Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 42
Capítulo 42




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Ela apenas observava os jardins calmos e cuidados de sua casa, tentando demonstrar tranqüilidade para quem a observava.

Mas a verdade em seu interior não era bem essa.

No começo daquela semana ela foi vista por diversas vezes parada na entrada da aldeia usando seu byakugan. As vezes ia no prédio da hokage tentar obter alguma informação ou notícia, mas ela não tinha nada. De certa forma era bom, pois uma noticia rápida geralmente significava problemas, e ela não queria sequer pensar naquilo. Neji comentou que ela devia se controlar, e até mesmo seu pai tinha dito isto. Ele se controlou quando ela foi fazer a primeira missão de classificação B, portanto tinha de fazer o mesmo quando o filho tinha ido fazer uma assim.

Mas não tinha conseguido! Ficava preocupada com ele, se ia conseguir se defender, em como iria voltar – quando ela fez isso voltou bem machucada, o mesmo ocorreu com Neji. Quase todos se feriam nas primeiras missões deste nível, e as vezes até morriam...

Felizmente, ele tinha voltado totalmente ileso no dia anterior. Isso acalmou seu coração e sua ansiedade, e agora ela estava se imaginando como iria reagir durante o exame chuunin. Achava que era ainda muito cedo para ele, mas o mesmo tinha ocorrido com ela, e era algo que ele tinha de fazer. Apenas não conseguia controlar a ansiedade que sentia.

Talvez, se ele tivesse crescido ali no meio do clã Hyuuga como ela queria desde o começo, se tivesse acompanhado cada passo de seu desenvolvimento, estando bem mais presente como mãe, como treinadora e até como amiga, talvez não sentisse isso agora.

Infelizmente, graças a Kabuto não foi o que ocorreu.

Neji e seu pai iriam assumir seus deveres enquanto estivesse fora, e a pedido de ambos, ela iria levar Hanabi com ela a titulo de sua guarda costas – na verdade, a própria Hanabi tinha insistido nisto. Devia como ela estar interessada em ver como Minato iria se sair.

Sua irmã tinha lhe contado muitos detalhes sobre o incidente com a caravana no qual ela levou os gennins de Kiba para investigar, e apesar do alerta no qual a aldeia ficou, concordava com ela que parecia ser um incidente isolado, sem relação com a aldeia. Mas mesmo assim não ficou muito tranqüila. Além disso, não estava animada em levar Ringo com elas para assistir o exame. Kiba não considerou seu time ainda com experiência ou confiança o suficiente para isso, e mesmo que fosse para ele apenas assistir e presenciar como um exame destes podia ser feito, acreditava que ele teria mais aprimoramento se permanecesse na aldeia com alguma missão para executar.

Ironicamente, sabia que não haveriam missões para ele, pois o próprio Kiba iria assistir ao exame, bem como Tsume e alguns outros do clã Inuzuka. Ringo ficaria ali simplesmente talvez fazendo algumas missões simples apoiando algum chuunin ou jounin junto com o seu time.

Ao pensar nisso ela sorriu divertida. Estava acreditando que Hanabi queria levar Ringo para que este pudesse torcer pela “namorada”. Já o tinha presenciado ficar encabulado algumas vezes quando alguém – as vezes até Neji – comentava sobre como estava a relação dele com a jovem futura Inuzuka. Na verdade, era mais curioso justamente isso de muitos acreditarem que ela iria acabar aceitando ser adotada.

Bom, conhecendo Tsume, ou ela aceitava ou seria raptada e adotada a força mesmo. Algumas vezes ela falava de Haruka como se já fosse sua filha, se referindo a ela como minha lobinha.

Abaixou os olhos e fitou a areia branca do jardim. Ela queria chamar Minato de filho, queria poder abraçá-lo, sentir os braços dele apertando em volta do seu pescoço em um abraço. Mas ainda não era hora. Não era.

Decidiu voltar para a grande casa e praticamente sem prestar atenção em ninguém andou lentamente até o seu quarto. Era melhor ocupar sua mente decidindo o que iria levar quando fosse partir para a aldeia da Nuvem. Faltava ainda uma semana para isso, e com certeza a parte final do exame – entenda-se, o duelo entre os finalistas – iria demorar mais ainda.

Sakura não se incomodava com isso e não considerava tal coisa para dar seu parecer sobre quem podia ou não ser promovido a chuunin. Podia apenas utilizar o comportamento do gennin – caso fosse de Konoha – durante este como fator depreciativo – se fosse muito arrogante, ou talvez até cruel - para tanto. A hokage mesmo podia na verdade apenas negar a promoção de alguém, ou fazer uma indicação. Uma equipe da aldeia composta de professores e selecionadores é que acabaria por dar o aval final ou não.

Seja como for, essa parte era mais o show para o publico que assistia. Com o tempo o exame chuunin acabou virando mais um evento anual que atraia as pessoas, como se fosse um circo chegando a uma cidade. A comparação não deixava de ser correta, exceto que essa parte final de “arena” que atraia tantas pessoas era mais no tocante a definir um que seria considerado o “melhor” de todos. Um prêmio para a aldeia de origem do mesmo poder de gabar. Mas atualmente já não tem o mesmo sentido de antes. Mesmo porque agora que era feito em cada uma das cinco grandes nações, não tinha mais o objetivo inicial, de diminuir as lutas entre as aldeias. Afinal... de que adianta por exemplo a aldeia da Nuvem mostrar que tem ninjas melhores que Konoha se a população do pais do Fogo nunca iria poder contratar os serviços desta?

Era útil no começo, quando cada nação tinha mais de uma aldeia oculta. Agora era mais um evento para mostrar força.

E, logicamente, para pré selecionar chuunins, mas estes podiam ser promovidos a qualquer momento, bastando ter experiência e demonstrando em suas missões a habilidade e capacidade para tanto.

Chegou no seu quarto e foi direto ao seu armário. Ao abri-lo viu a foto de Minato quando era um recém nascido que deixava ali colada do lado de dentro da porta. Aquilo a deixou estática. Tinha ido até ali para distrair a mente e se esqueceu que lá estava justamente tudo o que a faria se concentrar no que queria evitar agora. Ao olhar a data que ela escreveu no canto arregalou os olhos ao perceber que no dia seguinte iriam fazer treze anos desde que tinha dado a luz.

Treze anos!

Sentou-se na sua cama e ficou fitando o vazio. Treze anos sem nunca fazer uma festa de aniversário para ele, sem o colocar no colo e contar histórias para dormir, sem falar de seu pai, sem falar de si própria. Sem jamais dar um único presente naquela data. Uma data que apenas ela mantinha guardada para si. A data em que se tornou mãe. E a data em houve a ameaça que no final a obrigou a abandonar o filho.

Não era justo!

Olhou para os porta retratos que tinha no seu quarto. A antiga foto de seu time, a foto do time de Minato quando ele foi agarrado pelas amigas, e ao lado desta a mais recente que tinha conseguido. A que foi tirada do aniversário deles no orfanato alguns meses atrás. Via Minato, as amigas e os outros cujo aniversário era comemorado oficialmente no mesmo dia, o dia em que o orfanato terminou de ser construído. Tinha sido poucas semanas antes dela dar a luz, antes de Minato nascer. Como muitos outros amigos – incluindo a hokage - ela foi lá participar e ver aqueles travessos aprontando e usando truques ninja com os colegas. Lembrou-se de como ficou surpresa de ver Haruka e Ringo dançando no teto.  A diretora os derrubou de lá com uma vassoura. Ela própria flagrou Minato e Ayame escondidos em um canto se beijando.

Quatorze anos... suspirou com a lembrança. Quatorze anos para todos os outros, para seu filho ainda eram treze anos, ou melhor, doze, já que seu aniversário verdadeiro seria no dia seguinte.

Seu primeiro e único filho.

Lembrou-se de como foi carregar a criança em seu ventre, e também do seu receio inicial. Quando a luta ocorreu, ela ficou junto com os refugiados da aldeia, apesar de Naruto não ter feito sua promessa. E quando tudo acabou e ela soube do resultado, ficou vários dias melancólica e chorona. Lembrava-se que chorava nas horas mais estranhas possíveis. As vezes diante de um prato de comida. Ela pegava uma porção e parava a poucos centímetros da boca, sentindo seus olhos verterem lagrimas e ficando assim por vários minutos. Na época seu pai compreendeu que era por Naruto. Ele próprio tentou consolá-la a respeito, afirmando que o tempo podia curar tudo.

Mas não era apenas por Naruto que ela chorava, mas sim porque seu filho jamais conheceria o pai. E ela disse isso na segunda semana para ele. Disse ao seu pai que estava grávida, e de quem estava grávida.

Ainda se lembrava de como ele a olhou. Estava sério, controlado, quase como se tivesse recebido uma mera comunicação formal. Ele perguntou o que ela iria querer fazer a respeito e a mesma simplesmente disse que iria ter esse filho. O filho do homem que ela tinha amado. E a reação dele a isto foi surpreendente para ela. Ele sorriu levemente e perguntou porque tinha tanta certeza de que seria um filho, afinal ele queria uma neta. Para ele, as filhas deram até mais orgulho do que se tivesse tido filhos.

Foi algo totalmente inesperado para ela. Achava que ele ficaria furioso por ter misturado o clã Hyuuga com alguém não merecedor. Mas isso para ele parecia pouco importar. Para o clã teria sim importância, mas para ele como pai, ou melhor, como avô, não.

Apesar disso, ele não queria que a filha tivesse dificuldades com os outros membros do clã. Por isso decidiu ir falar com a godaime para traçar uma estratégia para Hinata sair da aldeia durante o tempo de gestação, quando não poderia mais esconder aquilo dos outros. Como ele tinha certeza de que o filho dela iria ter o byakugan, seria fácil simplesmente “adotar” a criança depois como se fosse um dos órfãos localizados. Claro que ele teria que inventar um pouco mais, até cogitava de contar a historia que o suposto órfão fora encontrado por alguns refugiados da guerra e cuidaram dele por algum tempo até que Hinata o “localizaria” e o traria para a aldeia.

Conforme ela ouvia o plano que ele estava inventando naquele momento, ela mais e mais ficava assombrada com o pai. E ao fim ele completou dizendo que se ela quisesse, poderia simplesmente contar para todos quem era o pai e o clã que engolisse aquilo.

Agora ela se arrependia de não ter no final simplesmente feito isso. Incrivelmente animada pela consideração de seu pai ela decidiu ir com o plano dele avante, apenas para evitar inconvenientes futuros para ele. Se ela tivesse escolhido não esconder sua gravidez, Minato teria crescido ali com ela presente.

Claro... se isso ocorresse ele com certeza não iria ter a relação que estava desenvolvendo com Ayame.

Maneou a cabeça para deixar de pensar naquilo e voltou ao seu armário que ficou com a porta aberta para verificar que roupas iria levar com ela. Mas observando a foto de seu filho presa na porta, sorriu levemente. Desta vez ela poderia lhe dar um presente no verdadeiro dia de seu aniversário, e dizer simplesmente que era um presente por sua seleção para participar do exame chuunin.

-x-

Quatro dias depois de ter sido quase morta em seu disfarce para poder entrar na aldeia da Folha, Etsu recuperou sua consciência deitada abaixo de uma árvore que fazia sombra em uma estrada relativamente bem cuidada. Sabia que ainda precisaria esperar alguns dias mantendo seu disfarce pois não duvidava estar sendo vigiada. Assim começou a agir como seria esperado da hipnose que tentaram imputar a ela, a de acreditar que a caravana na qual estava a tinha abandonado e que ela tinha andado a pé até onde estava agora.

Disfarçadamente observou seus braços pela periferia de sua visão e viu que não haviam marcas ou cicatrizes. Konoha realmente tinha excelentes médicos, uma hokage impressionante, e um chefe de divisão de informações – ou como quer que eles chamassem isso – muito reticente de fazer o máximo possível para ter a certeza absoluta de que estava obtendo toda a informação disponível.

Ela tinha se preparado para a necessidade de precisar tomar alguma droga para bloquear seu chakra temporariamente, e até mesmo se auto hipnotizar com um dos jutsus do doutor. Bastaria criar seu clone e este a hipnotizaria. Mas não... eles apenas usaram mera hipnose verbal com ela. Seu disfarce devia ter sido realmente muito bom, mas agora pensava se havia algum outro motivo para serem tão benevolentes com ela, ou se na verdade desconfiavam da mesma e queriam observar seus ações agora. Isto parecia ser mais provável.

Olhou ao redor tentando ver se alguém estava vindo pela estrada para obter alguma carona. Pela sugestão hipnótica – que ela logicamente foi capaz de resistir – que fizeram, devia estar próxima da aldeia que queria ir. E tinha que admitir que apesar de seu plano ter ocorrido exatamente como queria, teve ajuda da sorte.

Ela nunca iria imaginar que a hokage a atacaria daquela forma tão lenta para uma kunoichi mas com tanta força no impacto. Não fosse ela ter ficado genuinamente surpresa com a ação dela, talvez tivesse feito algum movimento reflexo para se defender e teria que sair da aldeia lutando. Se é que conseguiria enfrentar aquela mulher. Não tinha nenhuma duvida de que era a hokage – os cabelos rosas a denunciaram, que bom que Ataso tinha lhe contado isso – e o chakra que ela tinha...

Bom, era no mínimo estranho!

Começou a andar pela estrada lentamente, seguindo em direção a aldeia mais próxima. Assim que pudesse iria fazer um clone de si mesma e deixá-lo em seu lugar para distrair quem estivesse vigiando-a. Sabia que seu disfarce elaborado seria destruído no momento em que dessem por falta de uma ficha na aldeia. Tinha sido bom tê-lo feito e com certos detalhes interessantes, mas sabia que isso tinha acabado. Iria voltar a ser como antes, quando ficou bem conhecida no submundo aceitando fazer os mais difíceis trabalhos – incluindo o de matar até mesmo um senhor feudal – teria que se disfarçar fisicamente dali para frente quando fosse fazer algo assim.

Um ninja sensor comum não iria perceber muita coisa excepcional na hokage de Konoha. Ela mesma inicialmente apenas notou um chakra extremamente intenso, porém com um fluxo suave e controlado como o de ninjas médicos.

Mas era ai que estava o que considerava estranho nela. Ela podia sentir seu chakra fluindo suavemente pelo corpo, mas também o sentia agindo da mesma forma que em outros ninjas não médicos. Era quase como se ela tivesse dois chakras distintos, ou melhor, um chakra agindo de duas formas distintas. Na verdade não conseguia achar palavras para descrever aquilo. Por acaso alguém poderia ter dois fluxos de chakra?

Não... ela não iria perceber assim. Iria talvez imaginar que tivesse mais linhas de chakra que o normal. Ela já tinha encontrado uma pessoa assim, mas era uma exceção total pois tinha nascido com defeito genético, e ainda assim, apenas no braço direito.

Sentia agora um shinobi bem distante que se mantinha a uma distancia fixa dela. Sem duvida o que tinha sido destinado a segui-la. E pensar nisso a lembrou que nem tentou ver a ficha daquele que a “matou” em sua vida anterior. Bom, não tinha ido lá para isso, por mais curiosa que pudesse estar a respeito de sua capacidade de fazer vários clones. Ela só podia fazer um – bem elaborado e que era praticamente uma “irmã” gêmea – mas o que ela fazia não era assim frágil como os dele.

A hokage também foi esperta dizendo ela que era suspeita por ser a única sobrevivente da caravana e que tinha se juntado tardiamente a esta. Isso realmente não tinha previsto. Improvisou uma reação da “falsa” acusação e felizmente se lembrou de que ninguém tinha lhe dito onde estava. Mas ainda era o seu chakra que a incomodava. Não era excepcional propriamente. Mesmo o chakra do líder da sua antiga aldeia era forte, talvez menor que o da hokage de Konoha, mas incrivelmente poderoso. Era um chakra forte como muitos que já tinha pressentido ou analisado. No entanto, algo ali era realmente novo para ela, e ela não conseguia definir o que seria. Talvez o doutor pudesse lhe dar alguma idéia. Afinal, não tinha ido ali pela hokage – e nem esperava mesmo vê-la – mas sim para ter algumas informações que esperava serem úteis, e talvez tenha conseguido uma bem útil... o nome de Orochimaru!

E além disso ainda tinha aquelas folhas pintadas da sensei do garoto. Já tinha encarado fichas assim e sabia que era possível lê-las desde que com o recurso correto. O que achava estranho era que sem duvida alguém em Konoha devia saber fazer isso também, então porque não o fizeram e atualizaram a ficha? Bom, descobriria isso quando pudesse por as mãos na ficha novamente, isso se o doutor não decidisse escondê-las, apesar de que nunca tinha escondido nada dela e sempre a deixou acessar ou usar qualquer coisa de sua base. Será que ele iria perceber que na verdade toda essa sua incursão foi com o objetivo de descobrir mais sobre quem era realmente ele? Sobre o passado de Kabuto?

Provavelmente, mas acreditava que ele não iria se incomodar muito. Era evasivo quando perguntava algo desse tipo para ele, mas não se incomodava quando fazia o mesmo para seus outros subalternos. Isso a lembrou de que precisava verificar com eles o que fizeram com o grupo que tinha sido usado para matar a caravana. Ao menos dois deles tinham que sobreviver para que Konoha soubesse que tinha sido realmente invadida sem ter percebido nada.

Afinal, tinha um novo corpo, um novo rosto e queria já fazer renome com este, nada melhor que ser classificada de nukenin por uma das aldeias das cinco nações para começar. Quanto ao doutor e seus futuros planos para ela, não estava incomodada. Ainda podia se disfarçar muito bem quando necessário, e tal coisa não a tinha impedido antes.

Mas o que realmente a deixou feliz com tudo foi perceber realmente como estava mais jovem que antes – ao menos na aparência – o doutor podia ficar milionário se decidisse vender seus serviços para nobres ricas.

Acelerou o seus passos pela estrada. O trabalho inicial que tinha de fazer no pais do Fogo já estava feito, e ela tinha que admitir que os ninjas de Konoha eram muito bons. Não tiveram uma única baixa frente aos vários nukenins que enfrentaram. Agora devia se preparar para retornar a base dele, e enquanto aguardava o que quer que ele fosse mandar ela fazer, teria tempo de estudar aquelas folhas que tinha pegado e tentar descobrir o que realmente queria, alguma informação de onde procurar por detalhes sobre a origem do doutor.

Afinal, seu objetivo no momento era descobrir o que fosse possível de Yakushi Kabuto, seu salvador, seu “dono” e a quem do qual tinha certeza de que não poderia escapar. Ela realmente não se incomodava com isso, de ser propriedade de alguém, não considerando que já tinha praticamente morrido antes. Mas alguém que podia fazer tal coisa com seu corpo, sem duvida devia ter uma grande historia por trás, e ela queria conhecer os pormenores desta história, e principalmente como nunca tinha ouvido falar dele antes. No fundo era mera curiosidade, mas era algo para manter sua mente ativa e um meio de exercitar os vários jutsus que tinha aprendido, bem como os outros que tinha certeza de que iria aprender também.

E... quem sabe não acabava encontrando uma forma de ficar livre dele?

-x-

Deu um pequeno bocejo antes de entrar no escritório da hokage e não ficou surpreso de Shizune e Moegi estarem ali, posicionadas como perfeitas guarda costas dela. Mas ficou surpreso da mesa dela estar totalmente vazia aquela hora do dia, com apenas algumas folhas de papel e um passaro parado no canto da mesa, como se estivesse aguardando algo. Não era da raça que eles usavam – eles geralmente usavam pombos brancos e em alguns casos águias também com penas brancas e pretas – era um tipo de garça pequena, comumente usada para envio de mensagens confidenciais pela aldeia da Névoa.

Ter sido chamado ali logo de manhã cedo já tinha lhe incomodado. Esperava gastar o dia analisando novamente todas as informações obtidas com os comerciantes que violaram o tumulo de Naruto, verificando quem poderia tê-los contratado. Apesar de terem capturado o contato deles este era um ninja bem treinado, e tinha conseguido ainda impedir um acesso total as informações que possuía em sua mente. Na verdade ele esperava ter sido chamado ali para ser devidamente informado que iria assumir as tarefas da hokage enquanto esta estivesse fora presenciando o exame chuunin – e tinha até mesmo demorado para ir lá por causa disto.

No entanto, agora imaginava que havia um motivo mais sério para ter sido chamado ali.

- Shikamaru – começou Sakura pegando as folhas e esticando o braço para ele – leia isso.

Ele pegou as duas folhas e começou a ler. Era da mizukage, como esperava. O que não esperava foi o que estava contido ali. De tudo o que podia supor, teorizar, imaginar ou até mesmo tentar adivinhar, nunca que cogitaria a hipótese de ser referente a uma jinchuuriki, e ainda mais uma jinchuuriki rebelde que tinha assassinado vários nobres importantes do país da Água.

Leu rapidamente toda a mensagem, onde estava claro que isto tinha ocorrido semanas atrás e por questões políticas ela tinha demorado para transmitir aquela informação, afinal, o senhor feudal de seu país parecia ser o alvo principal dela. Também haviam algumas informações que eles tinham obtido referente a mulher e ao que ela tinha feito, bem como seu histórico. Ele apertou os lábios ao fim da leitura e recolocou os papeis sobre a mesa, aguardando que Sakura dissesse algo.

- A mizukage também enviou um envelope com uma ficha completa da mulher – ele abriu uma gaveta e jogou o envelope grande e pardo para ele.

Pegou o envelope girando no ar e o abriu rapidamente. Ficou surpreso de como a mulher era jovem. Seu nome era Chizuka e viveu por anos na aldeia da Névoa sem nunca ter feito nada excepcional que demonstrasse que tinha um bijuu dentro de si – se bem que até ai, Sakura tinha feito o mesmo até o momento – até que de repente fugiu da aldeia após roubar alguns objetos de valor e derrubar um dos shinobis que tentou detê-la. Um time ninja foi enviado atrás dela e quase todos morreram. Um deles foi mantido vivo e foi torturado por ela e por outra mulher – uma pena não haver muita descrição desta, apenas que tinha os cabelos pretos e lisos – chamada Hiromi. Seus olhos se arregalaram, já tinha visto esse nome antes.

Ficou pensativo por alguns momentos e continuou a ler os dados. O gennin foi interrogado e torturado para que fornecesse alguma informação referente a aldeia e sobre as defesas dos castelos de alguns nobres da país. Ao fim tentaram matá-lo mas ele sobreviveu, o que permitiu que obtivessem essas informações.

Havia ainda uma descrição de como  a jinchuuriki tinha agido, usando por vezes um tipo de garra feita do chakra demoníaco e em outra ocasião lançou uma bola de chakra causando uma grande destruição. Também mencionava claramente que ela não tinha liberado o bijuu, ficando no controle o tempo todo.

Abaixou as folhas que leu e ficou olhando para a frente, em direção a janela do escritório da hokage. Ninguém percebeu uma jinchuuriki dentro da aldeia da Névoa? Ou eles mesmos tinham criado esse jinchuuriki, ou algo ocorreu com todos os bijuus quando estiveram com Tobi que agora impede que seu chakra seja facilmente detectado enquanto não são manifestados. Isso explicaria sua duvida com relação a Sakura, sobre o porque de nenhum ninja sensor ter detectado até hoje o chakra do bijuu dentro dela. Mas logicamente ela poderia ter tido esse bijuu selado recentemente em seu corpo.

Não, não poderia. Ela não conseguiria usar tantas habilidades deste em tão pouco tempo. Estava começando a entender melhor os “problemas políticos” que forma mencionados na carta a hokage.

- Shikamaru? – chamou Sakura.

- É um belo problema – comentou ele colocando as folhas de volta no envelope – isso necessitaria de uma reunião de kages, não?

- Concordo, mas a mizukage não poderá ir no momento, Gaara já tinha informado que não presenciaria o exame chuunin e está incomunicável no momento. Talvez o localizem para informar sobre isso. Recebi uma carta do tsuchikage ontem dizendo que ele estava com urgentes problemas no país da Terra e que também não participaria.

- Então apenas você e o raikage vão se encontrar lá?

- É o que parece, é mais um motivo para que eu vá agora.

Abaixou a cabeça e desta vez concordava com ela.

- Mas não te chamei aqui apenas para participá-lo disto – ela cruzou os braços e o encarou – quero que me diga sua opinião a respeito.

Ele sorriu levemente e a encarou com os olhos hesitantes. O que ele pensava não devia ser muito diferente do que ela mesma devia estar pensando agora. Mas como ele queria que ele expressasse sua opinião, era melhor faze-lo.

- Inicialmente eu diria que a aldeia da Névoa criou uma jinchuuriki e perderem o controle sobre ela, mas essa menção de que a mesma se encontrou com uma outra mulher indica que pode não ter sido isso... e... – ele hesitou, sabia que precisava confirmar isso ainda, mas era melhor logo contar sua suspeita – esse nome, Hiromi... eu acredito que já vi esse nome antes em um relatório. Infelizmente não vai gostar de saber onde eu vi isso.

- Não gosto de muitas coisas. Onde o viu?

- Bem – ele suspirou levemente – eu o vi em no relatório referente aos interrogatórios de Gen e Daichi.

Moegi e Shizune olharam para Sakura, e esta ficou com o rosto fechado, aparentemente controlando suas emoções. Mas ele sentiu por alguns instantes alguma coisa vindo dela. Sem duvida um novo acesso de raiva que por alguns momentos a fez acionar o chakra da raposa.

- Kabuto? – disparou ela com os dentes a mostra e os olhos com uma expressão de ódio.

- Não sei. Só sei que Daichi se encontrou com uma mulher com esse nome quando fez outro ato de espionagem, este sem envolvimento de Gen. Ela apenas queria obter uma lista de todos os alunos da academia e saber os nomes dos novos gennins da aldeia, há uns quatro anos atrás e pagou muito bem apenas por isso – ele encarou Moegi antes de prosseguir – os nomes de seus gennins na época foram ditos para ela, assim como os de Hanabi. Eu estava mesmo ponderando se devíamos fazer um interrogatório mais exploratório em Suano e Tomo para saber se acabaram se encontrando com esta mulher. E se considerarmos agora que eles estavam no país da Água todo esse tempo, talvez possamos descobrir algo útil.

- Primeiro simplesmente os interrogue, e deixe claro para ambos como é importante sabermos disto. Leve Hanabi com você para isso. Quero ter esta informação antes de partir para a aldeia da Nuvem. Quanto a lista de alunos, Daichi entregou isso a ela?

- Ele conseguiu uma lista parcial. E francamente, não faz sentido ir atrás desta informação, a menos que se esteja procurando por alguém em especial.

- Só por curiosidade... quando planejava me contar sobre isso?

- Quando fosse me questionar sobre como andava minha investigação – ele sorriu – mas parece que ficou ocupada com outras coisas nesse tempo. Mas eu sei já faz algumas semanas.

- Esse festival de nukenins me desviou muito a atenção – tornou ela desgostosa – pelo menos, parece que o estoque dos mesmos acabou. E aproveitando, quanto a mulher que liberamos ontem... acha mesmo que foi uma boa idéia não usarmos nem mesmo alguém do clã Hyuuga para verificar se ela tinha uma corrente circulatória de chakra bem desenvolvida?

- Ainda acredito que se ela teve tamanho empenho para entrar na aldeia sem fazer absolutamente nada, tem que ter ocorrido alguma motivação muito grande para isso, e estou mesmo acreditando que se for o caso, seria para manter nossa atenção aqui dentro. Mas eu realmente duvido que possa ser isso. Se ela era uma ninja bem disfarçada, é muito mais útil deixá-la agir em prosseguimento em sua missão, para podermos obter melhores informações. Do contrário teríamos uma prisioneira e com certeza, pouca informação útil.

Não parecia que ela concordava com ele, mas ele sempre usava os fatos, e todos os fatos indicavam que ela era quem dizia ser, e que tudo ocorreu da forma que pareceu ocorrer. Além disso, o fato dela ter ficado todo o tempo no hospital ou sendo interrogada e posteriormente hipnotizada, eliminava qualquer hipótese de que tivesse feito algo dentro da aldeia. Não havia como ela sair de lá sem ser percebida pelos ANBUs.

- Pode ir, Shikamaru... só que com tudo o que houve, estou seriamente pensando em levar você comigo agora.

Ele a olhou com olhos cansados. Não estava disposto a isso desta vez. Apesar de não gostar dela ter decidido presenciar o exame, estava contente porque poderia estar mais próximo de sua família neste tempo, e o trabalho burocrático de Sakura era até suave comparado as coisas que ele tinha de tratar as vezes. Mas ele tinha que ser lógico e honesto.

- Concordo – disse ele – mas não espere que eu dê pulos de alegria.

- Pode ir – disse ela sorrindo levemente – depois quero falar contigo a sós, Shikamaru.

Ele franziu o cenho por alguns instantes, mas percebeu o que ela queria logo em seguida. Queria uma conversa mais privada com ele sem duvida referente a esta jinchuuriki.

- Estarei no lugar de sempre as... quatro da tarde?

- Pode ser... e traga o saquê!

Sentiu vontade de rir quando percebeu tanto Moegi quanto Shizune olhando arregaladas para ela.

- O que as duas estão olhando? Não tem nenhum saquê na minha mesa.


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Notas finais do capítulo

Muito bem, o exame chuunin deve ser "iniciado" nos proximos cap. É que eu gosto de explorar as emoçoes dos personagens, assim o priximo cap vai ser do time de Minato partindo para a aldeia da Nuvem, talvez até chegue lá já, não sei ainda. Só tenho uma idéia geral do que pretendo escrever.



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