O Enigma de Delfos escrita por valberto


Capítulo 1
Capítulo 1 - De volta ao Lar


Notas iniciais do capítulo

Essa é a continuação da história https://fanfiction.com.br/historia/460709/Os_novos_herois_do_Olimpo/, concluída em 2016. Cinco anos depois dos eventos narrados lá, Oliver seus amigos estão às voltas com um novo desafio.



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Era o fim do dia no acampamento meio-sangue do Vale do Amanhecer. Nathália sentou-se pesadamente em sua escrivaninha, puxando para perto de si um livro de registros. Tinha que anotar o que tinha se passado no dia de hoje, o último treino do ano antes do Natal. Ela olhou a data. Já faz cinco anos desde a batalha do Santuário. Cinco anos desde que ela e seus companheiros saíram em missão para salvar Zeus de sua prisão e libertar o Olimpo das garras de Apolo. Parece que foi ontem. Como o tempo voa. 

Nathália esticou o braço e alcançou um porta-retratos. A última foto da gang reunida. Foi tirada logo após a batalha com Apolo. Estavam todos lá: estropiados e sorridentes, sem ao menos suspeitar o que tinham conquistado ou o que o futuro lhes reservava. 

— Está saudosa hoje? - A voz de Verônica pareceu tirar a irmã de seu transe.

— Apenas relembrando um pouco. Esse ano não foi tão emocionante quanto aquele em que salvamos Zeus, mas com certeza não foi sem desafios. 

— É muito fácil morrer por uma causa. Morre-se apenas uma vez. - Ponderou a amazona sentando-se na escrivaninha de Nathália a atualizando os escritos  do diário. - Mas ficar e lutar... Esse deveria ser o verdadeiro desafio do herói. 

— Pelo que passamos esse ano,eu acho que o termo correto é “deve ser” e não “deveria”. Sabe, eu sempre me perguntava porque as histórias dos contos de fadas terminam em “e viveram felizes para sempre”. Além de ser tedioso, acho que ninguém quer saber como é que a Branca de Neve se desenrolou lá com o príncipe encantado. - Desabafou Nathália, colocando o porta-retratos no lugar. 

— De qualquer forma, temos visitantes. Você como a chefe do Acampamento Meio-Sangue deve vir recepcioná-los. 

— E quem é que são essas visitas assim tão importantes? 

— Você vai ver. 

Nathália resignou-se. Ter a irmã por perto era um sonho realizado. Mas Verônica tinha um jeitinho de guardar segredinhos que não lhe agradava.É como se estivessem sempre descascando uma cebola para chegar no centro de uma conversa. Camadas e mais camadas. Por fim ajustou melhor a armadura de couro e pôs-se em marcha para o salão comunal. 

Nathália percebeu a comoção logo nos primeiros passos para fora do chalé de Ares. Havia uma concentração de campistas em volta do salão comunal. As pessoas se acotovelavam para ver o que quer que estivesse acontecendo lá dentro, embora nenhuma delas tivesse coragem de entrar. Afastando os campistas, Nathália abriu caminho entre eles, finalmente adentrando o salão. Ela mal pode conter o grito de espanto quando viu a cena a seguir. 

Olver e Eric estavam sentados numa das mesas, conversando animadamente. Oliver estava mais lindo do que nunca, com uma barba bem fechada emoldurando o rosto. Eric não ficava atrás: estava com o cabelo trançado finamente e um sorriso de fazer inveja a um filho de Afrodite. Bem ao lado deles estava Isabel, sentada no tampo de uma das mesas, tricotando alguma coisa com um enorme novelo de lã grossa cor de rosa. Ela estava mais madura e vestia um longo vestido jardineira, florido e de bom gosto. Mas o que Nathália não esperava ver era Jade sentada mais ao fundo, com seus longos cabelos loiros trançados à moda do norte e com um enorme barrigão de gravidez. 

— Olha, no meu tempo de campista a segurança aqui era melhor… - Começou Oliver. - Quando eu cheguei aqui pela primeira vez, fomos cercados pelos lanceiros do Santuário. 

— É isso aí, parça… - Respondeu Eric. - E até o velho Dezan veio nos receber. Mas e agora? 

— Você lembra que a gente arrumou treta justo com a Jade assim que chegou? 

— Como esquecer? Aquela lapada que ela deu na minha boca ainda dói quando eu tomo sorvete muito gelado. 

— Oh meu príncipe… Eu achei que Mormo tinha sido a causadora da sua marca de batalha na boca… Na luta épica que você teve com ela. Mas agora sei que devo redobrar meus cuidados com você. Uma flechada de Jade é muito mais perigosa que as garras assassina de Mormo - Disse Isabel piscando para a amiga, que sorriu. 

— É que eu usei uma flecha de treino! - Reagiu Jade, fingindo espanto. - Se eu usasse uma de verdade…

— Eu estaria enfrentando monstros no Tártaro até agora. 

Antes que as piadas pudessem continuar os quatro já estavam enfiados no abraço caloroso e apertado de Nathália. 

— Seus dois trastes! - Ralhou ela com ternura na voz. - Que ideia é essa de sumirem por tantos anos sem dar notícias? E olha como os dois cresceram! Dá vontade de apertar até tirar cada grama de ar de seus pulmões. E você Jade? Está linda! 

Poucos minutos depois era como se quinteto não tivesse se separado por um dia sequer. Eram de novo os pivetes de dezesseis anos que cumpriram a profecia e salvaram o dia. 

Ao verem a líder do Santuário tão carinhosa com os recém-chegados, o restante dos campistas foi entrando no salão. Logo estavam todos enturmados, ouvindo atentamente as histórias contadas por Eric. 

Não demorou e o jantar foi servido. 

— Nathália, você está fazendo um trabalho incrível aqui no santuário. Está tudo tão arrumado que nem parece que alguns anos atrás esse lugar parecia mais um campo de batalha. - Comentou Oliver. 

— Obrigada. Com o dinheiro e os recursos doados pelos deuses após a batalha com “você sabe quem” as coisas se acertaram. 

— “Você sabe quem”? O que? Lutamos com Valdemort? - Perguntou Eric, cuspindo uns pedaços de macarrão com molho enquanto falava espantado. Algumas coisas não mudaram, pensou Nathália. 

— Fizemos um acordo com os deuses ao fim daquela aventura. Não era certo levar a pecha de traidores a todos os filhos de Apolo. O próprio deus já pagou sua penitência pelo que eu sei. Apenas os deuses envolvidos, os líderes dos chalés e nós sabemos o que aconteceu. Por isso, para evitar constrangimentos desnecessários não dizemos Apolo. Dizemos “você sabe quem” - Comentou a líder do santuário, mexendo as mãos fazendo aspas no ar. 

— Parece-me justo. - Respondeu Jade - Não tenho mais parentesco com Apolo, mas ainda sinto carinho por meus antigos irmãos e irmãs. Quando terminar aqui eu gostaria de visitar o chalé de Apolo. Ver como é que estão as coisas. A líder do chalé ainda é…? 

— Lya? Não. Ela terminou os estudos e passou para uma faculdade no sul. Não tenho muitas notícias dela. O chalé de Apolo tem um novo líder. Um menino. Pedro. Uma gracinha de cabelos loiros encaracolados. Parece um anjinho barroco. Toca guitarra que é uma beleza. 

— Vi muitos rostos novos. Cadê o pessoal das antigas? - Perguntou Eric. 

— Lucas mudou-se para o Canadá. Não me pergunte porque. Ele continua casado. Karina e BêPê estão numa missão para os deuses. Desde a missão para enviar a mensagem do arco-íris, as duas ficaram muito unidas. Eugênia tornou-se a tutora das crianças. Os meninos a adoram. 

— Ela faz o mesmo que Filoctetes fazia? - Perguntou Jade. 

— Sim. Arrisco a dizer que é a sucessora espiritual do velho bode. Engraçado. Estava pensando em vocês hoje mesmo, pouco antes de Verônica me chamar para anunciar a sua presença. Não pode ser coincidência. 

— E não é. - Disse Oliver em tom soturno. - Estamos em uma missão especial e preciso que você cuide de uma coisa muito especial para mim. 

— Claro. O Santuário e seus recursos estão à disposição. O que você precisa que eu cuide? 

— Eu. - Respondeu Jade. 

A noite prometia ser longa.


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