Ao se separarem do figura. Jojo e Nathalia seguiram pelo terreno baldio que até então era abandonado. Passando pelo terreno avistaram uma pequena estrutura azul com uma cortina no lugar da porta, sem janelas.

—Esse negócio tava ai antes? - Questionou Nathalia.

—Acho que não. 

—Então construíram da noite pro dia.

—É um casebre simples, não deve ser tão difícil fazer.

—Quer dar uma olhada?

—Como?

—Se você quer espiar lá dentro!

—Eu acho melhor não, vamos pra escola.

—Pois então eu te alcanço. 

Nathalia seguiu em direção ao casebre o que preocupou Jojo, acompanhando-a.

Com cuidado, Nathalia afastou a cortina e espiou o local.

Era uma casa noturna, com sofás, narguilés, uma galera descontraída e em um dos sofás estava Gustavo, o garoto da sala de Nathalia por quem ela tinha uma queda. Gustavo era extrovertido e nerdola, do tipo que ela não tinha ideia por que a atraía sendo que já tinha ficado com muitos da escola muito mais bonitos que ele.

Chegou como quem não quer nada, sentou do lado dele e trocou uma ideia, logo estava com a cabeça deitada no colo enquanto ele fazia um suave cafuné, do jeito que ela nunca recebeu de ninguém pois até agora só tinha saído com "homens de verdade" que, embora tinham um jeito rustico que a excitava, não demonstravam esses afetos mais suaves. Ela estava no paraíso.

Jojo observou o local. 

Era um RockBar. A galera sentada nas cadeiras ao redor das mesas fumando, bebendo, um Grunge tocando ao fundo e em uma das cadeiras estava Suzana por quem ele tinha uma queda. Suzana era apenas bonita, do tipo sem personalidade. Ou melhor, a personalidade era ter um instagram. Essa falta de personalidade fazia Jojo não se aproximar ou se sentir muito mais atraído, mas naquele ambiente ela estava diferente. Com uma saia xadrez preta e amarela, varias correntes na roupa, meia calça rasgada, enfim, estava a caráter. 

Chamaram Jojo pra se sentar com eles e começaram a conversar sem olhar muito pra ele ou o fazendo dar sua opinião. Suzana sutilmente segurava sua mão, acariciando com o dedão de forma discreta. O ambiente estava da forma que ele mais se sentia aconchegado, quase como um sonho.

Mas perdeu Nathalia de vista.

Começou a olhar ao redor procurando-a.

—O que foi? - Perguntou Suzana.

—Minha amiga entrou comigo aqui, mas acho que perdi ela de vista.

—Não se preocupa, ela tá bem.

—Mas onde ela tá? Aqui não é tão grande assim pra eu perder ela.

—Relaxa, a comida já chegou.

Um garçom trouxe uma bandeja de camarões empanados com uma grande tigela de molho rose: O favorito de jojo.

—Poxa. Que surpresa.

Jojo pegou um, mergulhou no molho e estava do exato sabor do camarão que provou em um quiosque quando visitou a praia. Era incrível.

Suzana pegou um camarão e comeu também.

Jojo estranhou.

—Não vai tirar a foto?

—Que foto?

—Pro seu instagram.

—Ah não. Prefiro curtir o momento.  

Jojo saltou da cadeira, a derrubando. Se abaixou pra pegar a cadeira com o rosto vermelho de vergonha, mas notou que ninguém olhou pra ele. Nem seus amigos nem as pessoas ao redor. O cenário perfeito pra um introvertido.

—Tem alguma coisa estranha aqui.

—Não tem nada estranho, Jonas! - Todos da mesa falaram em uníssono. Suzana falou. O garçom falou.

—Como você sabe meu nome?

—O que?

—Eu não te disse meu nome, ninguém falou meu nome.

—Ora, senhor Jonas, isso é apenas uma...

—Disse de novo.

Susana levantou-se, agarrou Jojo e beijou-o.

Jojo se afastou assustado.

—O que? O que foi isso? O que você?

Suzana começou a se desmanchar como se fosse fumaça. 

—O que está acontecendo?

Todos da mesa começaram a virar fumaça também. Todo o bar virou fumaça e sumiu. Nathalia estava deitada no chão, como se beijasse alguém. Ao notar que não tinha ninguém em seus braços, gritou de susto.

—Nathalia! Calma! Sou eu! Jojo!

—Jojo? Cadê o Gusta?

—Gusta? Gustavo?

—Isso!

—Você estava beijando ele?

—O que? Não!

—Não, Nathalia, é sério. Você viu ele? Ele começou a falar com você? Estava te paquerando?

—É... 

—Tá, então já entendi.

—Entendeu o que?

—Acho que aquele bar era um

—Um Stand, senhor Jonas?

O garçom estava em pé em cima de uma pilha de entulho. 

—Um stand? - Questionou Nathalia.

—Isso mesmo, senhorita. Vocês conheceram o meu stand! 「Boate Azul」

—Um stand que nos coloca em um lugar perfeito, correto? - Deduziu Jojo - Para nos prender lá. Uma prisão que não queremos fugir.

—Isso mesmo, senhor Jonas.

—Seu imbecil! - Nathalia gritou enquanto corria em direção ao monte de entulho, quando liberou seu stando com força máxima.

O stand de Nathalia, 「Novinha Terrorista」, era em sua maioria rosa choque, com ombreiras, joelheiras e tênis verde limão. Seus olhos imitavam as lentes de um juliet, mudando de cor conforme mudava a direção do rosto. Seu cabelo saiam em formato de três transas longas que se encontravam no final, na altura do joelho.

—「Boate Azul」!

O stand foi reativado, prendendo Jojo e Nathalia em um quarto sem nada, apenas paredes azuis. Nathalia socou uma dessas paredes, o que causou uma explosão que atirou Jojo para longe.

—Jojo! Desculpa!

Nathalia saiu correndo para ajudar o amigo. Quando chegou, jojo estava sem o braço, com metade do rosto dilacerado e em brasa pela explosão.

—Meu Deus! O que foi que eu fiz?

Jojo estava em um quarto azul, sem portas janelas ou móveis. Nathalia socou a parede e a explosão a jogou para longe.

—Nathalia!

O braço de Nathalia foi esmigalhado pela explosão.

—Não! É outra ilusão! - Disse jojo, evitando olhar para Nathalia desmembrada, procurando o maldito garçom.

—É ilusão, é ilusão, é ilusão!- Gritava Nathalia evitando olhar para Jojo sem conseguir conter as lagrimas.

Em algum lugar, entre as ilusões, Jojo ouviu Nathalia chorar.

—SEU COVARDE! - Berrou jojo.

O stand de Jojo saiu por um instante, um curto instante ele foi projetado plenamente. Era amarelo, com um padrão de linhas pretas que fazia seu corpo ser coberto de losangos. Usava botas cano longo e luvas, um cinturão e ombreiras, tudo marrom. O cabelo em formato de dreads, mas não eram necessariamente fios ou pelos, eram rígidos como grandes cabos que chegavam na autora do ombro.

O stand apareceu socando todas as paredes daquela sala e ao mesmo tempo que destruía, as paredes iam virando pó.

—Como? Como você está destruindo a ilusão do meu 「Boate Azul」?

Jojo não se importou com a voz que vinha de todos os lugares. Apenas continuou socando e transformando as paredes em pó. Conforme a luz do sol entrava, conseguiu enxergar Nathalia. Ela também enxergou Jojo. As ilusões dos corpos feridos sumiam onde a luz do sol tocava.

—Pare! Minha ilusão! Meu 「Boate Azul」 não pode ser derrotado! 

—Jojo! 

Ouvir a voz de Nathalia o tirou do acesso de raiva e fez o stand sumir. As paredes começaram a se reestruturar.

Nathalia correu e abraçou Jojo, eles estando próximos não sumiam pela ilusão.

—Vocês nunca escaparão! 

—Jojo, você consegue destruir a ilusão?

—Eu acho que sim.

—Então vamos sair daqui.

Jojo se aproximou de uma das paredes e a socou. Nada aconteceu.

Uma gargalhada surgiu de todos os lugares.

—Eu avisei! Vocês nunca vão escapar!

—Jojo...

—O que?

—Eu não quero mais ver essas ilusões... Eu to com medo.

As palavras de sua amiga despertaram novamente um forte sentimento em jojo. Não raiva, mas força de vontade. Não era por ele, ele estava acostumado a lugares fechados, poderia usar sua concentração pra discernir o que era ilusão e ignora-las. Mas Nathalia não.

Jojo gritou e socou a parede mais uma vez, o braço do stand se projetou um pouco a frente do seu e abriu um buraco na parede. Jojo e Nathalia pularam por ele e finalmente saíram da ilusão. Avistaram o garçom encostado em uma arvore, com inúmeras feridas pelo corpo e sinais de queimados na roupa. Por mais que a ilusão de uma parede parou o golpe de Nathalia, ela não o protegeu realmente. 

O garçom se assustou e esticou o braço, fazendo outra parede surgir entre ele e os dois.

Jojo a socou e a destruiu antes que se formasse por completo. Ambos continuaram andando.

O garçom tentou de novo, Jojo a destruiu de novo.

O garçom tentou mais uma vez, Jojo destruiu-a mais uma vez. 

O garçom ergueu o braço, mas nada apareceu. Estava exausto.

Nathalia parou na frente do garçom.

—Na cara não. - Implorou.

Nathalia levou o pé para trás e conjurou seu stand. Ambas chutaram ao mesmo tempo mirando a cabeça, mas só o stand alcançou-o. A explosão fez o garçom voar e bater de cara em uma parede sólida.

—Caixão fechado, babaca. - Afirmou Nathalia.