Conversa entre amigos escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Papo 02 - A fera... não é uma fera (total)


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Eis mais um capítulo!

Essa história é parte integrante do projeto @Project_ShinoAburame que veio para apoiar e divulgar o Aburame Shino. O projeto tem ciclos, que nos dão os temas de cada história, espero que apoiem o projeto e essa minha história!

CICLO 02: Conhecendo a(o) sogra(o)

Dando os créditos:

Betagem da história: @Alanabruna615 - Muito obrigada
Capa da história: @GlayceUzumakiKen- Obrigada!



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— Qual a próxima história?! — Naruto se meteu na conversa. Sabia que os dois Ômegas não se bicavam, não queria acabar com o encontro, demorava demais para que o horário de todos se encaixassem!

Kiba sorriu largo e esfregou as mãos, olhando de modo significativo para Shino.

— Escutem essa, vocês não vão acreditar, mas meu marido sempre me surpreende! Tenho um causo ótimo para compartilhar, mas antes, que tal mais alguns petiscos?!

— Eu pego — Ino se ofereceu.

— Obrigado. — Kiba agradeceu.

Com o passar dos meses ficava cada vez mais letárgico na gestação.

— Eu ajudo — Shino disse oferecendo ajuda. Sabia que precisava montar alguns sanduíches e seria mais rápido daquele jeito.

Ambos foram até a cozinha e começaram a trabalhar com agilidade.

— Não me canso de dizer isso, mas vocês parecem felizes pra caralho. Parabéns — Ino sorriu ao confessar algo que não era segredo. — No começo tive receios, me desculpe por julgá-lo pela aparência. Fiquei com medo que o cara-de-cachorro tivesse encontrado um psicopata.

Shino meneou a cabeça. Ele cresceu sendo julgado, era uma sensação dolorosa com a qual estava acostumado, e ter uma barreira contra isso o ajudou a sobreviver enquanto crescia e aprendia os fundamentos da sociedade. O preconceito de Ino veio como um instinto do lado Alpha feminino, preocupado em proteger o amigo de infância que era um Ômega. Por mais que fossem companheiros destinados, não havia garantias de que o Alpha escondido por pares de óculos escuros e pesados casacos de gola alta, era uma pessoa decente. Assim como não existia nada garantindo o contrário. O instinto de preservação é o fator que desempatou aquela incógnita.

Na verdade, poucas vezes não foi discriminado logo à primeira vista, e quase todas essas “poucas vezes” tinham relação com alguém da família Inuzuka. Verdade que trouxe uma divertida lembrança à mente de Shino, enquanto ele cortava tirinhas de sardinha para colocar nos pães recheados com maionese, e se relacionava com o temido dia em que conheceu a sogra.

*****

Era um final de semana quente do começo de abril, poucos meses após encontrar e conhecer o Ômega que se tornou sua alma gêmea na comemoração de natal. A relação entre eles estava engraçada. O combinado por ambos foi de se aproximar com calma, antes de mais nada. Ainda que o lado Alpha e Ômega se determinassem companheiros perfeitos, as partes humanas pareciam diferentes demais para ser uma combinação tão boa.

Aburame Shino era um jovem homem de vinte e nove anos, que construiu uma empresa bem-sucedida enquanto ainda estava na faculdade e que colhia os bons frutos plantados. Era calmo, educado, muito aprumado e racional. O oposto exato do que descobria ser Inuzuka Kiba, quase como faces complementares da mesma moeda. Almas Gêmeas, que se tornam completas e unidas ao se encontrarem, não?

E entre os defeitos que tinha, Shino sabia que hipocrisia não era um deles. Nunca mentiria para si mesmo e negaria o forte desejo que começava a sentir por aquele universitário de dezenove anos, boca-suja e cabeça quente, que nada tinha de refinado ou lapidado.

Como explicar o coração?

Coração que sofreu um impacto quando Kiba o convidou para almoçar em família. Não podia existir uma ocasião melhor para isso do que o Hanami, poderia? Reunir a família no parque, sob as cerejeiras e fazer um piquenique animado.

Shino nunca havia feito algo assim. Seu pai era um cientista pesquisador que viajava a maior parte do tempo. A mulher que cuidava de Shino nessas ocasiões, o fazia bem. Ela era uma boa mulher, porém nunca tentou ir além dos cuidados mais básicos.

Junto ao fato inesperado de fazer um piquenique ao ar livre, havia o agravante de conhecer a provável futura sogra. O caminho indicava seguir esse rumo, porque o “se conhecer melhor” de Kiba envolvia alguns beijos e chamegos durante os encontros que agradavam muito ao casal (que ainda não era um casal). Se Inuzuka Tsume era um terço da mulher conforme Kiba a descrevia, Shino precisaria se preparar para enfrentar um dragão em forma de pessoa! Talvez uma quimera criada de um dragão, um tigre e uma fera ainda não descoberta pela humanidade, três seres que se fundiram e nasceram no mundo como a mãe daquele Ômega!

Era assustador!

Por isso trajou um elegante casaco que lhe chegava aos joelhos, os óculos de sol e uma blusa simples de gola rolê, que combinava com a calça social preta construindo uma imagem de requinte e elegância. Preparou uma cesta com guloseimas que fez na noite anterior e dirigiu até o parque onde encontraria a família Inuzuka. O rosto inexpressivo não revelava o nervosismo sentido. Nem ao enfrentar as piores reuniões com acionistas do mundo todo, Shino ficou tão nervoso e ansioso. Entendeu que queria agradar a (talvez futura sogra) mãe de Kiba! Algo que não teve com nenhum dos relacionamentos anteriores. Essa preocupação de que sua imagem despertasse o preconceito e ele fosse julgado como pouco digno.

Temores vãos, claro, como veio a descobrir aquela manhã mesmo, ao encontrar com Tsume, Hana e Naruto, que era tratado como um filho agregado à família. A primeira impressão ao encontrar com a Beta foi de força selvagem, pois assim como Kiba, ela exibia íris de constituição peculiar, cabelos bagunçados e gestos amplos. Uma força formidável que apenas as “mães tigres” possuíam. E que acolheu Shino com uma ternura inesperada depois de ouvir milhares de histórias ditas por Kiba. Hana era uma mulher de beleza impressionante, possuidora de olhos cálidos e gentis, e um sorriso terno de quem é muito ligada ao irmão caçula. Por fim, Naruto, o Alpha de cabelos loiros e sorriso sacana que não escondia a natureza travessa em momento algum.

Enquanto ajeitavam as toalhas sobre a grama, tão logo conseguiram um bom lugar debaixo de uma cerejeira florida, Tsume lançou o esperado discurso de mãe, que não era nada tradicional:

— O pai da Hana foi um homem incrível — ela começou a falar, ganhando a atenção dos jovens. — Que infelizmente faleceu cedo. Enquanto esteve vivo, foi um grande parceiro. Mas o pai do Kiba foi um grande traste. Só não foi uma decepção absoluta porque me deu um filhote que amo demais. Então eu sei o que é ter um bom e um mau companheiro. E acredito que meu filho merece ter só o melhor. Que tipo de companheiro você pretende ser, Aburame Shino?

— Mamãe! — Kiba resmungou com as orelhas vermelhas. Não era criança para sua mãe agir assim! Nem viviam no século passado. Além disso, levou outros namorados em casa e nenhum deles ouviu sermão.

Tsume fez um gesto de alerta na direção do filho e avisou:

— Quieto, Kiba! Não é um caso de namorico. Você me disse que ele é seu companheiro destinado. Esse é um laço que, se for consumado, não pode ser desfeito. Se tiver ao lado de um lixo feito seu pai, é para o resto da vida.

O Ômega silenciou. Eles conviveram com Shigure, seu pai, por algum tempo. Tinha apenas seis anos quando Tsume colocou o homem para correr, mas lembrava-se muito bem de como era ruim. Ele mantinha contato com Shigure nos dias atuais, por mais doloroso que fosse ver seu amado progenitor tão degradado pela bebida. Era um vínculo difícil de ser rompido.

Shino soube no mesmo instante que sua resposta seria um divisor de águas. E, mais importante ainda, percebeu que não havia qualquer tipo de julgamento ali. Tsume era o tipo de ser humano que não taxava o outro. Não julgou Shino por sua aparência, assim como não se deixou levar pelas conversas de Kiba. Seu discurso não trouxe positivo ou negativo, mas uma oportunidade neutra para que o próprio Shino mostrasse que tipo de Alpha era, provasse seu caráter e seus valores, criando a partir daí uma opinião a respeito do homem que nutria intenções com o filhote caçula. Foi a primeira vez que se sentiu assim, em muito tempo, sem sentir que precisaria desfazer alguma primeira impressão ruim.

Em um gesto automático, levou a mão até a de Kiba que repousava sobre o colo do rapaz, um sinal que se tornaria marca registrada do casal, e ofereceu um aperto carinhoso, cheio de afeto perceptível que em nada combinava com a figura sombria. E que todos logo descobririam ser uma das facetas de Shino, que trazia consigo características tão pontuais quanto a gentileza e a preocupação com o bem-estar alheio.

— Pretendo que Kiba tenha apenas o melhor, ser um companheiro com quem ele possa contar.

Aparentemente havia certeza e firmeza o bastante naquela frase para satisfazer Tsume, pois a mulher sorriu exibindo as presas afiadas, característica marcante herdada por Kiba, e pegou uma vasilha de plástico cheia de bolinhos de arroz, para oferecer como início do piquenique.

— Excelente! Se não cumprir sua promessa eu esfarelo suas bolas — ameaçou com uma fineza que ninguém no mundo acreditaria. Tanto que Shino demorou dois segundos para compreender o sentido real daquelas palavras, enquanto sentia uma gotinha de suor frio deslizar pela nuca.

Naruto riu escandaloso, deixando escapar um “pobre coitado”. Enquanto Hana dizia algo sobre dar dicas de como lidar com seu irmãozinho. Fatos ignorados pela mente de Shino, que teve consciência apenas do apertão carinhoso que levou de volta da mão que ainda segurava. Notou a expressão mal-humorada de Kiba, que exibia um charmoso biquinho de contrariedade, tendo certeza inquestionável de que a ameaça de Tsume nunca precisaria ser levada a termo. Seu lado animal reconheceu aquele Ômega como companheiro perfeito, e o lado humano dava um passo a cada dia nessa mesma direção. Pouco a pouco a felicidade do parceiro era tão importante quanto a própria felicidade.

Aburame Shino era esse tipo de Alpha.

*****

— Shino? — Ino perguntou divertida. De repente o Alpha havia caído em um silêncio reflexivo após ter terminado de picar as sardinhas — Tá tudo bem aí?

— Sim — o homem respondeu um tanto sem graça. Não tinha perfil de se perder em pensamentos e lembranças. Seria resultado dos últimos dez anos convivendo com Inuzuka Kiba?

— Então vamos voltar para a sala? Aquele moleque deve estar com a língua coçando de vontade de contar história — ela riu só de pensar no Ômega impaciente para voltar ao palco da noite.!

Shino sentiu a onda de acalento envolvê-lo, concordando mais do que depressa. Era uma coisa que faria sem pensar duas vezes: seu companheiro feliz.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

Vejo vocês no próximo ciclo ♥



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