“Visão. Antes de nós... os Vingadores... nos separarmos, eu perguntei o que você queria.”

“Sim.”

“E você disse... que queria que as pessoas me vissem como você me vê.”

“Ainda quero.”

“Visão.”

“Sim?”

“Essa sua fala... sua simples fala... fez eu me sentir... reconfortada. Fez algo florescer no meu coração.”

Vinte dedos nas mãos e vinte dedos nos pés. Wanda Maximoff e Visão eram os felizes mãe e pai de gêmeos, Thomas e William.

“Wanda.”

“Sim?”

“Eu estava assistindo a um filme com Lila e Cooper outro dia... Um filme sobre luto.”

Wanda estava sentada na cama de casal, Visão sentado ao seu lado. Ela tinha Tommy nos braços, Visão tinha Billy nos seus.

Eram tão lindos. Tão precisos. Tão fortes, como Wanda sussurrara ao entregar Tommy para Visão, antes de Billy vir ao mundo também.

“Não é sobre o luto que quero falar desta vez, não. É sobre uma música... Um sentimento, para ser mais exato.”

Ela estava completamente apaixonada por seus filhos. Completamente. E ele, oh nossa!, ele estava completamente apaixonado pelo pequeno Tommy e pelo pequeno Billy também. Completamente.

“No final do filme, tocou uma música. Eu não notei na primeira vez, até assistir de novo ao filme em seguida.”

“Deve ser um filme muito bom.”

“Oh sim. E também Lila insistiu para assistirmos mais uma vez.”

Não deu tempo de chegar ao hospital. Como daria, afinal? Estavam em uma fazenda bem afastada do centro urbano. Mas tudo bem, Wanda já havia previsto isso.

Ela sabia sobre Westview – a sua Westview, a sua realidade.

Ela teve longos oito meses de memórias não vividas e momentos vividos de um futuro ainda por vir e que nunca viria.

Os sussurros. As visões. O déjà vu. O apenas saber. Oito meses experimentando isso. Um pouco mais, desde que começara, desde o milagre que tornou todos os acontecimentos ruins do futuro apenas lembranças. Sombras de uma realidade que deveria existir.

“E essa música... Então?”

“Essa música... Bem, sucintamente, ela dizia: Quando a dor vai e obscurece tudo.”

Então as contrações. E a bolsa de Wanda estourou. Ela estava assustava, sim, mas ela sabia que tudo correria bem.

E ela tinha Monica, que era, definitivamente, uma amiga agora.

“Quando dói demais para ver.”

E Natasha também estava presente. Sam e Steve, do lado de fora, esperançosos, com sorrisos bobos e suspiros ansiosos.

E Visão, é claro.

Ele estava ali. Ao seu lado.

“Quando você está perdido no escuro.”

Monica estava fazendo o parto do primeiro gêmeo, como Wanda bem sabia que deveria ser, e a mulher a encorajou a fazer força, a empurrar, até que um choro preencheu o quarto em que ela dividia com Visão.

“Quando a luz em seu coração está.”

E Billy veio não muito tempo depois, segurado por Natasha, quase com um susto ao trazer uma pontada de dor repentina.

Seu choro preencheu o ambiente junto do de seu irmão.

“Tão fraca para ver.”

Wanda estava cansada e dolorida, mas muito feliz. Junto de Visão. Junto de seus filhos.

“Mantenha seus olhos em mim.”

Monica e Natasha ficaram lado a lado junto da janela, encostadas na parede, a luminosidade fraca do sol indicando um fim de tarde próximo.

As duas sorriram ao observar a família. Aquela família especial.

“Wanda.”

“Visão.”

“Eu quero que saiba...”

Natasha saiu do quarto calmamente, precisava contar sobre os gêmeos para seus companheiros de equipe no lado de fora, provavelmente muito empolgados de ouvirem o choro dos bebês momentos antes.

“Que quando a dor for e obscurecer tudo em seu caminho...”

Monica sorriu genuinamente ao observar os gêmeos dormindo no colo de seus pais.

“Quando você estiver pedida no escuro ou em um lugar desconhecido.”

Ela silenciosamente caminhou em direção da porta e deu uma última olhada antes de sair do cômodo, fechando a porta atrás de si.

“Quando a luz em seu coração estiver tão fraca para ver.”

Wanda ainda tinha medo às vezes. Medo das coisas que viu, que ouviu. Do futuro que nunca virá.

Visão sentia seu medo.

“Mantenha seus olhos em mim.”

E ele a fazia tão... segura.

“Mantenha seus olhos em mim, Wanda. Sempre que você sentir medo. Sempre que sentir dor. Sempre.”

“Visão...”

Wanda se sentia segura junto de Visão. Aqui, na fazenda.

Sabia que iria se sentir segura com ele em sua casa no número 2800, na Sherwood Drive, em Westview, New Jersey, ainda em construção.

“Wanda.”

“Vis...”

“Eu amo você.”

Não importava a confusão que suas vidas fossem.

Não importavam os Tratados de Sokovia.

Não importava Thanos ou qualquer outro vilão, vivo ou morto.

Nada realmente importava.

A não ser Wanda. Visão. Tommy. Billy.

Isso importava. Porque Wanda disse, ela sussurrou, após Monica fechar a porta, que família é para sempre.

Wanda manteve seus olhos em Visão, sorriu e as palavras fluíram de seus lábios:

— Eu amo você, Visão.