Moonlight escrita por lisa gautier


Capítulo 8
Bruxa(s)


Notas iniciais do capítulo

Leitores, trago a prometida resolução ao gancho (e talvez um novo haha)!
Obrigada a todos pelos comentários e desculpe a ansiedade, espero que gostem das novidades do capítulo!
Boa leitura!
PS: desculpe usar o mecanismo "anteriormente", mas senti que era necessário para seguir o ritmo perfeito.



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[Anteriormente]

 

Bella tentou desviar e Rosalie moveu-se em conjunto. 

― É Rosalie, certo? 

Ela assentiu.

― Quem sabe conversamos depois?

― Não.

― Por que não? 

― A situação está exposta demais para deixarmos para depois.

Outra vez, Bella tentou sair e Rosalie a seguiu com mais precisão que aquele espelho ao lado. A morena não tinha conseguido avançar nem dois passos. 

― Saia da minha frente!

Rosalie negou levemente.

― Eu quero uma explicação.

― Você é mil vezes pior que o Edward! ― e, com uma mão impaciente, Bella agarrou o braço de Rosalie, pronta para empurrá-la.

Então houve escuridão.

 

CAPÍTULO SETE: Bruxa(s)

 

Helen Swan contara muitas histórias a respeito das bruxas.

Bella lembrava-se com perfeição dos dias de inverno em que passara na casa da avó. O carpete felpudo, os biscoitinhos de açúcar e a voz rouca da anciã. Vovó revelando como fora seu primeiro encontro com as feiticeiras da Delta, como conhecera uma mulher capaz de metamorfosear a própria aparência e como descobrira um mercado ilegal de grimórios em Norfolk. Em uma noite chuvosa de setembro, enquanto elas assistiam a um romance indiano, Bella remexeu-se nos braços da avó e sentiu uma estranha descarga de energia, tal como a eletricidade estática gerada entre pele e tecido. Ela reclamara da sensação e vovó rira alto, explicando que logo passaria e estava tudo bem: como ímãs, bruxas se encontravam. Na proximidade, haveria uma troca natural de energias. Era um processo comum, nada extremo. Dois corpos que reconheciam a existência do outro e logo se conectavam em um nível espiritual e passageiro. 

Além da avó, Bella conhecera algumas bruxas quando viajara para Nova Orleans com Renée. Era uma sexta-feira preguiçosa e Bella caminhava pelo French Market quando notou, com seus olhos curiosos de 12 anos, uma banquinha de artesanato. Bonecas ndebele pousavam na madeira, enfileiradas, organizadas pelas estampas dos vestidinhos de lantejoulas: a pele era de tecido preto e os olhos de botões vermelhos. A artesã, sentada em uma cadeira de balanço, levantou-se com alegria quando notou o interesse da jovem. Renée pediu a boneca que usava colares dourados e Bella recolheu o troco, sentindo um choque quando encostou na mão da mulher morena. No outro dia, enquanto comiam beignets no Café du Monde, uma garçonete ruiva trombou em Bella e causou-lhe um arrepio de doer. Ela se chamava Alanis. No domingo, ao chegar ao aeroporto, Bella correu para o banheiro e acabou por tropeçar em uma mulher carregando caixas e caixas de presentes; ela pediu desculpas e se abaixou, ajudando a senhora a juntar seus pertences: no fim, levou um eletrochoque forte o suficiente para pular e cair de bunda no chão. 

Vovó explicara uma vez, lembrou-se Bella.

Quanto mais forte os poderes de uma bruxa, maior o puxão. 

Agora, pendendo em algum lugar esquisito e gelado, Bella sentia como se tivesse enfiado um garfo na tomada. Ela franziu o nariz, sentindo a dormência pinicante que subia pelos seus membros. Uma gelatina viva, ela se sentia como uma gelatina viva. Um cheiro de queimado circulou pelo ar e Bella, na escuridão de sua mente, temeu que tivesse torrado os cabelos. 

… Você está sequestrando Bella Swan?!

Como se ligassem os microfones de um auditório, uma conversa pela metade invadiu os ouvidos da garota desmaiada.

― Não seja idiota, Emm! ― replicou uma voz feminina.

O corpo de Bella pousou em algo macio.

― Se é um sequestro, deve ser feito de maneira apropriada, sabia? Devíamos colocá-la no porta-malas! 

― Eu não estou sequestrando Isabella Swan!

― O que você está fazendo, então?

Que conversa esquisita.

― Credo, Rosie, você bateu nela? Essa garota parece um cadáver!

― Claro que não. Se eu te contasse… Se eu falasse que essa garotinha não é humana, você acreditaria em mim?

Silêncio. 

― Ela é Quileute?

― Não.

Silêncio novamente. 

― O que ela é?

O som de lata amassando e um balançar esquisito seguiram-se e Bella sentiu como se estivesse jogada no porão de um navio. 

O que você fez, seu idiota?

O que você fez, sua psicopata? 

Uma nova voz masculina demonstrava fúria. 

O trio rugiu em conjunto e outra onda atingiu Bella, forte o suficiente para que ela escorregasse da planície em que se encontrava. Ela esperou uma queda longa, por algum motivo tortuosa, mas foi recebida como um puf alto e uma dureza encarpetada. 

― Você é um gênio, Edward! Tão inteligente!

Bella abriu os olhos lentamente, piscando com força na tentativa de afastar a sensação de anestesia. Tentava focalizar, enxergar o cenário à sua frente, mas encontrava apenas cinza. Ela demorou cerca de 30s para entender que estava encarando as costas de um banco de carro.

― Ela está bem?

― Alguém levante ela, meu Deus do céu! 

Um par de mãos geladas e duras içou Bella do carpete: ela repousou em um banco largo, claramente do fundo, e escorou a cabeça no vidro. Ainda tonta, como se tivesse rodopiado sem parar. 

― Bella? ― ela reconheceu a voz de Edward, aveludada e banhada em agonia. ― Bella? Como você está se sentindo? Você quer ir ao Hospital? ― Bella sentiu os dedos de Edward encostarem em sua testa suada. ― Por que ela não está na Enfermaria? Rosalie, você está louca? O que… Não terminar conversa? Rosalie, você realmente perdeu a cabeça! Que conversa você vai terminar se ela estiver morta?

― Não seja dramático, Edward… Não aconteceu nada. 

― Ah, claro!

― Ela tocou em mim e apagou. ― um bufar ecoou. ― Ela me fez desmaiar também, ok? Essa garota não é humana, algo está muito errado e eu tenho certeza que você sabe do que estou falando, Edward.

― Você desmaiou? ― Bella associou essa voz ao tal Emm citado anteriormente.

― Por alguns segundos, talvez 1 minuto. 

― Uau.

― Ela ainda precisa ir para a Enfermaria. ― Edward deslizou as mãos pelas costas de Bella, pronto para pegá-la e conduzi-la, mas ela gemeu baixo. Forçou os olhos de novo e empurrou-o com leveza. ― Bella?

― Eu preciso de… Alguns… Minutos.

Ela jogou a cabeça para o banco e respirou profundamente.

― Bella?

― O que?

― Passaram 10 minutos já.

Ela assentiu com a cabeça. 

― Mais 10, então.

Uma quietude consumiu o tempo. Bella respirava lentamente, tentando organizar a si mesma, e alguns chiados, como os de Peyote quando irritado, rasgavam o silêncio. Ela não sabia quantos minutos haviam se passado, provavelmente mais de 10, porém ela abriu os olhos e moveu as pernas para fora do carro. Não se levantou. Agora entendia que estava metida em uma briga de irmãos, com Edward, Rosalie e Emmett Cullen, além de estar dentro do Volvo. Bella apoiou as palmas das mãos nas coxas, como se reunisse força para erguer o pescoço, e fitou os vampiros a sua frente: seu olhar vagou por um minuto e pousou na loira exuberante.

― Por que diabos você é uma vampira?

Rosalie arquejou em descrença.

― Você não está me perguntando isso. ― ela disse entredentes.

― Edward, você contou para ela? ― Emmett arregalou os olhos. 

― Você não devia ser uma vampira ― a voz de Bella carregava pesar.

― Obrigada ― sibilou Rosalie.

― Ela odeia vampiros ou algo assim?

― Talvez ― murmurou Edward.

― Eu não tenho certeza, eu não aprendi tudo, mas acredito que todo esse arranjo seja criminoso ― disse Bella. 

― Criminoso? ― repetiu Rosalie.

― Criminoso.

― Por quê?

― Você é uma bruxa, não?

Agora você passou dos limites, sua…! ― Edward puxou Rosalie por um braço e Emmett circundou-a em um abraço, mantendo-a em seu peito. ― Emmett, você não ouse! 

― Por que você se ofenderia com isso? ― Bella franziu o cenho. 

― Por que eu não me ofenderia? ― Rosalie deu uma cotovelada em Emmett, afastando-o por um momento. Rosalie, entre rosnados em  formação, passou os dedos entre os cabelos, ajeitando-os. 

― Você ama tanto ser uma vampira que tem vergonha das suas origens? ― ofensa pingou das palavras de Bella. 

― Origens?

― Bella ― Edward colocou-se entre as duas garotas. ― Do que você está falando?

― Vocês são cegos? ― Bella apontou para Rosalie. ― Quem transformou ela? Ela é uma bruxa, não entendem? Ou era, eu não tenho certeza de como essas coisas funcionam… De qualquer maneira, há um poder adormecido. Ela não devia ter sido transformada! É cruel, muito cruel. Você escolheu isso, Rosalie?

Os braços de Rosalie caíram rígidos nos cantos do corpo.

― Rosalie era humana, Bella. ― quem disse foi Edward.

― Não, ela não era. Impossível.

― Do que ela está falando? ― Emmett coçou a nuca.

Bella suspirou.

― O que ela é, Edward? ― Rosalie tocou no ombro do irmão, girando-o levemente. Edward mexeu a cabeça em negação, como se respondesse a uma pergunta silenciosa. 

Bella crispou a boca.

― Como assim? “O que ela é, Edward?”. Você sabe o que eu sou!

― Claro, querida ― debochou Rosalie. ― Todo mundo entendeu essa conversa.

Bella mordeu o interior da boca.

― É impossível ter alguma normalidade em Forks, certo? ― a garota apertou a ponte do nariz. ― E mesmo entre nós, os esquisitos, ainda existe um caos… Uma falta de comunicação… Humpf! Talvez seja minha culpa, estou sendo boba em acreditar que vocês saibam de tudo… Talvez vocês realmente tenham 17, 18 anos. 

― Incrível ― Rosalie soltou uma lufada de ar. ― Agora é um monólogo.

― Eu até acreditei que ela podia ser doidinha ― comentou Emmett. ― Mas o cheiro dela é tão… Diferente. É, definitivamente não é humana.

― Bingo! ― disse Bella cheia de escárnio.

― Bella… ― começou Edward.

― Rosalie, não existe jeito delicado de falar isso ― anunciou Bella. ― Mas você é uma bruxa… E não ouse levar a terminologia como ofensa! Eu não acho que esse seja o assunto adequado para o estacionamento da Escola, mas o destino não parece folgar, então. Bem-vinda ao clube, caso você não soubesse ainda. E, não, eu não tenho nenhum preconceito com vampiros, mas bruxas devem continuar bruxas e fim da história. Existem outros meios de perseguir a imortalidade.

Rosalie sentia-se catatônica.

― Rose nunca demonstrou mais do que habilidades vampíricas comuns ― murmurou Edward.

― Além da beleza extraordinária ― pensou Emmett em voz alta.

Bella arqueou as duas sobrancelhas.

― Eu não posso falar muito além agora… Eu ainda estou aprendendo, descobrindo, tudo… Mas com um pouco de pesquisa, algumas horas, talvez eu consiga esclarecer mais a situação ― prometeu. ― Mas eu tenho certeza do que ela é. 

Rosalie engoliu um pouco de veneno.

― Você soube pelo toque? ― indagou a loura.

― Você sentiu também, não? ― Bella sorriu de canto. ― Eu realmente levei você comigo, não? Por meio minuto, pelo menos ― ela riu com amargor.

 ― Vampiros não desmaiam ― notou Emmett.

― 2 + 2 é 4. ― debochou Edward.

― Ah, qual é, cara! ― Emmett deu uma ombreada no irmão.

― Você disse “bem-vinda ao clube” ― Rosalie estava presa em seu próprio momento, tentando compreender mais da trama que se desenrolava em sua frente. ― Você é uma… Também? ― a palavra soava inadequada e Rosalie não a pronunciou.

― Sim.

― Você tem como provar?

Bella semicerrou os olhos.

― Algo além do conhecimento empírico.

― Você quer documentos e explicações científicas?

― Algo além desse fiasco do desmaio.

Certo.

Anunciando o final do dia escolar, o sinal tocou alto. Bella sacudiu-se levemente, sentindo-se hiper estimulada e sensível. Uma ansiedade crescente rodopiou dentro da caixa torácica de Bella. Reunindo forças, ela preparou-se para firmar os joelhos e zarpar daquele Volvo cinzento.

― Quando? ― ergueu-se a voz de Rosalie.

― Quando? ― repetiu Bella. ― Ah, as provas… Você quer uma data?

― É claro.

― Bem, eu queria arrumar meu quarto hoje ― Bella parecia pensativa. ― Mas talvez possamos resolver isto hoje à noite.

― Hoje? Você não precisa de mais tempo?

― Eu não preciso reunir horcruxes, Rosalie.

Os olhos de Emmett brilharam em empolgação.

― Horcruxes? Você está me dizendo que essas são reais? Cara…!

― Elas não são ― Bella revirou os olhos. ― Eu apenas li Harry Potter como qualquer outra pessoa.

― Ah. ― os ombros do moreno caíram levemente. 

― Onde? ― irrompeu Rosalie outra vez.

― Floresta? ― sugeriu Bella.

― Não é perigoso? ― Edward indagou.

― Você já sabe a resposta ― disse Bella.

Ele sabe? ― Rosalie e Emmett falaram em uníssono.

Bella deu de ombros.

― 19 horas, então ― a jovem feiticeira se levantou, equilibrando-se no chão. ― Você encontrará o local, não se preocupe.

― Por que toda essa conversa parece tão críptica? ― reclamou Emmett.

Bella bateu as mãos.

― Hum… Onde estão as minhas coisas? Eu estava com elas no banheiro... 

― No seu armário. ― respondeu Rosalie.

― Você invadiu meu armário?

A loira permaneceu em silêncio.

― Entendi. 

Conforme os alunos se movimentavam pelo estacionamento, olhares de dúvida encontraram o carro dos irmãos Cullen. Alguns sussurros iniciaram-se ao notar a presença de Bella Swan. Tão curiosos quanto os adolescentes humanos, Alice e Jasper caminharam rapidamente, com cuidado o suficiente para manter as aparências.

― Não acredito que vocês estão dando uma festa e não me chamaram ― Alice fez um beicinho.

― Você nem imagina… ― Edward deu uma fungada dramática.

Jasper, com as mãos nas costas, bateu o pé.

― Clima pesado. ― comentou.

― Alguém disse que você está parecendo a Dusty Springfield? ― Alice inclinou-se para Bella.

Bella soltou um sorriso.

― Obrigada. Você é a segunda.

― Quem falou primeiro? 

Bella indicou Edward.

― Ah! ― Alice sorriu também. ― Talvez eu tenha o educado o suficiente, afinal.

Retirar-se, retirar-se antes de se afundar até os joelhos: Bella girou nos calcanhares e deu um sorriso amarelo. Como se despedir de um grupo de vampiros após descobrir que uma deles era, na verdade, uma bruxa também? Qual seria a norma social para tal evento? 

Bella! ― um topetinho cor-de-areia destacou-se ao lado dos carros velhos: Mike Newton acenando. Ah, que herói! Bella ainda sentia-se tonta, talvez fosse a hora para aquela carona… O loirinho fez uma careta, notando que era alvo dos olhos dourados da família Cullen. 

― Até logo, então.

Tentando escapar do que parecia ser os 5 minutos mais longos de sua vida, Bella caminhou em direção ao gentil Mike. Ou tentou. Algo estava tremendamente bizarro. Ou tremendamente correto, ela sabia bem… Magnetismo, o destino. Tudo se alinhava. Bella deixara de ser um desastre ambulante no final da pré-adolescência, quando seus poderes afloraram. As práticas de dança, os rituais, as longas caminhadas no deserto, tinham aprimorado seus atributos físicos… Mas, naquele momento, ela voltou a tropeçar como aquela garotinha inocente que assistia clichês românticos com a vovó Swan: o saltinho da bota pareceu desaparecer e Bella sentiu a gravidade forçando-a contra o pavimento. 

Ela não caiu.

Invés do chão, manteve-se no ar graças a mão atenciosa de Alice Cullen.

E houve outro choque. 

Alice soltou-a com um gritinho enquanto sacudia os dedos e Bella titubeou, sendo aparada agora pelos braços cuidadosos de Edward. 

OUTRA?! 





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Notas finais do capítulo

Hoje, literalmente hoje, criei uma conta no Twitter. Caso alguém queira me seguir por lá para tagarelarmos sobre Twilight/Fanfic, é @socialisa_

Lisa x



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