

—Mas gostei de ter tirado o aparelho. Que dentes!

—Grata, Nicolás!

—Betty, diga-me  como foi em Cartagena no reinado?

—Maravilhoso.

—E o que por seu pai que a tal Marcela Valência disse, é verdade que estava com o doutor Mendoza?

Betty abaixa a cabeça.

—Não me diga que é verdade! Não pode ter caído nas garras dele depois de tudo que fez contigo!

—Ele foi atrás de mim, Nicolás! Largou tudo e foi atrás de mim! Eu creio que sim me ama!

—Betty! Betty!

—Sei o que estou fazendo, Nicolás!

—Sabe que a noiva dele veio aqui, não?

—Sei e por isto também estou aqui e é ex-noiva.

—Ah não sei, Betty! E se ele aqui resolve reatar com ela?

—Não vai acontecer!

—E você foi hoje vai na reunião da empresa?

—Sim. E nem imagina. 

—AI, Betty! Conta!

—Não vou contar nada, você não quis ir!

—Sabe que não fui por conta da Patrícia!

—Você tinha que se envolver com esta oxigenada!

—Não fale assim dela. Não gosta que eu fale nada do seu cabeção.

—Mas o cabeção como dizes é um homem AI! maravilhoso.

—Betty, Betty! Já vi este filme antes...

—As coisas mudaram, Nicolás! Ele agora me explicou tudo, foi atrás de mim em Cartagena.

—E acha que vai ficar assim? Ele aqui é rodeado de modelos e mais a noiva. Quanto tempo acha que vai durar esta ilusão de um homem rico e parecendo galã de novela mexicana ficar na sua?

—Não sei, Nicolás e prefiro não pensar. Decidi ser feliz pelo tempo que dure. Não posso me negar. Enquanto ele me quiser, estarei aqui e quando não me quiser, é só dizer e pronto.

—E acha que ele vai ser fiel a você?  Pois me disse que não era nem um pouco a outra, a noiva dele, amiga de minha Patty.

—Ele nunca foi fiel à dona Marcela e nem espero que seja fiel a mim por tanto tempo. Mas ele sabe que o dia que não me quiser mais é só ir, não aceito dividi-lo com nenhuma.

—Olha, Betty, espero que dê certo e que não sofra.

—Também espero. Mas não está aqui só para saber da fofoca, não é? Os advogados te contaram?

—Doutor Sanchéz não me disse nada.

—Então, sente-se que vai cair para trás!

Nicolás não pode acreditar que agora não só Betty é dona da empresa,  como é a presidente.

“Com certeza, por isso, o cabeção está nas mãos dela. Fará tudo que ela quiser. Pobre de minha amiga”  -pensa

—E isto não é tudo: te arrumei um emprego. E não é um simples emprego! Será o vice-presidente financeiro!

—O quê?

—Isto mesmo que ouviu!   Pode começar amanhã!

—Não acredito, Betty!

—Pois pode acreditar, seguirei sendo sua chefe e tem que cumprir horário! Amanhã iremos ao fórum cedinho firmar o acordo para não executarem o embargo e tomarem a empresa e todos os dias estará lá cedinho.

—Ai, Betty. Desse jeito vou precisar de um adiantamento para comprar um carro.

—Desde que não seja aquele Mercedez último modelo.

—Não. Procuro algo mais modesto.

—Espero. Depois vemos isso. Mas temos que dormir cedo, pois depois teremos muito trabalho, temos que montar um plano de negócios eficiente para tirarmos a empresa quanto antes do atolheiro. Não quero ser presidente por muito tempo;. Quanto antes devolver-lhes, melhor será para todos.

—__

No dia seguinte, vão ao fórum para firmarem o acordo entre Terramoda e , ou seja, entre Betty e Armando, perante o juiz.   Como Betty sabe que don Hermes também irá, usa uma maquiagem leve e um terninho simples, mas bem ajustado e os velhos óculos, mesmo assim é criticada por seu pai.

—Ai, papai. Sou uma executiva da empresa agora, tenho que usar roupas de acordo. Ou o que vão pensar da presidente da. Que não sabe se vestir?

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Durante a reunião, Armando quer arrumar um pretexto para tirar Betty dali, mas seu Hermes e até Nicolás parecem vigiá-la de perto, mesmo assim, astuto como é, consegue passar um bilhete para ela por baixo dos papéis oficiais, onde a convida para tomarem um desjejum.

—Vai conosco, Betty?

—Não, pai, vão para a empresa, tenho que encontrar um cliente.

—Filha, não quer que vá com você?   O diabo é porco.

—Não, papai, está de dia e sou presidente da empresa e devo me acostumar.

Armando sorriu e apressou-se para ir. Logo depois, Beatriz deixou o fórum e esperou-o no local combinado.  Leu de novo o bilhete

—Mas é um atrevido! Preciso colocá-lo no seu lugar, já disse que não podemos ficar nos encontrando assim e não podemos nos expor. Que seja, apenas para tomar o desjejum ou ele vai ver!

Sente uma mão agarrando-, ia gritar, mas...

—Oi, princesa. Não se assuste.

—Seu Armando.

—Desculpe-me é que quis me esconder para que seu pai não me visse!

—Ah é? Ele está aqui!

—Onde?

—Bobo. Tome cuidado, doutor.

—Quer me matar de susto, Beatriz?

—Onde vamos?

—Tomar um desjejum.

—Eu já desjejuei.

—Mas eu não. Entre, princesa. -abre a porta do carro para ela.

Ele pisa no acelerador e a leva para um hotel afastado.

—Mas tinha que ser tão longe?

—É um dos meus lugares favoritos, para ficarmos em paz.  Oi, Valdez!  Bom dia!

—Bom dia, don Armando, tudo como nos conformes!

—Ok! -Armando pega a chave, a qual joga para cima e apanha.

,-Onde pensa que vamos?

—Onde podemos ficar sozinhos, sem ninguém nos interrompendo, lembra que me propôs isto na noite de seu aniversário?

—Sim, mas os tempos mudaram.

—A única coisa que mudou é que hoje sei que te amo. Que te desejo! -a beija

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