A Garota que Eu Conheci na Igreja escrita por Binishiusu Sensei


Capítulo 32
Separadas, parte 1




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— Senhor Rodrigo, por favor, não machuque a Sara - disse Yumi, como se ela mesma estivesse sentindo a dor do tapa que Rodrigo tinha dado no rosto da sua namorada.

Rodrigo ignorou a frase de Yumi e puxou Sara para fora da sala onde estava acontecendo a reunião. Então, a porta se fechou com um estrondo. Todos puderam ouvir quando Sara gritou do lado de fora da sala, implorando para que pudesse voltar para lá.

Pouco depois, Yuji se pronunciou diante de todos:

— Que horror, ele bateu a filha na nossa frente como se ela fosse um saco de pancadas. O Rodrigo é visivelmente um homem desequilibrado e violento. Tenho pena da garota, deve ter tido uma criação horrível - disse, num político, mas que dado ao recente acontecimento, soava adequado.

— Sim, o que a menina fez foi muito grave, mas ele exagerou. Não era necessário bater nela aqui na nossa frente - disse o pastor Alexandre, parecendo chocado com a forma que Rodrigo tinha se portado.

— Senhores - disse Cláudio, cortando o diálogo que tinha se iniciado entre Yuji e o pastor - O Rodrigo pegou pesado com a garota, mas ela mereceu. Se Deus quiser, tenho certeza que ele vai ser o tipo de pai que vai trabalhar pra resolver o problema da filha.

— Claro, o Rodrigo é temperamental, mas acredito que ele vai fazer o que é necessário - respondeu o pastor, num tom conciliador.

— Pastor, você viu a atitude do homem. Depois da surra que ela vai levar, a garota nunca mais vai pensar em fazer esse tipo de coisa - disse o ancião que menos tinha se pronunciado na reunião.

— Agora, quero saber, o que você vai fazer Yuji? - Indagou Cláudio, fitando Yuji, em tom de cobrança.

Nesse momento, todos dirigiram seu olhar para o Yuji. Então, se mantendo calmo, ele olhou para a Yumi. Nos últimos segundos, todos, com exceção da Jéssica, tinham esquecido da presença dela. Yuji olhou bem para a filha, com uma expressão pensativa. Assistiu à reação dela aquilo tudo. Ela estava chorando, tremendo e com a respiração irregular. Estava emocionalmente destroçada, completamente frágil.

— Cláudio, se você acha que serei tão baixo quanto o Rodrigo, você está redondamente enganado - respondeu Yuji, sem demonstrar estar abalado.

— Não perguntei se você vai bater nela, Yuji. Perguntei o que você vai fazer - respondeu Cláudio.

— Yuji, você precisa tomar uma atitude - disse o pastor, em tom de ordem.

Enquanto isso, enquanto outras pessoas estavam decidindo seu destino, Yumi sofria sozinha.

Sara... Não consegui fazer nada por ela. Não consegui nada, não consegui me opor ao senhor Rodrigo. Não consegui argumentar com a Jéssica. Não fui capaz de nada.

— Estou plenamente ciente de que eu preciso tomar uma atitude, pastor. Cláudio, não insulte a minha inteligência. Eu sei o que você está fazendo, depois trataremos disso - disse Yuji, num tom seco.

— Isso é uma ameaça? - Respondeu Cláudio, num impulso.

— É uma constatação - disse Yuji, lançado um olhar para o Cláudio que dizia "vai ter volta", antes de desviar sua atenção para o pastor e dizer - minha atitude será a seguinte: vou matricular a Yumi imediatamente num dos internatos da nossa igreja.

Todos ficaram em silêncio depois da afirmação do Yuji. Nisso, Jéssica, fez uma expressão de satisfação e olhou para Yumi, com um olhar que dizia "venci". Dessa vez, Yumi, não percebeu que a Jéssica estava olhando pra ela, pois ficou tão imersa nos próprios pensamentos e sentimentos que não percebeu os outros a sua volta.

Então é isso? Perdemos? Eu e a Sara não poderemos viver nosso amor? Serei separada da pessoa da pessoa que amo? Serei obrigada a me mudar pra que eu não possa ficar perto da minha namorada? Isso não é certo. Não está certo o que estão fazendo com a gente.

— Essa é uma ótima medida - disse o pastor, interrompendo o silêncio e os pensamentos da Yumi.

— Concordo - disse o ancião que menos tinha falado, apenas para ter o que dizer.

— O ambiente do internato é o ideal para lidar com esse tipo de problema. O internato é o lugar que tem o poder de mudar as pessoas. A Yumi vai ficar num ambiente cristão vinte e quatro por dia. Ela vai ser dessa condição, tenho certeza - disse o pastor, continuando a sua fala.

— Está bem, estou satisfeito com a sua atitude - disse Cláudio. - Como o pastor disse, as duas precisam ser separadas. Essa sua medida vai servir para resolver o problema. É exatamente o que precisamos para encerrar essa história.

— Sim, também estou satisfeito com isso. Acredito que essa seja a solução mais adequada - disse o pastor, em tom de quem está encerrando a conversa.

— Pastor, então eu peço a sua licença. Vou levar a Yumi pra casa. Preciso conversar com minha esposa sobre essa situação antes de escolher um internato para matricular a Yumi. Amanhã eu vou levar ela pra lá, certo? - disse Yuji, depois de ter dado um passo na direção da porta.

— Certo, pode ir. Vou dar essa reunião como encerrada - respondeu o pastor Alexandre, de forma protocolar.

— Yumi, vamos - disse Rodrigo, olhando pra filha.

Ela não respondeu, mas seguiu junto com o pai para fora dali. Os dois ficaram em silêncio e saíram da sala em direção ao carro, que estava no estacionamento da igreja. Yumi não se atreveu a olhar para o pai. Andou olhando para o chão, ainda naquele estado emocional de antes. Então, chegaram até o carro, entraram e saíram dali.

Assim que estava na rua, depois de ter parado num dos semáforos que tinham pelo caminho que sempre usavam, Yuji disse:

— Você me decepcionou. Não esperava isso de você. Eu te criei dentro dos valores cristãos. Te ensinei da melhor forma que pude. Fiz tudo o que fiz pra você jogar tudo fora e namorar uma garota.

Yumi ouviu a frase e olhou para o seu pai. Nesse momento, sentiu vontade de respondê-lo, quis se defender, se expressar, contar pra ele o seu ponto de vista. Então, num ato espontâneo de reação, aspirou o ar pela boca e se preparou para falar. Porém, como sempre, congelou. Antes que pudesse dizer alguma palavra, sua inibição lhe parou e a impediu de responder. Assim, calou-se diante do seu pai e sentiu a derrota de não poder se expressar.

— O que você foi uma traição à educação que eu e sua mãe te demos. Você sabe que o que fez foi errado, eu sei que você sabe por que eu te ensinei o que é certo. Eu não vou te bater igual o Rodrigo fez com a Sara, mas você merecia apanhar - disse Yuji de forma cortante, antes de ficar um longo momento em silêncio, até que o sinal abrisse.

— Eu realmente não esperava isso de você... Sinto que não te conheço. Te observo a vida toda e não percebi que você estava praticando essa iniquidade. Namorar sua melhor amiga!? O quê você tem na cabeça? Isso é injustificável - disse Yuji, que mais uma vez ficou em silêncio.

— Filha, eu sempre exigi muito de você. Talvez eu tenha errado... Mas se eu errei, foi excesso de zelo. Sempre fiz tudo para que você tivesse o melhor. Sempre fiz o que era melhor pra você. Filha, acredite quando eu digo que sei o que é melhor pra você, eu realmente sei. Mais uma vez, vou fazer o que é melhor para você e no futuro você vai me agradecer por isso - disse Yuji, que pela primeira vez desde que entraram no carro, fez contato visual com Yumi.

Era um olhar com uma expressão que Yumi nunca tinha visto. Um olhar que demonstrava decepção profunda e tristeza. Yuji havia feito uma expressão que demonstrava esse sentimento negativo, mas que também expressava que por dentro, era como se estivesse vazio, sem ter mais o que pensar ou sentir sobre aquilo tudo. A revelação daquele momento era chocante pra ele, e sua mente não estava preparada para ter outra reação além daquela. Para Yuji, tudo o que havia acabado de expressar não era demagogia ou exercício retórico. Ele acreditava naquilo com todas as suas forças.

Yumi, mais uma vez, não respondeu, pois simplesmente não conseguia. Então, seu pai continuou o monólogo.

— Eu vou te mandar pro internato. O ambiente de lá é o ideal para que você volte a ser uma pessoa normal. Quando isso acontecer, você vai estar preparada pra viver uma vida normal, como uma cristã. Um dia você vai perceber o seu erro e se arrepender genuinamente disso. Eu vou te mandar pro internato, você vai voltar ao normal e pra isso você vai ficar lá até o final do ensino médio. Depois que o ensino médio acabar, eu tiro você do internato - disso Yuji, dessa vez mais para si do que para Yumi.

Ficar no internato até o fim do ensino médio?! Não! Definitivamente não! Se ele fizer isso comigo eu só poderei ficar perto da Sara de novo quando entrarmos na faculdade. Não posso ficar tanto tempo longe dela.

Então, mais uma vez tentou falar. Não conseguiu.

— Não fique animada pensando que você vai ser dona do seu próprio nariz quando sair do ensino médio ou quando fizer dezoito anos - disse Yuji, fazendo um pausa na sua fala e olhando para Yumi antes de continuar a falar.

— Quando você for maior e começar a faculdade, ainda vai depender de mim. Na prática não muda nada, você ainda vai precisar fazer o que eu disser. Por isso, quando você entrar na faculdade, eu vou te mandar pro outro internato da nossa igreja. Eles não tem só o ensino médio, eles também têm graduação.

Como assim?! Ele vai me obrigar a fazer a faculdade num internato também!? Não, não posso aceitar isso. O restante do ensino médio com a graduação são seis anos. Eu não posso ficar seis anos longe da Sara.

— Na graduação vou te mandar pro internato onde tem o curso de teologia dos nossos pastores. Os teologandos, quando se formam, geralmente já saem de lá casados. Você se forma num curso normal, convive no internato, encontra um bom teologando e casa com ele. Você vai virar esposa de pastor e vai contribuir com a nossa igreja. Esse é o melhor caminho pra você. Faça exatamente isso que vai dar certo e você vai ser feliz, prometo - disse Yuji, que depois disso, ficou em silêncio.

Preciso responder ele. O que ele está dizendo é loucura, é errado - pensou Yumi, antes de tentar dizer sua resposta. Se preparou para falar. Respirou e... Não conseguiu. - Por que eu não consigo? Eu quero me defender, mas não consigo. Eu sou fraca, não consigo nem responder o meu pai. Será que vai ser assim? Eu não vou conseguir reverter a situação? Meu pai acabou de decidir minha vida... Ele decidiu a minha vida de um jeito que eu preciso ficar longe da pessoa que eu amo e para eu casar com um pastor Isso é um completo absurdo e não consigo dizer um "a" pra ele. Sou tão fraca assim? Isso é ridículo, eu sou ridícula!

A partir desse momento, nem Yuji e nem Yumi disseram nada. Foram até a sua casa, em silêncio. Quando chegaram lá, Yuji foi direto falar com Yuzu, ele queria explicar pra ela o que estava acontecendo naquele exato momento. Enquanto isso, Yumi foi direto para o seu quarto, chorosa e com mil coisas passando pela sua cabeça.

Assim que entrou no quarto, fechou a porta e a trancou. Então, olhou para o cômodo. Olhou diretamente para o tapete e escolheu se deitar ali. Não sentiu vontade de ir deitar na cama, por alguma razão, parecia melhor se deitar no tapete. Ficou parada ali, pensando no que havia acabado de acontecer.

Nisso, sentiu uma mistura peculiar de sentimentos. Por um lado, sentia-se como se estivesse num pesadelo, na espera de logo acordar e não ter a perspectiva de ser separada de Sara. Por outro, sabia exatamente o quanto aquele momento era real e o quanto a sensação provocada por aquela situação estava lhe corroendo por dentro. Porém, essa dicotomia não era o que mais lhe causava sofrimento.

Naquele momento, sentia o choque de ter tido o seu maior segredo revelado. Sentia o choque de ter sido humilhada pela Jéssica. Sentia o choque de ouvir do seu pai que a sua vida estava decidida, e que seria longe da Sara. Também sentia pena dela, pois tinha visto sua namorada receber dois tapas tapas no rosto e não pôde fazer nada. Viu sua namorada ser levada pelo pai para longe dali, provavelmente para levar a maior surra da sua vida e não pôde fazer nada por ela. Por isso, mais do que tudo, sentia a dor de não ter feito nada por sua amada.

A Sara nos defendeu quando estávamos na reunião. Ela argumentou, ela mentiu. Ela fez o que precisava fazer. Ela nos defendeu ferozmente da pessoa que estava tentando nos machucar. Conheço ela o suficiente pra saber que ela estava dando tudo de si naquele momento. A Sara fez o melhor que podia, por nós duas. Não... Ela fez por mim. Ela lutou para me proteger da Jéssica. Sim, ela lutou para me proteger da Jéssica porque ela é minha namorada e me ama.

Eu não fiz nada. Eu fiquei travada. Não consegui reagir. Deixei a Sara sozinha lidando com aquilo tudo. Aquela era a pior situação possível e eu deixei a Sara lidar com aquilo sozinha. Eu fui fraca, não fiz nada pela pessoa que eu amo. Eles estavam nos destruindo e eu não conseguia abrir a boca pra falar. Tudo o que eu fiz foi chorar e deixar a Sara aguentando sozinha. O Rodrigo vai bater nela por causa de hoje. A Sara vai sofrer por minha causa. Ela vai sofrer e eu não vou poder fazer nada. Meu pai acabou de decidir a minha vida e eu não fiz nada.

Como pode? Eu sou uma inútil. Digo pra Sara que eu amo ela, mas quando ela precisa de mim eu sou incapaz de fazer qualquer coisa. Eu não mereço ser namorada da Sara. Não mereço o amor que ela sente por mim. Ela está sofrendo agora porque é minha namorada. Ela está sofrendo porque um ano atrás eu a beijei. É tudo culpa minha. Eu comecei isso naquele momento. O sofrimento que ela está sentindo é culpa minha.

Nesse momento, Yumi parou com o longo pensamento que estava tendo. Não conseguiu continuar, voltou a chorar e continuou deitada no chão, encolhida, com a respiração irregular e tremendo. Ficou várias horas ali, incapaz de sair do lugar ou de tomar qualquer outra atitude. Então, ouviu duas batidas na porta do quarto.

— Filha, posso entrar? - disse Yuzu, com uma voz que soava triste.

Yumi ficou em silêncio por alguns segundos, até que Yuzu se pronunciou mais uma vez.

— Filha, por favor, me deixa entrar.

— Tá bom, mãe - respondeu Yumi, com a voz fraca.

Devagar, se levantou e destrancou a porta. Destrancou, mas não a abriu. Em vez disso, foi se sentar na sua cama. Nisso, Yuzu abriu a porta, entrou no quarto e a fechou novamente. Depois, foi para a cama e se sentou do lado oposto ao de Yumi.

— Filha, o pai me disse tudo o que aconteceu... Ele me disse também que vai te mandar pro internato. Eu não consegui convencer ele a não fazer isso. Ele já quer que você vá pro internato amanhã e parece que não tem nada que eu possa fazer pra mudar a cabeça dele - disse Yuzu, em tom de completo desânimo.

Yumi, mais uma vez, não disse nada. Ouviu a frase e manteve a mesma expressão facial e esperou sua mãe continuar a falar.

— Filha, desculpa se em algum momento eu falhei com você. Desculpa se em algum momento eu provoquei algum trauma em você, algum trauma que te fez não gostar de garotos. Eu sempre tentei te proteger das coisas ruins da vida, mas não consegui - disse Yuzu, parecendo mais triste do que antes.

Ela acha que eu tenho algum trauma que não me deixa gostar de meninos? Ela também acha que tem algo de errado comigo. Ah, mãe, até você?! Até você, que desde sempre se preocupou comigo e me deu amor e carinho?! Até você, que me carregou dentro do seu corpo, acredita que tem algo de errado comigo por eu gostar de uma menina?!

— Me perdoa filha, por favor?! A culpa é toda minha. Você já entende, né? Você sabe por que saímos de São Paulo quando você era criança, não sabe? Você sabe que o seu pai me traiu com outra mulher... Se eu fosse melhor, se eu me cuidasse mais, se fosse mais bonita, se eu tivesse dado mais atenção pro seu pai, talvez se estivesse na cama quando sempre que ele pedia, se eu tivesse cumprido minhas obrigações como esposa e suprido as necessidades dele, talvez ele não tivesse feito isso - disse Yuzu, de forma rápida e atropelada, como se estivesse segurando aquilo consigo por muitos anos.

— Se eu fosse uma esposa melhor, seu pai não teria procurado outra mulher. Se não fosse por isso, ainda estaríamos em São Paulo, você não teria conhecido a Sara e tudo estaria bem. É tudo culpa minha... Por minha causa você ficou nessa situação. Viemos pra cá porque eu não pude satisfazer seu pai. E quando chegamos aqui, eu pedi pra Sara ser sua amiga. Eu que aproximei vocês duas. Depois, não percebi que você estava namorando com ela e deixei a situação ficar assim. É tudo culpa minha. Filha, por favor me perdoe por ter te deixado assim. Eu não iria querer isso nunca, por favor me perdoe.

Então, pela primeira vez naquele dia, Yumi conseguiu tomar uma atitude. Assim que ouviu aquilo, abraçou sua mãe e disse:

— Mãe, nada disso é culpa sua. O pai fez o que fez por que ele só finge que é certinho. Não foi culpa sua ele ter te traído, foi culpa exclusivamente dele. A culpa do meu sofrimento também não é sua. Eu fiz o que eu fiz porque eu quis e o resultado foi esse. Não se culpe por nada disso.

As duas ficaram em silêncio por um tempo. Não se mexeram, apenas ficaram abraçadas. Então, Yuzu disse próximo do ouvido de Yumi, depois de acariciar seu cabelo:

— Yumi, seu pai tomou a decisão de mandar você pro internato e eu não posso mudar a decisão dele. Vou ficar triste por ficar longe de você, mas sei que isso é para o melhor. Ele tem seus defeitos, mas ele está fazendo isso pelo seu bem. Vai dar tudo certo, um dia você vai agradecer por isso - disse Yuzu, antes de dar um beijo na testa de Yumi e sair do quarto.

Ela acha que eu estou errada. Ela concorda com o pai. Mesmo assim, não consigo ficar triste ou irritada com ela por causa disso. Fico irritada, triste e ofendida com o meu pai, mas não consigo sentir isso com a mãe. Acho que é por que ela sempre mostrou que me amava. Quando diz que pensa no meu melhor eu acredito. No final, eu amo ela demais pra me importar com esse engano que ela cometeu.

Então é isso, irei pro internato amanhã. Meu namoro vai ser encerrado contra a minha vontade. O resultado do meu amor pela Sara foi o sofrimento de nós duas. Principalmente o sofrimento dela. Eu fiz a pessoa que eu gosto sofrer. Sou a causa da dor que a Sara está sentindo agora. Eu comecei isso quando a beijei, a culpa é minha. Agora ficaremos longe uma da outra. Bom, se eu ficar longe da Sara, não causarei mais sofrimento pra ela. Se eu for pro internato, a Sara vai poder ter uma vida normal. Ela merece uma vida normal.

É melhor que ela viva uma vida em que eu não seja a causa do sofrimento dela. É melhor que ela namore uma pessoa que possa defendê-la, alguém que possa lutar por ela. Eu sou tímida e incapaz de me opor às pessoas. Não consigo defender quem eu amo, sou fraca. A Sara merece mais do que uma pessoa fraca pra ficar ao lado dela. Ela merece mais do que eu posso oferecer. É isso, para o bem da Sara, eu vou pro internato.

Yumi teve esse pensamento e um sentimento de angústia e tristeza veio sobre ela. Aquela era a sensação de decidir se afastar de uma pessoa amada. A sensação era quase insuportável e ela estava quase chorando mais uma vez. Então, numa forma de auto defesa, guardou esses sentimentos numa caixinha e os enterrou no fundo do seu ser. Decidiu que não iria sentir. Assim, a sensação de angústia e tristeza foi diminuindo e foi substituída por uma sensação de frieza. Um tempo depois, como se estivesse anestesiada dos próprios sentimentos, foi dormir.


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