Sem Lagarta não há Borboleta. escrita por Aly McCord


Capítulo 9
O Jantar




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Durante aquele tempo a Suzy foi me ajudar a me arrumar para o jantar. Acabei decidindo usar um vestido preto bem justo e uma jaqueta de couro preta. Coloquei um sapato fechado com salto alto, também era preto. Já eram quase próximo das 20 horas, meu celular vibrou.

Estou aqui - JR

Estou descendo - Alice

Era uma mentira, afinal estava ainda acabando minha maquiagem. Aquilo me deixou mais nervosa. Eu me olhei para o espelho, meu cabelos estavam crescendo próximo do ombro. Havia feito alguns cachos pelo babyliss. Minha make era bem simples e natural possível, o que destacava era o batom vermelho escuro. Finalizei colocando meu perfume favorito da Dior.

— WOW, você está linda! - Suzy afirmou.

— Nossa como você está linda - Ju falou enquanto estava chegando em casa.

— O que eu perdi? - Ju falou enquanto fechava a porta.

— Ela vai jantar com o JR. - Suzy a respondeu.

— OMG - Juh parecia surpresa.

Meu celular vibrou novamente com a mensagem:

 Cadê você? JR

— Eu estou atrasada. Depois conto tudo pra vocês! - Eu acenei sorrindo enquanto caminhava até o elevador. Existiam esses minutos entre sair de casa e encontrar ele que me deixavam apreensiva. O que eu estava fazendo? Será que era melhor decisão? Não existiam respostas concretas. Apenas tentativas e escolhas. Assim que desci nas escadas do Hall de entrada, vi um carro bem luxoso, era um Honda Accord preto. Percebi que ele havia saído do carro e fez questão de abrir a porta do carro para mim.

— UAU. Você ainda consegue ficar mais linda ainda - Ele me elogiou e  me deu um beijo na bochecha. Ele estava lindo também, com uma camisa social branca, um blazer azul marinho, um sapato social e calça jeans.

— Você também não está nada mal - Eu sorri e agradeci por ter aberto a porta do carro. Assim que entrei no carro, pude sentir seu perfume bem marcante. Como ele era cheiroso, aquele cheiro havia despertado um flashback da festa em que nos beijamos.

Durante o caminho do restaurante, fomos conversando assuntos aleatórios. Acabei descobrindo que o pai dele era dono de uma grande empresa de construtora de imóveis e que ele também fazia engenharia civil. Assim que chegamos no restaurante que era bem chique por sinal, era como se o homem que nos recebesse o conhecesse. Ele nos encaminhou para uma mesa que era próxima de uma janela enorme de vidro (do teto ao chão). Era possível ver toda a cidade iluminada.

— Nada mau para o primeiro encontro Sr. Beans. As meninas devem se impressionar - Eu sorri e ele também. Eu gravei o sobrenome dele, pois o garçom havia falado primeiro.

—Porque você acha que tudo que eu faço com você eu já fiz com as outras meninas? - Droga. Ele era muito esperto. O fato é que naquele momento o JR me lembrou a minha psicóloga. Ele tinha razão. No fundo eu tinha uma baixa auto estima. Eu achava que tudo que fosse bom ou surpreendente, não era para mim. Era apenas alguém repetindo o mesmo padrão.

— Você está falando como minha terapeuta. Tem razão. Eu tento achar justificativas para tudo. - Eu fui honesta.

—Vocês psicólogos são mais confusos que nós. - Ele sorriu.

O garçom que estava nos servindo, acabou colocando vinho na taça e deixei para o JR escolher o prato. Afinal, aquele era o mundo dele, não o meu.

—Eu gostei de conhecer esse JR, mas vou confessar que o da cicatriz me ganharia mais - Talvez fosse perigoso falar daquela forma, mas existia algo mais profundo nele. Algo que não aparentava para todo mundo. Ele brincava de ser bem superficial, mas eu sabia que ele não era. Ele fez uma expressão um pouco mais séria.

— Eu sofri um acidente de surf com meu irmão mais novo. E... ele acabou não sobrevivendo - Ele tomou um gole mais de vinho. OMG, ele realmente abriu sobre isso? Eu encostei minha mão na dele, como se fosse algo automático. Era um ato de conforto talvez.

—Eu lamento por isso. Desculpa... eu não quis ultrapassar o limite - Eu realmente me senti mal e a sensação era como se eu estivesse tentando pressionar alguém a falar sabe?

— Tudo bem. Eu estou bem agora - Ele segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Agora fazia sentido na minha cabeça a piscina e também a expressão tão séria que ele havia feito naquela noite.

— Quando eu estava na piscina, você se lembrou disso? - Eu o perguntei enquanto dei um gole no taça do vinho.

—Sim. - Fomos interrompidos naquele momento com o garçom trazendo nossos pratos. Assim que ele saiu, eu pensei em como iria sair daquela conversa. Eu sabia que tinha mais camadas e não era a terapeuta dele naquele momento. Óbvio que ele deveria ter tido acesso a vários profissionais excelentes.

—Me desculpa por isso e... olha só esse prato. Você vai ter que me ensinar como se comer... o que é? - Eu tentei mudar o assunto.

— Ostra - Ele esboçou um leve sorriso enquanto nós dois fomos conversando e rindo sobre vários assuntos. Basicamente falamos sobre tudo. Descobri que ele gostava das mesmas bandas que eu e principalmente de filmes investigativos e criminais. Assim que terminou o jantar, eu vi meu celular vibrar.

Você está bem? - Suzy

Eu imediatamente respondi:

Estou sim, já estou indo pra casa

Enquanto respondia a mensagem o JR fez questão de pagar o jantar. Eu não era alguém que me deixava deslumbrar por aquilo.

— Na próxima vez eu irei pagar o jantar - Exclamei.

— Tudo bem. Irei querer o jantar na Torre Gail - Ele respondeu ( era um lugar extremamente caro)

— Claro que não. Ainda bem que você pagou esse jantar. Mas prometo que será incrível - Eu fiz quase um juramento.

— Você está me convidando para jantar, Srta Alice?

— Sim. Estou. Você aceita Sr. Beans? - Eu o respondi enquanto nós dois andávamos pelo restaurante de volta para o seu carro.

— Eu não recuso convite de mulher bonita. - Ele como sempre bem engraçadinho nas respostas.

O caminho de volta pra casa foi bem tranquilo e agradável. Acho que já estavam próximo das 23 horas. O tempo realmente havia acelerado. A noite estava bem linda, a lua cheia e a brisa do vento circulava dentro do carro. Assim que ele parou o carro em frente a porta do meu prédio. Nós dois ficamos ali parados. Era uma sensação estranha de que nem eu e nem ele queríamos que a noite acabasse, mas eu sabia que precisava.

— Muito obrigada pelo jantar Sr. Beans. Eu me surpreendi muito - Eu encostei minhas costas no banco e virei meu rosto para ele. Ele inclinou o corpo dele na minha direção e ficou me olhando.

— Obrigado por aceitar o convite, Srta. Alice. Foi um prazer ter a sua companhia - Ele levou a mão para o meu rosto e colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha. Eu senti um leve calafrio por sentir a ponta dos seus dedos gelados sobre o meu rosto quente.

— Você vai estar livre nesse final de semana? - Ele me perguntou. Eu tentei lembrar dos meus compromissos. DROGA! Teria ação de graças na casa dos meus pais.

— É ação de graças, então vou pra casa dos meus pais. -  O respondi.

— Eu tinha me esquecido. Verdade - Ele esboçou um sorriso

— Obrigada de novo e até a próxima? - Eu tentei fazer graça com isso e foi quando ele foi aproximando seu rosto do meu. Ele estava tão perto que podia sentir sua respiração contra o meu rosto. Seu rosto inclinou levando seus lábios a centímetros perto do meu, enquanto seus dedos estavam próximos da minha nuca. Seus lábios tocaram a minha bochecha, bem próximo do canto dos meus lábios.

— Até a próxima, Alice - Ele sussurrou perto dos meus lábios enquanto se afastava. Eu podia sentir a circulação do meu corpo e meu coração pulsar o suficiente. O JR se assemelhava a um doce. Sabe aquele chocolate que você pega um pedaço e depois não quer parar mais? Era essa a sensação. Eu não sabia o que sentir, apenas que saí do carro o mais rápido que consegui sem parecer mal educada. Enquanto eu subia para meu quarto eu comecei a lembrar do dia que ele me trouxe para casa.

—Droga. Você é muito inteligente JR. - Eu falei sozinha enquanto entrava em casa. Ele estava me provocando, como eu fiz no nosso primeiro encontro. Eu não sabia onde tudo aquilo iria dar. Enquanto eu estava pensando sobre tudo que estava acontecendo meu celular tocou. Era um número que fazia muito tempo que não me ligava. O que será que tinha acontecido? Senti meu corpo gelar e estremecer.

— Oi John 

— Oi Lice, desculpa pelo horário.

— Tudo bem, eu estou acordada. Está tudo bem?  - O que será que tinha acontecido?

— Sim. A sua mãe falou com você? — Ele respondeu. DROGA. Meu celular estava cheio de mensagens da minha mãe, por causa do jantar eu ignorei as mensagens dela.

— Ela mandou mensagem, mas não vi. - Respondi

— Tudo bem se você for dirigindo para casa dos meus pais?

—Ahh... sim claro. Sem problemas. Você está bem? - O perguntei

— Eu estou sim. Eu.. vou ficar. Meus pais estão muito desesperados e acabou que o clã decidiu que você iria dirigir.  — A gente se referia a nossa família como clã. Afinal literalmente era um grupo.

— A o clã decide tudo não é? A Lah não vai com a gente?— A ideia de estar sozinha com ele, me fez estremecer por dentro.

— Ela falou que precisa ficar com os pais dela esse ano, parece que vem um tio dela de fora do país. - Ele respondeu. Que DROGA. A Lah ia salvar tudo.

— Você pode vim aqui as 19 horas? - John continuou

— Sim claro. Esse horário já estou em casa, passo aí e te busco ok? - Eu o respondi

— Obrigado Alice.

— Até amanhã John.

Fazia muito tempo que minha noite não era tão movimentada como aquela. Eu não sabia o que pensar mais. Eu estava tão confusa, só queria dormir e esquecer de tudo que estava se passando na minha cabeça. Será que eu conseguiria naquele feriado conversar com o John sobre a mensagem? O que ele queria?  Se existe algo mais exaustivo do que a minha rotina de estudos, não tenho dúvidas que é a minha vida emocional nesse momento. O que eu posso esperar? 

 


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