Sem Lagarta não há Borboleta. escrita por Aly McCord


Capítulo 4
O medo paralisa




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“ Fica bem John, por favor.”

Depois de longas horas esperando, tivemos a notícia dos médicos e graças a Deus estava tudo bem. Eu fiquei tão aliviada de olhar para o rosto dos Rupert's e ver o quanto eles estavam em paz novamente. Não iria demorar muito para que o John fosse sair do hospital. Já se passaram cerca de 8 dias e a Lah já havia tido alta do hospital e o John em breve também iria sair. O que ainda permanecia na cabeça era sobre a mensagem que o John havia me mandado na madrugada, querendo falar comigo. O que era?

— Alice, porquê você ainda não foi vê-lo? O que te impede? - Minha terapeuta me perguntou. Aquilo foi literalmente um soco no meu estômago. Desde o acidente eu evitei ver o John. Nos 2-3 primeiros dias ninguém notou. Mas agora... até a minha mãe já estava brigando comigo.

— Eu... não sei - Respondi da forma mais sincera possível.

— Vamos pensar juntas. O que você sentiu quando ele teve o acidente? - Ela me perguntou enquanto anotava algo no bloquinho de anotações dela. Cara, odiava quando ela fazia isso. Antes de responder eu dei um breve suspiro.

— Eu...pensei que nunca mais fosse vê-lo. - Tentei ser bem objetiva.

—Você teve medo de nunca mais ver mais o John? - Ela me perguntou como se fosse uma afirmação.

— Sim - Respondi de uma maneira mais curta.

— O que seus pais falaram pra você? - Ela ainda continuava insistindo. Eu sabia onde ela queria chegar. O problema era que minha cabeça estava tão confusa naqueles dias.

— Eles falam para ir vê-lo - Eu respondi com tom de voz mais baixo.

— E o que você vai fazer? - Ela ainda continuava insistindo em chegar em algum lugar.

—Eu preciso. Sou uma péssima amiga por isso. Todos me culpam por não querer vê-lo. Não é como se eu não quisesse, eu fico paralisada. Eu não sei - Droga! aquilo me deixou emotiva. Senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Limpei imediatamente assim que percebi.

— Alice, você teve muito medo de perder seu amigo. Não se culpe. Eu sei que irá vê-lo assim que você puder. E vamos entender juntas os seus sentimentos - Graças a Deus o horário da terapia havia acabado. Era aquela a última conversa dela antes de ver o John. Eu sabia disso.

Após o final da terapia, entrei no carro com a minha mãe. Estávamos indo para o hospital e eu sabia que ela iria me forçar a entrar quarto do John para visitá-lo. Durante toda a semana ela repetiu tanto essa frase, que quase decorei:

— Alice, não sei o que houve com você. Mas é o JOHN. Ele é parte da família. O que aconteceu? 

Eu sinceramente ignorei um pouco de conversar com ela no carro, apenas senti minhas pernas paralisadas. E quanto mais eu pensava, mais eu chegava a nenhuma conclusão. O que estava acontecendo comigo? Qual era meu problema? Só era o JOHN. Que droga! E quando me dei conta daquele lapso de pensamento, estava eu em pé parada na frente do quarto 502. Eu podia ver o corredor claro, os profissionais de saúde passando ao meu redor. A minha mãe me falou algo enquanto virou as costas e saiu. Lá estava eu em frente novamente aquela porta branca. Era algo que precisava descobrir o que estava acontecendo comigo. No fundo eu sabia que assim que eu entrasse no quarto, algo mudaria. Por uns 2 minutos senti minhas pernas fixas no chão, como se houvesse alguma espécie de corrente que me aprisionava.

Você consegue Alice! Eu tentei buscar alguma voz no meu inconsciente que fosse forte o suficiente para me tirar daquele modo paralisado. Eu senti meu corpo novamente se mover. Abri a maçaneta da porta e lá estava a figura de todo meu medo por mais de 8 dias. Era o John sentando na cama, foram apenas segundos para nossos olhos fixarem, e quando isso aconteceu ele deu um breve sorriso. O sol naquele momento estava iluminando o quarto e o seu rosto. Eu senti toda a circulação do meu corpo parar e naqueles segundos eu percebi o que estava de errado comigo. Uma grossa lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto eu permanecia em pé sem dizer nenhuma palavra. Era como se um filme invadisse minha mente com curtas memórias de tudo que aconteceu na minha infância, adolescência até o momento atual.

—Alice, eu estou bem - Ele parecia mais surpreso por me ver chorar. Eu não era essa pessoa, eu contava nos dedos as vezes que eu chorei na frente do John. Ele se aproximou ficando em pé de frente para mim. O seu polegar foi até minha bochecha para limpar minha lágrima.

—Me.. Desculpa - Minha voz saiu fraca. Diria que foi quase uma leitura labial que ele havia feito.

— Está tudo bem. Eu estou bem agora. - Ele deu um breve sorriso e se aproximou mais perto de mim, colocando seus braços envolta do meu ombro. O John era mais alto do que eu. E meu rosto literalmente ficou no peitoral dele, inclinei levemente meu rosto para o lado deitando sobre o peitoral dele enquanto mais lágrimas continuavam sem parar de sair do meu rosto. Aos poucos  retribuí o abraço dele enquanto minhas mãos apertavam a camisa do hospital. Gentilmente sua mão foi para meus cabelos alisando eles.

—Me desculpa não ter vindo antes e ... - Eu tentei terminar a frase ao meio do choro.

— Obrigado por ter vindo agora - Ele me interrompeu. 

 DROGA DROGA!! Era isso que estava gritando na minha cabeça. Eu não estava apaixonada pelo John. Eu o amava. Insanamente. Eu o amava ao ponto de reprimir tudo que sentia, apenas para vê-lo feliz. Nem que isso fosse custar engolir e enterrar tudo que eu sentia por ele. Estava tudo bem, até esse momento. O que eu faria? Eu continuaria não sentindo como antes? Eu seria sincera sobre o que eu sinto? SHIT!

Aos poucos eu fui me recuperando e nos afastamos. Depois daquele momento, eu fui para o sofá do hospital e ele voltou para a cama novamente.

— Como você está? - Falei enquanto tentava recuperar tudo que havia processado.

— Eu vou bem Lica, depois de 2 costelas quebradas, cabeça remendada, provavelmente terei alta essa semana.- Ele tentou desconversar. Fazia muito que não ouvia ele me chamar pelo meu apelido " LICA" - Por causa da cirurgia da cabeça, ele acabou cortando e deixando o cabelo mais baixo. Era literalmente um milagre o John não ter mais fraturas, recordei do que meu pai havia dito.

— Que bom Jojo's - Respondi e o chamei novamente do apelido da nossa infância. Isso fez nós dois sorrimos. Conversamos um pouco sobre a faculdade e sobre como a Lah estava super protetora com ele. Contei das brigas da minha mãe com meu pai, isso sempre o fazia rir. A minha mãe era muito hilária nas situações.

—Oii Alice, que bom que está aqui - Tia Kelly entrou no quarto com uma expressão bem surpresa, enquanto vinha na minha direção me dar um abraço.

— O John perguntou muito de você - Ela afirmou enquanto se aproximava e dava um abraço nele.

— Que bom que vocês dois se entenderam. - Ela sorriu enquanto sentava no sofá do meu lado.

— Sim. - Apenas dei uma resposta curta enquanto sorria sem graça. Eu me entendi sim tia. Eu o amo e ele namora minha melhor amiga. Como posso conseguir sair disso? Me dê conselhos tia. Foram esses meus pensamentos não verbalizados. 

Não demorou muito até que minha mãe havia chegado no quarto. Aquilo me trouxe um alívio de certa maneira, pois conversamos por algum tempo junto com elas, até que voltei pra casa. Graças a Deus a minha mãe parecia agora estar mais calma e aliviada por eu ter visitado ele no hospital. A minha cabeça estava doendo de tanto pensar e processar meus sentimentos. Eu queria fugir de mim mesma naquele momento.


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