Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 41
Capítulo 41




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Suspirou profundamente e moveu suas costas. Ficar sentada por horas estava lhe dando uma incomoda sensação na coluna, sem contar o tédio que sentia mesmo sendo um trabalho importante como aquele. Revisar e anexar os relatórios atualizados dos ninjas ativos da aldeia nas fichas respectivas. Claro que antes tinha de ler e reler tudo, verificar se o relatório estava correto, ajustar eventuais erros de grafia e principalmente identificar alguma informação mais confidencial que podia haver ali.

Juntou os papeis agrupando-os de acordo com os shinobis aos quais pertenciam e levantou-se com eles nos braços. Esperava que daquela vez não os derrubasse no chão, mas estava com preguiça de andar duas vezes até os arquivos. Se andasse com cuidado e calma, nenhuma das folhas iria...

Vários ANBUs que faziam a segurança das salas da sede correram imediatamente em direção a onde o grito da arquivista foi emitido. Assim que o primeiro deles chegou deparou-se com vários papeis espalhados pelo chão, e a mulher parecia estar fazendo alguma coisa embaixo de um dos armários da sala, pois sua mão estava embaixo deste e ela a movia muito freneticamente.

- O que houve? – inquiriu o recém chegado apurando seus sentidos tentando determinar o que estava ocorrendo ali.

- Um rato! – gritou ela em resposta e insistindo mais em seus movimentos. Ela acabou rosnando um pouco e se afastou revelando que estava usando uma caneta para tentar acertar o provável local onde estava o rato.

- Deu um grito por causa de um rato? – perguntou ele incrédulo.

- Isso é crime? – rosnou ela de volta e praticamente começou a revistá-lo, como se procurasse por algo. Por fim pegou uma kunai da bolsa dele e tentou provavelmente atingir o rato que devia estar debaixo do armário – Caso não tenha reparado, ratos roem coisas. O que vai acontecer se ele começar a querer fazer um ninho com nossos arquivos?

Logo um outro ANBU chegou na sala e foi devidamente informado o “incidente”. E ambos pularam involuntariamente de surpresa quando o rato passou entre eles e a mulher arquivista o seguiu com a kunai na mão, gritando algumas palavras não muito educadas.

- O que está havendo? – disse uma outra voz mais grossa e em claro tom de comando. Ambos os ANBUs se perfilaram e observaram o recém chegado, o chefe da ANBU em pessoa tinha ido verificar a causa do grito que devia ter ecoado por todo o prédio.

- Bem.. – começou um deles – em uma frase curta, Nika-san foi surpreendida por um animal... um camundongo e gritou de surpresa.

- E onde ela está agora? – questionou ele observando as folhas no chão da sala.

- Seguiu perseguindo o... “intruso” – ele foi um pouco jocoso quando disse esta palavra – pelo corredor. Ela teme que ele possa causar danos aos arquivos.

Ele cruzou os braços e os encarou friamente por longos segundos. Apertou os lábios algumas vezes e comentou em seguida, demonstrando um claro descontentamento.

- E porque não retornaram aos seus postos assim que verificaram que a situação não era propriamente grave?

- O.. o senhor surgiu antes que nos movêssemos... senhor! – respondeu o outro.

Um terceiro ANBU chegou ao local e ao observar a situação, observou o líder que fez um sinal com a cabeça, indicando para voltar ao seu posto, coisa que ele fez em seguida. Os outros dois aguardaram mais algum tempo até que foram dispensados.

Enquanto isso, Nika perseguia o invasor desafortunado que ousou invadir um dos mais seguros lugares de Konoha. Estava mais do que disposta a fatia-lo e dar de alimento para os gatos de rua, principalmente porque ela teria que pegar todos os papeis de volta que ficaram espalhados pela sua sala.

Os ANBUs que se moveram para verificar o ocorrido retornaram as suas posições, verificando com cautela se tudo estava como devia. Cada um deles vigiava uma sala de importância critica para a aldeia. Contudo, o lacre de todas estas portas estavam ainda intactos, significando que ninguém – nem mesmo um rato – tinha atravessado elas.

O que eles não imaginavam, era que alguém poderia usar um jutsu que parecia ser de teleporte para fazer isso. Não fosse pela urgência e necessidade de se focar no que devia fazer, Etsu estaria dando um largo sorriso agora. A primeira sala que tinha invadido -  utilizando a distração que tinha conseguido criar graças a ajuda das cobras que invocou – era um verdadeiro arquivo de pergaminhos com centenas de jutsus raros e talvez até proibidos. Ela achou interessante aquilo, mas não propriamente tentador. Diferente de ninjas ambiciosos e tolos ela sabia que a esmagadora maioria destes jutsus não seriam úteis para ela. Se fossem realmente vantajosos para uso geral estes seriam ensinados aos jounins da aldeia. A maioria de jutsus assim era proibida por causar muito dano colateral, seja no usuário ou em pessoas ao redor.

No entanto, estavam ali porque poderiam ser úteis qualquer dia, em alguma situação extrema. Mas seria idiota se tentasse tocar em qualquer um deles. Deviam ter proteção de selos ou outra coisa para aferir se alguma pessoa não autorizada os tinha tocado.

Ela foi para outra sala aproveitando que suas cobras estavam nestas para serem seu farol para o teleporte – embora o nome mais correto devesse ser “auto invocação” – de forma que não precisava se incomodar em passar por portas ou ser extremamente cuidadosa. Nesta haviam várias fichas arquivadas, e ela gastou meia hora para confirmar que era um tipo de arquivo morto, com fichas de ninjas afastados ou que não tinham atualização faziam vários anos.

Foi na quinta sala que encontrou o que queria. As fichas atuais dos ninjas da aldeia. Foi fácil achar a primeira, pois devido a necessidade de precisaram localizar essas fichas com rapidez, o acesso as mesmas era bem organizado e ordenado. Abriu a pasta de Engo Umito e deu uma rápida olhada nesta. Sabia que ele era apenas um gennin – tinha-o observado onde tinha deixado o atrator de cobras – mas assim como ela, ele podia não só invocar ofídios, mas também usar outros jutsus que inicialmente ela achou serem exclusivos do doutor.

Deu uma rápida passada de olhos na ficha dele e confirmou a sua suspeita. Sua sensei de time era também a sua mestra naquelas técnicas, portanto era nesta ficha que estariam as informações que realmente estava interessada.

Recolocou a pasta no lugar e após concentrar-se um pouco para confirmar que o guarda que estava do outro lado da porta não parecia ter percebido ela ali, foi até outro armário para examinar a ficha da sensei do garoto, a ficha de Mitarashi Anko. Assim que a abriu ficou extremamente surpresa. Haviam varias folhas ali que estavam pintadas de preto onde as palavras deviam estar. Alguém tinha ocultado muitas informações do que ela tinha feito, e estranhamente eram de seu período como gennin.

Não esperava por tal coisa. E na verdade não fazia sentido. Caso houvesse dados importantes ali, as folhas correspondentes seriam simplesmente guardadas em outro local, e se fossem por demais delicadas, bastaria queimá-las. Porque alguém faria questão de claramente indicar que apagou dados da ficha dela?

Ela não tinha tempo para pensar muito naquilo. Separou as folhas censuradas e deu uma rápida olhada nos outros dados, o que a fez perceber que aquela mulher era realmente impressionante. Mas algo que chamou a atenção era um nome que aparecia muitas vezes em textos diversos que lia. O nome de Orochimaru.

Tinha certeza de que já tinha ouvido Masaki mencionar esse nome antes, mas naquele momento não conseguia se lembrar de qual tinha sido a situação. Decidiu procurar por esse nome nos arquivos mas não o encontrou, coisa que não a deixou surpresa, pois ali eram os arquivos dos ninjas ativos da aldeia. Esse Orochimaru não devia ser um deles.

Bom, era hora de ir atrás do que o doutor queria. Não achou a ficha em questão nos arquivos de ninjas, o que significava que ela não estava na ativa. No entanto, antes de procurar em outra sala, queria ter certeza de que tinha explorado tudo o que podia ali. Começou a observar os vários armários e se perguntou sobre o porque de parecer que tinham armários a mais. Abriu a primeira gaveta do primeiro da esquerda e começava com a letra “A”, foi até o meio e estava na letra “T”. Em seguida foi até uns dos últimos da direita e sorriu ao ver que a letra inicial da primeira ficha era um “S”, indicando que era um arquivo diferenciado. Talvez de ninjas menos ativos. Foi para o armário do lado e lá estava o que procurava.

Hyuuga Hinata.

Abriu a ficha para dar uma rápida olhada na kunoichi no qual o doutor tinha interesse. Notou os olhos diferentes dela imediatamente pela sua foto, e apostou que deviam ter algum tipo do doujutsu. A ficha também era muito grande, com muitas folhas, fotos e até documentos diferenciados na pasta. Não teria como decorar tudo aquilo e felizmente não ia precisar. Mas teria que ser bem rápida agora.

O guarda do lado de fora não poderia percebê-la ali sem ser um ninja sensor, mas assim que ela fizesse qualquer jutsu por lá ele notaria algo estranho e sem duvida entraria para verificar. Assim olhou para a sua cobra que estava ali aguardando por ela e colocou as folhas que tinha separado da ficha de Anko dentro da mesma pasta de Hinata. Entregou esta para a cobra que a prendeu em sua boca, mas fez um sinal para que ela esperasse. Ainda tinha uma coisa que queria examinar ali, e isto era pura curiosidade.

Como Nothe tinha lhe dito, enquanto esteve vigiando a hokage esta  andou repetindo o nome de um gennin da aldeia muitas vezes. Ela queria ver a ficha desse gennin. No entanto, antes sequer que ela pudesse se encaminhar aos armários para procurar, ouviu um som indicando que a cobra que tinha ordenado para esperar não o fez, efetuando um jutsu reverso. Ela ainda precisava se lembrar que as cobras que invocava ainda temiam mais ao doutor que a ela, e que podiam simplesmente ignorar suas ordens se fosse vantajoso para este.

Ela praguejou mentalmente e fez seu jutsu para voltar ao hospital. Já estava ouvindo sons na porta indicando que o guarda do lado de fora tinha percebido algo anormal dentro da sala.

Foi muito fácil ela trocar de lugar com seu clone e deitar-se na cama antes que alguém percebesse algo. E desta vez poderia dormir um pouco. Sua missão pessoal – e o extra para o doutor – estava cumprida. Agora era terminar de fazer sua representação e ser mandada embora da aldeia.

- x –

- NEM OUSE PENSAR EM ME AGARRAR! – gritou ela olhando o rosto incrivelmente feliz de Konohamaru. Ela devia ter enviado um mensageiro para dizer que seu time iria fazer o exame e que ela iria dispensá-los a partir daquele momento.

Mas a ameaça não adiantou, ele pulou por sobre a mesa e agarrando com extrema força lhe deu um beijo na bochecha. Sakura precisou de um esforço enorme para não o fazer atravessar o teto por isso.

- Vai me matar agora? – disse ele com uma voz um pouco infantil.

- Suma daqui! – retrucou ela por entre os dentes.

Enquanto ele saia da sala com apenas dois pulos, anotou mentalmente para da próxima vez em que fosse dar uma noticia feliz para ele, ter a certeza de não estarem sozinhos na sala. Ele tinha mania de se aproveitar muito disso. Enquanto era um gennin não via muitos problemas, mas ele já era um homem e com uma namorada, devia parar com essas expressões exageradas de alegria.

Recostou-se na cadeira e sorriu levemente. Pegou alguns relatórios urgentes da ANBU e os leu devagar, ficando levemente seria ao final. Como diabos um rato acabou entrando na sede da ANBU e chegou até o subsolo sem ninguém perceber? Melhor ainda... há quanto tempo o rato estaria por ali? Duvidava que ele teria aparecido de uma hora para outra. Grunhindo levemente, ela fez um visto no relatório e acrescentou para que examinassem todos os arquivos para terem certeza de que não houve nenhum dano nas fichas.

Se houvesse, alguém iria ficar em mais lençóis na ANBU.

Passou a verificar sua papelada em busca de mais algum relatório urgente. Queria resolver aquilo logo para ir até o hospital e saber como estava a sobrevivente do ataque a caravana. Tinha conversado com Inoshi do fim do dia de ontem, verificando que meios ele recomendava usar para obter as informações dela. Ficou surpresa do mesmo apenas considerar hipnose para tanto, uma vez que ela não era uma ninja e os métodos mais invasivos que ele possuía poderiam causar seqüelas terríveis na mesma.

Sakura não gostou muito disto, preferia que ele já usasse tudo o que podia para já ter certeza de que ela pouco ou nada sabia, talvez quando muito dar alguma descrição dos atacantes. Claro, se ela desse a ordem ele o faria, mas ele também fez questão de que ela teria de se responsabilizar por qualquer dano inesperado na mente dela.

Provavelmente ele não diria isso se não tivesse ocorrido aquele inconveniente anos atrás, quando em seu interesse em descobrir quem podia ser o espião da aldeia que auxiliou o ataque a godaime, acabou por causar muitos problemas nas mentes de inocentes. Bom, pelo menos agora ele já podia usar todos os métodos possíveis nos verdadeiros espiões. Mas no caso desta mulher no hospital, mesmo Sakura tinha duvidas se valia a pena usar o mesmo método.

Não queria problemas com o país da Grama. E ultimamente eles pareciam estar procurando qualquer pretexto para ficarem mais hostis. Como essa mulher era de lá, devolvê-la intacta e salva podia até aliviar um pouco as coisas. Desde que fosse certeza de que era meramente uma vitima – coisa que nem Koharu ou Shiromaru duvidava, afinal, fora perfurada no coração, e todas as marcas de seu corpo era condizentes com as evidencias do local.

De qualquer forma não estava disposta a permitir mais uma expedição diplomática de lá para com o senhor feudal, exigindo alguma compensação por um motivo tolo qualquer.

Terminou com os relatórios e levantou-se de sua mesa, saindo calmamente da sala e em seguida do prédio, indo em direção ao hospital. Não estava com muita pressa, e na verdade apesar de estar muito interessada em falar com a mulher, sua mente ainda voltava para a noite anterior, quando conversou com sua discípula.

Ou melhor, quando contou tudo para ela. Pelo menos agora ela entende do porque precisar ir até esse exame. E já que ia para lá, nada como ver o que o raikage queria, apesar de já estar um pouco preparada para o que podia ser. Pessoalmente ela acreditava que o raikage sabia que ela carregava a Kyuubi dentro de si, talvez tenha decidido finalmente falar francamente com ela.

Entrou no hospital seguindo diretamente para o quarto em questão, mas não conseguiu chegar ali antes de ser interceptada por Shizune. Sabia que ela estava ali apenas esperando por sua chegada.

- Hokage-sama – começou ela um pouco ofegante devido a ter corrido pelo corredor para alcançá-la – por favor... espere pelo menos... por alguns seguranças.

- Já não tem dois na porta do quarto dela? – retrucou cruzando os braços e a encarando com uma expressão de sarcasmo.

- Bem.. sim.. quer dizer...

- Shizune! – chamou ela já irritada – porque está tão preocupada comigo? Ou é outra coisa?

Ela ficou em silencio naquele instante, desviando o olhar e parecendo hesitante.

- Depois você me conta. Ela pelo menos acordou ou vamos ter que usar algum estimulante?

- Ela despertou pouco antes do amanhecer – começou Shizune acompanhando-a pelo corredor.

- E...? – inquiriu de forma despreocupada.

- Bom... mostrou que estava confusa sobre onde estava. Mas se lembra que foi perseguida por bandidos.

- Ela se lembra do ataque contra ela?

- Não – Sakura notou que Shizune não parecia ter gostado de admitir isso – e seria de esperar que ela não se lembrasse mesmo. Ela ficou olhando as marcas de cortes em seus braços e parecia mesmo confusa com aquilo.

Dobraram o corredor e ficaram diante dos ANBUs que vigiavam o quarto. Imediatamente ambos se moveram para o lado, deixando a passagem livre para elas.

- E o que ela disse sobre a marca em seu peito?

- Nada – Shizune abaixou a cabeça e estava claramente incomodada em revelar aquilo – ela nem reparou nisto.

- E esta desiludida porque até o momento a mulher agiu e reagiu como seria de esperar de alguém que passou por tudo isso?

Ela não respondeu imediatamente. Assim como Koharu, Shizune tinha ficado muito incomodada com os eventos, e chegou a tentar de tudo para evitar que Sakura fizesse a cirurgia na mulher. Porém esta queria efetuar a cirurgia para entre outras coisas aferir durante esta que tipo de mulher era ela. E numa coisa ela concordava: Para uma mulher não ninja, ela estava excepcionalmente em forma. Esse era o único motivo de estar um pouco incomodada com o incidente. Não eram os eventos, nem a forma como eles ocorreram que lhe chamou a atenção, mas a forma física da mulher.

Não fosse seu ferimento a certeza de ser fatal caso a lamina da espada não impedisse o sangue de sair em jorros, aquela mulher iria acordar acorrentada na mais segura cela da ANBU, e não em um quarto de hospital. Na verdade passou pela sua cabeça não curar o ferimento totalmente, deixando-o com alguma lesão para que a mulher o reabrisse se fizesse algum esforço. Porém, sem nenhuma prova para corroborar qualquer suspeita, ela estaria agindo exatamente como Koharu.

Respirando profundamente, Sakura abriu a porta e entrou, sendo seguida por Shizune. Ela deixou a porta aberta de propósito, para caso algo ocorresse ali, os ANBUs do lado de fora pudessem entrar rapidamente. Na verdade, ela apostava que um deles já estava se camuflando para ficar no quarto junto com elas.

Ao menos tinha certeza de que seus ANBUs guarda costas estavam fazendo isso.

- Bom dia – disse ela com um fraco sorriso simpático para a bela jovem deitada na cama.

Sakura observou seus olhos, e identificou facilmente que esta não demonstrou nenhum sinal de reconhecimento. Não devia saber que era a hokage quem estava diante dela.

- Bom dia – respondeu ela lentamente – você... quer dizer...

Ela silenciou-se ficando um pouco resignada. Sakura olhou para Shizune e esta não sustentou seu olhar, confirmando o que ela já pensava: Shizune andou fazendo perguntas mais no sentido de um interrogatório para ela.

- Como se sente?

- Acho que me sinto bem.. – ela levantou seus braços e os moveu varias vezes de forma lenta observando os cortes semi cicatrizados neles – quanto tempo fiquei inconsciente?

- Alguns dias – mentiu Sakura. Ela não precisava saber que boa parte de sua cicatrização tinha sido feita com técnicas ninja médicas – acho que minha amiga já lhe contou o que lhe aconteceu, não?

Ela olhou para Shizune com um certo receio e maneou a cabeça concordando.

- Bom – Sakura se sentou na beirada da cama, próxima aos pés da mulher – então me deixe fazer algumas perguntas... afinal, acho que ela não perguntou o mais importante...

- E o que seria? – ela ergueu uma das sobrancelhas demonstrando sua curiosidade.

- Como se chama?

Sakura não precisou olhar para Shizune para perceber que esta apertou os lábios e virou o rosto, se recriminando por aquele detalhe tão importante.

- Aonata Namiko – disse ela de forma tranqüila – sou do país da Grama.

Isso a ANBU não sabia da investigação que tinham feito. Sabiam apenas do primeiro nome, não do nome da família.

- E qual a ultima coisa que se lembra antes de acordar aqui?

- De me agarrar na carroça e ficar com a cabeça abaixada rezando – respondeu ela abaixando os olhos.

Nada excepcional. Ela era jovem, provavelmente explorando o mundo agora, e sem muita experiência para eventos aterrorizantes como o que enfrentou.

- E qual a sua idade?

- Dezenove – disse ela já ficando intrigada – não estava nos meus documentos?

- Temo que seus documentos e qualquer outra coisa de valor que possuía foram levadas pelos bandidos que a atacaram e aos seus amigos.

- Eles não era meus amigos, apenas estava indo com eles de carona, ou melhor, eu paguei para que me levassem pelo menos até a aldeia de Ryushin ou próximo de lá.

A ANBU ainda não sabia qual o destino da caravana, mas Ryushin era uma aldeia que ficava no caminho de muitas rotas de comercio, portanto não era nem um pouco estranho ela quere aproveitar uma carona até lá.

- Todos eles estão mortos – disse de forma fria e a observando nos olhos. Ela apenas apertou um pouco os lábios e abaixou a cabeça. Sendo apenas companheiros de viagem era bem natural essa reação dela. Um pouco triste e assustada por perceber o quão perto da morte esteve, mas sem cair em prantos por eles.

- Até o garoto? – questionou ela levantando a cabeça subitamente.

- Sim.

Ela não disse mais nada, e era também coerente isso. Agora era a hora dela fazer o seu pequeno teste.

- Iremos mantê-la prisioneira até termos certeza de que não teve relação alguma com isso.

- O que? – disse ela quase gritando – eles quase me mataram! Como podia ter algo com isso?

- De todos os que compunham a caravana, a única sobrevivente era uma passageira de ultima hora.. não acha isso estranho?

Ela estava boquiaberta, e Sakura viu como ela respirava mais e mais rapidamente.

- Não pode fazer isso! Quem pensa que é para me prender assim? Melhor ainda, onde eu estou?

Sakura sorriu levemente e se levantou da cama, e imediatamente a mulher tentou agarrar seu pulso. Infelizmente Sakura não só se esquivou facilmente como girando o corpo atingiu o peito dela com sua perna, causando uma dor lancinante em suas costelas e a atirando ao chão. Sem olhar para trás ela saiu da sala, sendo seguida por Shizune imediatamente.

- E então... o que achou?

Shizune mantinha sua cabeça baixa, observando o piso encerado do corredor. Ficou assim por quase um minuto antes de responder.

- Admito que realmente ela parece ser apenas uma mulher de muita sorte. Não notei nenhuma reação dela quando se moveu para atingi-la, mesmo você o fazendo daquela forma lenta.

Sakura anuiu. Ou ela era uma ninja com um extremo autocontrole para bloquear suas ações reflexas, ou era mesmo o que as evidencias sugeriam. Claro, havia uma maneira muito fácil para saber se ela era uma ninja ou não.

- Vou pedir para Inoshi-san interrogá-la – disse Sakura.

- Ainda existe uma pequena chance de ser uma ninja muito bem treinada – murmurou Shizune.

- Peça para alguém do clã Hyuuga examiná-la, se isso a deixar satisfeita.

- Mesmo assim... – tornou ela, murmurando mais baixo ainda.

- Eu sei Shizune – exclamou Sakura parando de andar e encarando a amiga – mas mesmo que ela seja uma kunoichi, sua única função seria aparentemente a de nos distrair, e confesso que se for isso já esta fazendo um bom trabalho, pois você está querendo usar muitos recursos com ela.

- Sakura-chan... e se ela realmente for uma?

- Bom... – agora Sakura sorriu – se for uma não fez nada ainda, e não será capaz de fazer nada desapercebida. Inoshi-san vai interrogá-la e se ele ficar satisfeito, ela será liberada. Mas logicamente estará sob estrita vigilância.  A melhor maneira de sabermos o que ela realmente é e o que pretende será desta forma. Confesso que apesar de tudo, todo esse caso me intriga. Mas não tenho nada exceto minha desconfiança para agir. Posso ordenar que seja feito um interrogatório extremo nela, mas duvido que consigamos algo útil, mesmo que ela seja uma ninja.

Sakura prosseguiu andando pelo corredor acompanhada por Shizune. Foram até os registros de prontuário dos pacientes onde Sakura examinou os dados da paciente ainda sob suspeita. Tudo perfeitamente aceitável, como esperava. Dali seguiram para o prédio da hokage onde a mesma retomou suas tarefas diárias – desta vez com bem menos papeis para despachar.

Quando Sakura finalmente relaxou no fim do dia e já se preparava para uma pequeno descanso com seu saque, Shizune fez a pergunta que durante todo o dia Sakura estranhou ela não fazer.

- Vai mesmo presenciar o exame chuunin?

- É claro que vou, já lhe disse isso.

Ela não estava nervosa com a pergunta, pois até esperava por ela. O que ela não esperava foi a pergunta a seguir.

- Acha que é prudente?

Sakura parou com o copo de saque a centímetros de seus lábios e observou-a estreitando os olhos.

Abaixou a mão e depositou o copo com o liquido alcoólico na mesa, deitou as mãos sobre o seu colo e ficou observando o vazio. De todas as pessoas da aldeia, ela tinha certeza de uma coisa: Se a godaime tinha contado para alguém, esta seria a Shizune. Por todos aqueles anos ela nunca fez nenhum comentário ou deu qualquer indicação a respeito disto, até ela saber que desta vez tinha se decidido presenciar o exame. Desde então ocasionalmente perguntava se ela ainda estava determinada a tanto, e comentava de como das outras vezes não tinha feito nenhuma menção de participar.

De qualquer forma, Moegi sabia disso agora, e se havia outra pessoa em quem ela pudesse confiar tal coisa seria logicamente Shizune.

- Eu preciso ir- respondeu simplesmente.

- Por que?

- Porque Minato vai estar lá. Apenas isso.

Ela franziu o cenho, tentando entender. Não devia estar conseguindo, e ela própria não entenderia isso no seu lugar. Mas ela tinha de estar lá. Tinha que presenciar Minato dar o melhor de si, não importando se conseguisse ou não. Sabia que Hinata também iria – ela já tinha feito a solicitação para tanto e já estava preparando tudo no clã para se ausentar por algumas semanas.

- Pode ser mais especifica? – perguntou ela agora quase demonstrando agonia.

- Não - foi uma resposta seca e rápida – não acho que eu seja capaz de te explicar - ao menos, não sem contar algumas coisas que achava realmente prudente manter para si no momento – mas Moegi-chan vai me acompanhar sendo minha escolta.

Ela não disse mais nada, apenas maneou a cabeça como se concordasse. Sakura achava que ela estava na verdade desistindo de tentar fazê-la mudar de idéia. Sakura finalmente decidiu pegar o copo de sua mesa e entornar o saque pelo seu esôfago. Alguns minutos depois disto um mensageiro lhe informou que Inoshi tinha terminado de interrogar a paciente do hospital e lhe entregou um pergaminho com o resultado. Ela o abriu e confirmou o que já suspeitava. Ele apenas confirmou o que já sabiam. No entanto sob hipnose ela deu a descrição de pelo menos dois dos atacantes. Iriam comparar isso com as fichas de criminosos que possuíam para saber se algum deles estava sendo procurado.

Agora tinha que decidir se a liberava ou não, e principalmente como iria fazer isso. Uma forma simples seria a de deixá-la desacordada e a colocar em alguma aldeia. E logicamente vigiá-la atentamente depois disto. Pensou um pouco sobre isso e disse para o mensageiro chamar o chefe da ANBU. Era melhor discutir com ele as opções que tinham.

Ela sabia que não tinha realmente nada para manter a mulher ali como prisioneira, apenas queria ter certeza de que tinha examinado todas as possibilidades.


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