Doce Criada escrita por BlackCat69


Capítulo 7
Capítulo: atrás da babá!




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~NH~

Duas semanas e um dia depois

~NH~

 

Desde quando conversara com a Sra. Hyuuga, o Sr. Uzumaki acreditou que a normalidade se restabelecera em sua propriedade.

Apenas uma coisa o incomodava.

Não.

Duas coisas.

A primeira era quando saía do quarto para se trancafiar em outro cômodo, do mesmo corredor.

Mudava-se de cômodo pelo menos três vezes durante a semana.

Ele escutava o choro de Miina partindo de algum lugar da casa.

Acreditando que seria avisado caso fosse algo sério, confiou que fosse apenas birra de criança.

A segunda coisa a incomodar eram os biscoitos da babá, eles estavam bons, mas não bons como antes.

Acreditou que fosse alguma mudança dos ingredientes.

Queria o primeiro sabor de volta, então naquela noite, mandaria o mordomo repassar o recado.

Tarde da noite, de segunda feira, após comer mais uma porção de biscoitos, confirmou que eles continuavam com sabor diferenciado.

Chamou pelo Sr. Wittenberg:

— Kakashi.

— Sim, meu amo?

— Avise a Sra. Hyuuga que os biscoitos estão saindo com gosto diferente. Acho que ela mudou a receita. Repasse que prefiro a primeira receita, os biscoitos das primeiras noites eram muito mais saborosos.

O mordomo se expressou surpreso, de lábios meio abertos.

Com a mudez do estático criado se prolongando, o loiro estranhou:

— O que há, Kakashi?

— Meu amo, a Sra. Hyuuga não trabalha mais aqui. Pensei que o Senhor soubesse.

— Como é que é?! — pesadamente, Naruto se ergueu, espalmando as mãos contra a mesa, ignorando a dor de seu corpo ao mover o tronco de modo brusco. A bengala, antes descansada na mesa, rolou ao chão. — Há quanto tempo?!

Kakashi contornou a mesa para juntar a bengala, e respondeu:

— Acredito que... duas semanas atrás, meu amo.

— DUAS SEMANAS?!

Com força, o Sr. Wittenberg cingiu com suas mãos enluvadas, o corpo da bengala.

— GRRRR... foi por minha causa?! Ela não acreditou em mim?!

Pensou tê-la convencido da ausência de más intenções, em escutar atrás da porta.

— Meu amo, não estou por dentro dos motivos. Fiquei sabendo, por meio da governanta.

Enfurecido, Naruto tomou a bengala das mãos do mordomo, e saiu a passos pesados da sala de refeição.

— SHIZUNEEE!

Gritava a plenos pulmões.

Relutante, Kakashi desconhecia se devia segui-lo.

Concluiu que sua presença apenas o irritaria mais.

Que Shizune se preparasse para receber a fera.

Restou ao mordomo se intrigar com tamanha fúria despertada no proprietário da casa, por conta da demissão de uma babá.

 

~NH~

 

Vencendo suas dores, minutos posteriores, Naruto chegou à ala das criadas, buscando pelo quarto da governanta.

— SHIZUNEEE!!!

Sua rouquidão repercutia pela ala inteira.

A Sra. Hollingshead se preparava para dormir, contudo, escutando o eco dos chamados brutais de seu Senhor, desesperadamente, buscou por seu roupão marrom escuro, o qual lhe cobriu até os tornozelos.

Apressada, correu para abrir a porta.

Assim que abriu, visualizou seu patrão se aproximando, ele cessou a três passos na frente da porta.

Fitando-a furioso, exclamou-a:

— COMO OUSA NÃO ME CONTAR QUE DEMITIRAM A SRA. HYUUGA?!

Impressionada pela fúria do proprietário se dever àquele motivo, a Sra. Hollingshead empalideceu.

— Senhor... e-eu não sabia que se importaria...

— NÃO ME INTERESSA O QUE PASSA NA SUA CABEÇA, VOCÊ DEVE CUMPRIR COM SUA OBRIGAÇÃO E ME INFORMAR!

— Ma-mas os assuntos da criadagem, faz tempo que os resolvo apenas com o Sr. Kawaki que não gosta que incomodem o Senhor com isso. 

Naruto rangeu os dentes, vendo o pavor na face da mulher, de certo, não podia culpá-la.

Ele próprio nunca interveio quando o filho mais velho passou a assumir a responsabilidade de muitas coisas que cabiam ao proprietário da casa.

Controlando seu timbre, o Sr. Uzumaki perguntou:

— Por qual motivo dispensaram a Sra. Hyuuga?

— Ela estava sendo prejudicial à Miina.

Kawaki quem respondeu, aparecendo no corredor.

Acordado pelos bradares do pai, colocara um roupão sobre sua roupa de dormir e se pusera a procurá-lo.

Àquela altura, além de Shizune, outras criadas acordaram, mas elas não ousaram abrir a porta de seus quartos, permanecidas apenas escutando. Ayame era uma delas.

— Como assim prejudicial?! — incrédulo, questionou Naruto.

— A Sra. Hyuuga estava estragando ela com muitos mimos. Precisamos de alguém que se limite apenas às funções básicas. Ensinar, alimentar, trocar e banhar, é o suficiente. — Com desprezo, Kawaki finalizou: — Sem demonstração de carinho. 

Fervoroso, Naruto se aproximou do filho, cessando a cinco passos dele.

Iluminavam-se pelas velas nas paredes.

O mais velho argumentou:

— Criar sentimentos pela babá, demonstração de apego pela babá, não é a maior prova de que a Sra. Hyuuga cumpriu o serviço de uma maneira excelente?

— Excelente serviço é o criado cumprir como seu superior deseja. Reconheço que o erro foi meu, por não estabelecer no contrato sobre que tipo de relação a babá precisaria ter com Miina. Por isso, encarreguei Shizune de conseguir outro trabalho para a Sra. Hyuuga, em nome da família Uzumaki. Como forma de desculpas.

— Outro trabalho?! — Naruto se revoltava, rejeitando a realidade de estar perdendo a Sra. Hyuuga. — Por que diabos não a manteve como babá, avisando-a das novas regras?

— Porque é tarde demais, Miina está muito apegada a Sra. Hyuuga, temos que cortar esse elo o quanto antes!

— Isso é besteira! Recontrate a Sra. Hyuuga imediatamente! Não vejo problema na relação entre as duas, você está exagerando!

— MIINA A CHAMOU DE MÃE! — Kawaki desferiu um soco para o lado, atingindo a parede, deixando uma vela inclinada. — O senhor permitirá isso? Ou os brinquedos de Menma III bateram com tanta força na sua cabeça que o fará achar aceitável que uma babá seja tratada dessa forma pela sua filha?

— Miina a chamou de mãe... — Naruto murmurou, em choque.

— Sim. — Kawaki reafirmou, recolhendo o braço. Suspirou, buscando se acalmar. — Por isso, da próxima vez devemos ser enfáticos sobre que tipo de relação uma babá deve ter com Miina, no momento que a próxima criada for entrevistada.

Os olhos de Naruto se mantiveram de pálpebras bem espaçadas.

Seu coração pulsava dolorido.

Shizune apreensiva apertava as mãos diante o busto.

Sem dizer nada, o Sr. Uzumaki saiu da ala das criadas e foi ao andar de cima, em um ritmo desesperado.

Chegou a cair no meio da escada, e cerrando os dentes, alçara-se e prosseguiu caminho, sustentando maiores dores.

No corredor dos quartos de seus filhos, pegou uma vela e entrou no quarto de Menma III.

O menino acordara desde os chamados gritantes de Naruto a procurar por Shizune. 

Ao ver o adulto entrando em seu quarto, puxou a coberta até cobrir metade de seu nariz.  

Naruto cessou ao pé da cama, em calmo timbre, chamou seu filho:

— Venha comigo, Menma III.

O menino desentendido, silencioso, durante um momento observou a figura do homem.

Paciente, Naruto aguardou que a criança se movesse.

Menma III saiu da cama, seu pijama era azul claro.

O Sr. Uzumaki virou-lhe as costas e saiu do quarto, esperando ser seguido.

Foi o que o pequeno loirinho fizera.

Chegando ao quarto de Miina, o pai abriu a porta e adentrou o espaço.

Deixou a vela sobre um móvel amadeirado e devagar se posicionou ao lado do leito da menina.

Ele a contemplou, apreciando a beleza de sua pequenina, e o quanto ela tinha de Sara.

De leve, balançou o ombro de sua filha, chamando-a em um calmo timbre.

— Manhe...

A ruivinha murmurou.

O coração do pai pulsou com maior força.

A pequena abriu as pálpebras, e quando distinguiu a imagem daquele homem meio mascarado, encolheu os ombros.

Ela pronunciou um gemido choroso. 

— É o nosso pai. — Menma III subiu na cama da irmã, dissera de modo suave, amenizando as emoções da caçula. 

A ruivinha engatinhou, parando atrás do menino.

Ela ficou observando o pai, por trás do ombro de Menma III.

Naruto deixou a bengala na cama da menina, e se ajoelhou no chão, suas mãos apertaram a coberta do colchão.

Perguntou para Miina:

— Sente muita falta da babá, não sente?

Ela assentiu, apertando o braço do irmão.

— Se eu fosse mais forte... eu salvaria a sua mãe do incêndio também, mas minha prioridade era você e Menma III.

O menino se assustou ao ouvir o pai falar abertamente sobre Sara.

— A pior coisa que poderia acontecer com Sara seria ficar longe de vocês. Ela gostaria de continuar dando o amor dela de pertinho, agora só pode fazer isso de longe. — Uma lágrima desceu pelo único olho exposto. — Ela aprovaria qualquer um que os deixem felizes. — Seus dedos abriram e fecharam no tecido do colchão, tentado a fazer um carinho em Miina. — Não posso manter longe de minha filha, a mulher a quem chamou de mãe. 

Menma III questionou:

— Papai, significa que trará a Sra. Hyuuga de volta?

Miina sacudiu o corpo, pra cima e pra baixo, ansiosa.

— Vou, fique com sua irmã até eu voltar.

Naruto limpou a lágrima, esboçou um sorriso.

Afastou-se com sua bengala.

Antes de alcançar a porta, refez seu caminho pelo quarto, e retirou o acortinado de uma das janelas, deixando a claridade do luar adentrar.

Ele fixou a vista no estrelado, e respirou de modo aprofundado.

— Me ajude, Sara.

Pediu, antes de ir embora do quarto.

Sozinho com a irmã, Menma III desceu da cama, indo se pendurar na janela, procurando pela estrela mais brilhante da noite.

Miina desceu da cama e ficou atrás do irmão, curiosa sobre o que ele fazia.

Ela trajava chemise rosa bebê.               

Menma III estendeu uma mão para a irmã.

Miina enfiou o polegar esquerdo na boca, e sua mãozinha direita aceitou a mão do loirinho.

Ele a fez sentar na travessa da janela, de frente pra ele.

Como as abas da janela se mantinham fechadas, inexistia risco de caírem.

Eles viam o céu estrelado, por meio dos buracos retangulares que as grades amadeiradas da janela formavam.

— Dizem que as pessoas viram estrelinhas quando morrem. Por isso, nosso pai pediu ajuda para a mamãe. — Segurando uma das grades, Menma III abriu um sorriso. — Acho que a nossa é aquela ali porque está brilhando mais que as outras.

Mantendo o polegar na boca, Miina fitou a estrela para qual o irmão apontou.

 

~NH~

 

— Não acredito no que estou vendo!

Kawaki exclamou, assistindo seu pai se preparar para subir na sege.

O rapaz ainda se cobria com o roupão e saiu descalço de casa. 

O Sr. Uzumaki foi pessoalmente ao estábulo acordar os criados. 

Sai precisou da ajuda de Iruka para aprontar a sege. 

— Conversaremos quando eu regressar, Kawaki.

Naruto determinou, pondo um pé no transporte.

O Flynn se aproximaria para impulsionar o seu patrão a subir. 

Kawaki chegou primeiro e puxou seu pai, apertando a capa e o tecido da camisa ao mesmo tempo. 

— Kawaki!

O Sr. Uzumaki se embraveceu. 

— Por que se importas tanto com a Hyuuga?! — o rapaz se indignava. — Tantas vezes que poderia sair do quarto, saístes por causa de uma mulher! Não por causa dos filhos!

— É porque eu sou fraco... — Naruto admitiu envergonhado. Sacudiu a cabeça, negando. — Não, eu era fraco. Não serei mais um covarde, Kawaki. 

Cingiu a bengala na mão esquerda, e pousou a mão direita sobre um ombro do filho. 

— Eu não deveria limitar o número de vezes em que vejo Menma III, ou você. Eu não deveria me extinguir de ver Miina por temer que ela se assuste comigo novamente, eu deveria ter trabalhado em conquistá-la. 

 Apertou o ombro de Kawaki com maior força.

— Eu sinto muito por agir somente agora, Kawaki. Agirei fazendo o melhor para nossa família. E a Sra. Hyuuga é o melhor para Miina. Miina tem que ser nossa prioridade. 

Os dentes de Kawaki rangiam. Não conseguia perdoar seu pai.

Naruto largou sua bengala, e com as duas mãos segurou o rosto do rapaz.

Em seu olho azul, o sereno brilho se exibia.

— Kawaki... eu sei porque se irrita com essa história... por ser o filho mais velho, você tem bem mais lembranças com Sara. Miina ainda é muito pequena, mas ela crescerá sabendo quem foi a mãe dela. Ela compreenderá o que aconteceu, quando for adulta. Eu... jamais vou esconder dela. Sua mãe nunca sairá do meu coração e eu nunca desejaria apagar Sara de alguma forma. 

A voz de Kawaki tremulou ao revelar: 

— O senhor não viu o quanto ela ficou irritada ao ver o quadro de minha mãe. Ela não gosta de saber sobre quem é a mãe dela.

O peito de Naruto se comprimiu. 

Seu olho lacrimejou. 

— Teremos muito tempo para convencê-la. Ela sente falta de uma mãe, acredito que seja isso que a fez se apegar tanto a Sra. Hyuuga. Conhecendo o que já sei, da Sra. Hyuuga, ela própria ajudará Miina em aceitar Sara.

Kawaki segurou os antebraços do pai e afastou-os de si.

— Nesse caso... qualquer mulher bondosa faria isso... — Suas mãos cobriram seus ouvidos, fechou as pálpebras, com força. — E-eu... eu quero que acabe com essa história!

Abaixou os braços.

E quando reabriu os olhos, eles expunham ódio. 

Não seria convencido tão facilmente.

— Estou assumindo sozinho o seu trabalho, pai! Vamos esquecer essa história! Deixe-me decidir o rumo das coisas, como sempre fiz desde que o senhor se isolou no seu quarto! Eu aprendi a fazer o que é melhor para nossa família, então confie em mim. 

— Kawaki... eu peço perdão por sobrecarregá-lo. Sei que se tornou um homem muito responsável, tenho bastante orgulho de ter um filho como você. Mas como eu decidi... não me isolarei mais. Peço que confie em mim... da forma como sempre confiei em você. 

Naruto estendeu o braço, sorrindo.

Almejando que o rapaz  apertasse sua mão. 

Insistiu:

— Por favor, aceites o que peço. Vamos fazer juntos o que é melhor pra Miina. 

Kawaki se manteve imóvel, não desfazendo seu odioso semblante. 

O Sr. Uzumaki suspirou e abaixou a mão. 

Iruka hesitante, aproximou-se quando percebeu a intenção do patrão em juntar a bengala. 

O Flynn a pegou primeiro e entregou nas mãos do patrão e a seguir o ajudou a subir na sege.

— SE FOR ATRÁS DA HYUUGA, NÃO ASSUMIREI MAIS SEUS NEGÓCIOS! — Kawaki deu seu ultimato.

— "Me perdoe, Sara". 

Naruto pensou, assistindo a dolorosa imagem de Kawaki. 

O rapaz perdera parte da essência carinhosa, muito notada antigamente.

Seria um peso que o Sr. Uzumaki sustentaria no coração.

— Eu também vou lutar por você, Kawaki. — Naruto falou, jurando a si mesmo. — Parta, Sr. Diskin.

— Sim, patrão. 

O jovem Uzumaki assistiu a sege partir, sendo consumido por fervor.

Correndo, o jovem Uzumaki regressou ao interior da casa, restando somente Iruka sob o céu estrelado. 

Com a curiosidade para saber o resultado daquela situação, o Flynn retornou ao seu cômodo do estábulo. 

 

~NH~

 

Em vez de ir para seu quarto, Kawaki foi para a sala onde jazia o quadro de Sara, silencioso lagrimou sentado em um cantinho do espaço, enquanto observava os belos traços de sua mãe.


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