To call home escrita por anneliese


Capítulo 1
Livres para partir


Notas iniciais do capítulo

Olá, antes de tudo, feliz ano novo para todos. Espero que seja um ano bom para vocês.
Decidi fazer essa fanfic porque ela sempre esteve na minha cabeça. Alec e Jane são personagens que eu sou obcecada desde que descobri eles e acho que uma boa construção dos personagens podem leva-los a lugares incríveis.
Sou uma grande fã do casal Jacob x Renesmee, mas Alec x Renesmee ganhou meu coração com mais força, por isso resolvi escrever uma fanfic sobre eles, mas Jacob é meu personagem favorito de toda a saga então não poderia deixar ele sozinho (de novo) por isso acho que uma boa construção dele e da Jane seria uma boa saída.

Alguns capítulos, como esse, serão escritos em primeira pessoa (sempre colocarei de quem é a narrativa), mas só quando for um capítulo mais pessoal. Caso contrário, todos os capítulos serão escritos em terceira pessoa. Como é uma estória com mais de um personagem e mais de 1 casal então creio que essa seja a melhor forma de conduzir a escrita.

Espero com todo o meu coração que vocês gostem.



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Alec pov

O barulho do outro lado do castelo estava cada vez mais alto. Não dava para ouvir o que estavam falando mas dava para ouvir mais de duas vozes ao mesmo tempo. Olhei para Jane, que correspondeu prontamente meu olhar, também curiosa.

Fazia dois dias que não nos encontrávamos com o restante da guarda ou com os mestres. Jane queria ficar isolada, disse que não estava se sentindo bem ficando perto deles no momento. Acontecia isso algumas vezes. Não sabia se ela teria brigado com o Demetri pra isso acontecer, mas eu não era o tipo que invadia o espaço da minha irmã, então esperei que ela falasse, e como não tocou no assunto constatei que não queria compartilha-lo.

O bom de séculos de convivência é o conhecimento que se tem do outro como se fosse uma extensão de si mesmo. Sempre achamos que tínhamos uma conexão de gêmeos, talvez fosse verdade, talvez não, mas sempre nos entendíamos muito bem. Conhecia minha irmã com a palma de minha mão. Seus jeitos, manias, gostos e desgostos. Sabia qualquer sentimento dela sem ela precisar esboçar nenhum tipo de reação. Assim como ela também me conhecia dessa forma.

Ouvimos um baque suave na porta de baixo e nos preparamos para qualquer que fosse a urgência.

Era muito raro qualquer pessoa vir nos incomodar no nosso lado do castelo. Era como se ali fosse nosso quarto, mas parecendo um pouco mais com uma biblioteca musical de uma masmorra. Se alguém ia até lá sem ser convidado é porque era urgente.

Em poucos segundos Demetri apareceu na porta, abrindo-a sem bater. Quando entrou em seu campo de visão, Jane o olhou surpresa pela sua atitude mas ao mesmo tempo curiosa.

— O que você... — Ela começou a perguntar mas foi interrompida.

Demetri parecia assustado.

— Mataram a Chelsea.

Por um considerável e longo tempo houve silencio. Não do lado de fora, mas do lado de dentro. Jane não moveu um músculo, eu muito menos. O único som era a respiração pausada de Demetri. Precisei de um pouco de concentração para pensar. Mataram a Chelsea. Repeti em minha mente a frase só para ter certeza que havia entendido corretamente, apesar de nunca ter me enganado sobre nada. Mataram a Chelsea. Como? Quem? E por que? Era impossível isso. Aro jamais deixaria ninguém tocar no precioso troféu dele.

Aro sempre protegia as preciosidades dele pois sabe que sem elas ele está perdido. Renata precisa sempre estar ao lado dele, para defende-lo de qualquer perigo. Corin sempre faz com que estejamos satisfeitos com as nossas vidas, um sentimento que Chelsea é encarregada de implantar em nós. Ela faz com que fiquemos apegados aos Volturi para não podermos ir embora ao menos que algum deles nos mande embora, e Corin faz nos sentirmos bem em servi-los.

Chelsea morreu.

Jane me olhou. Seus olhos vermelhos estavam arregalados em choque. Eu sabia o que ela estava pensando.

— Alguém está nos caçando? — Perguntei.

— Não sei. — Demetri fechou a porta rapidamente e entrou um pouco mais no cômodo pouco iluminado. — Não teve nenhum aviso, nenhuma ameaça.

— Como acharam ela? — A voz da minha irmã era apenas um sussurro. Ela estava tentando controlar o medo e talvez Demetri não conseguisse prestar atenção nisso, mas eu via nitidamente.

— Não achamos. Mandaram um pedaço do corpo dela em uma caixa. Um humano veio entregar.

— Um humano? Como um humano veio até aqui sem ser impedido? — Foi a minha vez de estar confuso.

— Aro acha que ele estava hipnotizado. Repetia frases em sequência, sempre as mesmas. Só falaria com Aro e isso estava ligado à vida dele.

— E quem hipnotizou esse humano? — Jane parecia estar voltando ao normal, ligando uma coisa na outra.

— Essa é a questão. Assim que ele entrou no grande salão colocou uma arma na boca e se matou. Não trocou uma palavra com ninguém. Quando abrimos a caixa estava a cabeça da Chelsea dentro.

Ficamos em silencio novamente. Ela havia saído para caçar há algumas horas atrás. Nós estávamos passando por um longo período de estabilidade. Nenhum vampiro andava aprontando, não tínhamos que cobrar nenhuma quebra de lei a mais de sete meses, então a calmaria era total. Saíamos para caçar sozinhos com frequência, inclusive Chelsea. Ela nunca ia longe mas sempre ia sozinha.

— Por que não rastreou quem fez isso com ela? — Jane elevou um pouco a voz, como se acusasse Demetri de um crime.

— Acho que Aro não me mandou fazer isso no primeiro instante? — Ele respondeu como se fosse óbvio. — Eu não sinto nada. Nem um mísero rastro de qualquer pessoa que tenha feito isso. Corremos por todo o território que ela costumava caçar e não achamos cheiro algum além do nosso próprio. Não sabemos quem fez isso mas fez com maestria e sem deixar qualquer tipo de rastro ou pistas. Simplesmente matou.

Outro silencio. Conseguia sentir a tensão dos pesos de cada palavra. Jane entrou em desespero. Sua respiração — que antes não existia — passou a ser rápida e desregular.

— Estão nos caçando?! — Ela me olhou, ainda assustada.

Eu entendia seu medo. Jane era a linha de frente da guarda. Se precisava que alguém se machucasse era a tarefa dela fazer isso, e ela fazia de bom grado. Ficava feliz em servir e em usar seu dom para machucar quem quer que fosse. Ou pelo menos era obrigada a pensar dessa forma. Então, ao longo dos séculos foi deixando um rastro de inimigos que a temiam mas também sentiam raiva. Ela é uma das vampiras mais poderosas que existe mas nessas circunstâncias, se existir um vampiro que hipnotiza pessoas e mata sem deixar qualquer sinal, isso era preocupante para qualquer um. Nosso erro sempre foi nos esconder atrás de nossos dons. Nunca lutamos uma batalha. Morreríamos se fossemos encurralados. Jane por só conseguir capturar um de cada vez e eu pelas sombras serem lentas demais.

Fui até seu lado e coloquei uma mão em seu ombro. Jamais deixaria qualquer pessoa tocar na minha irmã.

— Aro não acha que seja uma caçada. Mas também podemos adivinhar pouco o que está acontecendo.

Nós três nos entreolhamos. A partir de agora seria alerta máximo.

      __________________________________

Passaram dois arrastados meses desde o ataque a Chelsea. Por muito tempo Aro colocou seus melhores lutadores para vasculhar cada canto possível onde poderia encontrar quem havia feito aquilo, enquanto manteve seus vampiros mais preciosos sob a proteção de Renata. Ninguém saia. Heide sempre nos trazia um grupo de humanos para nos alimentarmos mas ela sempre ia até sua caçada acompanhada.

Aro queria Jane junto com Demetri caçando mas Marcus o convenceu de que mandar logo ela para o possível abate era como assinar nosso extermínio. Ele não fez nenhum tipo de protesto. Então ficamos trancafiados por dois meses, como se fossemos prisioneiros.

Demetri sempre aparecia frustrado. Nunca achava nada. Toda vez que imaginava conseguir alguma pista era sempre alarme falso.

Após ver que não existia nenhum perigo por perto, Aro relaxou um pouco mais e sessou as buscas, deixando ainda todos em alerta máximo para qualquer movimento suspeito.

As coisas começaram a ficar estranhas depois disso. A preocupação passou e voltamos a nossa vida normal, mas era óbvio que ficaria diferente toda a situação, só não tínhamos nos tocado desse fato ainda.

Chelsea era quem controlava tudo, quem nos mantinha aqui, e sem ela todos os sentimentos que eram apenas imaginários foram sumindo, um por um. A tensão era enorme. Caius estava a um passo de entrar em colapso. Sua preocupação era evidente.

Eu e Jane passamos a ficar ainda mais dentro do nosso pequeno espaço, sempre pensativos. Sabíamos o que estava acontecendo só ainda não havíamos verbalizado.

Foi em uma noite, depois de tanto termos insistido para caçarmos sozinhos, que finalmente conseguimos conversar sabendo que ninguém além de nós três poderiam nos ouvir.

Demetri já estava inquieto a tempos, passando muito mais tempo com Jane do que antes. Eu tentava deixar eles a vontade, apesar de eu nunca ter visto acontecer nada entre os dois — mas saber de muitas coisas.

Fizemos nossas escolhas rápida e silenciosamente. Particularmente eu não estava com muita sede mas sabia que meu corpo precisava daquele sangue. Quando acabamos, nos livramos do que sobrou e fomos até a parte mais afastada de Volterra, onde ninguém poderia nos ouvir.

O céu estava estrelado e a temperatura bem quente, típico do verão Italiano. As noites aqui eram lindas. Jane encostou em um pequeno muro de uma casa abandonada e ficou olhando para cima, perdida em seus próprios pensamentos. Demetri variava entre olhar para o nada e olhar para minha irmã. Sempre me perguntei se ele era, de certa forma, apaixonado por ela, mas nunca faria essa pergunta e tinha certeza que nunca obteria uma resposta se o fizesse.

Depois de longos minutos em silencio ele foi o primeiro a falar.

— Estou começando a lembrar de coisas

— Que tipo de coisas? — Perguntei.

— Me lembro de Amun. — Ele olhou para o céu e depois para mim novamente, e então pra Jane. — Lembro da sensação de estar com meu antigo clã, antes de Aro me buscar.

— Nunca tivemos ninguém além do Aro, talvez seja por isso que não estamos sentindo isso.

— Nunca tivemos ninguém além de nós mesmos. — Corrigiu Jane, irritada. — Aro salvou nossa vida, mas o que ele pediu em troca nos custou muita coisa. Fomos salvos para virarmos marionetes. Por séculos. — Ela enfatizou a última palavra.

— Quando a Chelsea morreu toda a manipulação foi junto com ela. — Concluiu Demetri.

— Estamos livres. — Jane afirmou, mais para si mesma do que para um de nós dois. Ela era eternamente grata ao Aro por ter nos salvado da morte mas eu sabia que ela não gostava da vida que vivíamos. Jane não é do tipo que tortura pessoas. Ela foi treinada pra isso. Moldada. Enquanto eu não sentia nada ela sentia em abundancia. Mas ela estava sempre satisfeita e feliz em servir. Com o tempo isso realmente foi fazendo sentido para ela. Se aquela era a única vida que ela iria conhecer então por que não se transformar em algo que lhe dava prazer? Se você não pode ser amada então que seja temida. Essa sempre foi a frase dela. E ela se agarrou tanto a isso que passou a gostar de usar seu dom nas pessoas, mas eu sabia que ela já não aguentava mais. Isso tudo começou a mudar quando nos encontramos com o clã dos Cullen pela primeira vez, quando fomos enviados à cidade deles para matar um clã de recém-criados mas chegamos tarde. O clã estava intacto e todos ali lutaram para proteger uma única pessoa, que era parte da sua família desde então. Carlisle sempre mostrou que era diferente de todos nós e ele conseguiu encontrar pessoas que eram realmente tão boas quanto ele. Jane odiava isso pois, se tivesse como escolher logo no começo de sua nova vida, tenho certeza que ela teria escolhido viver daquele mesmo jeito. Ela era alguém boa demais que foi corrompida no meio do caminho. — Podemos ir embora.

Ela me olhou aliviada e soltou um sorriso. Esse era o desejo dela. E no fundo também era o meu. Nada nos impede de ir embora agora.


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Notas finais do capítulo

Isso foi apenas uma introdução do início de tudo, para a partir deste ponto a história fazer mais sentido.

A partir do segundo capítulo a estória será narrada em terceira pessoa e nos dias atuais.



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