Moonlight escrita por lisa gautier


Capítulo 12
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Retorno com um novo capítulo e alguns futuros ganchos...
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804741/chapter/12

CAPÍTULO ONZE: Consequências



— Caramba, Bella! Os Cullens te deram uma surra depois da aula?

Quinta-feira, 15 minutos antes da primeira aula: Bella, enquanto sugava uma caixinha de suco de laranja, recebeu um olhar preocupadíssimo de Mike Newton. O garoto loiro, com os olhos arregalados, se sentou ao lado da bruxa, evitando falar sobre as olheiras horríveis ou sobre a maneira como os cabelos dela pareciam um ninho em formato de coque; claro, não era necessário falar mais nada: o comentário anterior fora indiscreto o suficiente. 

— Certo — bufou Bella. — É mais fácil eu dar uma surra nos Cullens.  

Mike riu.

— Não, sério. A cena de ontem foi mega esquisita… Eles rondando você ao redor do Volvo? Cara…

— É, eu sei. — descartando a embalagem vazia, Bella abriu um pacote de chips de batata-doce. — Quer um pouco?

— Claro. 

Animadamente, Mike pescou uma batatinha e mastigou alto.

— Mas você está bem? — continuou ele.

Bella assentiu.

— Estou tendo alguns problemas com insônia, sabe. Acho que é por causa da mudança recente, ainda estou me habituando à Forks.

Era mentira.

Ultimamente, Bella dormia como uma pedra. 

Mas não dormia o suficiente.

De cinco dias em Washington, quatro foram preenchidos com criaturas sobrenaturais e quase nada de normalidade. Vampiros, rituais, híbridas, um corre-corre sem fim nas matas. Bella pensara que a Reserva poderia ser um esconderijo de todas as bizarrices do mundo, contudo, descobrira recentemente que os Quileutes eram lobos, então… Todo dia é como segunda-feira, pensou ela.

— Hey, se você precisar de uma carona… Sabe… Porque está muito cansada…

— Obrigada, Mike — ela sorriu pequeno.

Preguiçosamente, Mike se sentou ao lado dela na mesa de pic-nic. 

Apesar do clima nublado e frio, não estava chovendo. 

— Não quero apressar as coisas, mas… — começou Mike. — Sábado, eu e o pessoal vamos à La Push. V-você gostaria de ir junto também? 

Bella engoliu o desejo de suspirar. 

Fora fácil ficar fora do radar em Phoenix, sempre a garota pálida e sem graça entre tantas deusas loiras e bronzeadas. Em Forks, tudo soava diferente: ela era novidade e todos estavam ansiosos para pegar um pedaço, estudar uma fatia. A proposta de Mike soava gentil, mas ela estava exausta e desejava dormir por uma semana inteira. 

— O que vocês fazem em La Push? — ela perguntou enquanto processava tudo, tentando encontrar a coragem de dizer não ou, pior, sim. 

— Ah, bem… Eu gosto de surfar — ele disse com certo orgulho, empinando o queixo. 

Ela riu baixo. 

— Hum… Mas não é o que normalmente fazemos em La Push — admitiu ele. — Sempre está muito frio, então, montamos uma fogueira e comemos algo, talvez uma cerveja ou duas… 

— Mike Newton! — ela disse com falso choque. — Você está revelando para a filha do chefe de Polícia que vocês, jovens menores de idade, se reúnem para beber?

— O que posso dizer? Sou um bad-boy por natureza — ele deu de ombros. 

Demorou uns dois segundos para que ambos caíssem na gargalhada.

— Ok, ok, mas você vai pensar sobre? — ele tinha os olhos brilhantes e pidões.

Bella encheu a boca de chips. 

Era uma boa ideia participar de um círculo social, principalmente quando era composto por humanos. Ela ansiava pelo tédio das pessoas comuns e talvez, talvez, pensar com o cansaço de quinta-feira para sábado fosse uma jogada ruim… 

— Vou considerar — anunciou ela depois de engolir. 

O sorriso de Mike cresceu imensamente, tão estendido quanto uma corda, e Bella quase conseguiu contabilizar 32 dentes. Na seguida, o sinal tocou e Bella zarpou para o banheiro, lavando as mãos antes de partir para a aula de Inglês. 

Com uma suavidade tão sonhada, o dia transcorreu em toda normalidade. Bella abraçou o tédio dos períodos e quase cochilou durante a aula de Física, pouco compreendendo a necessidade de calcular a velocidade na qual um celular caíria do septuagésimo sétimo andar do Empire State. O almoço retornou o tópico dos Cullens cerceando a garota no dia anterior, mas Bella rapidamente desviou do assunto e Eric, que vinha secretamente consertando uma boombox, decidiu testar o aparelho na mesa. 

— O diretor Greene não vai gostar nada disso — comentou Lauren, nervosamente mordendo as unhas postiças. 

— É só uma caixa de som — Tyler revirou os olhos. 

— Como diabos você andou o dia inteiro como uma boombox e ninguém notou? — Bella franziu o cenho. 

— Sério, Eric — Jessica bufou. — Esse trambolho nem está mais na moda. 

— É icônico, você não entende? — respondeu ele ao largar uma chave de fenda. — Mike? 

— Sim, meu lorde — como se entregasse uma relíquia sagrada, Mike esticou as mãos e abriu os dedos, revelando uma fita cassete. Newric #18 lia-se em preto na faixa branca. Eric encaixou a fita e deu play, aguardando cheio de expectativa: o som de um carro acelerando ecoou e depois uma guitarra elétrica, tudo criando uma batida frenética. Eurobeat retumbou da caixa e houve um gemido conjunto de frustração. — O que!?

— Ah, sai fora! 

— Vocês estão de brincadeira…

— Uh-uh, sem condições.

— Argh! Vocês são incultas — acusou Tyler para as meninas.

A revolta feminina já tinha se estabelecido depois de um minuto e meio de música e as garotas saíram juntas, deixando os meninos no pátio. Enquanto elas dividiam cupcakes de chocolate e chantilly na cantina, Mike, Tyler e Eric passavam pelo lado de fora do vidro: acompanhados do diretor, vermelho como um tomate, eram guiados como graves desordeiros.

— Eu disse! — apontou Lauren. 

Depois da aula, havia uma confusão de pais perturbados na secretaria da escola: a tal caixa de som ainda causaria muito barulho e, aparentemente, parte das peças usadas no aparelho de som tinham sido derivadas do projetor roubado no dia anterior. Com satisfação, Lauren apontou o dedo outra vez e repetiu um “eu disse!”. 

— Você precisa pedir desculpas — anunciou Edward ao se posicionar ao lado de Bella no muro do estacionamento. A garota, que espiava os outros sendo reprimidos pelos pais, mordeu a língua. — Eu disse que não tinha roubado o projetor. 

— Até onde eu saiba, você pode ter incriminado os garotos — ela respondeu. — Pobres humanos sendo vítimas das artes das trevas dos imortais… Criaturas vis… 

Edward rolou os olhos. 

— Pensei na sua proposta — ela continuou, mudando de tópico. — Você sabe, sobre nossa conversa sobre almas. — Bella se virou de leve, olhando-o com cuidado. — Domingo, na campina em que nos encontramos pela primeira vez.

— Não prefere um lugar mais confortável? — ele franziu o cenho. 

— Não existe nada mais confortável para uma bruxa do que estar na natureza — ela sorriu de canto. — Mas por que? Você tem alguma sugestão de lugar?

Ele mexeu os ombros com leveza.

— Minha casa? — disse como se testasse as palavras.

Bella riu.

— Awn! Você quer me mostrar a tumba de vocês?

— Rárá, você é tão engraçada.

— Eu sou mesmo!

— Certo — ele revirou os olhos uma segunda vez. 

— Como estão as suas irmãs? Não vi elas hoje — comentou Bella.

— Elas estão na tumba — ele disse com irritação. — Com medo de entrarem em combustão espontânea ou de explodirem alguém com o olhar. Seja lá o que aconteceu naquele ritual, elas estão diferentes. 

— Elas vão ficar bem, eu expliquei tudo ontem — afirmou Bella. — De qualquer maneira, vou enviar uma mensagem igual. 

— Mensagem? — ele arqueou as sobrancelhas. 

— Você verá o truque depois — ela deu uma piscadela. — Aliás, você conseguiu ver o Ritual na memória delas?

— Não. As imagens ficam distorcidas, imaginei que fosse o tal ritual… Como você fez isso? Bloquear esses pensamentos? 

— Eu não fiz. O Ritual se protege quando finalizado — ela explicou. — Se você fosse uma vampira, uma mulher que lê mentes, provavelmente veria tudo sem problemas. 

— Hum. — ele cruzou os braços. — Domingo, então?

— Sim. Vou fazer sol. 

— Você?

— Não acha que essa cidade precisa de mais luz? 

— Bem… Talvez não seja uma boa ideia.

— Ah, Edward! Eu sei que você não queima.

— É, mas…

— Apenas domingo, não se preocupe com a fachada. Vou levar óculos escuros. 

— Você sabe o que acontece, então?

— Claro que eu sei, Garoto dos Diamantes.

— Esses apelidos…

— Ok. Eu vou tentar parar. 

— Obrigado — ele sorriu. — Você quer uma carona?

— Agora você está parecendo o Mike Newton.

— Hey! Não me ofenda! — ele se defendeu de imediato.

Bella soltou um risinho.

— Bem, obrigada, mas eu vou andando.

— Tem certeza?

— Sim, exercícios são bom para a saúde, sabia?

— Você deveria ter um carro — ele murmurou.

— Nem todos são imortais podres de rico, Edward — ela respondeu. — Eu não tinha pensado antes, mas acredito que esses sejam alguns dos privilégios do vampirismo. Apesar de tudo, vocês vivem como em Los Angeles: cheios de grana, sempre bonitos. 

— Bonitos? — ele, é claro, não podia perder a chance de provocá-la. — Você acha que eu sou bonito, srta. Swan?

Algumas gotas ralas caíram do chão, anunciando um chuvisco.

Bella abriu um guarda-chuva.

— Chega de você por hoje, Edward Cullen — ela disse. — Suas irmãs vão ficar bem. Nos vemos amanhã.

 

[...]

Sentir-se perdida era uma novidade para Alice Cullen.

Depois de mais de oitenta anos de existência, sempre conectada entre presente e futuro, incerteza era uma novidade desagradável. A vampirinha, desde que chegara em casa após o ritual do Sagrado Feminino, sentia-se travada. Pequena mentalmente, indisposta e míope: não via além do momento. 

— Ela disse que seria indolor — reclamou Rosalie ao jogar-se na cama de Alice, escondendo-se entre travesseiros e uma manta de lã. — Se eu soubesse que ia me sentir como uma impostora, eu teria ficado em casa. 

— Você não é uma impostora, Rose — Alice abraçou a irmã pelas costas, descansando o queixo em seu ombro. Uma tensão leve formava-se entre elas, silenciosamente, e beliscava como energia estática. 

— Eu nem sei mais quem eu sou, Alice — ela sussurrou, chateada.

— O que seria a eternidade sem uma surpresinha? — Alice tentou animá-la. — Teremos muito tempo para compreender tudo, Rose, não fique assim. Pelo menos, estamos juntas nessa. 

Rosalie suspirou.

— Suas visões voltaram? — ela indagou.

— Ainda não — respondeu Alice. 

— Como você está se sentindo? 

— Confusa. 

— Se nós não tivermos o poder de ressuscitar mortos quando esses dois dias passarem, Isabella Swan estará sofrendo grande perigo. — Rosalie disse entredentes. 

Alice riu.

— Somos senhoras, Alice, senhoras nos corpos de adolescentes. Merecemos um pouco de paz de espírito, não? É o mínimo. 

— Sim, sim. Senhoras. — Alice esfregou a lateral do braço de Rosalie. — Você está, de fato, se comportando como uma velhinha. Talvez esteja na hora de irmos para uma casa de repouso. 

— Quem dera.

Alice afundou o rosto na omoplata da irmã.

— O que você faria se pudesse ressuscitar os mortos? 

Rosalie pensou por alguns segundos.

— Traria Royce King de volta — ela respondeu.

— Royce? — ecoou Alice.

— Sim. E depois o mataria de novo — disse Rosalie. — Garanto que Emmett gostaria de matá-lo uma vez também. 

— Todos nós gostaríamos… — assentiu Alice.

— E depois eu traria meus pais, para perguntar por que diabos esconderam de mim que sou uma Bruxa — continuou Rosalie. — Traria vovó Hale também, para perguntar onde ela esteve durante todo aquele tempo.

Era inegável, depois de toda a experiência ritualística, que Lilian Hale, avó paterna de Rosalie, era uma Bruxa. Como Bella, a loura herdara o gene do pai, cujas habilidades extra sensoriais eram inexistentes por ser um homem. Deitada em sua própria melancolia, Rosalie questionava o porquê de sua avó nunca tê-la apoiado e o dela porquê de nunca ter compreendido suas habilidades quando humana. 

— Bella disse que é possível falar com espíritos — a voz de Alice despertou Rosalie de um breve devaneio. Ela piscou com força.

— Quero evitar Bella por um tempo — disse Rosalie.

— Ah, Rosie… Você não pode ficar brava com a garota por ter nos revelado a verdade!

— É claro que eu posso ficar brava com ela. Inclusive, ficarei. 

Alice deu um beliscão na irmã.

— Hey!

— Velhota.

Rosalie entreabriu os lábios, pronta para revidar, mas um crepitar ecoou pelo cômodo. Ambas vampiras sentaram-se em um impulso conjunto, imediatamente atentas e com os sentidos apurados: na lareira do quarto, uma pequena fagulha de fogo nascia. 

— O que é isso? — Alice engatinhou até o pé da cama, não descendo do colchão.

Entre a madeira morta, um envelope cor de rosa surgiu.

A caligrafia rebuscada mostrava um “Alice & Rosalie”. 

Em um segundo, Rosalie saiu da cama e em um vulto retornou, sentando-se ao lado de Alice. Elas trocaram um olhar antes de abrir a carta, puxando uma folha envelhecida e com um logo dourado no topo. Era um cisne de lado, belíssimo, exibindo um bico inclinado e asas exuberantes em ouro líquido. Swan





Caras Alice e Rosalie, 

 

Entendo que vocês tenham memória fotográfica, mas acredito que seja delicado, da minha parte, escrever para vocês a respeito de ontem e do futuro. Como explicado, o ritual do Sagrado Feminino não gera dor física e sim um simples despertar de poderes, o que entendo que pode gerar uma grande ansiedade. Senti que vocês estão muito sobrecarregadas de energia. Dentro do envelope, envio dois incensos de alecrim e um pouco de sálvia seca. Recomendo também um banho de rosas brancas e cravo-da-índia. 

 

Alice puxou com as pontas dos dedos dois gravetos escuros que cheiravam a óleos essenciais. No fundo do papel rosado, encontrou folhas de sálvia. 

 

Além dos truques para reenergizar, gostaria de relembrar que está tudo bem se sentir mal. Eu também gostaria de ser uma pessoa comum e poderes podem, de fato, serem pesados. Tudo, em seu devido tempo, ficará bem. Tenho boas impressões a respeito do futuro de vocês! 

Descansem, por enquanto, mas não demorem a terem grimórios, por favor. Mesmo que os Poderes de vocês não despertem, vocês merecem conhecer esse mundo. Grimórios de família são recomendados, mas devido a situação acredito que seja mais fácil vocês comprarem no porto de Norfolk. 

Adquira um tarô, Alice, e toque o piano, Rosalie. Talvez ajude também!

Caso precisem de algo, me procurem. 

 

Atenciosamente, 

Isabella Marie Swan. 




— Tão formal… E atenciosa.

— Oh! Tem um P.S do outro lado! — Alice inclinou-se para ler. 

 

P.S: Hoje vai passar no canal 77 o filme Da Magia à Sedução! É o filme favorito de toda bruxa! ASSISTAM! 



— Droga. — Rosalie largou a carta na cama. — É um dos meus filmes favoritos.

— É, eu sei — Alice respirou fundo. — Eu também amo. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo está em edição já... :D
Lisa X



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Moonlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.