Singularidade escrita por Ogum


Capítulo 1
Prologo


Notas iniciais do capítulo

Sumi alguns anos mas voltei com novidade!

Não sei ainda como vai ser todo o andamento mas espero que gostem.



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Centro de Pesquisa Termonuclear, Florianópolis, Brasil.



Seguindo o padrão global, o governo brasileiro decidiu optar por novas fontes de energia e um sol artificial era a fonte que precisava, combustíveis fósseis já não mais eram uma opção após o aumento faraônico do preço do petróleo pelos cartéis do oriente médio.

O governo então lançou uma série de desafios e bonificações para convocar os melhores de suas respectivas áreas, salários astronômicos criaram uma competitividade assustadora e mesmo professores-doutores com anos de carreira optaram por largar seus postos.

O princípio era simples: Mais um Tokamak, uma câmara de confinamento de plasma de alta temperatura. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais já desenvolvia pelo menos três durante anos, mas a nova proposta foi realmente desafiadora, um tokamak que utilizasse hélio-3.

Foram necessários meses de desenvolvimento e aplicação de recursos junto ao acúmulo de centenas de artigos enviados pelas principais instituições do país e fora dele, a arquitetura base foi enviada pela Rússia e o Hélio-3 pela missão espacial Chinesa. O Brasil nunca antes havia se beneficiado tanto pelo Brics.

A equipe alternava entre ler gráficos os gráficos de inicialização e rezar as suas respectivas divindades para que nada desse errado, Camila, responsável pelo cálculo de controle termodinâmico deixava uma lágrima escorrer pelo seu olho esquerdo enquanto sua pulsação atingia níveis preocupantes

Theo estava cansado, havia passado horas revendo e adiantando todos os possíveis erros no código fonte da maquina. Tudo parecia perfeito. Ele não gostaria de estar ali, mas seu desejo por desafios o levou novamente para uma situação onde seu talento se encaixou perfeitamente.

O primeiro disparo de plasma foi um sucesso e a equipe comemorou como uma vitória inigualável: 240 milhões de graus celsius, 30 vezes mais quente que a superfície do sol. Era um feito inédito, abrindo as portas de uma nova era de energia limpa e sustentável. O feito se manteve por duas horas batendo o recorde do EAST, o tokamak chines que manteve sua temperatura por 17 minutos. Aquele era um avanço sem precedentes. A notícia foi dada e logo os relatórios foram enviados para o ministério da ciência que tratou de encaminhar a novidade para todas as mídias nacionais e internacionais 

 

Theo retornou para a casa inquieto e decidiu abrir o resultado do cálculo fusão, a lógica por trás do sistema se mantinha perfeita e intacta, tudo dentro do estipulado, então o que o incomodava? A princípio, o campo magnético que Camila havia elaborado poderia sustentar até quatro vezes mais potência que o alcançado, de forma alguma o reator poderia se romper.  Com a consciência tranquila ele decidiu dormir, no dia seguinte iria revisar tudo novamente com a equipe.

Acordou como se tivesse corrido uma maratona no dia anterior, o cansaço mental havia sido somatizado e se tornado físico, olheiras enormes, uma dor colossal nas costas. Acendeu o primeiro cigarro do dia, aquele vicio maldito o perseguia por anos, não que não tivesse tentado parar. Ele não queria parar. Caminhou para o centro de pesquisa ainda aflito, como se uma entidade o observasse durante o percurso, aquela sensação, aquele incômodo, ele não foi embora. 

— Você dormiu por acaso? - Questionou Camila com as mãos apoiadas na cintura. Seu ar era jovem mas repleto de experiência, embora tivesse acabado de sair do doutorado ela tinha apenas trinta e dois anos e uma responsabilidade enorme nas costas.

— Foi pra noitada escondido, olha sua cara de ressaca.

Antes fosse - Retrucou Theo - Eu não aguento mais ver uma variável e se ler mais uma linha de código antes de tomar um café decente eu vou surtar.

— Achei que vocês amassem esse tipo de coisa, tem um climão estranho com programadores, um tesão com fazer x ser igual a x mais um.

— Só deixo você reclamar de programar quando os físicos acharem a resposta pra turbulência.

— Vai se fuder - Brincou Camila

— Vai você.- Respondeu sorrindo - Mas antes me ajuda com uma coisa, eu quero revisar alguns cálculos.

 Ambos foram para suas mesas, pelo horário o restante da equipe ainda não havia chegado. Nada parecia errado. O cálculo de fusão inercial para o revestimento magnético era perfeito, a arquitetura do tokamak era perfeita. Theo pediu então autorização para ligar o equipamento, ele gostaria de comparar os resultados com os do dia anterior e ver se conseguiria achar alguma anomalia, algo que justificasse a inquietação de sua mente. 

 

E foi aí que tudo saiu do controle. 

 

Os índices de configuração invertida de campo dispararam segundos após o primeiro disparo, o gás pré-ionizado não mais congelava a reação e os índices de temperatura dispararam. Theo sentiu sua pele ardendo e sendo arrancada de seu corpo, sua respiração queimava seu pulmão enquanto via Camila desesperada de joelhos próximo a mesa. Ele havia cometido um erro terrível ao ligar aquilo. Como último pensamento envolto ao desespero ele lembrou de quando decidiu participar do estudo porque sua vida estava “sem empolgação”, bom, sua morte veio do seu desejo por desafios.

 

A explosão do Tokamak levou consigo toda uma área no raio de 4 quilômetros deixando um rastro de devastação.

 

Foi então quando se viu afundando no mais completo vazio como um oceano escuro sem nada, sem emoções, apenas sua consciência afundando e apagando enquanto um sentimento de completude o preenchia. Esse sentimento foi rapidamente tomado por uma dor extrema, como se ele tivesse sido atropelado por um trem. Seus pulmões novamente arderam e veio a necessidade de gritar muito alto pela dor.

 

E foi aí que ele percebeu que ainda estava vivo. Sua visão completamente embaçada mostrava semblantes adultos, dois ou talvez três. Seus olhos doíam ao tentar distinguir e seu cérebro não processava direito todas as cores, ouviu sons inextinguíveis, talvez uma conversa ou varias pessoas falando simultaneamente. Pensou desesperadamente em fugir mas braços o cercavam.

Ele havia renascido. 


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