All of me² escrita por beanunees


Capítulo 8
Otto




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Rebeca Matter 

  

Depois daquele vexame na quadra de esportes, eu percebi que além de perder o intervalo, eu também havia um período de aula. Mas isso não estava me importando muito, mas as três últimas aulas eu tinha com as meninas e elas me encheriam de pergunta. Mas por incrível que pareça, elas ficaram na delas e eu não procurei a saber sobre o porquê daquele silêncio todo, na realidade nem queria. 

Quando a aula finalmente acabou, eu liguei para minha mãe avisando de novo que eu iria passar a tarde fora e ela deu risada e apenas pediu para me cuidar. Comecei a procurar a chave do carro na mochila e percebi que a chave não estava comigo pois minha mãe me trouxe e esse mico eu passei no crédito mesmo, tive que ir andando para a casa do Nicolas e achei que meia hora caminhando seria pouco, no caso mesmo eu só pensei. Quando finalmente eu cheguei na porta daquela casa, as memórias vieram com tudo, o nosso primeiro beijo e toda confusão mental que ele me causou. 

Agora a situação mudou, eu carregava uma culpa que estava me matando a cada segundo, pensei muito antes de tocar aquela campainha, hesitei por muitos segundos e quando finalmente toquei, demorou alguns minutos para que um moreno lindo e com sorriso hipnotizante aparecesse na porta. 

 

— Minha Doce Rebeca, pensei que não viria mais. — Disse me puxando pela cintura e me beijou de uma forma calorosa. 

— Calma, querido. Eu sou sua e não irei fugir daqui. — Disse quando parti o beijo. 

— Olha, eu acho muito bom isso ser verdade. Vem, vamos almoçar que tá pronto. 

— Só um minuto, foi você que fez o almoço? Pelo amor de Deus, não quero parar no hospital. 

— Rebeca, você tá muito engraçadinha ultimamente. 

— Eu apenas queria evitar um desconforto, minha carteirinha do plano de saúde ainda não chegou, e bom, até eu chegar ao Brasil, já estarei mais que morta. 

— Eu pedi para dona Lucy fazer e liberei ela logo depois, só pra gente passar a tarde toda sozinhos. — Sorriu de um jeito malicioso 

— E passaremos a tarde inteira sozinhos? Vi uma vantagem gigantesca da sua parte. 

— Estou morrendo de fome, você demorou um século. 

— Eu ando devagar, esqueceu? 

— Eu amo você de todo o jeito, inclusive sendo lerda. 

— Me ama por eu ser lerda? Nossa, que romântico. 

— Eu te amo por vários motivos, mas a sua lerdeza é um charme em você e sem contar que você é linda. 

— Então, por um acaso, o senhor só está comigo por conta da minha beleza? 

— Estou com você porque eu amo você. 

 

Me aproximei dele e o abracei, como sempre ele beijou minha testa num gesto de carinho e seguimos para almoçar. Lucy havia feito lasanha de frango e não existia melhor coisa no mundo inteirinho, afinal era o meu prato favorito, me lembra muito a minha avó. Depois de comer e ainda repetir, ele trouxe a sobremesa e adivinhem? Era pudim!!! Estava sentindo que poderia ir rolando até em casa, mas quem liga? Com toda certeza do mundo eu iria comer aquele pudim. 

Nicolas sempre foi uma pessoa extremamente observadora, isso eu sempre dizia que era uma qualidade. Era perceptível o quanto ele me encarava enquanto eu comia, ou melhor, devorava o pudim e como eu tinha a arte milenar de corar facilmente, eu tive a capacidade de ficar vermelha em segundos. 

— Você sabe muito bem que eu odeio que você fique me analisando. 

— Não estou te analisando, eu gosto de ficar te observando. Você consegue ser linda até devorando um pudim. 

— Eu devo estar parecendo uma morta de fome que não come há séculos, mas eu esqueço os meus bons modos quando tem pudim. 

— Claro que não, eu também fico assim quando se trata de bolo de morango. E sem contar que você é linda, mesmo parecendo um monstrinho comendo. 

— Assim você me faz pensar que eu sou bonita de verdade e sem contar que até tentando me ofender, você consegue ser fofo. 

Ele passou delicadamente seus dedos em minha bochecha e fez um carinho e sinceramente eu estava amando aquele momento, eu realmente precisava daquele momento. 

— Sabe, eu ainda não consigo acreditar que você aceitou o meu pedido de namoro. Eu não acredito que eu finalmente consegui conquistar você de vez. 

— Quando você fala isso, fica parecendo que eu sou a melhor pessoa do mundo. Mas a verdade, sou eu que não consigo acreditar, pois não mereço alguém tão incrível como você. 

— Pelo amor de Deus, não diga isso nem de brincadeira. Você é sim a melhor pessoa do mundo para mim, você é merecedora de todo o amor que existe nesse planeta. Eu sou um cara de sorte de ter alguém como você ao eu lado. 

— Se o seu propósito era me fazer chorar, posso lhe certificar que está conseguindo. — Disse ao perceber o quanto meus olhos estavam cheios de lágrimas para rolar e eu juro que tentei segurá-las, mas eu nunca fui boa nessas coisas e logo a primeira caiu. 

— Não que esse seja meu propósito, pera, você está chorando? 

— Eu acabei de dizer, eu sou uma idiota emocionada que chora por tudo. 

— Cara, você é uma desgraçada. Mesmo chorando você consegue ser a pessoa mais linda que eu já conheci na minha vida todinha. 

— Na moral cara, você é muito idiota. — Disse limpando a lágrima que caía dos meus olhos e rindo ao mesmo tempo. 

— Você é muito especial para mim, Rebeca Matter. 

— Você é muito especial para mim, Nicolas Turquetti. 

Depois que as lágrimas cessaram, ele se aproximou novamente e fez com que a distância que existia entre nós sumisse de vez, eu já não sabia como respirar devido a aproximação dele. E por mais que eu estivesse doida para acabar de vez com aquela tortura e beijá-lo, estava nítido que ele estava amando aqueles segundos de tortura e estava apenas esperando o que eu seria capaz de fazer. E eu não iria esperar ele definir o que ele queria, iria provocar de volta. 

— Eu pensei por uma fração de segundo que a pessoa mais lerda dessa casa seria eu, mas acho que esse cargo não me pertence mais. 

Não deu um segundo e ele veio com tudo para cima de mim e me beijou e meus amados, não foi um beijo calmo como todos os beijos que demos ao longo do dia. Esse beijo já começou quente, insaciável, eu diria, ao ponto de eu querer tirar toda a roupa do meu corpo. Ao mesmo tempo que cada parte do meu copo estava entrando em combustão em cada toque dele, a minha consciência gritava em plenos pulmões para que eu contasse a verdade sobre o outro dia, mas quem disse que eu queria parar aquele momento? Nicolas sabia perfeitamente o que estava fazendo e eu não queria que ele parasse, a verdade era que eu queria que aquele momento durasse para sempre. 

Ele fez com que eu subisse em seu colo e eu estava suspensa e agarrei sua cintura com a minha perna e quando senti uma superfície dura e gelada, demorei a assimilar que ele havia me conduzido até o balcão da cozinha sem sequer partir o beijo. Eu sentia que meu corpo estava cada vez mais quente e quando nossos lábios se desgrudaram, ele começou beijar meu pescoço e foi ali que eu quase perdi o controle do meu corpo e deixei me levar pelo desejo ardente. 

Era evidente que não era somente a mim que o calor estava afetando, mas só percebi quando o Nicolas desgrudou de mim por um segundo e arrancou sua camisa em questão de segundos e naquele momento eu percebi que eu precisava parar ou muita coisa seria colocada em jogo, eu precisava parar. Quando ele meteu a mão em minha nuca e puxou delicadamente o meu cabelo e Deus sabe o quanto eu pedi a ele para que não me deixasse perder o controle de vez, quando ele veio me beijar novamente, eu desviei e disse que precisava de ar. Nicolas me olhava com uma cara de quem não estava entendendo nada e ficou assustado quando eu pedi espaço para poder descer do balcão. 

— O que foi? Eu fiz alguma coisa ou você só não quer? 

— Assim, vamos por parte. Não é que eu não queira, eu só não quero perder minha... — Quando pensei em terminar a frase, ele me interrompeu. 

— Vai me dizer que você é virgem? — Olhou-me com uma cara espantada. 

— Então, eu sou. Algum problema? 

— Problema nenhum. — Disse dando um beijo em minha testa e me ajudando a descer do balcão. 

— Obrigada por entender. 

— Eu vou esperar o tempo que for necessário, minha princesa. Vem vamos ver um filme. 

— Desculpa por estragar esse momento, eu só acho que não é uma coisa banal de acontecer. 

— Você não estragou nada, só me provou ainda mais de como eu sou sortudo por ter você comigo. 

Depois de uns 30 minutos de filme, eu finalmente perdi a batalha com o subconsciente e acabei pegando no sono nos braços do Nicolas, o filme estava chato, mas fiz de tudo pra aguentar já que era o filme favorito dele. A verdade é que depois que eu paguei o mico de cortar o clima, a melhor solução era dormir e fingir que aquele momento nem aconteceu. 

A verdade era que eu estava morrendo de medo, não sabia se ele era a pessoa certa para mim, mesmo ele sendo meu namorado. Sei que estamos juntos há quatro meses, mas ainda não senti aquela certa segurança para poder criar coragem e por fim fazer. 

Acordei eram quase sete e meia da noite quando eu acordei com o Nicolas fazendo cafuné e rindo baixinho do filme que estava assistindo, esse provavelmente era outro, então eu o abracei e fiquei assistindo com ele, dessa vez, era um filme muito legal. Mas para o meu azar, os pais dele chegaram. 

— Não sabia que tínhamos visita em casa. Porque não avisou que traria alguém aqui, filho? Disse a mulher acendendo todas as luzes da sala, o que fez meus olhos reclamarem da claridade repentina. 

— Opa, desculpa mãe. — disse tentando se acostumar com a claridade tanto quanto eu — Deixa eu apresentar a minha namorada, essa é a Rebeca. 

Seus pais começaram a rir sem motivo algum. 

— Namorada, Nicolas? Meu Deus, que piada. Há quanto tempo estão juntos? Três dias? —  Disse o homem com desdém  

— Desculpe atrapalhar o diálogo ou a linha de raciocínio dos senhores, mas eu e o seu filho estamos juntos há quatro meses. Então eu não sou emocionada como as outras ao qual ele apresentou aos senhores. 

— Me chame de John, essa é a minha esposa Megan. Desculpe-me pelo tratamento, Nicolas nunca ficou muito tempo com alguém ou muito menos disse que estava namorando, sabe como são os homens. — Ele disse assustado com a minha resposta. 

— Então, Rebeca. De onde você é? 

— Então, senhora Turquetti. Eu sou uma transferida do Brasil, minha mãe e eu viemos morar aqui há pouco tempo para nos juntarmos ao meu pai que já morava aqui, pois ele tem as empresas dele. 

— Como se chama seu pai? —  Disse John 

— Se chama Leonard Matter, senhor. 

— Você é filha dos Matter? — A cara de desprezo dele passou a ser de desespero. 

— Sim, teria algum problema nisso? 

— Problema algum, apenas que seu pai é meu chefe. 

Meu pai era um arquiteto renomado e tinha uma grande e sucedida empresa de arquitetura e urbanismo aqui em NY. Ele havia herdado do meu avô e com o seu esforço a tornou uma das maiores da cidade, com contratos milionários. Futuramente eu cuidaria desse legado e o passaria adiante aos meus filhos e afins, mas eu sequer havia visitado o escritório, na verdade nunca tive interesse por ela. 

— Bom, é melhor eu ir andando. Eu moro um pouco distante e está ficando tarde. 

Nicolas ficou parado por todo esse tempo e não fez nada além de observar, não falou uma palavra desde que seus pais começaram a conversar comigo. Ele parecia estar em outra dimensão, bem longe da realidade. 

Quando eu passei por ele e peguei minhas coisas, ele finalmente acordodo transe 

— Espera Rebeca, eu levo você. 

— Por mim tudo bem. Tchau, senhor e senhora Turquetti. 

— Esquece o senhor e a senhora, nos chame pelo nome. — Disse Megan entre risadas. 

— Tudo bem, se for isso que vocês preferem. Boa noite. — Disse tentando ser educada.

Nicolas me esperava do lado de fora da casa encostado em seu carro com uma cara de paisagem. 


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