Alquimia escrita por Ingrid Reis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Hoje vocês vão conhecer outro personagem da história, espero que o amem hahahahah



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Quase me arrependi ao entrar e ouvir batuques de tambor e sentir o cheiro forte de incenso, mas o ar de mistério me atraiu; e eu tinha que confessar que amava um suspense.

A loja era consideravelmente pequena e estava cheia de coisas que eu nunca tinha visto espalhadas por todos os lados; haviam máscaras tribais de aparência assustadoras; talvez para espantar os maus espíritos; ri sozinha. Em um balcão de vidro haviam pedras de todas as cores e eu perdi uns dois minutos admirando-as; eram lindas. Tinha até gnomos de jardim, e é claro; muito incenso, de todos os tipos.

— Seja bem vinda, minha criança. - me assustei quando uma senhora apareceu. Eu encarava um pequeno macaco que estava em cima do balcão; ele parecia ser empalhado, mas quando a senhora apareceu o macaco correu e pulou nos ombros dela, enroscando a calda em seu pescoço. - Você veio saber sobre a sua missão neste planeta. - ela disse.

— Er... sim. - respondi meio incerta. 

— Isso não foi uma pergunta, criança. Venha, eu estava lhe aguardando, já preparei a mesa lá atrás. - ela disse antes de sumir pela porta que havia nos fundos da loja.

Ok, agora entendo porque essas pessoas ganham rios de dinheiro; eles eram bem convincentes.

Eu a acompanhei até os fundos, que deu em uma pequena sala com uma mesa redonda no centro do cômodo, com duas cadeiras. Ela se sentou em uma e fez um gesto indicando que eu deveria me sentar à sua frente. O macaco tinha desaparecido.

— Hm, Madame Titi, antes de começarmos, eu gostaria de saber qual é o valor da...

— Essa consulta é de graça, querida, o destino a trouxe até mim e é meu papel servir de canal aos deuses neste momento. - tudo bem, admito que agora eu realmente estava assustada; não pela mulher, mas pela situação e por sua firmeza.

Na verdade ela era uma senhora de aparência agradável; um pouco gordinha, cabelos totalmente brancos ondulados até a cintura e seus olhos eram extremamente azuis e dóceis; mas muito firmes. 

Eu não era o tipo de pessoa medrosa; tinha esperado por sentimentos intensos por toda a minha vida e de alguma forma eu sentia que podia confiar naquela mulher.

— Vou consultar as cartas e através delas irei ler as energias que estão à sua volta. - balancei a cabeça em concordância e assisti hipnotizada ela embaralhar as cartas de forma habilidosa. - Não é uma leitura sobre o futuro, como muitos dizem por aí. Não existe algo assim, pois o futuro está sempre mudando; cada pequena decisão que tomamos pode alterá-lo completamente. As cartas apenas mostram as energias que estão à sua volta e eu sou sensitiva o suficiente para poder lê-las. - ela explicou enquanto distribuía as cartas na mesa. - Vejo que você é uma mulher sensível e cheia de sentimentos reprimidos, como a maioria das pessoas neste plano da terceira dimensão. Mas seu coração é puro, é o coração de uma guerreira, é conectado com o divino, mesmo que ainda não saiba disso. - ela sorriu e meu coração acelerou. - O universo já tentou lhe dizer isso de muitas maneiras e agora ele fala através das cartas; você deve se abrir, minha criança. O mundo a aguarda; existem mistérios a serem desvendados, existem nós que só você pode ajudar a desenrolar; as pessoas a sua volta precisam de você, precisam ouvir as palavras que apenas o seu coração amoroso pode dizer. Se você permanecer fechada não entenderá a linguagem que o mundo fala. Você precisa deixar que a lótus em seu coração desabroche para receber a luz do sol. - ela me encarou, mas parecia não estar lá, seu olhar estava perdido.

— Como eu posso fazer isso? - perguntei sem fazer idéia do que ela queria dizer.

— Você deve se atentar aos sinais.

— Quais sinais?

— Os sinais estão por todas as partes, em tudo. Lembre-se que tudo faz parte do universo, todos nós estamos conectados; compartilhando este dia, esta vida, o tempo todo.

— Eu não entendo.

— Você vir até aqui hoje foi um sinal; assim como eu sabia que você viria, você sabia que deveria vir, mas não acreditou no início. - me senti um pouco envergonhada. - Não se envergonhe; com o passar do tempo você vai aprender a reconhecê-los.

— Qual é a minha missão de vida, Madame Titi? - eu perguntei com sinceridade, agora não mais duvidando de suas intenções.

— Você deve viver com intensidade, criança. Abra os seus olhos para o mundo e o mundo se abrirá para você. - fiquei um pouco decepcionada por sua resposta, pois esperava algo mais específico. Ela pareceu notar o meu desapontamento, pois sorriu com ternura. - Escute o seu coração, não deixe que sua mente entre no caminho. - concordei, ainda sem entender muito bem o que ela queria dizer. - É só isso, você pode ir agora. - disse de forma gentil.

Eu me levantei, ainda presa em meus pensamentos e caminhei até a parte da frente da loja. Notei que o macaco estava de novo em cima do balcão, totalmente imóvel. 

Não parecia certo ir embora sem pagá-la de alguma forma, mas ela se recusou a receber dinheiro pelo atendimento. Uma pedra de cor violeta me chamou a atenção e então eu decidi comprá-la. A Madame Titi me agradeceu e sumiu pela porta dos fundos.

Eu fui embora, com a pedra em meu bolso, sem entender nada do que tinha acontecido. 

Como eu reconheceria sinais que até dez minutos atrás eu nem sabia que existiam? E como eu saberia para o que deveria me abrir? 

Eu ainda estava presa em meus pensamentos enquanto caminhava de volta para casa e demorei para notar que Emmett estava em frente ao prédio em que eu morava com Rosalie. Ele estava sentado em um dos degraus, de cabeça baixa.

— Emmett? - ele se levantou rápido quando me viu.

— Bella, oi. - ele estava sem jeito.

— Emmett, sinto lhe informar, mas a Rosalie já foi para sua viagem.

— Oh, eu sei disso. Na verdade eu, hm, queria conversar com você. - ele realmente parecia sem graça ao falar.

Emmett e eu nunca havíamos conversado de verdade. Nas vezes em que ele estava em casa com Rosalie eu ficava em meu quarto para lhes dar privacidade, então não havia intimidade; só tínhamos sido educados um com o outro até então. Eu estranhei que ele quisesse conversar comigo, mas, por Rosalie, o convidei para entrar. 

Eu fiz um café para nós dois e nos sentamos na sala. Ele parecia uma criança que tinha aprontando algo e não sabia como contar para a mãe e isso fez com que eu tivesse compaixão por ele.

— Então... você quer conversar? - ele respirou fundo e assentiu.

— Sei que nós não temos intimidade nem nada, aliás me desculpe por aparecer aqui assim, mas a verdade é que eu só tenho os meus irmãos para conversar e eles só sabem falar besteiras quando o assunto é relacionamento. - eu ri e ele pareceu ficar mais confortável. - Por isso vim até aqui para, sabe, talvez você possa me aconselhar em relação a Rosalie. Ela deve ter te falado que pediu um tempo. - vi sua expressão mudar para tristeza.

— Sim, ela me contou.

— Ela disse que eu tive um ataque de ciúmes?

— Sim, ela disse. - ele assentiu, sem jeito. 

— Olha, eu cresci com dois irmãos homens, minha mãe faleceu quando nós ainda éramos crianças. - Oh! Eu não sabia disso.

— Sinto muito por isso.

— Tudo bem. - sua expressão se suavizou. - Eu não tive muito contato com o mundo feminino e não sei muito bem como agir. - ele suspirou, parecia com alguém que não dormia há alguns dias. - Rosalie é importante para mim. - ele me encarou. - Eu a amo, sinto isso e não quero perde-la. - eu senti a sinceridade em suas palavras e fiquei feliz por Rosalie porque eu sabia que ela também o amava.

— Ela também o ama, Emmett. - ele assentiu, ainda me encarando como se para saber se eu falava a verdade. - Sinceramente, ela o ama. - ele respirou fundo.

— Ela pediu um tempo. - eu suspirei.

— Você tem que entender o lado dela.

— É o que eu estou tentando. - eu ri de sua expressão de desespero. - Você ri, mas vocês mulheres são muito confusas; nunca dizem o que querem. Apenas agem como se nós homens devêssemos saber o porquê de vocês agirem de determinadas formas. - eu ri mais alto e ele acabou rindo também.

— Sim, isso eu tenho que admitir. Mas o problema é que vocês homens nem se esforçam para tentar entender. 

— O que? - ele ficou indignado. - É mais fácil aprender a falar chinês do que decifrar vocês.

— É mandarim. - ele me olhou confuso. - Não se fala chinês, se fala mandarim.

— Vê o que eu digo?! - eu não pude segurar a risada.

— Olha, Emmett, eu acho que Rosalie apenas quer que você confie nela.

— Eu confio nela, Bella! - ele se levantou e começou a andar pelo apartamento. Eu aproveitei para me servir de mais uma xícara de café e ele fez o mesmo.

Agora eu me sentia mais à vontade em sua presença e eu acho que ele compartilhava do mesmo sentimento.

— O que acontece então? Por que o ciúmes? - ele bufou.

— O chefe dela. - eu não aguentei, tive que rir outra vez pois ele parecia irritado apenas com a menção do homem. - Eu já o conheci, quando fui buscá-la no trabalho uma vez. Você tinha que ver a forma que ele olha para ela. - eu revirei os olhos.

— Emmett, me desculpe, mas você já olhou para Rosalie? - ele me lançou um olhar como quem diz "é óbvio; eu namoro ela".- Me desculpe falar assim, mas qualquer homem olharia assim para ela; ela é linda. - ele assentiu. - Se não for ele, será outro.

— Mas ela precisa viajar com ele?

— É uma viagem de negócios, eles nem mesmo almoçam juntos; apenas vão à reuniões.

— Ela me disse o mesmo.

— Sim, porque é o que acontece.

— O problema é que eu conheço o mundo masculino bem, bem de mais, e sei que ele pode tentar alguma coisa.

— Por isso você deve confiar em Rosalie. - ele pareceu ficar dividido.

— Eu não consigo ficar tranquilo sabendo que ela está longe de mim e próximo de um cara louco por ela. - ele confessou.

— Emmett, eu conheço Rosalie há alguns anos, por isso posso dizer que ela ama o seu trabalho; é uma mulher inteligente e gosta de ter suas conquistas nesse mundo. - ele concordou e então eu resolvi ser sincera com ele. - Um homem atrás dela não a fará deixar de te amar, mas se você tentar prendê-la, vai sufocá-la e impedir que ela faça o trabalho que gosta. Não faça ela ter que escolher entre as duas coisas que ela ama. - ele pareceu entender, pois ficou em silêncio por um tempo e eu respeitei o seu momento.

— Olhe para mim, Bella, eu sou gigante. - revirei os olhos.

— Emmett, não seja tão vaidoso.

— Não é isso que eu quis dizer, sua idiota. - ele riu. O que? - Eu sou gigante desde que eu era um garoto, tudo o que eu toco se quebra, não sei medir a minha força - Oh! agora eu entendi - Tenho medo de quebrar isso que construí com a Rosalie. Ninguém nunca me olhou como ela me olha. - vi tristeza em seu olhar e me comovi.

— Olha, Emmett, não chore.- eu brinquei.

— Quem disse que eu vou chorar? - ele pareceu ofendido. - Você não é tão diferente dos meus irmãos, afinal. 

Nós ficamos em silêncio, nos encaramos, e então começamos a rir.

Nós conversamos um pouco mais o que pareceu deixa-lo mais tranquilo. Eu lhe disse que deveria aproveitar esse tempo para soltar o seu ciúmes e focar apenas no quanto ele e Rosalie se davam bem juntos e ele ficou confiante. No fim Emmett me agradeceu e disse que iria para casa pensar e dormir porque não havia dormido esta noite.


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Notas finais do capítulo

E aí? o que acharam?



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