Feiticeira Escarlate

Thanos quer

a Joia do Infinito

Destruidora

do mundo

Feiticeira

Escarlate

É seu destino

destruir

o mundo

A Magia

do Caos

Pertence

a você

Feiticeira

Escarlate

O mundo vai

morrer

Destruidora

do

mundo

Wanda abriu os olhos. Os sussurros cessaram imediatamente.

Contrariando a ideia de Steve, ela ordenou que ele direcionasse o quinjet para Wakanda, mandando uma mensagem para o Rei T'Challa avisando que pousariam em breve. Ela não pediu a Steve que mudasse o curso e nem a T'Challa autorização para pousar, ela deu ordens a eles.

— Explicações. — Natasha proferiu, olhando-a com expressão séria enquanto Wanda sentava no banco onde adormecera ao lado de Visão, ainda levemente sonolenta. — Você nos deve explicações.

Wanda nada disse, as explicações seriam dadas quando chegassem a Wakanda. Se ela fosse capaz de explicar qualquer coisa.

Mexendo-se ao seu lado, Visão tocou seu braço, chamando sua atenção. Wanda fitou as órbitas oculares artificiais e, magnificamente, azuis do sintozóide vermelho. Ela sentia mais paz ao olhar em seus olhos do que jamais sentira alguma vez em sua vida. Ao menos, na vida da qual ele a resgatara – aquela em que ela estava afundando na imensa escuridão da dor e do luto, até que ele surgiu como uma luz de esperança.

Visão lançou um olhar para Natasha e Sam que indicava um pedido de privacidade, acatado pelos outros dois, que deram às costas para acompanhar Steve quebrando a cabeça para entender as informações recebidas recentemente. Enfim a sós, Visão voltou a olhar para Wanda, segurando as mãos dela entre as suas e as acariciando com cuidado enquanto observava sua pele alva em contraste com a dele.

— Eu deveria ter percebido os sintomas. — Ele disse, sem olhá-la, ainda admirando suas mãos. — Seu ciclo menstrual foi interrompido, presumi ser resultado do estresse pela fuga dos Tratados de Sokovia, assim como o sono desregulado em algumas ocasiões. — Quando fez uma pausa, levantou seu olhar para ela, que silenciosamente o ouvia. — A mudança de local e viagens frequentes justificou a náusea que você teve semana passada. Mas, juntando todos os sintomas, vejo que eu cometi um erro ao deduzir as demais hipóteses para nossa situação atual.

Wanda sorriu. Ele disse “nossa situação”.

— Você quer?

— Você quer?

A pergunta em uníssono dos dois foi involuntária por parte de Wanda, e voluntária pela de Visão.

Visão ofegou minimamente, ainda sentindo dor, e sentou-se mais adequadamente, puxando Wanda para mais perto e repousando uma mão nas costas dela, enquanto segurava a mão dela com a outra sua.

— Wanda, eu nunca poderia não te dar escolhas. — Ele disse em voz baixa.

— Eu sei. — Ela sorriu, lembrando-se de momentos anteriores naquela noite quando ele pediu que ela ficasse... ou não, se ela não quisesse. — Eu quero esse bebê tanto quanto quero ficar com você.

O coração do sintozóide disparou. Ele ouviu Wanda dizer que iria ficar, antes, quando estavam lutando contra os seres alienígenas que os atacaram. E agora ela estava reafirmando que queria ficar com ele. E queria um filho ou filha com ele.

— Mas eu preciso saber que você também quer. — Ela continuou. Wanda sabia a resposta, ela sentia a resposta. Mas ela precisava ouvir, para sua mente se acalmar.

— Eu quero. — As palavras vieram como uma brisa refrescante em um dia quente.

Alívio. Wanda estava aliviada por não ter que fazer isso sozinha. E mais aliviada por estar fazendo isso com Visão.

Visão segurou em seu rosto ao mesmo tempo em que ela segurava o dele. O corte na testa dela o assustava, porque ela estava ferida, por causa dele. Ele nunca quis que ela se ferisse. A expressão de dor nos olhos dele partiu o coração de Wanda, porque ela não conseguiu evitar que ele se machucasse. Ela nunca quis que ele se machucasse.

O semblante triste dela chamou a atenção de Visão.

— Wanda...

— Podemos deitar? — Ela pediu, voz baixa assim como seu olhar.

Visão assentiu e voltou a deitar no banco, o qual tinha espaço o suficiente para Wanda se deitar muito perto dele. Ele ignorou a dor, gemendo baixo quando se moveu para abraçar Wanda, deitada de costas para ele, mas agarrando seus braços e mãos que envolviam seu corpo, aquecendo-a e fazendo-a se sentir protegida.

Silêncio se seguiu por um longo tempo até que Visão, notando que Wanda permanecia de olhos abertos, perguntou a ela:

— Wanda, como sabia que temos que ir a Wakanda?

Afastados, porém atentos, Sam, Natasha e Steve discretamente esperaram para ouvir a resposta, que não tardou em vir, num sussurro temeroso:

— Não consigo explicar. Às vezes é como um déjà vu. Outras, eu ouço sussurros. E algumas vezes eu apenas sei. Eu apenas sabia sobre Wakanda. Foi como um déjà vu quando entramos no quinjet. — Ela virou o rosto para conseguir olhá-lo, ainda que com dificuldade. — Sinto como se estivesse em um trem desgovernado, prestes a descarrilhar. — Ela sussurrou, um súbito nó formando em sua garganta.

Ele a apertou mais perto, segurando-a com cuidado para não a machucar. Visão poderia tirar as angústias de Wanda, mesmo afirmando o que ele não tinha certeza:

— Enquanto eu for o maquinista, manterei nos trilhos.

Ele sabia que não tinha controle algum sobre qualquer coisa desde que foram atacados, Wanda também sabia disso, porém ela estava disposta a deixar a fala de Visão dominar sua mente, acalmar seus pensamentos. Como uma âncora. Visão era sua âncora em uma tempestade em alto mar.

Dos cantos escuros do quinjet, Sam, Nat e Steve sentiram seus corações apertarem. Algumas mentiras eram necessárias, como a que Visão acabara de contar, mas a sensação que os três tinham na boca do estômago era desagradavelmente persistente.

Quando pousassem em Wakanda, a jovem sokoviana teria que ditar os próximos passos, já que ela era a única que parecia ter a certeza no que fazia, ainda que receosa.

Eles não sabiam, entretanto, que “receio” não representava todo o medo que Wanda sentia.

Medo, porque os sussurros voltaram quando ela fechou os olhos e lentamente se encaminhou para um leve sono.

Feiticeira Escarlate

Rainha do Caos

O mundo vai morrer