Alquimia escrita por Ingrid Reis


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo, depois de anos estou de volta - tentando - postar um fanfic longa hahaha me dou bem com as shorts, mas de repente me apareceu a inspiração para essa aqui, então vou deixa-la fluir. Espero que gostem!



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— Outra vez, Bella? - Rosalie parou de enrolar o cabelo com o babyliss e virou-se para me encarar com um olhar decepcionado. - Você sempre larga seus empregos. Quando vai se comprometer com algo?

— Você parece a minha mãe falando. - ri ao desviar de um elástico de cabelo que ela atirou em minha direção.

— Como ela eu me importo com você. - seu rosto estava sério e eu contive um suspiro porque sabia que iria receber um sermão. - Você não namora, não para em um emprego; caramba, você nem mesmo gosta da ideia de ter um animal de estimação.

— Eles cagam por toda parte.

— É só limpar. - devo ter feito uma careta, porque ela revirou os olhos.

— Eu me comprometi em dividir o aluguel deste apartamento com você.

— Sim, depois de eu ter insistido por meses e porque você não queria mais morar com os seus pais. - bom, não posso dizer que ela estava mentindo. - Bella, você tem que se abrir para a vida, conhecer pessoas, se relacionar, sabe?

— Rosalie, eu gosto da minha vida desse jeito.

— Há quanto tempo você não transa? - agora foi a minha vez de revirar os olhos.

— Rosalie...

— É sério, Bella. Eu já disse a você que se seu interesse for por mulheres eu não me importo, você sabe que eu sou aberta e...

— Meu deus, Rosalie! Eu já disse a você que não sou lésbica, eu apenas não gosto de ficar indo a encontros. - gritei e ela ficou quieta.

— Tudo bem, me desculpe. Eu realmente estou parecendo a sua mãe. - suspirou.

— Olha, eu estou bem, ok? gosto da minha vida, não estou querendo me matar nem nada. - ele me olhou brava. - Você tem que entender que nem todas as pessoas são como você, entende? - ela olhou para baixo, parecendo triste. - Vou arrumar outro emprego logo, não se preocupe.

— Está tudo bem, acho que estou descontando a minha chateação em você. - seus olhos marejaram. - Na noite passada Emmett e eu brigamos.

— Outra vez? - me contive para não revirar os olhos. - O que houve?

— Ele deu ataque de ciúmes outra vez e eu disse que precisamos de um tempo. - suas lágrimas caíram. Oh, droga; lá vamos nós! - Ontem isso parecia certo, porque eu estava com raiva, mas agora me sinto apenas triste. 

— Como ele ficou? 

— Desconfiado. Ele não quer que eu viaje hoje, mas o que eu posso fazer? é o meu trabalho.

— Sim, você deve ir 

— Foi o que eu disse a ele, mas você sabe como são os homens. - na verdade eu não sabia, nunca tinha me relacionado com um homem por mais de uma noite, mas deixei passar. - Eu só queria que ele confiasse mais em mim. - me aproximei dela e a abracei após secar as suas lágrimas. 

— Vá viajar e tente tirar a sua cabeça dessa situação, quando você voltar vocês vão se resolver. - ela balançou a cabeça em concordância. - Tente aproveitar um pouco a viagem. 

— Você me dizendo isso? - eu fiz cara de brava.

— Ei, faça o que eu digo mas não faça o que eu faço! - ela riu. - Sim, é esse sorriso que eu gosto.

— Tem certeza que você não é lésbica? - zombou. 

— Vá se foder. - rimos.

Eu a ajudei a terminar de arrumar a sua mala, a acompanhei até o táxi e ela partiu para sua viagem. 

Resolvi sair para tomar um café na padaria que ficava a três quadras do nosso apartamento. Como eu estava livre, já que estava sem emprego, aproveitei para caminhar sem rumo e pensar.

As palavras de Rosalie realmente ficaram em minha cabeça. Eu era muito reservada desde a minha infância; gostava de brincar sozinha, assistir filmes e ler livros. Eu não tinha feito amigos na escola pois achava que os adolescentes eram bobos; falavam besteira e pareciam crianças querendo serem notadas por todo mundo o tempo todo; ser famosos e essas coisas e isso simplesmente não era do meu interesse. Meus pais, principalmente a minha mãe, pegavam no meu pé, querendo que eu saísse e fosse mais "normal" seja lá o que isso signifique e isso causou muitos desentendimentos entre nós. Foi um milagre para mim conhecer Rosalie e virarmos amigas; mais por insistência dela do que minha, e isso amenizou a perseguição de minha mãe sobre mim.

Eu não era infeliz; apenas gostava muito de estar sozinha, mas hoje reconhecia que isso talvez tivesse me fechado para alguns prazeres do mundo e para as pessoas.

Eu não era completamente fechada; me relacionava com alguns homens, mas o interesse acabava no primeiro encontro. Eu acabava os achando muito superficiais e infantis; tudo sobre o que falavam era dinheiro, casa, carros e mulheres; ninguém parecia pensar além disso. 

Rosalie era minha amiga pois tinha me conquistado com o seu senso de humor, porque apesar de ser bonita; e ela realmente era linda, eu enxergava nela algo parecido comigo; sentia que ela também esperava mais do mundo e das pessoas e por isso deixei que ela entrasse em minha vida. Ela era uma amiga sincera também, às vezes até demais, mas eu amava isso nela.

Caminhei até uma praça que tinha um pequeno lago, onde alguns patos nadavam vez ou outra mergulhando suas cabeças.

Rosalie tinha razão; eu não gostava de me comprometer porque tinha medo de me arrepender; temia ficar presa a algo tedioso porque as relações que experimentei no decorrer de minha vida me decepcionaram profundamente. Enquanto eu crescia eu esperei que algo grande e cheio de aventura e sentimentos me aconteceria como nos livros que eu li, mas a vida real era apenas cheia de pessoas vazias presas demais em seus egos, correndo atrás de bens materiais para se sentirem preenchidas. E isso era tudo sobre o que falavam; como se só isso importasse no mundo.

Eu me sentia uma estranha no meio disso tudo e me perguntava o porquê de pensar dessa forma, mas nunca chegava a conclusão alguma; talvez eu não pertencesse a esse mundo. Em minha adolescência isso me gerou desconforto e agora esse sentimento estava de volta.

Suspirei, cansada. Apoiei os cotovelos nas pernas e deixei que meu rosto descansasse nas palmas de minhas mãos. Fechei os olhos e me concentrei no barulho externo. Podia ouvir os patos na água; o barulho dos carros; as pessoas que passavam com pressa pela praça e o vento em meus ouvidos. Abri os olhos e vi um pequeno folheto no chão entre os meus pés. Em letras cursivas estava escrito: Madame Titi - Revela a missão da sua vida.

Ri da coincidência e peguei o papel. Tinha um design muito bonito em cores violeta, rosa e azul. Claramente ela deveria ser uma cigana, ou algo do tipo; eu nunca acreditei em nada assim, achava que eram apenas charlatões que diziam o que as pessoas queriam ouvir para ganhar dinheiro. 

Resolvi voltar para casa, amassei o papel e o joguei na lixeira que havia ao meu lado. Um vento forte fez o papel cair no chão e eu ri, me abaixando para pegá-lo e mais uma vez jogá-lo no lixo.

Enquanto caminhava de volta para casa, passei em uma livraria perto da praça e escolhi um suspense qualquer para passar o tempo. Quando saia da livraria me deparei com uma pequena loja que eu nunca tinha reparado antes; pela decoração externa parecia aquelas lojas místicas onde você compra incenso e essas coisas. Logo me veio à memória o folheto da Madame Titi e não pude deixar de pensar mais uma vez na coincidência. A voz de Rosalie me dizendo que eu deveria me abrir para a vida voltou a minha mente. Então eu quis tentar algo novo; decidi entrar na loja.

 


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Notas finais do capítulo

E aí?



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