Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 55
Capítulo 55




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Ficaram um pouco decepcionados ao constatarem que aquilo não era uma aldeia, mas sim um pequeno vilarejo, provavelmente formado por fazendeiros menores da região. Eram comuns no país do Fogo e pelo jeito também ocorriam ali com a mesma freqüência. Podiam ver um grande armazém onde deviam deixar a safra para consumir e vender. A vila em si era formada apenas por umas vinte ou vinte e cinco casas um pouco agrupadas sem muita ordem, talvez construídas pelos donos ao longo dos anos sem nenhuma organização previa.

Shiromaru latiu duas vezes e olhou para trás, mas Haruka acariciou sua nuca para acalmá-la.

- Me diga que esta não é a aldeia onde temos que achar o tesouro – disse Ayame cruzando os braços decepcionada.

- Não é – respondeu Haruka – estamos ainda há um dia de viagem de lá. Na verdade este vilarejo nem está no mapa.

- Bom, vamos pedir informações – disse Minato andando devagar acompanhado das amigas.

Foram até mais ou menos onde devia ser o centro do vilarejo e observaram as construções, tentando saber onde seria mais lógico perguntar alguma coisa. Uns poucos que caminhavam por ali os observavam surpresos e desconfiados, mas seguiam o seu caminho. Depois de algum tempo indecisos, Minato perguntou para uma mulher que passava com quem podiam falar para obter orientações e esta sorridente apontou para uma casa diante deles. Ele agradeceu e foram direto para esta. Ayame olhou feio para a moça, pois evidentemente esta ficou encantada com o loiro de olhos azuis.

Assim que entraram perceberam imediatamente do que se tratava. Uma taberna com vários copos vazios fazendo fila para serem lavados e muitas mesas e cadeiras um pouco desarrumadas. Como era pouco depois do meio dia, imaginaram que a clientela devia ter acabado de sair depois de se fartar de saquê, vinho e o que mais devia ter com álcool por ali.

Também havia um odor característico no local, que chegou a fazer Shiromaru espirrar algumas vezes.

- Ei! – gritou um homem de trás do balcão para eles – tire esse pulguento daqui!

Minato segurou o ombro de Haruka para impedi-la de falar ou fazer qualquer coisa impensada, e com um olhar bem assustador saiu da casa seguida de sua parceira que ainda rosnava.

- São jovens demais para beberem – disse ele se dirigindo aos dois que ficaram – onde estão seus pais?

- Mortos – disse Minato irritado com a forma arrogante e desdenhosa como ele falava. Mas devia ser coisa decorrente de sua vida e profissão. Dava para ver algumas cicatrizes em seu rosto que contavam sua história, muito provavelmente uma boa parte dela em bares. O olho esquerdo estava  um pouco esbranquiçado, indicando que talvez tivesse perdido a visão deste, e seu nariz estava um pouco virado para a esquerda, mostrando que já o devia ter quebrado e não fizeram um bom trabalho de colocá-lo no lugar antes de cicatrizar.

- Mesmo? – ele não pareceu muito surpreso - Bom... o que querem?

- Informações – disse Minato o encarando.

- Isso não é de graça – disse ele voltando a pegar os copos e a enxaguá-los na torneira com água corrente.

Minato se aproximou um pouco logo seguido de Ayame as suas costas. O homem nem se incomodou com isso, apenas fez alguns movimentos para ressaltar os músculos de seus braços, indicando claramente que o rapazinho ali devia ter cuidado com o que ia falar. Mas ele não falou com palavras.

Uma kunai foi cravada entre os dedos de sua mão direita, e uma segunda prendeu a manga de sua camisa ao balcão. Quando o homem incrédulo ergueu a cabeça a ponta de uma terceira kunai tocou o seu queixo, o fazendo ficar branco de medo.

- O.. o dinheiro esta na gaveta no fim do balcão – balbuciou ele apavorado.

- Já disse que quero informações – disse Minato estreitando os olhos para ele – e é muito banal. Tem quatro estradas saindo daqui e alguém fez o favor de arrancar o poste indicando para onde vai cada uma delas. Só quero saber como chegar na aldeia de Saromi.

- Pegue... pegue a esquerda. Ela vai passar em outra aldeia antes, mas só precisa continuar nela que vai chegar onde quer.

- Obrigado – disse ele deixando uma moeda no balcão como pagamento e recolhendo suas kunais.

- Não acha que foi um pouco durão demais? – comentou Ayame sorridente quando saíram do local.

- Lembra daquele mascate que o sensei conversou na nossa segunda missão de nível “C”?

Ayame riu levemente. Ela se lembrava sim.

- De qualquer forma ele mereceu por tratar Shiromaru daquele jeito.

Andaram um pouco e Haruka se juntou a eles, sendo que Shiromaru estava ainda inquieta. Os dois olharam para Haruka e esta apenas fez uma careta e maneou a cabeça confirmando. A impressão que estavam tendo desde a manhã foi finalmente confirmada. Shiromaru sentiu o chakra de alguém. Estavam mesmo sendo seguidos. E considerando como ela rosnava e olhava em direção de onde tinham vindo, deviam estar próximos.

- Pessoal – começou Haruka pouco antes de dois gennins surgirem em uma nuvem de fumaça diante deles.

- Já vimos – disse Ayame observando eles – são da aldeia da Nuvem.

- Não, não viram, Ayame-chan – insistiu Haruka – tem mais dois no telhado.

Dois? Minato olhou no telhado atrás deles e os viu. E nenhum era clone. Isso significava que eram dois times juntos.

- Se querem a lista, nós podemos dar – disse Minato para os recém-chegados.

- Não vamos ser enganados – disse o mais baixo daqueles dois a sua frente – vamos trucidar você e fazer as bobinhas implorarem por piedade para termos certeza de que...

Ele não conseguiu terminar de falar, pois foi obrigado a se desviar com rapidez ou teria uma shuriken cravada entre os dentes.

- EU TE MOSTRO A BOBINHA! – gritou Ayame saltando na direção dos dois.

- Não foi isso que eu tinha planejado – murmurou Minato vendo ela já tentando socar o outro rapaz.

- Cale a boca e ajude ela – disse Haruka fazendo jutsus e com isso criando clones de sua parceira. Ela também não gostou nada do jeito que o gennin a tratou.

Minato achou melhor cuidar dos dois no telhado. Foi na direção deles e viu os mesmos saltando em sua direção, o interceptando a meio caminho. Pelo canto dos olhos percebeu que os clones de Shiromaru e Ayame estavam controlando a situação ali. E como não viu Haruka, deduziu que ela estava transformada em ninken.

Os dois pousaram a frente dele, e logo ele percebeu mais três o cercando. Eram cinco? Com mais dois enfrentando as meninas davam sete...

- Três times? – disse ele arregalando os olhos.

- Exatamente – disse um deles – entregue o que queremos.

- Mas eu já disse que sim! – ele pos as mãos na cintura. Aquilo era piada.

- Não ache que nos engana fácil – disse um as suas costas.

Ele já estava ficando sem paciência. Pressionou os fechos dos tirantes de sua mochila e esta desabou no chão. Ficou em guarda e encarou os dois a sua frente, aparentemente ignorando os que estavam atrás. De uma coisa ele tinha certeza, e seu sensei esclareceu bem esta duvida para ele. Havia um motivo para a quantidade ideal de um time ser considerada quatro, e era mais do que ser mais eficiente para movimentação e coordenação.

Abaixou a cabeça quando um as suas costas tentou lhe acertar um chute e ao mesmo tempo passou uma rasteira nos dois a sua frente, que logo saltaram para o alto e para cima dele. Um quarto um pouco do seu lado começou a fazer um jutsu e ele sorriu levemente.

Ele fixou seu pé no chão e usando este como apoio se impulsionou para fora do cerco que eles fizeram, observando os dois que desciam ao mesmo tempo em que o outro terminava o jutsu. Os dois levaram um choque de bola de raiton e os outros dois se afastaram.

O motivo principal era o entrosamento. Um time de até quatro pessoas permitia um excelente entrosamento entre elas, já que um ser humano conseguia se entrosar de forma muito intima e pessoal com até três pessoas ao mesmo tempo. Juntar três times simplesmente e não dividir tarefas  - como cada time enfrentar um deles – era a receita certa para um desastre. Mas ele não ia dizer isso para eles.

Olhou em direção as suas amigas e agora haviam três oponentes ali, sendo um deles uma moça que parecia usar raiton também. Mas não podia se preocupar com elas agora. Os cinco decidiram correr atrás dele e ele precisava tomar uma decisão. Enfrentar cinco shinobis não estava nos seus planos para aquele dia, e ele não gostaria de precisar revelar o que estava guardando ainda.

Mas pelo jeito não ia ter escolha. Viu várias kunais irem em sua direção e apertou os lábios. Não ia ter jeito mesmo de resolver aquilo na conversa. Jogou uma bomba de fumaça no chão poucos instantes antes das kunais o atingirem.

Os que corriam na sua direção ouviram o som de impactos, mas quando a fumaça se dissipou viram apenas um tronco de árvore ali. Ele os tinha enganado. Olharam ao redor, sabendo que ele não teve tempo para ir muito longe, e tinham razão. Pulando de seu ocultamento ele surpreendeu o mais próximo dele jogando sua perna na sua cabeça, coisa que este por reflexo bloqueou. Aquele que tinha feito um jutsu antes estava fazendo novamente. Será que ele não aprendia?

- Raiton, Masenko(Flash do Demônio) – disse o rapaz fazendo suas mãos brilharem intensamente, mais até que o brilho do Sol. Aquilo durou por alguns segundos, nos quais os outros quatro protegeram os olhos.

Enquanto aquilo durou, o usuário do jutsu ouviu alguns sons estranhos, e quando o brilho terminou ele ficou pasmo. Um de seus colegas estava  nocauteado no chão com muitas marcas em seu rosto, e diante dele estava Minato o encarando com um sorriso cínico.

- Obrigado pela ajuda – disse ele acertando-lhe uma joelhada e cravando uma kunai em suas costas quando ele se curvou com o impacto, perfurando seu pulmão direito.

Minato decidiu que não ia mais perder tempo com conversa, uma vez que eles pareciam claramente dispostos a lutar para valer. Iria aproveitar a vantagem de que eles não estavam acostumados a atuar juntos e aproveitar cada brecha possível, como esta do brilho de luz. Ele removeu a kunai deixando uma abertura no pulmão dele, o que o impediria de respirar a não ser que ele pusesse a mão no ferimento. Isso simplesmente indicava que ele estava fora de combate a não ser que alguém grudasse uma fita adesiva em suas costas.

Os três que ainda estavam em pé levaram alguns momentos para processar o fato de que o garoto de Konoha não foi afetado pelo clarão, e que na verdade se aproveitou disto a seu favor.

Mais atrás, os moradores do vilarejo saiam correndo da luta envolvendo aquela menina e vários cães pretos, se digladiando frente a dois rapazes e uma moça. Tanto Ayame quanto Haruka perceberam que havia mais gente ali do que tinham suposto, e estavam de sobreaviso para identificar onde estava a pessoa que ainda não tinha aparecido.

- A garota! – disse um dos ninken indo na direção da moça que tinha se juntado aos dois primeiros.

Ayame também foi na direção dela, assim como todos os outros ninkens. Percebendo isso, a moça de cabelos encaracolados apenas trincou os dentes e saltou para trás, arremessando varias bombas de fumaça a sua frente. Quando aquilo aconteceu Ayame lançou uma kunai com tarja bem aos seus próprios pés e saltou para o alto. Ali ela viu para onde a moça tinha fugido e também notou que alguns dos clones de Shiromaru a farejaram através da fumaça.

Quando os outros dois foram na sua direção, a tarja explodiu, e ela aproveitou aquele momento para fazer um clone enquanto caia na nuvem de fumaça que aquela outra moça tinha feito quando fugia. Lá dentro se camuflou, deixando o clone lutar contra os oponentes.

Ela sabia que tinha mais alguém que ia aparecer ainda, ou que estava distante dando apoio. Essas pessoas distantes eram sempre as mais perigosas, e precisavam ser neutralizadas rapidamente.

Seu clone não durou muito sendo atacado por duas pessoas. Ela se revelou logo ao lado daquele mais baixo e acertou um chute no seu joelho, que estalou levemente. Depois precisou literalmente se erguer com as mãos para escapar das pernas do outro. Infelizmente não foi o bastante. Sentiu dois chutes nas suas costas o que lhe causou uma dor forte. Quando conseguiu ficar de pé novamente estava bloqueando o companheiro do mais baixo, que atacava com fúria e força. Pelo jeito esse era bom em corpo a corpo.

Precisava ficar distante dele. Pegou uma tarja explosiva da sua bolsa e deu um salto para trás, fazendo dois clones em seguida. Seus clones colaram a tarja na própria testa e saltaram na direção dele, que confuso se afastou pouco antes da explosão.

Já um pouco distante, a moça fugitiva invadiu uma casa arrombando a porta desta e os clones de Shiromaru estavam em seu encalço. Alguns destes entraram pela janela da casa, a atacando com fúria ali dentro. Ela tentou fazer um jutsu mas não conseguiu abertura suficiente, os clones não permitiam que ela conseguisse terminar os selos.

- Bunshin no Jutsu – disse ela fazendo um clone que foi ignorado pelos ninkens porque não tinha cheiro. Ela não sabia, mas fazer clones simples frente a quem estava quase especializado em fazer clone das sombras era inútil.

Ela começou a socar e atacar todos os ninken que a atacavam, e percebeu que eles desapareciam quando os atingia com força. Pegou shurinkens e as arremessou contra três ninkens que tinham acabado de entrar na casa. Dois deles desapareceram ao serem atingidos mas o terceiro se esquivou dando um giro no ar. Acreditando ser a cadela verdadeira, ela arremeteu um soco na sua barriga, apenas para ver surpresa ela se transformar na garota morena que tinha desaparecido antes e segurando o seu braço estendido, a atingir no nariz, quebrando este no processo e indo acabar nas suas costas, fazendo uma chave de braço no seu pescoço, que foi apertando mais e mais.

No centro do vilarejo Minato se esquivava dos três que o perseguiam, aguardando uma abertura ao mesmo tempo em que analisava como eles atacavam. Pelo menos dois deles pareciam agir em conjunto, como se soubessem o que o outro faria. Deviam ser do mesmo time. Assim seria melhor se concentrar no terceiro que quando o atacava fazia os outros dois ficarem um pouco distantes.

Sua melhor chance contra tantos o atacando era surpreender e aproveitar a surpresa ao máximo. Tinha feito isso antes e tirou dois da jogada. Se fizesse tudo certo agora tiraria mais um. Deu um salto para trás levando as mãos as costas e ao mover estas para a frente, arremessou quatro kunais na direção dos dois mais afastados. Ao tocar o solo ele se impulsionou para a frente movendo o braço direito na sua direção. Agindo de acordo com o seu treinamento, o gennin imediatamente moveu o seu braço para bloquear seu golpe, enquanto que com o outro pegava algo de sua bolsa nas costas. Mas ele arregalou os olhos quando instantes antes da mão aberta dele o atingir, um brilho surgiu nesta, formando uma bola brilhante.

- Rasengan – disse Minato atingindo o braço dele e partindo seus ossos em pedaços em seguida. Aproveitando o impulso ele enlaçou o seu pescoço com as pernas e pulou para longe dele instantes antes do braço esquerdo dele o atingir com uma kunai.

O rapaz caiu sentado no chão agarrando o braço ferido e o olhando com um misto de surpresa, medo e raiva. Minato por sua vez ficou agachado após cair no chão com as mãos espalmadas tocando este, observando os outros dois mais atrás que agora ficaram reticentes de atacá-lo diretamente, coisa plenamente justificável.

Fazer uma rasengan em cada mão e com essa velocidade pode lhe tornar imbatível no corpo a corpo.

Tinha consciência disso antes mesmo de seu sensei ter comentado tal coisa, mas como aprendeu enfrentando aquele nukenin com um chicote no lugar do braço, não era bom utilizar isso como seu principal recurso. Agora aqueles dois com certeza iriam usar mais ataques de longa distancia, o que significava que não podia ficar distante deles.

Ele se concentrou e suas duas mãos brilharam, explodindo o solo abaixo delas quando as rasengans se formaram, lhe dando a distração necessária para saltar na direção do que estava caído e poder nocautear este.

Ayame estava rangendo os dentes com raiva. Não tinha conseguido se manter distante de seu oponente e o baixinho já tinha se recuperado, e ficava jogando shurikens a distancia, obrigando-a a se decidir entre escapar delas e levar um golpe, ou bloquear os golpes e ser atingida. Como estava usando a jaqueta de couro que tinha comprado naquela aldeia do dia anterior, decidiu bloquear os golpes. Mas a cada impacto que sentia no couro de sua roupa ela rosnava interiormente,

Uma mancha preta atrás de seu oponente o distraiu, o obrigando a se desviar. Ayame agradeceu intimamente a Shiromaru e encarou o baixinho com os olhos faiscando fogo. Desviou-se de outras duas shurikens que ele arremessou e foi direto para cima dele, dando um salto e girando o corpo com a perna esticada. Ele saltou para o lado como ela esperava e conforme girava, fez um clone e arremessou este na sua direção, o pegando totalmente de surpresa. Enquanto o clone o distraia por alguns segundos, foi ajudar Shiromaru contra aquele gennin bom de briga.

Chegou a pensar que devia ser a original, e estranhou não ver Haruka por ali, ou outro ninken igual a Shiromaru. Avançou contra o gennin forçando este a bloquear um golpe, e  Shiromaru prontamente mordeu o braço dobrado dele que estava em posição de defesa. Quando ele moveu o braço para se livrar da cadela, ela tentou acertar sua cabeça. Foi neste momento que ela soube onde estava o gennin que faltava, ou melhor, a gennin que faltava.

Foi atingida nas costas com um jutsu de raiton, o que lhe causou queimaduras e abriu a sua guarda. Enquanto cambaleava sentiu que seu clone tinha desaparecido e um pouco tonta foi atingida na barriga por aquele gennin de baixa estatura. Ele parecia rir com escárnio dela, e também estava falando alguma coisa, mas estava um pouco confusa demais para entender. Precisava de espaço, e urgentemente.

- Niken Kage Bunshin no Jutsu – ouviu Haruka gritando a distancia e ao seu redor uma dúzia de Shiromarus apareceram, tomando os gennins de surpresa, incluindo a nova combatente a qual Haruka foi tomar conta.

Conseguindo tempo para respirar um pouco, viu Haruka e dois clones de Shiromaru indo na direção da moça nova que tinha aparecido. Viu esta jogar kunais contra Haruka e em seguida fazer outro raio com as mãos, apenas para ser surpreendida com sua amiga se transformando em ninken e desviando-se de tudo.

Virou-se para encarar aquele gennin que estava combatendo antes mas quando foi se mover sentiu algo agarrando seu pulso. Ao olhar viu uma fina corda de nylon prendendo este, e sendo puxada por aquele sujeito pequeno. Ayame já estava ficando com uma birra pessoal dele.

Ela tentou fazer a mesma coisa que a outra, jogou bombas de fumaça para despistar os ninken, mas todos os três – um deles era a garota, mas não tinha idéia de qual deles – passaram pela nuvem e saltaram em sua direção. Deu um salto e girou o corpo afastando as pernas, esperando que com isso atingisse todos eles. Mas para a sua surpresa a garota voltou ao normal e agarrou uma de suas pernas, a olhando com um sorriso que mais parecia com o rosnado de um cão.

Tentou mover a outra perna para atingi-la mas um dos ninkens a mordeu, impedindo-a de fazer isso, bem como lhe arrancando um grito de dor. Não podia acreditar que tinha sido tola subestimando eles, mas era verdade. Não planejaram, não escolheram o local, não avaliaram as habilidades dos oponentes, não combinaram o que fazer, não tinham nenhuma estratégia exceto o de bater até eles caírem.

Tentou fazer outro jutsu de raiton – na verdade ela estava em pânico, do contrário teria pego uma kunai e mantido ela e os ninkens a distancia – apenas para ter seu pulso agarrado pela outra ninken e perfurado pelo seus dentes, deixando os movimentos de seus dedos quase impossíveis de serem feitos. Sentiu ela tocar em seu peito com a mão aberta e totalmente sem reação viu que havia uma tarja ali.

- Que tal se render? – disse a morena sorridente, ainda segurando a tarja. Ela meramente maneou a cabeça afirmativamente e parou de resistir. De qualquer forma ela tinha treinamento medico, em combates sempre ficava para trás para dar apoio. Se algum daqueles idiotas cheios de testosterona que estavam enfrentando aquela garota fosse esperto, teria se movido para lhe dar proteção. Mas não eram de seu time, estes estavam enfrentando o rapaz loiro.

Acabou não conseguindo nocautear aquele que estava caído, pois os outros dois o protegeram. E agora um deles o estava enfrentando de igual para igual enquanto o outro puxava o ferido a distancia. Finalmente estavam agindo em equipe, mas talvez fosse tarde demais agora. Não era dificil para Minato ver os golpes dele e bloquear e até se antecipar a alguns deles. Se era uma luta unicamente de força, eles iam perder.

Ele se aproveitou de uma pequena abertura e jogou uma bomba de fumaça no chão, saltando por esta na direção dele – o que o pegou de surpresa, pois quando alguém usa uma bomba de fumaça ele quer fugir, não atacar. Seus reflexos contudo impediram que ele fosse atingido no pescoço.

Exatamente como Minato planejou.

Sorrindo, ele agarrou a manga da camisa dele e fez um giro, fazendo ambos trocaram de lugar, bem no momento em que houve a explosão da tarja que ele tinha soltado juntamente com a bomba de fumaça. Para isso ele não estava preparado, e levou uma boa seqüência de golpes no peito e nos joelhos.

Mas não ficou o enfrentando no corpo a corpo. Se não pudesse manter a surpresa e a vantagem, ele sabia que seria derrotado. Se afastou dele e correu em direção a uma das casas. Os outros dois o seguiam, e mais atrás aquele com o braço quebrado também. Ele pulou para o telhado desta bem no momento em que ouviu o sons de kunais se cravando na madeira da construção. Ele pulou alto e cruzou os braços sobre o peito já se preparando para a possibilidade de terem tarjas naquelas kunais. Ao menos, era o que ele faria nesta situação.

Ele estava certo. As tarjas explodiram abrindo um buraco enorme na casa – na verdade, ficaram apenas três paredes em pé, o teto e a frente desta sumiram – e muitas farpas e fuligem foram arremessadas na sua direção. A própria explosão lhe deu mais impulso e com isso ele teve um excelente ponto de observação de como as coisas estavam indo por ali.

Viu os dois que ele tinha derrubado ainda no mesmo lugar. Inclusive o rapaz que ele perfurou o pulmão estava sem sentidos. Se não recebesse tratamento iria morrer sufocado. Mais diante, quase na saída do vilarejo viu Ayame e cinco ou seis copias de Shiromaru enfrentando dois gennins, mas viu também que Ayame estava com uma corda presa ao pulso. E já na estrada viu Haruka amarrando uma outra moça.

No entanto, o que mais lhe chamou a atenção foram as pessoas distantes – algumas ainda correndo – olhando aterrorizadas para trás. Eles acabaram começando uma pequena guerra em um vilarejo que no máximo precisava encarar briga de bêbados. Não se considerava responsável por isso, mas não podia negar sua parcela de culpa. Não teria sido dificil levar a briga para longe, mas o terreno ali lhes favorecia, sendo sempre possível entrar em uma das casas e atrapalhando os oponentes. Lugares pequenos são os ideais para se enfrentar um grupo grande.

Ele pousou atrás da casa e ficou pensando no que fazer. Os imbecis que atacaram contando com a vantagem numérica já deviam ter sido derrotados, restavam os mais espertos – e que poderiam virar a mesa se não tomassem cuidado – para encarar.

Tinham combinado de apenas Haruka fazer muitas copias de Shiromaru. Tanto ele como Ayame iriam fazer poucas. Só mudariam de estratégia se a situação ficasse complicada. Viu os dois contornando a casa semi destruída e aguardou eles se aproximarem. Quase comentou em voz baixa que deviam ter lançado alguma coisa nele para mantê-lo em movimento, e sorriu logo depois disto. Nem era chuunin e já estava tendo pensamentos de sensei? Realmente tinha que admitir que ter aprendido apenas o básico e o sensei sempre martelando sobre estratégia e forma de se combater tinha sido eficiente. Ao menos para encarar oponentes do mesmo nível que ele.

Mas o fato era que quando ele percebeu que eram três times os enfrentando sem nenhum planejamento, já tinha a certeza de que mesmo que fossem derrotados, essa vitoria seria muito custosa a eles.

Eles correram ao redor dele e se posicionaram um pouco atrás, um de cada lado. O terceiro demorou um pouco mais, mas se posicionou a sua frente, o braço quebrado ao longo do corpo. Seus olhos pareciam alucinados – o braço devia estar doendo muito – e ele parecia até um pouco insano.

Ele sorriu... finalmente alguma estratégia deles. Um obvio oponente fácil a sua frente e os dois mais distantes. A melhor maneira de escapar disto seria fazendo algo que não podiam prever.

Ayame já rosnava mais violentamente que Shiromaru com aquele irritante puxando seu pulso toda hora, atrapalhando seus movimentos e fazendo comentários não só maldosos, mas que mereciam umas boas palmadas. Toda vez que tentava pegar uma kunai, ele puxava a corda e seu colega a atacava. Por duas vezes fez um movimento que fez a corda se enrolar no seu pescoço quando Shiromaru distraia o outro mais alto para impedi-la de lhe dar apoio. E quando se torcia toda para escapar daquilo ele comentava algo sobre ela estar rebolando ou que sua bunda ficava muito oferecida.

Estava lhe dando nos nervos!

Ela saltou na direção dele para ter a corda mais frouxa. Ele imediatamente saltou mais para trás, mas já era tarde. Ele devia acreditar que ela não fazia jutsus, ou que estava dificil faze-los. Era hora de provar o contrário.

- Kage Bunshin no Jutsu! – gritou ela fazendo vinte clones aparecerem. O baixinho ficou de boca aberta, mas não por muito tempo. Ela se aproveitou disto para pegar uma kunai e cortar aquela corda, se voltando para aquele mais alto que estava difícil de vencer. Imaginou que Haruka estava indo ajudar Minato, já que não tinha voltado até ali.

Percebeu que um dos clones tinha sumido ainda antes de chegar perto de seu alvo. Minato tinha razão, ela estava agindo exatamente como Naruto com seus clones. Como eram apenas copias, eles não se protegiam quando atacavam, sendo facilmente atingidos e desaparecendo. Estava tentando mudar isso, mas pelo jeito não era uma mera questão de vontade, era disciplina pura. E isto ela tinha que admitir, Minato tinha de sobra.

Outros dois clones sumiram quando ela começou a atacar ele sendo ajudada por Shiromaru. No entanto, sentiu que ia ser dificil continuar controlando a situação daquela forma. Esse gennin era claramente um especialista melhor que ela no corpo a corpo, e mesmo com Shiromaru a ajudando, não estava nada fácil controlar o rumo do combate. Na verdade sentia que ele era quem a estava conduzindo, se movendo para trás mais e mais em direção a casa em que entraram antes para pedir informações.

Irritada, ela decidiu estrear seus novos equipamentos. Pegou um pergaminho da sua bolsa na perna e dando um salto para trás o abriu. Assim que o selo se rompeu, ela pegou uma bola luminosa com a mão e saltou na direção dele. Ele podia nunca ter visto aquilo antes, mas não era idiota. Devia ser algo perigoso e se afastou imediatamente quando ela tentou atingi-lo com aquilo.

Ela acabou acertando a porta de madeira da casa para o qual ele a conduziu e esta se despedaçou em fragmentos. Viu o rosto dele aparecendo no telhado e logo este sumiu quando Shiromaru o perseguiu. No entanto, ela não foi atrás dele pois sentiu que seu ultimo clone tinha sido destruído. Olhou na direção onde o baixinho estava e arregalhou os olhos, entrando rapidamente na casa e se abaixando para escapar de varias kunais que foram na sua direção.

Pelo jeito, ele não gostou de seus clones comentarem sobre a sua baixa estatura.

Ela se levantou e atravessou a janela, indo para o teto logo em seguida com o baixinho no seu encalço. Saltou para o outro lado da casa a tempo de ver o ultimo clone de Shiromaru desaparecer. Ela fez mais dez clones para deixar eles ocupados e correu para a sua direita.

Podia fazer os clones usarem kunais com tarja, ou podia começar a fazer rasengan com eles. mas ela já estava cansada daquela luta que destruiu sua roupa nova e também como Minato tinha dito não era bom mostrar todas as suas capacidades assim, especialmente em uma luta daquelas no qual não iam obter nada vencendo. Bom, ela ia ter uma baita de uma satisfação de fazer aquele baixinho pagar por tudo o que lhe fez.

Mas ainda assim, era melhor ir para um lugar mais aberto e acabar com aquilo. Na verdade, estava louca para fazer o que pretendia há muito tempo.

Minato se moveu a sua direita e no seu segundo passo saltou para trás, atirando uma kunai em um deles e girando o corpo e criando uma rasengan na mão quando ia para o que estava do outro lado. Ele ignorou totalmente o que estava na sua frente. Aquele que foi alvejado pela kunai saltou para cima, e o outro com o braço quebrado correu na sua direção.

Já o que estava diante dele já tinha visto o que aquela coisa na sua mão podia fazer e estava saltando para trás, se protegendo ao mesmo tempo em que decidiu fazer um jutsu.

Minato não esperou para saber que jutsu seria. Bateu a rasengan no chão e com a explosão desta girou para o lado, atirando shurikens na direção daquele com o braço quebrado, acertando vários nos seu peito desprotegido. Devia doer um bocado estas laminas raspando nas suas costelas.

Ficou de pé e percebeu algo inesperado. A distancia percebeu pelo canto dos olhos uma pessoa correndo na sua direção, e havia outra mais atrás, e essa ele conhecia, era Haruka. Pelo jeito, ela estava perseguindo alguém, o que deixava Ayame sozinha.

E Ayame sozinha tinha o hábito de se arriscar demais!

- Kage Bunshin no Jutsu – disse ele com um sorriso e pelo menos umas quarenta copias dele apareceram ao redor os encarando. Os três moveram-se levemente para trás, de forma involuntária.

- São apenas clones! – disse um deles correndo na direção do grupo, apenas para ser socado de seis formas diferentes e jogado ao chão, ao mesmo tempo que outros o atingiam furiosamente, como se fossem uma multidão linchando um condenado. Em menos de um minuto ele foi a nocaute, ficando inclusive com serias luxações no rosto.

Era mais do que evidente agora que os outros sabiam que não eram clones normais, e não ia funcionar da mesma forma com eles. Mas Minato tinha outros planos. Todos os clones de repente começaram a fazer suas mãos brilharem e nas palmas destas surgiram bolas luminosas de chakra. Com um sorriso todos arremeteram ambas as mãos para o solo causando uma explosão conjunta que despedaçou tudo ao redor, exatamente como a hokage e sua discípula faziam. Os dois perderam o equilíbrio e caíram sem conseguirem impedir isto, coisa do qual ele se aproveitou em seguida. Seus clones que não sumiram com a explosão foram atrás do que estava com o braço quebrado, ele pulou em cima do outro que mal conseguiu se defender do primeiro golpe. Levou um soco forte no queixo e fazendo outra rasengan – esta mais fraca – ele acertou o seu peito, lhe causando uma bela dor e paralisando seus braços. Em seguida ergueu os olhos para a moça que parou de correr na sua direção e achou melhor fugir, mesmo porque Haruka a perseguia.

- Tem mais algum truque? – disse aquele baixinho que já estava lhe irritando ao extremo. Você está em menor número e já sabemos como se livrar de seus clones – disse ele balançando a kunai de um lado para o outro.

Até que não demoraram tanto quanto ela esperava. A distancia viu Shiromaru vigiando aquela que Haruka capturou, e mais distante ainda, quase que imediatamente atrás do mais baixo ela viu Minato e Haruka enfrentando o que parecia ser o ultimo deles. Olhou para o baixinho idiota que estava passando a língua nos lábios e quase sentiu pena dele. Quase...

Ela sorriu e mordeu o dedo, batendo este no solo em seguida fazendo uma invocação. No instante seguinte, uma grande sombra se projetou sobre os dois e eles olharam para cima não acreditando.

Um gigantesco sapo desabou sobre eles, que por pouco não foram esmagados. Ficaram olhando aquela criatura com pavor nos olhos, perdendo todo o interesse em lutar.

- Ayame-chan! – disse o sapo gigantesco com um sorriso e lambendo os beiços – Tem moscas para mim?

- Se você parar esses dois, Gamatatsu, eu lhe dou uma lata cheia de minhocas – disse ela apontando para os genins que ainda se arrastavam no chão tentando ficar distantes.

Com um olhar de glutão, o sapo gigante olhou ao redor e encarou os gennins com uma expressão de alegria e crueldade ao mesmo tempo.

- Parece que sua futura namorada apelou – disse Haruka olhando Gamatatsu a distancia.

Minato apenas sorriu enquanto torcia mais firmemente o braço da gennin a qual mantinha imóvel com seu pé sobre o seu pescoço, enquanto aguardava que Haruka a amarrasse. Desta vez ela não ia escapar como antes. Haruka ainda era um pouco mole para amarrar alguém firmemente. Sempre tinha medo de cortar a circulação deles.

- Deixa ela se divertir – disse ele – não é todo dia que podemos falar que vencemos três times da Nuvem de uma vez.

- Você quer dizer “nove gennins da nuvem que lutaram sem nenhum planejamento”.

- É uma maneira de ver as coisas – ele riu.

Meia hora depois, cinco gennins estavam formando um circulo no meio do vilarejo bem amarrados e indefesos. Um pouco do lado deles estavam os feridos, sendo que Haruka terminava de suturar aquele que Minato perfurou o pulmão e a gennin médica cuidava do outro que Minato tinha feito uma rasengan fraca no peito. Aquele com o braço quebrado já estava com este em uma tipóia, e era o que estava mais fora de perigo.

Nenhum deles acreditava que tinham perdido, ainda mais sendo na proporção de três contra um.

- Muito bem meus caros – começou Minato os encarando de braços cruzados – eu tinha dito que ia dar a lista para vocês, mas foram burros demais para aceitarem e pareciam que queriam, mesmo ir a forra por alguma coisa boba. Mas antes de mais nada, como souberam que nós tínhamos a lista?

Nenhum deles respondeu.

- Tudo bem – disse ele se aproximando dos que estavam amarrados e criando uma rasengan com a mão – vamos deixar a médica de vocês bem ocupada.

- Foi a secretária do raikage! – disse a moça que cuidava do rapaz – ela nos contou que vocês pegaram a lista... e nos deu um sermão por sermos tão tolos de não ter percebido isto...

Ao menos isso explicava o porque de os quererem atacar de qualquer jeito. Não era nada divertido levar um sermão. E pelo jeito ele também acertou quando tinha imaginado que ela iria mesmo contar sobre isso para os outros times. Do contrário não ia ter competição.

- Vão levar uma bronca maior quando ela souber o que aconteceu.

- Ayame-chan – disse uma voz forte atrás dela – minhas minhocas...

- Já, já – ela sorriu arreganhando os dentes – Minato–kun...?

Ele olhou para ela e sorriu.

- Bem, de qualquer forma, vou dar a lista para vocês, mas vão ter que pagar um preço – todos eles olharam na sua direção – dois de vocês cão juntar uma lata de minhocas para o meu amigo aqui atrás – ele apontou para Gamatatsu com o polegar – e o resto vai reconstruir as casas que destruíram durante nossa luta. Se começarem agora devem terminar antes da meia noite. Depois disto eu entrego a lista. E logicamente vão estar bem cansados para nos seguirem depois disto.

Eles se entreolharam, aparentemente pensando nas opções.

- Se não quiserem – ele sorriu – a gente começa a lutar de novo. E então?

O solo tremeu quando o grande sapo deu um passo a frente, fazendo todos aqueles gennins olharem para cima em pânico. No fim das contas, não era muito dificil tomar a decisão.


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Notas finais do capítulo

Bom, ai está. a primeira luta do time seis neste exame. espero que tenha ficado bom



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