Jojo pegou o cartão dado por Arnaldo.

—O que tá fazendo?

—Vou ligar para ele. Esse cara que nos atacou também é um usuário.

—E o você realmente confia nesse Arnaldo?

—Acabamos de ser atacados, né? Melhor não fingir que nada aconteceu.

Após alguns instantes o telefone atende.

—Alo.

—Alo, Arnaldo?

—Isso.

—É o Jonas, acabamos de ser atacados por um stand.

—Caramba, onde vocês estão? Estão no terreno ainda?

—Sim. O cara tá morto, acho.

—Morto! - Assustou Nathalia.

—Acho que sim. Você explodiu a cara dele.

—Ai meu Deus! - Nathalia escondeu o rosto com as mãos. Não tinha imaginado que seria uma assassina.

—Jojo, estou indo ai recolher o corpo e dar uma carona pra vocês. Se já te acharam e acham que está com a flecha com certeza virão mais.

—Entendi, bem, temos que ir pra escola. Vamos nos cuidar. 

—Ótimo.

Jojo desligou, notou que Nathalia estava em choque e foi abraça-la, mas não demorou muito, notou que o homem ainda se mexia.

—Ei! Fica quieto ai!

Jojo foi até o homem que tentou sentar-se de costas para o muro.

—Quem é você!

O homem cuspiu.

—Eu não tô brincando! Quem é você?

—Eu não vou te falar nada.

Nathalia se aproximou.

—Tá bom, tá bom eu falo mas tira ela de perto de mim!

Nathalia chegou mais perto e agarrou o homem pela camisa. Os braços do stand se manifestaram e a auxiliaram a ergue-lo até os pés deixarem de tocar o chão.

—Fala logo! Quem é você e por que nos atacou?

—Meu nome é Thiago, eu sou só um ninguém! Nem conheço vocês, eu só atraio pessoas pra tentar roubá-las, só isso!

—Atrai pessoas no meio de um terreno? Por que não monta sua casa de boneca em algum lugar no centro? Eu não acredito em você!

—Tá bem, tá bem, eu fui mandado pra procurar a flecha. Eu e outras pessoas, estamos espalhados pela cidade, qualquer evento estranho e tínhamos que investigar. Não estou atrás de ninguém, só dei sorte de estar aqui!

—E por que nos atacou?

—Por que o senhor Brando nos mandou eliminar qualquer inconveniência.

Ao ouvir o nome de Brando, Jojo sentiu algo incomodar na nuca.

—Quem é esse Brando?

—Um cara que nos contratou pra ir atrás dessa flecha. 

—Como vou acreditar?

—Não precisa, só me prende, me manda sair da cidade, qualquer coisa, você me assusta mais que ele!

—Assusta? Ele ameaçou vocês?

—Não.... Bem, sim... Já estou falando demais!

Thiago, fechou os olhos em uma expressão de pavor, o que ativou seu stand. Um punho azul saiu da parede ao lado de sua cabeça e atingiu Nathalia. Jojo a segurou para não cair no chão.

Ambos foram cercados novamente pela ilusão de um ambiente escudo, confinado e azul. Thiago foi engolido pela parede e escapou, Nathalia levantou-se e deu espaço a Jojo para quebrar a parede novamente.

Jojo estava cansado desse joguinho e colocou sua raiva e vontade em um único soco.

—TOMA!

O soco bateu em uma parede sólida.

A ilusão se desfez ao redor deles, não conseguiram mais ver o garçom. 

—Ele escapou.

—Jojo, olha. - Nathalia se aproximou do muro e observou a estrutura. 

O cimento e o tijolo aos poucos rachavam e desmontavam, alguns menores viravam pó. O metal da armação do muro começou a enferrujar levemente e logo parou.

—O seu poder não destruiu a parede toda. Só um pouco e bem devagar.

—Sim... e também me senti muito mais cansado com esse soquinho de nada do que quando destruí a sala ilusória inteira.

Jojo segurou uma pedra e se concentrou. Seu stand se manifestou muito levemente ao seu lado e tocou a pedra com as duas mãos. Uma camada fina da pedra virou pó e começou a cair. Jojo soltou a pedra de uma vez, exausto.

—Jojo!

—Estou bem, estou bem. Só é realmente muito difícil. Deixa eu tentar com algo menor.

Jojo pegou uma folha e se concentrou novamente. Apenas o braço do stand se materializou ao lado do seu e tocou a folha com dois dedos, a folha começou a amarelar, em instantes envelheceu, ficou marrom, endureceu e começou a despedaçar até virar pequenos pedaços secos que logo sumiram.

—Acho que entendi, eu não destruo coisas, eu as envelheço. Quanto mais leve mais rápido. 

—Que triste...

—Como assim?

—O meu estoura tudo, mas eu sei que eu sou meio esquentada e tal. O seu... envelhece, como se matasse.

—Pensei nisso também.

—Você acha que quer dizer alguma coisa?

—Não tenho certeza. Talvez por morar sozinho tive que "envelhecer" mais cedo.

—Ah sim... Me desculpe.

Nathalia abraçou jojo. Sempre se sentia mal de comentar sobre esse fato dele.

—Não se preocupa, Jojo. O tempo bom logo chega.

—Até lá... - Disse Jojo se soltando do abraço. Conseguiu chamar seu stand a sua frente, mas sua imagem ainda era fraca. - Até lá, vou ter que conviver com o 「Tempo Ruim」.

—É assim que vai chamar ele?

—É.

—Credo.