Galena, A Protegida de Valfenda escrita por Regina Ciccone


Capítulo 8
Sete.




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Os humanos e os elfos ainda não tinham percebido que os anões tinham ido embora, mas logo se dariam conta por dois pequenos motivos: Primeiro; A calmaria havia voltado em Valfenda. E esse é um grande motivo! Além da farra extrema que os anões fizeram nos dias em que acamparam nas terras do senhor élfico, eles também deixaram um rastro de bagunça, sujeira e escassez de vinho. Segundo; Galena tinha partido com eles.
 Bilbo realmente sentiu muito em ter que ir embora do Vale De Ladris. Caminhando para os limites dos hermos ele torceu muito para que a missão dos anões fosse um sucesso fazendo com que ele voltasse com vida para o Condado e quem sabe lá na frente, quando estivesse bem velhinho terminar seus dias em algum reino élfico tranquilo e mágico.
 -Que pena que ela não quis vir. Seria bom tê-la conosco. Disse Bofur a Bilbo.
 Neste momento a companhia ouviu uma voz feminina se aproximando:
 -Pessoal! Esperem!
 Galena se aproximou da trupe e perguntou:
 -Aonde pensam que vão sem mim?
 Bofur a recebeu com um sorriso caloroso e Bilbo chegou tão perto dela que se alguém olhasse-os de relance poderia pensar que eram até siameses. Absurdo? É sim, eu sei, mas não há comparação melhor.
 -Fiquem atentos! Estamos prestes a entrar no limite dos hermos. Balin, você conhece essas trilhas. Conduza. Mestre Bolseiro e guerreira Galena sugiro que apertem o passo. Bradou Thorin.
 Galena e Bilbo deram uma última olhada para trás, para Valfenda, depois se entre olharam, suspiraram e começaram a caminhar.
 Depois de muitas horas andando Galena se deu conta que caminhava na dianteira, ao lado de Balin, e o mesmo disse:
 -É muito nobre da sua parte deixar sua vida e seu cotidiano para se juntar a nós. Em uma missão que sei que você não sabe muito bem sobre... O anão terminou a frase num risinho.
 -Faço por Gandalf.
 -Mesmo assim. É nobre.
 -Balin, ele sempre é assim? Galena deu uma olhadela para trás, para indicar para Balin que estava perguntando de Thorin.
 -"Assim" como senhorita Galena?
 -Assim tão... Duro com os outros e com ele mesmo.
 -A vida de Thorin não é fácil.
 -Pode me contar mais sobre ele?
 Balin disfarçou e olhou para trás. Thorin caminhava numa certa distância perdido em pensamentos com a cabeça baixa.
 -Havia a cidade de Vale. Seus mercados tinham grande reputação, repletos das melhores iguarias da região. Pacífica e próspera. Pois essa cidade ficava em frente as portas do maior reino da Terra-Média; Erebor. Fortaleza de Thrór, Rei sob a Montanha, o mais poderoso dos senhores dos anões. Thrór governava com uma confiança absoluta nunca duvidando que sua casa duraria pois sua linhagem estava segura nas vidas de seu filho Thráin e seu neto Thorin. Ah Galena... Erebor construída no interior da própria montanha. A beleza dessa cidade fortaleza era lendária. Sua riqueza estava na terra em gemas preciosas extraídas da rocha e em grandes veios de ouro correndo como rios pelas pedras. A habilidade dos anões era inigualável. Criavam objetos de grande beleza feitos de diamantes, esmeraldas, rubi e safira. Chegaram a cavar bem fundo, descendo até a escuridão e foi lá que eles encontraram!
 -Encontraram o que Balin?
 -O coração da Montanha. A pedra Arken! Thrór a chamou de "A jóia do Rei". Ele interpretou como um sinal. Um sinal de que seu direito de governar era divino. Todos deveriam reverência-lo, até mesmo o grande rei élfico Thránduil. Enquanto a enorme riqueza dos anões crescia seu suprimento de boa vontade desvanecia. Ninguém sabe exatamente o que gerou a cisão. Os elfos dizem que os anões roubaram o seu tesouro, os anões contam outra história. Eles dizem que o rei élfico recusou dar a eles um pagamento adequado. É triste Galena como antigas alianças podem se quebrar. Como a amizade entre povos pode se perder e isso pra que? Lentamente os dias se tornaram desagradáveis e os mais próximos ao rei se preocupavam. O amor de Thrór por ouro se tornou intenso demais. Uma doença começou a crescer dentro dele. Era uma doença da mente e onde uma doença surge coisas ruins acontecem. Primeiro o que ouviram foi um barulho como de um furacão vindo do norte, os pinheiros das montanhas rangeram e se quebraram com o vento quente e seco. Era um dragão de fogo do norte; Smaug havia chegado. Muita crueldade gratuita foi perpetrada neste dia, pois essa cidade de homens não era nada para Smaug e seus olhos estavam fixos em outro prêmio. Os dragões almejam ouro com um desejo sombrio e feroz. Erebor foi perdida, pois um dragão guarda seu tesouro enquanto viver. Nenhuma ajuda veio dos elfos naquele dia e em nenhum dia desde então e Thránduil não arriscaria a vida de seu povo contra a fúria de um dragão. Destituídos de sua terra natal, os anões de Erebor vaguearam pelas terras selvagens. Um povo poderoso, agora derrotado. O jovem príncipe Thorin aceitou empregos onde ofereceram, trabalhando em vilarejos de homens, mas ele sempre se lembrava da fumaça da montanha cobrindo a lua, as árvores tochas em fachos de luz, pois ele tinha visto o fogo do dragão no céu e uma cidade virando cinzas. Thorin nunca perdoou e nunca esqueceu.
 -Balin, eu estou arrepiada. Disse Galena com olhos enormes, coração batendo na garganta e boca seca.
 -Eu também minha querida, eu também.
 -Mas o que exatamente aconteceu com o avô e o pai de Thorin?
 -Bem... Depois que o dragão tomou a Montanha Solitária o rei Thrór tentou reconquistar o antigo reino anão de Moria. Moria havia sido tomada por legiões de Orcs, liderados pelo mais repugnante de toda a sua raça, Azorg, O Profano. O Orc gigante de Gundabad havia jurado destruir a linhagem de Durin. Ele começou decapitando o rei. Thráin, pai de Thorin ficou louco devido a perda e ele desapareceu, foi feito prisioneiro ou morto, nós não sabemos. Estávamos sem liderança. A derrota e a morte eram eminentes e foi quando eu o vi.
 Balin deu uma pequena pausa nos passos, virou-se para trás e vislumbrando Thorin continuou:
 -Vi um jovem príncipe anão encarando o Orc pálido. Ele lutou sozinho contra esse terrível inimigo com a armadura partida e usando apenas um tronco de Carvalho como escudo. Azorg, O Profano descobriu naquele dia que a linhagem de Durin não seria destruída facilmente.
 -O que Thorin fez para o Orc se dar conta disso?
 -Num momento da luta que acontecia entre os dois, Thorin decepou metade do braço direito de Azorg com a espada. Thorin pediu para que aguentássemos com firmeza. Nossas forças se renovaram e então os Orcs recuaram. Nossos inimigos foram derrotados, mas não houve celebração ou canção naquela noite, pois nossos mortos estavam acima de qualquer luto. Poucos de nós sobrevivemos e então pensei comigo mesmo: "Aí está alguém que eu poderia seguir, aí está alguém que eu chamaria de rei". Este alguém é Thorin.
 -Azorg ainda vive?
 -Thorin acha que não, mas creio que ele está enganado.
 Balin deu leves tapinhas no braço de Galena e recomeçou a andar.
 Agora tudo fazia sentido na cabeça da moça; as coisas que ela e Bilbo escutaram de Elrond escondidos e o jeito como Thorin agia, sempre de olhar baixo e ombros enrijecidos, pesaroso e triste. Thorin realmente havia passado por muitas coisas difíceis no passado e ainda estava sendo duro para ele. Galena teve vontade de aproximar-se e iniciar uma conversa, e assim o fez:
 -Estamos caminhando há uns bons dias e já posso sentir o clima mudando. O vento está ficando gelado.
 Thorin sempre ficava nervoso quando Galena se aproximava dele, e isso a jovem nem se quer desconfiava, pois o príncipe anão estava se esforçando muito bem para não deixar transparecer. Galena por sua vez sempre se sentia ridícula quando Thorin olhava para ela porque suas bochechas incontrolavelmente queimavam como fogo.
 Também não é para menos, pois olhar para Thorin era algo bem interessante para a moça. O jeito como as sombrancelhas dele faziam o seu olhar carrancudo e o modo de seus cabelos caírem pelos ombros deixava Galena desnorteada, sem falar do volume de seus ombros largos sob a roupa e as mãos grossas... Essas características deixava-a desconcertada.
 -Talvez não demore muito para começarmos a pisar em neve. Suas roupas são quentes o suficiente? Se você quiser posso dar o meu casaco pra você...
 Neste momento Bilbo veio correndo em direção a Galena:
 -Quando fizermos uma pausa para comer, você vai procurar cogumelos?
 -Vou sim! Aliás, não são cogumelos ali?
 Bilbo avistou os fungos na direção que Galena apontava, agarrou a mão da moça e saiu correndo levando Galena consigo. Depois de alguma distância Galena se virou e disse para Thorin ouvir:
 -São quentes sim! Mas se eu precisar aceito o seu casaco também. E foi com Bilbo colher o jantar.
 Foi um misto de emoções em Thorin, e uma dessas emoções foi de um sentimento muito aborrecido com o hobbit, porque não era a primeira vez que Bilbo atrapalhava qualquer aproximação de Thorin e Galena. Mas deixando o aborrecimento de lado, Thorin voltou a olhar para baixo reprimindo um grande sorriso de imaginar Galena vestindo uma roupa sua.


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