Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 44
Capítulo 44




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A viagem tinha sido tranqüila, o que ajudou a acalmá-la um pouco. Já tinha feito serviços de escolta antes, mas era a primeira vez que fazia isso para a hokage, ou melhor, para a sua mestra. E justamente por isso se sentia um pouco reticente... caso houvesse alguma ameaça, sua mestra iria deixá-la cuidar do assunto sozinha ou iria tentar protegê-la no caso do atacante ser demais para a mesma?

Esperava nunca precisar descobrir isso.

Olhou para Hinata e a irmã que acabaram acompanhando-os pelo caminho, sendo que Hanabi acabou se tornando escolta auxiliar da hokage justamente por isso. Sabia que ela estava ali por causa de Minato, e que claramente não tinha nenhum interesse em demonstrar ou ter calma sobre isso. Ela poderia muito bem esperar uma ou duas semanas para partir.  Considerando que seu time precisou de um bom tempo para resolver a prova simulada que receberam, os jovens gennins talvez demorassem até um mês para tanto.

Isso se conseguissem resolver. Mas era interessante desta vez não haver uma situação direta de risco na avaliação. Ao menos, não referente a quem a estava aplicando. Muito provavelmente haveria uma competição com outros times de gennins, e estes talvez lutassem entre si. Coisa alias que qualquer exame chuunin possuía e até era feito para estimular isso.

Só tinha ficado mesmo incomodada de Ringo estar acompanhando Hinata e Hanabi. Neji ficou cuidando da liderança do clã, e como nenhum Hyuuga  daquela vez ia participar – na verdade a participação de apenas um time da aldeia era decepcionante para ela - era natural que nenhum outro membro do clã tivesse vontade de presenciar o exame.

Agora seguiam serpenteando as montanhas andando calmamente pela trilha que levava a entrada da vila da Nuvem. Ficou imaginando se sua mestra já tinha ido até ali alguma vez, pois esta parecia deslumbrada observando a vista magnífica que se descortinava conforme iam subindo cada vez mais. Até Hinata e Hanabi estavam apreciando esta e Ringo, bem, este estava mais preocupado com aquela trilha um pouco traiçoeira, usando sua habilidade em andar em superfícies o tempo todo daquela caminhada.

Ele ia ficar um pouco cansado quando chegassem no destino...

Olhou para trás para aferir a retaguarda, onde estavam os outros que auxiliavam na escolta. Era interessante voltar a ver o rosto de Udon depois de tantos anos, e não foi nenhuma surpresa ele ser selecionado como guarda costas junto com ela, pois ele já fazia isso na aldeia, apenas ficava oculto o tempo todo. O chefe da ANBU fez questão que ele viesse com eles. Ao seu lado estava Shikamaru andando com alguma irritação – e devia estar mesmo pois ficou meio que de castigo no meio de tantas mulheres, sendo forçado a esperar muito pela chance de se banhar em algum riacho pelo caminho, mas apesar de ter sido um bom cavalheiro, tinha certeza de que não reclamou quando elas voltavam do banho matinal apenas vestindo biquínis...

- Queria saber como tiveram a idéia de fazer uma aldeia bem no meio desses picos – exclamou Ringo olhando para o alto e vendo os primeiros sinais de que havia uma aldeia por lá, pouco acima das nuvens que lhe davam seu nome.

- Eu não sei, Ringo-kun – respondeu Hanabi também olhando para o alto – mas imagino que deva haver uma boa historia por trás disto. Uma pena que eu ache que não vamos ficar sabendo a respeito.

Moegi também queria saber sobre isso, e igualmente acreditava que não contariam para ela se perguntasse sobre isso por ali. Olhou para Ringo que os acompanhava e novamente ficou matutando sobre o que Hanabi tinha na cabeça para trazê-lo junto com quem devia proteger. Seria mais pratico e seguro – para o jovem gennin – se ele visse junto o pessoal do clã Inuzuka, que ela já sabia que iam vir pois estava presente quando um representante deles foi até o escritório de sua mestra para deixar a solicitação para dispensar Kiba, Tsume e Atomi para assistirem ao exame.

Não teve chance de conversar a sós com Hanabi durante todo o trajeto. Só sabia que tinha sido um pedido dela, ao menos foi a resposta de Hinata quando a questionou sobre porque de Ringo estar viajando junto com ela. Sua mestra preferiu vir junto com Hinata apenas para ter a certeza de que ela não iria tentar ver como o time de seu namorado estaria se saindo na viagem. Mas mesmo assim achava que não tinha funcionado inteiramente. Na primeira noite em que acamparam, Ringo acabou revelando que eles estavam há alguns quilômetros atrás, o que os obrigaram a viajar por mais uma hora para ficarem bem distantes deles.

Agora ela já sabia que eles iam chegar bem depois – deviam estar ali só no dia seguinte, mas muito provavelmente chegariam naquela tarde – pois apressaram seu passo, coisa que foi um pouco penosa para Ringo. Mas admitia que estava impressionada dele ter suportado o ritmo deles. Afinal, um gennin ainda com menos de um ano de experiência poder acompanhar um grupo de jounnins não era assim muito comum. Por que será que Kiba não quis inscrevê-lo? Seus colegas ainda precisariam de mais tempo?

Continuaram por mais algum tempo na subida que ficava mais e mais íngreme, até que Ringo comentou para Hanabi que estavam sendo vigiados. A resposta dela foi que ficaria surpresa se não os vigiassem, afinal, estavam se aproximando da aldeia deles. Como já estavam aguardando sua vinda, não iriam incomodá-los ainda, e se o fizessem, seria devido a haver alguma situação inesperada.

Finalmente chegaram a longa ponte de cordas que servia como “portão de entrada” da aldeia da Nuvem. Os dois guardas que estavam de vigia ali aguardaram que se aproximassem mais e se moveram cada um para um lado, lhes dando passagem e indicando que podiam seguir diretamente sem precisar se identificar. Moegi estranhou isso um pouco. Como sabiam que a hokage de Konoha estava com eles?

- Por favor – disse um dos guardas quando os membros do clã Hyuuga passaram por eles – não usem o byakugan nas áreas livres da aldeia. Alguns dos moradores podem ficar incomodados se pensarem que estão tendo sua privacidade invadida.

- Se nós o fizermos, será em situação de perigo ou apenas para ver melhor a prova – respondeu Hinata olhando para ele diretamente, mas sem demonstrar sinal de confronto.

Este anuiu levemente e seguiram andando pela ponte que estava balançando mais do que Moegi se lembrava desta vez. Devia ser do vento um pouco forte que estava soprando ali. Não era nada que causasse preocupação, mas todos ficaram olhando para Ringo, para saber se ele estava tendo alguma dificuldade.

Todos, menos Hanabi. E Ringo estava andando calmamente pela ponte, fazendo como todos, fixando os pés nesta. Por alguns momentos Moegi se sentiu como da primeira vez em que foi sensei, quando observava a todo instante como seus alunos estavam encarando uma situação que era rotina para ela.

Chegaram ao outro lado e finalmente vislumbraram o comitê de recepção. Deviam estar esperando apenas o Shikamaru, pois o raikage não estava lá, e isto ficou mais evidente quando aquele que devia estar representando este olhou com os olhos arregalados para sua mestra.

- Ho-hokage-sama! – exclamou ele após hesitar um pouco – nós... não te esperávamos...

Sakura apenas sorriu levemente e colocou o braço na cintura, olhando para o assustado rapaz que estava preocupado em causar alguma falta de decoro.

- Decidi vir de ultima hora. Mas não precisa se incomodar, é só agir como se apenas Shikamaru tivesse vindo.

- Claro, claro – disse ele abaixando a cabeça – meu nome é Lo-shi, estou representando o raikage para a recepção das delegações das aldeias. A sua é a primeira a chegar.

- Pelo jeito, viemos bem rápido – disse ela olhando ao redor – algum outro kage confirmou sua presença?

- Recebemos o comunicado que o kazekage irá vir, mas chegará depois de seus enviados. Parece que ele teve um problema de ultima hora em seu país que o fez se atrasar um pouco.

Ele deve ter sido localizado para receber a carta da mizukage, pensou Moegi ao ouvir aquilo. Eles tinham enviado um aviso para a aldeia da Areia de que a hokage estaria na aldeia da Nuvem para o exame chuunin, e se o kage quisesse se reunir com ela e com o raikage, seria mais prático ele se deslocar para lá.

- Que bom, faz tempo que não vejo Gaara – disse Sakura sorridente.

- Vocês saberiam para quando é prevista a chegada dele? – interpelou Shikamaru que até então tinha ficado um pouco afastado, mas logicamente prestava muita atenção na conversa.

- Para – ele hesitou um pouco antes de responder, provavelmente tentando se lembrar – depois de amanhã, provavelmente.

Shikamaru acenou com a cabeça e pareceu satisfeito com a resposta.

- Bom, se me acompanharem, vou levá-la e a sua comitiva para os seus aposentos. Embora... tenha vindo bem mais gente do que esperávamos.

- Não somos parte da comitiva da hokage-sama – disse Hinata – apenas seguimos viagem junto com ela. Somos apenas espectadores.

- Entendo... – ele parecia um pouco desconfiado, mas era esperado isso. Porém quando ele olhou para Ringo, pareceu a Moegi que ele acreditou mais nela – bom, neste caso terão que se registrar ali – ele apontou para uma espécie de barraca onde havia um atendente – eles irão lhe informar como deverão proceder por aqui.

Hinata se despediu deles e acompanhada de sua escolta e de Ringo, seguiram na direção indicada. Mas antes que Lo-shi pudesse levá-los aos aposentos que lhes foram reservados, um shinobi da aldeia da Nuvem apareceu e ajoelhou-se diante dele.

- O que foi? – disse ele sério, provavelmente temendo novamente algum decoro.

- Lo-shi-sama, o raikage-sama pediu para o senhor encaminhar a hokage de Konoha para o seu escritório privativo.

Agora ele sabia que sua mestra tinha chegado. Alguns dos shinobis que estavam vigiando a trilha que seguiram até ali deve ter contado ou enviado uma mensagem ao raikage sobre a presença dela, mas parece que a informação não chegou a tempo, visto que só agora chegou alguém para falar com o seu anfitrião.

- Isso é um pouco incomum... – murmurou ele. Pelo jeito não sabia que o raikage queria conversar com sua mestra.

- Só sei das ordens dele, senhor.

Ele olhou para Sakura e esta apenas pegou sua mochila que tinha deixado no chão para dar um certo alivio às suas costas.

- Mostre o caminho – disse ela simplesmente.

Novamente Moegi andava pelo estranho labirinto que era aquela aldeia. Estava acostumada com locais planos, ou melhor, locais com apenas um plano para se movimentar. Ali tinha ruas e caminhos em cima de outras ruas, casas, praças e pessoas. Decerto não teria problemas se nascesse ali, e como da ultima vez, iria se acostumar em alguns dias. Mas mesmo assim estranhava e muito aquele local.

Mas ela ainda se lembrava do trajeto que fez da ultima vez, e este de agora era diferente. Ficou mais atenta e com os músculos do corpo preparados para qualquer eventualidade, ao mesmo tempo em que sua mente fértil pensava nas piores e tolas possibilidades, como a de que o raikage sabia o segredo de sua mestra e que a qualquer momento chegariam em um local de emboscada e dezenas de ninjas pulariam para capturar a jinchuuriki de Konoha.

Chegou a fazer um sinal para Udon e este assim como ela, ficou mais atento aos arredores, se posicionado do lado de Sakura, de forma que esta ficava entre eles. Shikamaru ficou na retaguarda, também ficando mais cuidadoso. Depois de mais alguns minutos andando do lado de fora da aldeia e subindo algumas rampas e escadas, entraram em um longo corredor e foram seguindo por ele, e conforme avançavam, mais e mais Moegi e Udon ficavam preocupados. Parecia que estavam seguindo para dentro de um tipo de prisão, pois ambos sabiam – pela orientação que fizeram quando ainda estavam do lado de fora – que o corredor simplesmente estava entrando mais e mais dentro da montanha, portanto estavam cercados de rocha sólida.

Ao fim passaram por uma pesada porta e entraram em uma grande sala sem janelas – e não seria possível ter janelas ali, afinal, deviam estar no coração da  montanha, ou bem próximo a este.

Moegi olhou ao redor e foi lentamente se surpreendendo com o que via. Sofás, uma mesa de centro, em uma das paredes haviam prateleiras com livros, em outra varias garrafas de vinho e outros tipos de bebida – uma pequena adega na verdade  - um grande tapete felpudo no chão...

Se era uma prisão, era muito confortável!

- Onde estamos? – Perguntou Udon também confuso com o local.

- Na sala de estar dos aposentos do raikage – disse seu anfitrião calmamente.

- Não íamos para o seu escritório?

- Escritório privativo significa aposentos do raikage – ele sorriu.

Moegi relaxou finalmente, e conteve sua vontade de rir por tudo o que pensou antes. Mas porque o raikage estaria sendo tão amistoso? Será que ele queria certeza de privacidade?

Quinze minutos depois, o grande homem em pessoa chegava ao local, com aquela velha carranca inamistosa, seguido pelos seus guarda costas. Ele fez um movimento com as mãos e estes ficaram do lado de fora da sala, fechando a pesada porta em seguida.

- Devo dizer que estou mesmo surpreso de ter aceitado meu convite – começou ele diretamente e sem rodeios, como lhe era típico – ou a carta da mizukage influenciou sua decisão, pequena lesma rosa?

- Ah... vá a merda logo homem! – tornou sua mestra irritada, pegando a todos e ao raikage inclusive de surpresa – não estou inspirada para te ofender de forma educada hoje. Tem algum saquê para tomar aqui?

Ele arregalou os olhos e todos os outros presentes ficaram na duvida se ele iria rir ou partir para um ataque. Lo-Shi estava branco de medo. Depois de alguns segundos ele suspirou e apontou para a pequena adega na parede, dizendo que o saquê era a segunda garrafa da esquerda. Sakura foi até o local e pegou a garrafa e um copo para se servir, enquanto continuava a falar.

- Queria saber se é uma regra ficarmos nos alfinetando sempre que nos encontramos – começou ela enquanto abria a garrafa – isso me dá nos nervos as vezes.

- Vamos dizer que é tradição – comentou ele agora se aproximando dela e pegando um pequeno copo também – mas nunca alguém me ofendeu tão diretamente antes.

- O que? – ela riu – ficou sem jeito com isso?

- Não abuse da sorte! – rosnou ele enquanto ela colocava um pouco do liquido no copo dele.

- Que bom, pensei que você estava ficando mais tolerante. Bom, indo direto ao assunto... porque queria que eu viesse aqui desta vez? Alias... você foi muito sutil em seu convite, muito sigiloso mesmo.

Ele não respondeu a ela, apenas olhou para Moegi e os outros que estavam na sala indicando que queria conversar com ela a sós.

- Shikamaru, Udon – disse ela entendendo o que ele queria – por favor, acho que Lo-Shi estará interessado em lhes mostrar os nossos aposentos. Quanto a minha discípula... – encarou o raikage direto nos olhos e com uma expressão determinada no olhar – não tenho segredos para com ela.

O velho guerreiro ficou ainda mais carrancudo quando assumiu uma expressão pensativa. Por fim maneou levemente a cabeça para Lo-Shi, que depois de uma reverência abriu a porta e esperou que os dois o acompanhassem. Shikamaru hesitou um pouco antes de sair, olhando para Sakura. Mas esta apenas fez um pequeno movimento com suas sobrancelhas tentando dizer que ia ficar tudo bem. Logo apenas Moegi estava ali sozinha com os dois kages. A porta foi fechada e ouviu-se um som de que tinha sido fortemente trancada.

- Muito bem raikage – começou Sakura se sentando em um dos sofás da sala segurando o copo de saquê – você usou minha discípula para me fazer um sutil e velado convite para vir aqui conversar contigo, tendo o exame chuunin como desculpa para tanto. Porque? Vai me dizer que é algo referente a raposa de novo?

- Desta vez – respondeu ele rápido e de forma calma – a raposa e seu provável jinchuuriki não serão o assunto, mas sim a política de alguns nobres do país do Trovão e do pais do Fogo, bem como algumas ações tomadas em segredo por alguns habitantes da aldeia da Nuvem. Coisas que descobri após o longo e extenuante interrogatório de Hori Shi.

Parecia que ele ia dizer mais alguma coisa, mas silenciou-se. Talvez esperando atrair o interesse. Bom, Moegi estava interessada, e sem duvida sua mestra também.

- Por que estou achando que não vou gostar disto? – inquiriu Sakura séria.

Ele olhou para Moegi, mas não fez uma expressão mais ameaçadora – se é que tal coisa era possível – ficando com sua carranca natural, como que inquirindo se ela queria ouvir o que ele iria dizer.

- Mestra? – perguntou ela em duvida. Tinha achado que o raikage iria falar sobre a raposa, e agora acreditava que Sakura tinha a mesma crença, por isso que devia ter dito que não tinha segredos com ela. Mas agora que o assunto parecia que iria ser mais político, estava em duvida se devia ficar ou não na sala.

- Como eu disse antes, Kira-A, não guardo segredos de Moegi-chan.

- E eu disse que não vou falar do bijuu de nove caudas – tornou ele ainda olhando para ela diretamente.

Moegi arregalou seus olhos. Porque ele iria dizer tal coisa para que sua mestra pedisse para que saísse da sala? Será que ele sabia? Bom, seria até lógico... seria impossível ninguém nunca ter sentido o chakra demoníaco em Sakura. Mas se sabia porque nunca ameaçou entregá-la?

- Muito bem – disse ela – mas se me enganar, vou levar comigo todo o saquê que você tiver aqui! Moegi-chan, pode sair. Não acho que vá ter dificuldade para achar o Shikamaru e o Udon.

Ela fez uma reverencia e ao tentar abrir a porta, confirmou que esta estava trancada. Bateu nesta com força e a mesma se abriu, sendo fechada em seguida quando a atravessou. Ela olhou para a pesada porta e os dois guardas postados nesta e suspirou. Mas antes que pudesse se mover, ela – e os guardas – ouviram claramente sua mestra gritar de raiva.

- Então foram vocês que tentaram roubar o corpo de Naruto?

Considerando como a porta era pesada, os ouvidos do raikage deviam estar zunindo agora.

- Pensei que só os gritos do raikage conseguiam passar por estar porta – murmurou um dos guardas quando ela estava começando a se afastar.

Ainda bem que ela não ficou ali. Pelo jeito, iria ser uma longa gritaria, e considerando o que ouviu, ela sem duvida iria estar gritando também.

Mas era melhor se controlar e perguntar a sua mestra depois, apesar de estar com a mente girando loucamente tentando entender o que seria isso de roubar o corpo de Naruto.

-x-

Estavam finalmente chegando. E estavam cansados também. Gastaram algumas horas rodeando as montanhas tentando localizar onde estaria a trilha que iria levá-los a entrada da aldeia. Bem que seu sensei podia ter ajudado um pouco desta vez, mas ele ficou em silencio todas as vezes que perguntaram, quando muito, dava um sorriso de malandro, mas não dava a resposta.

No fim, ele e Ayame fizeram o máximo de clones que conseguiam para procurar entre as montanhas, sendo que acharam mais de uma trilha, precisando fazer um segundo conjunto de clones para explorar estas trilhas e saber qual seria a certa.

Acabaram encontrando a “arena” que tinha sido construída para abrigar o público que iria assistir ao exame, ou melhor, a parte final deste. Ao menos o sensei avisou que era um alarme falso. Mas depois de muitas tentativas acabaram perdendo mesmo a paciência e subiram pelas montanhas mesmo, até que Shiromaru achou a trilha correta, onde estavam andando agora.

A noite estava começando, e as meninas comentavam que não viam a hora em que poderiam tomar um bom banho. Minato não negava que também tinha interesse nisso, mas no momento estava muito mais interessado em chegar e confirmar a presença de seu time.

Chegaram a uma ponte de cordas quando o céu estava escuro, e no horizonte acima das nuvens estava uma linda linha avermelhada, mostrando o ultimo resquício do Sol que estava desaparecendo. Ele suspirou um pouco por não ter uma câmera fotográfica com ele, e prometeu a si mesmo um dia voltar ali para ter essa imagem preservada.

Ali conversaram com os guardas e um deles os guiou para a direita desta, sem a atravessar para um local, um tipo de guarita. Lá dentro encontraram outros gennins vindos de outras aldeias. Todos estavam aguardando a chegada de um shinobi que iria ainda confirmar suas identidades, registrá-los e posteriormente indicar onde ficariam hospedados por ocasião do exame. Foi ai que se separaram do sensei e ficaram aguardando pacientemente. Para sorte deles, não demorou muito. Mas foi um pouco burocrática toda a parte de registro e confirmação de identidades, especialmente porque nenhum deles tinha sobrenome ou conhecimento dos nomes dos pais. Foi um pouco custoso explicarem que todos eram órfãos da quarta guerra e os pais eram desconhecidos. Felizmente coisa similar tinha ocorrido em todas as aldeias – embora nestas, nenhum dos órfãos cujos pais não eram conhecidos tenha se tornado ninja – e após uma espera maior que a dos outros gennins, foram finalmente encaminhados aos seus alojamentos.

E para surpresa deles todos iam ficar no mesmo quarto! E quando questionaram aquele que os levou ali sobre aquilo, este apenas disse que se estivessem em uma missão, o time iria acampar junto. Não seria muito diferente agora que tinham um teto sobre as cabeças.

As meninas foram tomar seu desejado banho enquanto Minato ficou ali examinando o quarto e colocando suas roupas – e as das amigas – nos guarda roupas, bem como retirando das mochilas outros apetrechos. Depois de quase uma hora elas saíram do banheiro apenas enroladas em toalhas e Minato foi tomar seu banho desta vez, sendo que ele foi bem mais rápido que elas. E diferente delas, ele levou consigo uma roupa para vestir quando saísse dali – não que fosse ficar muito envergonhado, mas não estava disposto a possíveis brincadeiras naquela noite, como as vezes ocorria quando acampavam durante as missões e elas escondiam suas roupas quando ele tomava banho em algum lago ou rio próximo, ou ele vingando-se escondia as toalhas das mesmas.

Quanto finalmente se sentiram instalados ali, vestiram seus apetrechos shinobi e foram andar um pouco por aquela aldeia. Ao menos poderiam andar por ali, caso acabassem indo para algum local não permitido, algum dos diversos guardas que estavam observando estes locais iria avisá-los. Saberiam facilmente que não eram daquela aldeia devido as bandanas que usavam.

O primeiro local que foram localizar era onde ficariam os restaurantes dali. Após pedirem alguma orientação – e se perderem algumas vezes – acharam a área onde haviam alguns restaurantes. Infelizmente não permitiam cães ali, e todos se recusaram a deixar Shiromaru do lado de fora.

Acabaram comendo em um tipo de lanchonete mesmo, onde para a surpresa de Haruka não havia ramen. Irritada ela teve de se contentar com sashimi mesmo. Depois os três exploraram mais um pouco e terminaram na amurada de um terraço onde havia uma vista magnífica das estrelas. Elas estavam bem nítidas ali, acima das nuvens.

- Onde será que o sensei está agora? – perguntou Ayame enquanto lentamente se movia para ficar mais perto de Minato.

- Shiromaru sentiu o cheiro dele, mas sem seguir a trilha, não tenho como fazer idéia de onde ele foi – respondeu Haruka acariciando a cabeça da parceira.

- Ele deve estar com a Hinata-mama – disse Minato ainda observando as estrelas, mas despreocupadamente encostou seu ombro no ombro de Ayame, e esta levou suas mãos para as suas costas – ele me disse que iria ficar com ela como parte de sua escolta.

- Hinata-sama já veio para cá? – Haruka olhou incrédula para ele – nossa, Kiba disse que só iria vir na semana que vem e mesmo assim achava que seria cedo ainda, pois ia demorar para passarmos pelas primeiras fases. E... – ela afastou um pouco o corpo e olhou Ayame começando a abraçar Minato – se quiserem que eu volte mais tarde para o quarto... é só pedir – ela sorriu de forma safada em seguida.

Assim que ela disse aquilo, os dois se afastaram um pouco, ficando levemente corados em seguida.

- Eu falei sério! – insistiu ela.

- Depois deste exame, a gente decide o que vai fazer – disse Ayame olhando para baixo, para a escuridão do abismo. E quanto a você e Ringo-kun?- atiçou ela.

- Estou chateada de ele não ter vindo participar – ela cruzou os braços e ficou emburrada, sendo que em seguida Shiromaru começou a roçar sua cabeça em sua perna – não sei porque o Kiba não os considerou ainda aptos.

- Não foi o que eu perguntei! Quero saber o que estão pensando em fazer, ou acha que ninguém notou como andaram saindo juntos? Sem contar as fofocas que trocam entre seus clãs.

Haruka ficou vermelha como tomate agora, e chegou mesmo a engasgar quando tentou responder. Ato este que foi prontamente brindado pelos sorrisos compreensivos de Minato e Ayame.

- Ayame-chan! Não fala isso na frente do Minato-kun.

- Acha que ele já não sabe? – ela riu-se – acha que a Hinata-mama dele não comenta alguma coisa ou outra com ele?

- Isso me lembra! Minato colocou a mão no bolso e retirou uma pequena caixa deste, embrulhada como se fosse um presente.

- O que é isso? – perguntaram ambas ao mesmo tempo.

- Um presente da Hinata-mama, ela disse para eu abrir quando chegasse aqui. Mas com toda aquela confusão na entrada acabei me esquecendo.

Ambas observaram ansiosas ele abrir com cuidado o pequeno embrulho, e quando ele terminou de fazê-lo, viram que se parecia com uma pequena caixa onde era comum haver anéis, jóias ou até colares.

- Por que ela te deu um presente? – perguntou Haruka.

- Ela disse que era por eu ser o único gennin da aldeia que ia participar do exame desta vez.

- E nós somos o que? – Ayame cruzou os braços.

- São garotas... – ele sorriu – sou o único gennin homem aqui, não sou?

As duas se entreolharam e em seguida mostraram a língua para ele, mas continuavam curiosas sobre o que seria aquilo. Minato abriu a pequena caixa e uma corrente foi vista ali. Pensaram inicialmente que era uma corrente de pulso, mas quando Minato o pegou com cuidado entre os dedos, viram que era um colar com um enfeite neste. Tinha a forma de concha, e examinando-o bem, parecia quase um tipo de pingente. O lado que provavelmente devia ficar para fora parecia ter ser uma jóia avermelhada seguindo o contorno de concha incrustada no metal. Ao fundo da jóia podia-se ver o símbolo da aldeia da Folha. As duas acharam aquilo lindo.

Na caixinha também havia um pequeno papel, Minato o pegou e o leu em voz alta para as amigas ouvirem.

- “Algo para carregar perto de seu coração, Minato-kun. Cuide bem dele.”

Franziu o cenho e olhou atrás do papel, mas não havia mais nada, apenas aquilo. Era bonito sim, e depois de observá-lo por mais algum tempo, o colocou no pescoço e o escondeu dentro da roupa.

- Queira ter uma “mama” destas – disse Ayame sorrindo.

- Para ela pedir para cuidar bem dele, talvez seja algo que ela ganhou de alguém ou até uma herança de família – disse Haruka.

- Eu vou cuidar sim – Minato olhou para o céu noturno – eu prometo.

Ficaram ali mais algum tempo conversando sobre as expectativas para o dia seguinte. Haruka temia que não conseguiriam dormir devido a ansiedade, e Minato e Ayame brincaram que provavelmente os roncos dela os manteriam acordados. De onde estavam, dava para ver a ponte de cordas que dava acesso a aldeia iluminada, e grupos de gennins passando por esta ocasionalmente. Não tinham idéia de quantos seriam, mas imaginavam que seriam muitos.

E apenas eles estavam representando Konoha ali. Subitamente, sentiram uma grande responsabilidade nas costas.

Depois de uma hora, voltaram para o quarto que lhes foi reservado e tentaram dormir um pouco. Seria na tarde do dia seguinte que o exame iria começar realmente, e a partir de então, estariam praticamente em uma missão por conta própria, sem o apoio de ninguém, podendo contar apenas com eles mesmos.


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Notas finais do capítulo

Nota: O grito de Sakura foi só para saberem mais ou menos do assunto ali. Achei que seria muita crueldade mante-los no escuro referente a isso.



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