All of me² escrita por beanunees


Capítulo 7
Sette




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805283/chapter/7

03 dias depois... 

 

Depois de que cheguei em casa, eu não saí do quarto praticamente o final de semana inteiro, eu fiquei o tempo todo pensando em tudo que aconteceu e não sabia se contar tudo ao Nicolas era o certo a se fazer. Faltavam apenas cinco minutos para o despertador tocar e eu estava desesperada por não ter pregado os olhos a noite inteira, a culpa estava me consumindo pouco a pouco e aquilo estava me fazendo muito mal e ainda faria mais. Quando os cinco minutos passaram, minha mãe começou a bater na porta, quase arrombando para ser mais exata a verdade é que ela me deu o espaço necessário para pensar o final de semana inteiro e eu teria que contar o que havia acontecido em algum momento assim que abri a porta para ela entrar, fui em direção ao banheiro. 

Demorei mais tempo que o habitual no banheiro, estava precisando rebocar minha cara com cinco quilos de maquiagem para conseguir disfarçar a cara de choro que se instalou no meu rosto durante o final de semana. Assim que saí, percebi que ela ainda estava sentadinha na minha cama com uma cara de que “você não sai do quarto até abrir o bico” e adivinha? Ela começou o discurso dela. 

 

— O que foi que aconteceu sexta-feira? Porque chegou naquele estado deplorável? 

— Não aconteceu nada demais, mãe. A verdade é que eu só queria ficar sozinha e não levar sermão. 

— Rebeca, conta outra. Eu te criei e sei que algo aconteceu, pode começar a falar. — Eu respirei fundo e comecei a me vestir. — É esse tal de Nicolas? Ele te fez alguma coisa? 

— Não, mãe. O Nicolas não me fez nada, muito pelo contrário, quem fez fui eu. 

— O que você aprontou com o menino, Rebeca?  — Disse impaciente. 

— Calma, vamos por partes ok? Você sabe quem é o Ian? 

— Sim, é aquele menino loirinho, né? Que quase sempre te dava carona quando você não tinha habilitação. 

 — Sim, ele mesmo. Ontem eu fui na casa de pra saber notícias, porque ele faltou 7 dias seguidos e eu fiquei preocupada. 

— Isso explica o motivo de você ter chegado em casa tarde, continue por favor. 

— Ele não digeriu muito bem o meu namoro com o melhor amigo dele, de fato eu sempre achei que tinha algo rolando entre nós dois, mas ele nunca falou nada e eu comecei a sair com o Nicolas. — Respiro fundo e passo a mão no cabelo nervosa — Quando eu cheguei lá, começamos a conversar e acabamos falando sobre certas coisas e acabou que nós nos beijamos algumas vezes 

 

Ela me olhou com os olhos arregalados como se não soubesse o que falar ou como reagir a isso, nunca a vi assim. 

— Por um acaso, você já contou para o Nicolas ou para outra pessoa? 

— Não, mãe. Você é a primeira e a única, a saber sobre isso. 

— Em minha opinião, você deveria contar para ele. Antes que alguém conte e aumente a história. Se você realmente gosta do Nicolas, mais do que os seus sentimentos paralelos pelo Ian, você deveria contar a verdade. 

— Eu sei, mãe. O pior de tudo é que você está coberta de razão. 

 

Ela me abraçou forte e disse que era o melhor a ser feito e que estaria sempre do meu lado e eu não sabia o que realmente deveria ser feito, mas precisava parar de pensar muito no assunto. Quando olhei a hora, reparei que estávamos atrasadas, passei correndo na correndo na cozinha e peguei um pacote de biscoito para ir comendo no caminho pois estava morrendo de fome. Durante o caminho até a escola, nada foi falado, estava um silêncio absoluto, pensei que talvez ela tentaria puxar algum assunto como sempre, mas ela não falou absolutamente nada, apenas se despediu. 

Quando ela me deixou próximo a porta da escola, agradeci mentalmente por precisar andar e talvez me atrasar mais um pouco e quando cheguei no portão de entrada, encontro Rana sentada nas escadarias e como sempre assim que me viu, começou a tagarelar e por incrível que pareça, nada mudou. 

 

— Bom dia, Becks. Tudo bem? 

— Bom dia, amiga. Tudo bem e você? — Disse tentando esboçar qualquer entusiasmo possível, mas falhei. 

— Assim, por um acaso, aconteceu alguma que a senhorita não me contou? — Ela questiona e congelei por dois segundos — Você parece tão tristinha. 

— Não, amiga, não aconteceu nada. Eu só estou um pouco cansada, o final de semana foi meio intenso lá em casa. Por um acaso você viu o Nicolas? 

— Sinceramente não, só se ele chegou antes de mim. Bom, se quiser conversar sobre o que aconteceu, pode me procurar, ok? Agora vamos entrar que o sinal já vai bater. 

— Obrigada, amiga. Vamos, a mais nova na frente. — Sorrio e ela passa na minha frente entrando na escola por fim. 

 

Durante todo o trajeto até a sala de aula, observei cada rosto em busca do dele, mas nada do Nicolas. Por mais estranho que fosse, Nicolas quase não falta aula, pelo menos não depois que começamos a ficar juntos. Eu senti minhas costas queimarem e logo percebi que estava sendo observada e vi que de longe o Ian me olhava, mas quem se importava? Ele era a última pessoa com quem eu queria falar no momento, mesmo meu subconsciente me torturando repetidamente com as memórias de dias atrás. 

Assim que cheguei na sala e vi que o Nicolas não estava, peguei meu celular e mandei mensagem perguntando aonde ele se encontrava e a resposta foi que ele havia perdido a hora e que queria me encontrar depois do termino das aulas em sua casa, pois seus pais estariam fora a trabalho. Eu concordei em passar lá e logo depois mandei mensagem para minha mãe avisando que chegaria tarde pois iria passar na casa dele depois da aula, ela me respondeu com um emoji. 

As horas hoje queriam tirar sarro da minha cara, pois nunca vi demorar tanto a passar e quando finalmente chegou o horário do intervalo, eu fui a última a sair como sempre. Eu estava com tanta coisa na cabeça que não lembrava aonde tinha guardado o dinheiro que eu havia colocado nela hoje de manhã, quando eu estou quase desistindo, eu lembro que eu tinha colocado dentro do meu bolso. 

Eu escuto a porta da sala ser trancada por alguém e me viro rapidamente, quando me deparei com o Ian vindo na minha direção, um calafrio percorre todo o meu corpo e eu sinto que estava vindo problema por aí. 

 

— Se o seu propósito é me matar do coração, você quase conseguiu. 

— Eu nunca iria querer te matar do coração, menina. Apenas quero conversar com você. 

— Conversar sobre o que exatamente? 

— Talvez sobre o que aconteceu na semana passada? 

— Eu lembro ter pedido gentilmente para que você esquecesse o que aconteceu aquele dia. 

— Eu apenas queria me desculpar sobre tudo que aconteceu, sério. Eu te liguei inúmeras vezes e caia sempre na caixa postal. 

— Não se preocupe, Ian. A culpa não é somente sua, eu mesma não sei explicar o que aconteceu. 

— Rebeca, porque quer fingir que nada aconteceu entre nós? 

— Eu prefiro esquecer, ou fingir que esqueci o que aconteceu na sexta. 

— Até quando vai esconder o que sente por mim? Ou vai fingir que não sente nada por mim? 

— Não estou escondendo e nem fingindo que não tenho sentimentos por você. 

— Pelo amor de Deus, Rebeca. Para de se enganar, eu estou na sua frente, seja sincera comigo. 

— O que você quer que eu diga? Que eu te esperei um tempão e você sequer veio atrás de mim, me sentia culpada por estar gostando de passar um tempo com o Nicolas, mesmo tendo sentimentos por você. — Sinto a primeira lágrima cair e eu sabia que viria muitas mais e eu precisava me controlar — Então quando eu percebi que não era algo recíproco eu decidi dar uma chance ao cara que estava se esforçando horrores pra me conquistar e decidi ser apenas a sua amiga. 

— E você acha que eu não fiquei louco por você desde o segundo que eu te vi entrar por aquela porta? Ou fiquei extremamente irritado quando o Nicolas correu na minha frente e te beijou naquela maldita festa? Quando ele veio que estava começando a achar que realmente gostava de você aquilo me quebrou ao meio, eu não queria brigar com o meu melhor amigo de infância por uma garota, não de novo. Eu coloquei a felicidade dele na frente da minha novamente, mesmo que me custasse uma pessoa incrível como você. Mas quando aquele showzinho aconteceu, eu me toquei que eu ainda não tinha te superado e o que eu pensei que fosse apenas passageiro ou bobagem, ainda queimava dentro do meu peito. 

— Isso é informação demais para digerir, você deveria ter me contado antes de todo meu relacionamento se tornasse algo oficial, e esconder a verdade de mim durante esse tempo me fez acreditar que eu não tinha opções. Foi você que escolheu o seu amigo ao invés de mim, você não pode reclamar da minha escolha agora. 

— E acha que eu não sei disso tudo? Acha que se eu soubesse das consequências das minhas escolhas, eu não teria voltado atrás e faria de tudo para poder te ter perto de mim todos os dias? Eu tenho que lidar com as minhas escolhas todos os dias, Becks. 

— Assim como eu tenho que lidar com as minhas, então quero que você as respeite. Eu estou num relacionamento com o seu melhor amigo, mas eu não quero te perder e pode me chamar de egoísta ou de filha da puta, eu não ligo. Mas por favor, não fale nada para ninguém que aconteceu aquele dia, pelo bem da nossa amizade. 

— Tudo bem, Becks. Eu te prometo que nunca contarei a ninguém, eu nunca faria algo para te machucar. Eu sempre estarei aqui por você. — Ele me abraça e não teve jeito, eu explodi em lágrimas. — Eu só te peço para não me procurar quando ele vacilar e você perceber que ele não é o menino perfeito. 

 

Todo o veneno que ele estava guardando foi despejado naquela frase e eu senti o ódio que ele estava sentindo por não ter sido escolhido e eu não consegui mais olhar na cara dele, eu só pensava em sair correndo para longe dali e foi o que fiz. Sai da sala correndo pelo corredor a dentro e só parei quando cheguei na quadra de esportes que estava vazia no momento e eu agradeci mentalmente por aquilo, quando eu estava caminhando em direção ao vestiário feminino, dei de cara com o Maiquel saindo do masculino. 

E para minha sorte ele me viu e reparou o estado deplorável em que eu me encontrava, era certo que ele iria abrir o bocão dele para todo mundo e eu teria que inventar uma grande mentira novamente. 

— Rebeca, o que houve? Está tudo bem? 

— Nada, Maiquel. Eu só preciso ir embora daqui. 

— Como assim nada? Olha o seu estado, menina, como quer sair na rua desse jeito? E como acha que vai conseguir fugir da escola? 

— Eu irei descobrir como, só me deixa sozinha. 

— Deixa de ser teimosa, Rebeca. Vem, deixa eu te ajudar 

— Vem, larga de ser metida. Deixa-me te ajudar. 

— Tudo bem. 

 

Fomos em direção ao vestiário feminino, ele ficou conversando comigo até eu me acalmar de vez e ainda me ajudou a secar minhas lágrimas. Pegou papel para eu poder limpar meu rosto que estava todo sujo devido a tonelada de maquiagem que eu tinha passado de manhã cedo para disfarçar a cara de choro e depois de meio quilo de papel e muito demaquilante que eu tinha guardado no meu armário do vestiário, eu consegui remover o estrago que eu havia causado no meu rosto. Fiz uma make improvisada para reparar os danos enquanto ele se livrava de todo o papel que eu tinha usado. 

 

— Prontinho, está novinha em folha. Já pode chorar um rio novamente. 

— Nossa, como você é engraçado, mas obrigada por me ajudar. 

— Amigos servem para isso, inclusive para momentos esquisitos como esse. 

— Por favor, não conte para ninguém. 

— Claro que não, segredo nosso. 

— Obrigada. 

— Posso te pedir um favor? 

— Claro, Maiquel, eu sabia que logo ia pedir algo. 

— Nossa Rebeca, você é muito engraçada, estou me mijando de rir — ele forçou uma risada, mas logo começou a rir de verdade — Mas agora é sério, você poderia me ajudar com a Geysa? Eu sou amarradão nela, mesmo ela não me dando a mínima. 

— Claro que ajudo, mas primeiro preciso saber se ela está afim para poder iniciar a operação cupido. 

  

Maiquel Eich 

Eu sempre ajudo o treinador sempre que eu posso e hoje foi um desses dias, e pela graça de Deus hoje não tinha muita coisa para ser feito e quando eu estava indo em direção ao refeitório eu encontrei a Rebeca em um estado deplorável e sozinha na quadra tentando entrar no vestiário feminino, pelo tempo que eu a conheço, eu nunca tinha a visto naquele estado. Eu quis muito perguntar o que havia acontecido, perguntar o que o Nick havia feito, mas não sabia se ela se sentiria bem e nem tinha visto o visto hoje, então achei melhor apenas a ajudar ela a se limpar. E quando ela finalmente se recuperou, nós conversamos mais um pouco e eu pedi ajuda para poder conquistar a Geysa. 

A verdade é que eu estava de quatro por essa menina, e não sabia nem o porquê eu estava sentindo aquilo, ela nem me dá ideia. Não é porque eu peguei todas as líderes de torcida, menos ela no caso, eu sempre senti que ela era diferente das outras, o que me fez querer ela ainda mais. Podem me chamar de galinha, eu mereço, mas as líderes de torcida tinham uma pegada maravilhosa, era uma melhor que a outra. Mas para tentar aliviar pro meu lado, eu nunca corri atrás de nenhuma, elas que sempre me procuravam e eu não poderia negar fogo, né? 

Mas eu sou muito amigo da Geysa, há tempos que temos essa conexão que eu não consigo desvendar. Ela não me dava ideia, mas ao mesmo tempo ela demonstrava que queria mais do que eu e aquilo era apenas uma faísca perto de um galão de gasolina chamado tesão, eu a queria para mim, eu estava louco para beijar aquela boca linda e fazer ela ser minha. Se a sorte estiver ao meu lado pelo menos uma vez na vida, aquela menina ainda iria ser minha e se Deus quisesse, futuramente iria ter meu sobrenome. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "All of me²" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.