Sem Lagarta não há Borboleta. escrita por Aly McCord


Capítulo 7
A Carona




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— Eu vou com o Troy. A gente se vê em casa - Suzy se despediu caminhando até o carro do Troy. Automaticamente eu percebi que não havia ninguém no banco do carona ao lado do motorista. A Jú e o Ian estavam no banco de trás.

— Vamos Alice? - Ele me perguntou mais impaciente. A volta pra casa foi estranha nos 15 minutos iniciais. Eu estava mais quieta e ele também, já a Ju e o Ian estavam dormindo pacificamente.

— Você me rouba um beijo e agora fica tímida? - Ele foi bem sarcástico acendendo mais um cigarro.

— Você me leva no matadouro e fica calado? - Eu o respondi e nós dois rimos disso. A Bebida já estava começando a perder o efeito, então estava mais serena.

— Está mais consciente? - Ele abriu o vidro do carro e soltou a fumaça.

— Acha que sou do tipo que vai esquecer tudo amanhã?  - Eu o respondi.

— Você é peculiar  - Ele era intrigante. Eu não poderia negar, haviam faíscas entre nós.

— Lamento ter sido um pouco indelicada sobre sua cicatriz - Falei mais baixo olhando em direção a estrada.

— Está tudo bem. Não é algo que as pessoas notam tão rápido. -Ele respondeu.

— Quer dizer que, as meninas do matadouro não percebem ? - Eu continuei atacando e  nós dois rimos novamente.

—Quem é você ? - Ele perguntou pela segunda vez.

— Ninguém. Ninguém nesse universo tão grande. Alguém comum que está tentando acabar a faculdade, ganhar dinheiro e obter um pouco de dinheiro e você?

— Você não tem nada de comum Alice. Eu? Eu sou o cara do matadouro que está interessado na menina que acha que não é ninguém no universo grande. Por sinal, são dois ninguém.

Era por isso que o Júnior era tão popular com as meninas. Ele era interessante, bonito e intrigante. Em termo de beleza se a gente for analisar, o meu ex-namorado era muito mais bonito fisicamente, entretanto existia algo no JR que eu não sabia explicar o que era.

— Chegamos. - A Ju afirmou acordando quando o carro parou.

— Posso ter o seu número? - JR me perguntou enquanto eu estava prestes a abrir a porta do carro.

—Você sabe onde me procurar. - Eu encostei meu rosto próximo dele e dei um breve beijo perto da sua bochecha, quase no canto dos seus lábios. O que eu acabei de fazer???  Ele foi bem gentil e não teve nenhuma reação. Eu abri a porta do carro e a Júlia já estava melhor. A Suzy também havia chegando no carro de trás, então nós duas levamos a Júlia para o banheiro e ajudamos ela a tomar banho. Depois dessa longa noite, eu percebi que já era perto das 05 horas quando eu finalmente deitei na cama. Eu olhei para o meu celular e percebi que haviam algumas mensagens da Lah.

Estamos aqui na casa do amigo do John, você quer vim?

Lih, onde você está?

Eu não só estava evitando visitar o John no hospital, mas principalmente de estar próxima deles dois juntos. Toda vez que eu via eles juntos, uma pontada no meu coração acontecia. Eu havia ficado boa todo esse tempo em esconder o que eu estava sentindo, eu era boa em mascarar a minha dor para mim mesma. Era como se eu tivesse desenterrado uma caixa escondida por anos.

*****

Se passaram quase 4 dias após a festa ter acontecido. Eu ainda lembrava da ressaca que eu tive no dia seguinte. Óbvio que me arrependi de ter beijado o JR. Como eu pude ser tão ousada assim? Eu realmente não me reconheci. Por sorte a universidade era muito grande e acho que iria demorar de vê-lo novamente. Eu estava em pé perto da praça no campus enquanto terminava de tomar meu suco.

— Lih - A Laura apareceu ao lado do John. Ela havia me dado um abraço enquanto eu apenas acenei minha cabeça para o John.

— Eu soube que você foi na festa da casa dos amigos do Troy. Como foi lá? - A Laura parecia bem curiosa.

—Ah.. era bem bonita a casa e foi bem legal. Voltamos mais cedo, pois a Ju bebeu bastante - Eu conclui.

— Não foi isso que ouvi. Soube que você também bebeu bastante. - Ela sorriu.

—Ah sim... bebi sim. Mas foi tranquilo - Eu esbocei um sorriso sem graça. Na minha frente estava a fonte do quanto eu havia bebido. Eu e John não éramos natural quando estava a Laura presente. Era como se eu levantasse um muro e ele também seguisse respeitando isso. De fato no começo no namoro deles eu me recordo de uma situação que a Laura ficava muito incomodada pelo fato de sermos muito próximos e isso me fez lembrar de algo que ela me falou no passado:

*Flashback

—Alice, você é namorada do John?

—O que ?? - Eu estava perplexa

—Porque vocês dois agem como se fossem namorados. Eu sempre sou excluída das coisas e nunca estou incluída no que vocês estão conversando.

Parando para pensar, eu a entendia completamente. Desde aquele dia eu e o John não éramos mais a mesma coisa, certamente ela falou a mesma coisa com ele. Algo que ainda continuava na minha cabeça era o que John queria falar comigo, mas era como se nunca havia uma oportunidade para falar com ele e eu não tinha coragem de mandar mensagem de volta. Parecia bobo isso? Parecia. Era paradoxo? Sim. Eu havia beijado um desconhecido em uma festa e não tinha coragem o suficiente para responder a mensagem do John. 

—Esse final de semana vamos ter uma noite de jogos na casa do amigo do John. Você deveria vim com a gente e... não aceito não. - Laura era assim, não fazia a mínima ideia do quanto aquilo era desconfortável para mim.

— Ah claro...me diz depois o horário e tudo direitinho - Eu confirmei e sorri.

— E você como está John?  - Quando me dirigi a palavra, ele esboçou um leve sorriso.

— Eu estou bem Alice, fazendo alguns exames. Mas já voltei a minha rotina. - Ele respondeu e a Laura o abraçou.

—Imagino que deve ser pesado né? - Eu continuei.

—Eu estou tomando algumas medicações ainda, mas já me sinto bem melhor. - Ele esboçou um leve sorriso.

— Que bom. Tia Kelly e Tio Rubem devem estar aliviados. - Eu afirmei e foi aí que sabia que a conversa iria encerrar. A Lah toda vez que eu mencionava os pais dele, sempre dava um jeito de terminar a conversa. A Laura ainda era muito insegura de si, eu sabia que meu passado e a minha ligação de infância  com o John a incomodava. Por isso em muitos momentos, eu evitava a qualquer custo, entretanto nem sempre conseguia pisar em ovos.

— Sim. Eles estão bem menos preocupados agora. Vamos? Temos aquele compromisso após a aula - Ela encerrou a nossa conversa me dando um abraço. Eu fiquei ali em pé, olhando os dois de mãos dadas saindo pelo campus. Quando eles estavam mais distantes, eu fui surpreendida por uma voz que não ouvia por muito tempo.

— Nossa... tem certeza de que ela é sua amiga ainda? - Era a voz do meu queridíssimo amigo Jules.

—JUUUUULES -Eu praticamente o abracei. O Jules era nosso amigo mais incrível de todos. Eu amava que ele era bem debochado, tinha bom senso de moda e amava Doja Cat, assim como eu.

—Onde você se meteu esses dias? Nunca mais te vi - Eu o perguntei.

— Ah você sabe como é né? Saí com meu coroa esses dias. 

— A Suzy já te viu? Ela está morrendo de saudades de você - Eu concluí. O Jules  era o melhor amigo da Suzy e vivia lá no nosso apê quando era solteiro. 

—Ahh... aquela bitch? Claro que sim! - Ele tentou desprezar, mas depois sorriu concluindo a frase. Ele era o misto de desprezo e fofo.

—Nós sentimos sua falta na festinha desse final de semana. - Eu conclui.

—Me conte tudooooo - Ele pareceu curioso enquanto nós dois caminhávamos pelo campus. Eu contei para ele o que havia acontecido na festa. Sobre  a mansão, as bebidas, as pessoas que a gente não gostava na festa. De quem beijou quem...

— Eu não acredito!!! Você ficou com o JR??? Eu acho ele gostoso demais. Pena que só quer saber de mulher. AFF 

— É pior que isso Jules. Não foi o JR o culpado. - Eu tentei concluir

— Como assim? Não me diga que você atacou JR? - Eu nem precisei dizer mais nada e o Jules continuava rindo e chocado.

—MEU DEUS. ONDE VOCÊ ESTAVA QUANDO EU ESTAVA SOLTEIRO? - Ele praticamente berrou para todo o campus ouvir.

— Nossa... nós dois nessa energia solteiros. Não ia prestar - Jules afirmou enquanto chegamos em um dos auditórios que eu precisava entrar.

— A gente se vê depois - Eu sorri pra ele e nós demos dois beijinhos no rosto.

Aquela semana basicamente foquei muito nos meus estudos. Teve alguns seminários que tivemos que apresentar. Não saiu nada dentro do planejado. Mas foi uma semana bem cansativa e exaustiva. Eu até preferia quando isso acontecia. Era basicamente sexta-feira a noite e eu estava no meu quarto exausta. A Ju e a Suzy foram para um barzinho e eu estava zero com vontade de ir. E foi quando meu celular vibrou, era uma mensagem:

Filha, não se esquece que daqui a duas semanas você precisa passar o final de semana aqui com a gente. Você está bem? Precisa de algo? - Mãe

Era dia de ação de graças, uma tradição da nossa família Stone e Rupert's passar juntos. Eu estava suspirando, imaginando o que eu teria que enfrentar naquele final de semana. Meus olhos estavam mais cansados do que meus próprios pensamentos.


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