Os amigos estavam reunidos para mais um chá da tarde, um pequeno grupo que se conheceu na época do Ensino Fundamental, e que manteve a amizade ao longo dos anos. Era mais do que isso, alguns descobriram o amor, como o caso de Uzumaki Naruto e Uchiha Sasuke,; assim também como Sabaku no Gaara, que veio de Sunagakure ainda na infância fazer intercâmbio em Konoha e ao crescer se envolveu com Yamanaka Ino, estabelecendo uma sólida relação..

O único que não pertencia ao grupo era Aburame Shino. Ele se juntou aos amigos mais tarde, quando conheceu Inuzuka Kiba e se apaixonou pelo rapaz.

E essa era a história que seria contada naquele instante. O grupo encontrava-se no apartamento de Shino, que era grande o bastante para acomodá-los com conforto.

— Aqui — Kiba voltou para a sala ao lado de seu companheiro, ambos trazendo bandejas com petiscos que foram servidos aos demais — Foi o Shino quem fez, ceis sabem que ele cozinha pra caralho né?

— Foi assim que vocês se conheceram, não foi? Num jantar? — Naruto indagou. Sabia a história de cor e salteado, mas adorava ouvir porque era muito divertida.

Kiba estufou o peito e Shino ajeitou os óculos na ponta do nariz, lançando um olhar significativo na direção do outro Alpha. A convivência entre ambos era boa, sem nenhum resquício do territorialismo tão característico da casta. Shino tinha um traço de controle excelente, como todo membro do Clã Aburame que, por consequência, precisava manipular milhares de kikaichuu, pequenos insetos que viviam no corpo de seu hospedeiro. Apenas uma vez esse controle escapou de suas mãos, resultando numa das que se tornaram a história favorita dos tempos de reunião.

— Eu vou contar — Kiba sentou-se no sofá e fez menção de pegar uma latinha de cerveja, mas Shino a tirou de suas mãos antes que tivesse tempo de abrir — Eita, porra! Esqueci — gracejou passando a mão pela barriga arredondada de seis meses de gestação. Estava temporariamente proibido de beber qualquer coisa alcoólica — Tudo aconteceu no jantar de confraternização da empresa...

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Era dezembro e o clima havia caído para bons três graus abaixo de zero depois de uma inesperada tempestade de neve. Shino chegou atrasado à celebração de Natal da “Aburame TechControl”, empresa de sucesso que criou e prosperou muito. E que conseguiu um contrato de sucesso com a Universidade Federal de Konoha, para ampliar o campo de pesquisas.

Aburame Shino chegou na festa causando furor. Afinal, um Alpha alto, elegante, bonito pra caralho e...

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— Kiba, não fode. Conta direito — Naruto ralhou.

— O que foi? Só estou realçando as características do meu marido, ele é um partidão!

— Kiba... — Shino balançou a cabeça negando.

— Exagerei, marido? — Ofertou um sorriso de dentinhos afiados, mas Shino não caiu no golpe.

— Um pouco.

— A festa foi na Universidade ou na Empresa? — Sasuke perguntou de nariz torcido. Cada vez que Kiba contava a história ela sempre tinha algo de diferente

— Foi na empresa. O Shino não chegou causando tudo isso. Foi mais discreto — Kiba fez um bico. Não gostava muito de ser contrariado — Eu já estava por lá, mas só nos encontramos depois...

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Shino chegou trajando um casaco longo, nos modelos que sempre usava, e os inseparáveis óculos de sol. Logo notou alguns funcionários da empresa circulando, assim como alguns alunos selecionados de projetos de pesquisas promissores. Alphas, Betas e Ômegas circulando, conversando e se divertindo. Lanche em fartura, decoração de natal agradável dando um tom vermelho, verde e branco ao grande salão de reuniões onde seria servida uma bela ceia.

— Aburame-kun, seja bem-vindo! — Um dos professores se aproximou de Shino e o cumprimentou — A festa está muito agradável, sua empresa foi construída em um prédio excelente. Nossa faculdade está honrada em celebrar esse contrato.

— Nossa empresa irá ganhar muito também, vocês têm projetos promissores, Iruka-sensei — agradeceu ao elogio do professor Ômega.

A maior área de interesse de Shino estava nos jovens talentos do curso de Entomologia, sua intenção era associar nanotecnologia e insetos para ajudar a humanidade a combater a extinção, mas viu também pesquisas interessantes na área de Biologia e Medicina Animal. Era um homem visionário, não queria restringir as possibilidades.

Ambos conversaram mais alguns minutos, antes que se separassem para cumprimentar outras pessoas. Enquanto dava uma volta pelo salão de reuniões, os olhos argutos notaram algo incomum: uma pessoa mais ao canto, isolada de todos os demais, como se tivesse excluída! Cena que incomodou Aburame Shino.

Ele nasceu no Clã Aburame, que por si só carregava o estigma de manipular insetos, uma técnica olhada com desconfiança pelos demais. Além disso, sua aparência era julgada de modo superficial como sinistra, quase assustadora. Preconceito que o fez crescer solitário e sem amigos.

Shino conhecia a dor da solidão, não queria que ninguém passasse por isso, não na sua empresa, muito menos durante uma ceia de natal, por isso resolveu se aproximar daquela pessoa isolada e tentar descobrir se estava desconfortável ou sendo ignorado pelos demais.

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— E foi aí que a porra saiu do controle! — Kiba esfregou as mãos com empolgação.

Shino suspirou, pouco orgulhoso de seu comportamento. Tão logo aproximou-se alguns passos e notou que era um rapaz, um jovem Ômega, e não era apenas isso: seu lado animal foi bombardeado com o cheiro suculento e irresistível de morangos, enquanto o Alpha reconhecia aquele Ômega como seu companheiro destinado. Foi uma sensação tão estonteante e primitiva que ele perdeu o controle dos kikaichuu por dois segundos, tempo suficiente para que os animaizinhos saíssem de seu corpo e se espalhassem pelo salão como uma nuvem viva e pulsante que envolveu todos os convidados da festa, criando pânico e confusão.

No meio do caos que se instalou, apenas o Ômega reconhecido não foi tocado pelos insetos, ficou observando impressionado, parando de comer os petiscos de um pratinho, assistindo as pessoas gritando assustadas, se debatendo e tentando se livrar dos insetos.

Um instante depois Aburame Shino recobrou o sangue frio e o controle, recolhendo todos os bichinhos para a proteção de sua pele, tentando reorganizar os pensamentos. Os staffs da empresa já iam tomando conta da situação, treinados e habilidosos para acalmar o pânico e tentar salvar a confraternização de um desastre maior.

E Shino foi esclarecer aquela história, tentando encaixar todas as peças do que se tornou um inesperado quebra-cabeças.

— No fim, Kiba não estava isolado nem solitário — Shino explicou colocando a mão sobre a de Kiba, que descansava na grande barriga — Ele invadiu a festa de penetra e estava tentando passar despercebido.

— E justo o dono da empresa me pegou com a boca na botija!

— Nos salgadinhos e na bebida, você quer dizer... — o Alpha corrigiu.

— Mas é muito cara de pau — foi a vez de Ino participar da conversa.

— Não apenas o dono da empresa — Shino suspirou — Seu companheiro destinado.

Era notável o tom de carinho dito naquelas três palavras simplórias. Ao descobrir o invasor, Shino descobriu uma gama de bênçãos com as quais sequer sonhava encontrar: um parceiro, muito amor envolvido, e uma família. O descontrole dos insetos que poderia ter causado um prejuízo assustando os convidados, foi usado como uma “jogada de Marketing”, que chamou a atenção e impressionou todos. A noite foi salva de várias maneiras diferentes, acabando por se tornar uma cálida lembrança na vida a dois.

— E lá se foram dez anos — Kiba completou com carinho — Um partidão encontrando outro partidão. Destino é foda pra caralho.

— E ficaria melhor sem você falando com a boca cheia — Sasuke resmungou. Ele tinha certo apreço por Shino, mas não suportava Kiba mais do que o necessário para a convivência do grupo de amigos.

— Qual a próxima história?! — Naruto se meteu na conversa. Sabia que os dois Ômegas não se bicavam, não queria acabar com o encontro, demorava demais para que o horário de todos se encaixassem.

Kiba sorriu largo e esfregou as mãos, olhando de modo significativo para Shino.

— Escutem essa, vocês não vão acreditar, mas meu marido sempre me surpreende! Tenho um causo ótimo para compartilhar... mas antes, que tal mais alguns petiscos?!