A Garota que Eu Conheci na Igreja escrita por Binishiusu Sensei


Capítulo 35
"Piano.Desenho@Gmail.com"




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No momento que a janela se abriu, Sara sentiu sua respiração parar e junto, veio a sensação de frio na barriga por causa do susto. - Será que ela? - Pensou numa fração de segundo, que foi tempo o suficiente para que um vulto aparecesse na janela e colocasse a cabeça para fora. Aquele breve momento parecia estar em câmera lenta e ela estava prestes a ter um ataque nos nervos, até que o pouco de luz que havia na noite iluminou o rosto da pessoa que havia aparecido diante dela.

— Yumi!? - Disse Sara, quase que num sussurro e sem conseguir tomar uma outra atitude além de dizer aquilo.

— Sara! - Exclamou Yumi na sequência, falando um pouco mais alto que a sua namorada.

Nisso, Sara foi capaz de tomar uma outra atitude além de dizer o nome da sua amada. Se aproximou e imediatamente abraçou a pessoa que há tanto tempo esperava para se reencontrar. Por estarem separadas pela parede, o lugar não era confortável para um abraço e nem para um reencontro, mas isso não impediu Yumi de a abraçar de volta. 

Aquele era o abraço que Sara tinha esperado por meses, mas mesmo quando abraçou Yumi, teve certa dificuldade para assimilar que ela realmente estava ali. Nisso, Yumi disse:

— Sara, por favor, entra - disse ela, com uma entonação de voz que demonstrava certa fragilidade.

— Tá bom - respondeu Sara, quase no mesmo momento. - Me dá a mão pra eu subir. 

Em poucos segundos, com ajuda da Yumi, Sara tinha sido capaz de saltar para dentro do quarto. A luz estava apagada, mas seus olhos já estavam acostumados com o escuro. Assim que Sara entrou, Yumi fechou a janela. Agora, finalmente estavam juntas. Sara estava há alguns passos da janela, e quando Yumi a fechou, ela se virou para Sara e a observou, sem dizer nada. Por um momento, Sara também não disse nada e elas ficaram em silêncio. 

Então, Sara se aproximou mais vez de Yumi e a abraçou. Era aquele abraço apertado do tipo que se dá em alguém que a presença lhe faz falta. Aquele abraço que expressa uma necessidade de se fundir com o corpo de quem você gosta. Sara a abraçou dessa forma e foi abraçada na mesma intensidade.   

— Eu travei agora há pouco… Desculpa, ainda não processei que você realmente tá aqui comigo - disse Sara, baixinho, perto do ouvido de Yumi.

— Tá tudo bem… Quem bom, que bom que você veio aqui. Eu precisava muito de você… Desculpa… - respondeu Yumi, num tom de voz que carregava culpa no final da frase.

— Desculpa pelo quê? - perguntou, enquanto fazia carinho no cabelo de Yumi.

— Eu não consegui… Não consegui te defender. Não consegui responder a Jéssica. Não consegui fazer nada. Eu senti muita culpa por causa disso, prometo que nunca mais vou ser fraca daquele jeito. Por favor, me perdoa - disse Yumi, com os olhos lacrimejando. 

Então ela sentiu culpa… Tadinha, ela deve estar sofrendo com isso desde o momento em que aconteceu. Não pensei que ela fosse sentir isso, tava preocupada demais tentando pensar num jeito de ver ela de novo…

— Yumi, você não fez nada que precise do meu perdão, - começou Sara - tá tudo bem, de verdade.

— Sara… Eu deixei você sozinha por que não conseguia reagir, não conseguia falar… Você é a pessoa mais importante pra mim, não tá certo eu não ser capaz de fazer nada quando alguém não quer o seu bem - respondeu Yumi, num tom de voz meio choroso. 

Não é difícil de entender o que ela está sentindo - pensou Sara. - Sim, ela realmente deve ter ficado se culpando por causa daquele dia… Mas, não tem muito o que eu possa dizer pra que ela não se sinta assim. Nada do que eu disse vai mudar aquele fato e a forma como ela se sentiu com aquilo. Como eu faço pra ajudar ela?

— Sara, - começou Yumi, mais uma vez - eu decidi que não serei mais uma pessoa frágil. Prometo que daqui pra frente irei reagir às coisas e parar de ser tímida e nervosa. Não gosto de viver assim, prometo que serei forte igual você.

— Yumi… - Disse Sara, enquanto acariciava Yumi e lhe dava um beijo na testa. - Saiba que eu nunca cobrei isso de você e não te culpo por nada do que aconteceu naquele dia horrível, mas eu fico feliz que você queira melhorar, vou te apoiar nisso, prometo. 

As duas ficaram abraçadas por mais um tempo. Depois de trocarem mais um pouco de carinho, Yumi disse:

— Vem, fica deitada comigo. Quero ficar deitada com você enquanto te conto tudo o que aconteceu.

— Tá bom - declarou Sara, enquanto as duas se deitaram na cama de solteiro que tinha no quarto da Yumi.

— Quando seu pai te tirou da salinha… Bom, basicamente o que aconteceu foi que o meu pai disse que iria me levar pro internato. Ele me levou, desde então fiquei morando lá - disse Yumi, sem olhar diretamente para os olhos de Sara.

— A Jéssica me mostrou um áudio do seu pai dizendo que tinha te matriculado no internato - respondeu Sara na mesma hora. - Mas… Eu liguei pra todos os internatos de São Paulo e não consegui descobrir em qual deles você estava.

— Ah… Entendi o porquê… No domingo depois da reunião, meu pai já pretendia ter me levado, mas não deu tempo. Ele gravou um áudio pro pastor, dizendo que já tinha me matriculado no internato de São Paulo, mas eu ainda estava em casa - disse Yumi, percebendo a consequência da mentira que seu pai tinha dito.

— Hum… Mas eu fiz as ligações na segunda de tarde, a informação da Jéssica não tava tão errada então?!

— Tava errada sim… Espera, como assim a Jéssica te falou? - Respondeu Yumi, que só tinha percebido nesse momento de quem estavam falando.

— É que na segunda, depois da reunião, eu fui pro colégio e a Jéssica veio me provocar. Ela falou umas coisas e me mostrou um áudio com a voz do seu pai. Então o áudio era de domingo, mas você só foi pro internato na segunda?

— Sim, mas o internato não era de São Paulo… Minha mãe não queria deixar o meu pai ir pra São Paulo só comigo, ela achou que depois de me deixar lá ele iria procurar a mulher com quem ele traiu ela - respondeu Yumi, aparentando estar acessando várias lembranças enquanto dizia aquilo.

— Então foi por isso que eu não consegui te achar, agora finalmente fez sentido.

— Sara, o que aconteceu depois que você ouviu o áudio?

— Bom… - começou Sara, contendo um risinho. - A Jéssica me disse várias coisas ruins, e eu estava realmente mal naquele dia… Então eu pulei em cima dela e bati com o máximo de força que eu consegui.

— Você bateu na Jéssica!? - Disse Yumi, animada e com um pouco mais de volume do que antes.

— Eu não resisti - respondeu Sara, tendo menos sucesso em conter o próprio riso. - Mas eu me arrependi… bater nela foi errado.

— Entendi… Mas foi bom? - perguntou Yumi, dessa vez mantendo contato visual.

— Foi sim, ela mereceu - respondeu Sara, com um sorriso.

— Ah, Sara… O seu pai te bateu? - Perguntou Yumi, agora parecendo preocupada.

— Sim… - Sara respondeu, de forma vaga, enquanto lembrava da maior surra que tinha levado na sua vida. - Mas tá tudo bem, já foi e eu superei, não fique se sentindo culpada por mais isso.

— Mas e depois? Você apanhou, bateu na Jéssica e aconteceu o que?

— Eu fui expulsa do colégio e fui estudar no Szymanski. Meu pai me obrigou a parar de desenhar, me colocou numa terapia de cura gay, me colocou num estágio e num curso técnico do Senai. Ah, também tenho que ir pra todas as atividades da igreja agora, então faço parte do clube de desbravadores.

— Meu Deus, os últimos meses foram bem piores pra você do que pra mim. Sara, você tá bem? - Perguntou Yumi, enquanto fazia carinho na bochecha da namorada.

— Eu tô bem, querida. No final deu tudo certo e a gente tá junta, é isso que importa - respondeu, enquanto encostava a sua testa na da Yumi e lhe retribuía o carinho.

— Senti muita, muita saudade de você, ainda não processei que você tá aqui - respondeu Yumi, enquanto aproximava o seu corpo do de Sara.

— Também senti muito a sua falta. Aconteceu muita coisa… Mas não vamos pensar nessas coisas agora, tá bom? - disse Sara, enquanto fazia um movimento com a cabeça, olhando para os lábios de Yumi.

— Tá bom - respondeu ela baixinho, antes de dar um sorriso, para então se aproximar e dar um beijo na outra. 

Sara sentiu os lábios de Yumi depois de meses sem saber nem onde ela estava. O momento do beijo, pra ela, era como a sensação de mergulhar de cabeça numa piscina. Era como se ela fosse para outro ambiente, com outras sensações a sua volta. 

Logo após encostarem os lábios, Yumi fez daquele um beijo de língua. - Aahh, ela já começou assim… Ela definitivamente sabe como fazer pra eu ficar vidrada nos beijos dela - pensou Sara, antes de ficar envolvida demais no que estava fazendo para conseguir continuar pensando. 

O beijo continuou, e não demorou muito pra que Yumi rolasse por cima dela e mudasse a posição em que estavam ficando. Sara adorava quando Yumi fazia coisas assim. Ao mesmo tempo que ela entrava num estado de vulnerabilidade e sensibilidade, sentia que estava segura para baixar sua guarda e se entregar pra pessoa que tanto gostava. 

Yumi, por outro lado, sentia que quando estava nesses momentos, conseguia ser “ela mesma”. O piano era o seu instrumento artístico para se expressar, e ela definitivamente era “ela mesma” quando tocava. Porém, quando beijava a Sara, sentia toda a sua inibição e timidez indo embora. Se sentia segura para fazer o que quisesse, pois tudo o que ela queria num momento como esse, era se expressar para a pessoa que ela gostava. Assim, com todo carinho e cuidado, ao beijar Sara, Yumi conseguia expressar seus sentimentos por sua amada e ser “ela mesma” enquanto fazia isso. 

O tempo foi passando e os beijos foram ficando mais intensos. Os toques se tornaram mais ousados, e o desejo de continuar não era algo que precisava ser dito em voz alta por nenhuma das duas. Porém, enquanto recebia uma mordida deliciosa em seu pescoço, Sara se lembrou que aquele momento tão aguardado por ela não poderia continuar indefinidamente. Ela terminou de receber as mordidas que estava ganhando, antes de trazer Yumi para si num abraço e lhe dar mais um beijo na testa.

— Eu te amo, sabia? - disse ela, num tom de voz que demonstrava vulnerabilidade.

— Eu também te amo, Sara - respondeu Yumi, enquanto fazia aquele seu sorriso que Sara sempre achou tão fofo, e que mesmo com as luzes apagadas, ainda era capaz de enxergar. Ela não queria que o momento terminasse, mas não podia deixar de pensar que tinham pouco tempo. Enquanto ela pensava nisso, Yumi disse:

— Vem cá.

Ela trocou de posição na cama e ficou sentada. Nisso, trouxe Sara para perto dela, com a cabeça deitada no seu colo, enquanto lhe fazia cafuné. Por mais um momento, Sara não disse nada. Apenas ficou ali mais um pouco, recebendo o carinho que sabia que precisava e queria. - Não quero que acabe, ainda não - pensou depois de algum tempo. Até que então, percebeu que precisava continuar a conversa, para então ir pra casa.

— Yumi - disse, disse baixinho.

— Que foi, neném? - respondeu ela, com uma voz calma, de quem está aproveitando o momento.

— Ah, preciso dizer uma coisa, mas é uma coisa séria - disse Sara, saindo do colo da namorada e se sentando de frente pra ela.

— Eu imaginei que você precisasse… Sara, eu não queria que esse momento terminasse - disse Yumi, se lamentando por não terem muito mais tempo.

— Lembra daquele dia que assistimos anime juntas, depois que a Jéssica te aborreceu com aquela história de tocar com cifras?

— Sim, foi quando assistimos Citrus… Por quê?

— Porque naquele dia nós prometemos que iríamos apoiar a outra na busca dos nossos sonhos, lembra?

— Claro que sim, você me disse que quando crescer iria se tornar uma artista - respondeu Yumi de prontidão.

— Sim, e você decidiu que iria se tornar uma pianista de concerto… Num outro dia você me disse que queria fazer o Bacharelado em Piano da Belas Artes, em  Curitiba - respondeu Sara, com a mesma convicção que Yumi.

— Fiquei feliz depois daquele dia, por que mais uma vez você me apoiou e ficou do meu lado. Eu consegui terminar o técnico em piano porque você estava me apoiando - disse Yumi, enquanto segurava a mão direita de Sara e a levava até o seu rosto, sentindo-a fazer carinho na sua bochecha.

— E eu consegui aprender a fazer desenhos realistas por que você, mesmo tendo mil coisas pra estudar, ainda arranjava um tempinho pra cuidar de mim - respondeu Sara, com uma voz meiga que expressava gratidão.

— Sara, nós precisamos ficar juntas, é o certo. Você me faz bem e eu te amo, não quero que separem a gente outra vez - disse Yumi, com convicção.

— Sinto o mesmo por você, querida - começou Sara, antes de ficar alguns segundos imersa nos seus próprios pensamentos, para então dizer - precisamos de um plano.

— Vamos fugir - respondeu Yumi, de forma que parecia expressar exatamente o seu desejo naquele momento. Então, ela fixou seus belos olhos asiáticos em Sara e se manteve em silêncio por alguns segundos.

— Yumi… - Começou Sara, antes de ser interrompida pela namorada.

— Sara, nada mais importa pra mim além de ficar com você. Sei que daremos um jeito em tudo, então se você quiser fugir, eu vou com você.

Ao ouvir isso, Sara apenas observou a expressão de Yumi. - Ela não está brincando, se eu disser pra ela vir comigo agora ela vai vir. Ela me ama e confia em mim a esse ponto… Mas a realidade não funciona assim.

— Amor, não podemos…

— Por quê? Se não fizermos isso vão nos separar de novo. Sara, meu pai quer que eu termine o ensino médio no internato em Santa Catarina, mas ele espera que eu faça a faculdade no internato de São Paulo - disse Yumi de forma atropelada.

— Como assim em São Paulo? Por que ele quer que você faça faculdade lá?

— Por que ele espera que eu me case com um dos estudantes do curso de teologia, ele quer que eu vire esposa de pastor. Sara, ele decidiu toda a minha vida no dia que nos separam - disse Yumi, de forma que expressava sentimentos de dor. 

Claro, - pensou Sara - o Yuji quer garantir que a filha dele “fique hétero” e viva uma vida que a igreja aprova. Se a Yumi for esposa de pastor, ele vai passar o resto da vida se gabando disso. Ele diz que pensa no bem dela, mas ele só usa a Yumi pra inflar o próprio ego, ele é podre. - Assim que pensou nisso, Sara percebeu que precisava tomar uma decisão e que precisava ser algo racional.

— Nós realmente precisamos de um plano, mas precisa ser um plano realista, nós não podemos simplesmente fugir - disse Sara.

— Então fugir está fora de questão?

— Hum… Nós ainda somos menores de idade, pra “fugir” precisamos ter dezoito anos, se não nosso pais vão chamar a polícia. Se nos pegarem, vão nos separar outra vez. Se isso acontecer, não tem garantia de que vamos nos reencontrar - respondeu Sara, de forma calculista.

— Aaahh - suspirou Yumi. - Você tem razão, como sempre… Não podemos arriscar fazer algo mal pensado, isso pode custar nosso relacionamento.

— Exatamente, quer dizer que temos uma tarefa difícil e que precisamos ser inteligentes.

— Tá, então pra fugir e ficarmos juntas precisamos de um plano realista, que vai acontecer quando fizermos dezoito anos, é isso? - Perguntou Yumi, apesar de já saber a resposta.

— Isso… Só podemos fugir depois disso.

— Não gosto da ideia de esperarmos mais um ano, mas concordo com você. Precisamos fazer isso de forma que não possa dar errado - respondeu Yumi, parecendo comprometida com a ideia de Sara.

— Na verdade, realmente não pode dar errado… Vamos ver, eu faço aniversário no dia 23 de novembro do próximo ano. Me seguraram na escola quando eu era criança por causa disso, pra eu não ficar atrasada em relação às outras crianças, mas por causa disso, vou ter dezoito anos quando estiver no final do terceiro ano do ensino médio - respondeu Sara, enquanto parecia divagar em pensamentos.

— Eu lembro da história… Mas eu só vou fazer dezoito anos no dia 4 de fevereiro, depois do ano em que terminamos o ensino médio. Isso é ruim pra nossa situação, até lá meu pai já vai ter me mandado pro internato de São Paulo e eu vou ter que obedecer ele - respondeu Yumi, aparentando um certo nervosismo.

— Na verdade, não acredito que as aulas do internato começam já na primeira semana de fevereiro, isso provavelmente não vai ser um problema.

— Ok… Então nós esperamos o dia 4 e vamos embora. Mas vamos pra onde?

— Bom, quando eu for maior de idade vou poder procurar um emprego e algum lugar pra morar. Então vou ter do dia 23 de novembro até o dia 4 de fevereiro pra arranjar um lugar para morarmos juntas. Se eu fizer isso, teremos pra onde fugir - disse Sara, dessa vez parecendo mais otimista.

— Parece a nossa única alternativa… Pra mim está bom, se fizermos isso poderemos viver nosso amor e buscar nossos sonhos - disse Yumi, que agora tinha dado um pequeno sorriso.

— Poderemos sim… E nossos sonhos…

— O que foi?

— Acho que podemos fazer melhor do que isso - disse Sara, pensativa.

— Como assim? - Respondeu Yumi, parecendo intrigada.

— Nós podemos dar um jeito de entrar na faculdade enquanto nos preparamos pra isso. Ano que vem é o final do nosso ensino médio, nós vamos fazer vestibular.

— Nem tinha pensado nisso… Aconteceu tanta coisa que eu esqueci do vestibular - respondeu Yumi, se dando conta da situação.

— Você vai fazer o vestibular pra piano e eu pra artes visuais lá na Belas. Eles não tem bacharelado em desenho, mas artes visuais resolve o que eu preciso - disse Sara, parecendo satisfeita com as suas considerações.

— Que ótimo, então nós estudaríamos na mesma universidade, ficaria muito contente de estudar com você outra vez.

— Eu também, amor - respondeu Sara, tentando expressar que estava contente.

— Ah… Mas como faríamos isso, como vamos prestar o vestibular sem ter nossos pais apoiando? - Indagou Yumi, parecendo outra vez preocupada.

— Essa é a parte difícil… Vamos ter que esperar a inscrição sair; realizar a inscrição de cada uma; pagar a inscrição; estudar pro vestibular; passar nas duas fases, pra daí podermos fugir - respondeu Sara, que ficou pensando em muitas variáveis enquanto dizia isso.

— Eu não vou ter como fazer a prova, eu vou estar no internato e a prova vai ser em Curitiba… Acho que não vou conseguir entrar na faculdade quando sair do ensino médio - disse Yumi, parecendo aborrecida com aquele fato.

— Amor… - Começou Sara, com o tom de voz mais sensível e calmo que era capaz de expressar - Não tenho uma resposta pra isso agora, mas nós teremos meses pra pensar nisso. Se tiver um jeito de te colocar na faculdade assim que terminarmos o ensino médio, prometo que vamos conseguir, juntas.

— Tá bom, eu acredito em você - respondeu Yumi no mesmo momento, tendo total confiança nas palavras de Sara.

— Tem mais uma coisa - começou Sara.

— Sim?!

— Eu fiz uma conta de e-mail pra eu poder conversar com você, enquanto ainda estivermos separadas. Nós vamos usar essa conta pra deixarmos mensagens pra outra ao longo do ano.

— Sara, você é incrível! Quando você veio aqui, você só tinha esperança de me encontrar, mas você veio com um plano pronto, obrigada por isso - disse Yumi, genuinamente feliz pelo que Sara tinha feito.

— De nada - respondeu Sara, um tanto desconcertada, por não estar esperando aquele tipo de comentário.

— Como eu vou acessar essa conta? - Perguntou Yumi, depois que Sara se recuperou do elogio.

— É fácil, o login é “piano.desenho@gmail.com” e a senha é “Yumi10/03”. Sei que é estranho, mas tem significado, então não deve ser difícil de decorar - respondeu Sara, confiante na sua ideia.

— Entendi… Piano e desenho são as coisas que cada uma de nós gosta. A senha é o meu nome, com a data do nosso primeiro beijo, acertei?

— Acertou sim - respondeu Sara, orgulhosa.

— Então eu vou precisar acessar esse e-mail quando estiver no internato e nós vamos poder combinar tudo sobre o vestibular e sobre a nossa mudança - disse Yumi, afim de ter certeza de qual era o plano.

— É exatamente isso, vamos usar esse canal para conversarmos sem que ninguém fique sabendo. Como você não tem celular, seu pai acha que não tem como você conseguir falar comigo, mas agora temos uma forma. Mais uma coisa, sugiro que você escreva as mensagens pra mim no Google Docs.

— Entendi, eu logo na conta Google que você me passou, abro o Google Docs, escrevo a mensagem e saio da conta, pra ninguém saber que fizemos isso.

— Isso, eu vou ler e te responder, e quando você tiver outra oportunidade de acessar a conta, vai poder ler o meu recado e dar a sua resposta. É bem simples, mas só pra termos certeza, qual é o login e a senha? - Indagou Sara, que não achava seguro que Yumi precisasse anotar essa informação.

— É fácil - começou Yumi. - O e-mail é "piano.desenho@gmail.com" e a senha é “Yumi10/03”. Você tinha razão, com significado é mais fácil de lembrar.

— Perfeito, acho que vai dar tudo certo… Ah, querida… - Começou Sara, antes de ficar em silêncio.

— Eu sei, amor - respondeu Yumi.

— Eu fiquei muito, muito feliz em ver você. Pela primeira vez em meses eu sinto esperança de que as coisas vão dar certo. Você renovou a minha vontade de fazer as coisas. Sei que vai ser difícil, mas vou fazer tudo pra podermos ficar juntas - disse Sara, emocionada com o momento que estavam tendo.

— Sara, você é a pessoa mais importante no mundo pra mim, não vivo você. Eu preciso ficar do seu lado e eu também vou fazer de tudo pra ficarmos juntas. Prometo que vou acessar o e-mail que você me deu. Vamos estar longe por mais um ano inteiro, mas dessa vez eu sei que vou poder voltar pra você e viver do seu lado. Muito obrigada por tudo, eu amo você - disse Yumi, expressando tudo o que estava sentindo naquele instante.

///

Obg por terem lido mais esse capítulo. Gostaria de lembrar q a partir de hj, vou voltar a postar capítulo novos toda sexta-feira. Sobre o e-mail q a Sara fez pra Yumi, bom... Talvez ele exista... Mas enfim, obg por acompanharem a minha história e até semana q vem, bjs ♥


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