O noivo de natal escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 6
Quinto capitulo: Desventuras em série part.1


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O noivo de natal.
Espero que estejam se divertido com as confusões desses personagens fora de série.

Beijos e boa leitura.



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Desci do ônibus e caminhei apressada pelas ruas do centro da cidade, já devidamente decoradas com arranjos natalinos e cheias de pessoas passeando pelas calçadas com sacolas de lojas, em busca do endereço que Daniel havia me enviado por mensagem por sorte o local ficava a uma distância razoável da escola em que trabalhava, procurei com os olhos pelo delegado em um algumas das várias mesas que o estabelecimento possuía em sua entrada, mas não o encontrei.

Respirei fundo e atravessei a rua tomando cuidado com os carros, me aproximando do prédio de fachada vermelha que logo identifiquei como sendo um aconchegante Bristô, um estabelecimento menor e intimista, que havia acabado de abrir na região e sempre desejei poder algum dia comer aqui, mas nunca conseguia arrumar um tempo para isso e hoje estava mais do que agradecida por Daniel ter me proporcionado esse momento, mesmo sem saber.

Como estava um clima agradável e fresco, escolhi uma das mesas ao ar livre para me sentar e esperar por Daniel, antes de lhe mandar uma mensagem avisando que já estava a sua espera.

“Já cheguei abominável homem das neves, estou te esperando em uma das mesas do lado de fora do Bristô.”— digitei rapidamente sorrindo por utilizar seu apelido enviando a mensagem em seguida, esperando sua resposta quando ouvi alguém falar comigo, me fazendo desviar os olhos do celular para ver o garçom em pé na minha frente.

—Boa tarde senhorita, seja bem-vinda ao Bristô Batista, o que deseja nessa tarde quente de dezembro? - o garçom questionou sorrindo galante me fazendo rir da sua empolgação, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa meu celular tocou sinalizando que havia chegado uma mensagem. - Só um minuto.

—Tudo bem. - o garçom disse solicito e agradeci, desbloqueando meu celular para ver a mensagem de Daniel, agora já devidamente identificado no meu celular.

“Vou me atrasar um pouco, pequena, estou atolado em meio a alguns mandados que precisam da minha assinatura, assim que terminar vou correndo pra ir. Pode pedir o que quiser porque ficará por minha conta, é o mínimo que posso fazer por deixá-la esperando por mim.”— li a mensagem e fiquei surpresa por seu gesto de cavalheirismo, mas diante de tudo que já havia ouvido da sua prima aquela atitude seria natural para Daniel.

“Tudo bem, leve o tempo que precisar e não se preocupe comigo, porque estarei desfrutando as comidas mais caras do menu por sua conta, abominável homem das neves.”— enviei a mensagem sorrindo, sabendo que ele também iria rir assim que lesse.

“Conto com isso, pequena.”— li sua resposta e sorri, antes de voltar minha atenção para o garçom.

—Pelo jeito, seu acompanhante está atrasado. - o garçom apontou e concordei dando de ombros.

—Sim, mas ele me deu passe livre para pedir o que eu quiser enquanto espero. - disse vitoriosa e ele sorriu me entregando em seguida o cardápio do Bristô, me permitindo analisar as inúmeras opções de sucos, bebidas e lanches ali presentes, depois de pensar um pouco decidi pedir apenas um suco enquanto esperava pelo delegado. -Vou querer um suco de abacaxi com hortelã, bem gelado, por favor.

—Claro, mas alguma coisa para acompanhar? - o garçom questionou solicito e neguei com a cabeça, lhe entregando em seguida o cardápio, antes de se afastar de mim.

Enquanto esperava por Daniel e por meu suco, comecei a prestar atenção nas pessoas que passavam pela rua, todas alegres e felizes realizando suas compras de natal. As crianças eram as mais animadas diante das decorações espalhadas pela rua, principalmente quando viam algum papai noel na porta de uma loja saudando os clientes que entravam no estabelecimento, mas no meio de tudo isso uma pequena família chamou minha atenção, especialmente os pais que registravam no celular cada reação da filha pequena, diante do seu encantamento com tudo ao seu redor.

Vê-los ali, tão envolvidos e compartilhando momentos únicos como aquele, me fez pensar se algum dia teria alguém para dividir algo assim comigo ou que me desse uma garotinha tão linda como aquela, para quem pudesse apresentar toda a magia do natal e registar tudo no celular, como aqueles pais babões faziam diante dos meus olhos.

Aquela cena me fez lembrar do quanto sempre desejei ser mãe.

 Na verdade, queria ser mãe de três crianças, duas meninas e um menino talvez até o contrário, mas foi naquele momento que me dei conta de que talvez não pudesse realizar meu sonho. Afinal, não tinha um relacionamento sério a muito tempo e jamais engravidaria de um idiota que só iria fazer meus filhos sofrerem e constatar que meu sonho poderia não se realizar tão cedo me deixou triste.

—Senhorita, aqui está o seu suco. Está tudo bem? - o garçom questionou preocupado me trazendo de volta para a realidade e virei para vê-lo.

—Sim, estou bem e obrigada pelo suco.

—De nada, qualquer coisa a mais que desejar é só me chamar e a propósito, meu nome é Henrique.- ele disse sorrindo solicito sem desviar os olhos de mim, me deixando com a impressão de que estava me paquerando e tinha que admitir que estava gostando disso, afinal, o garçom não era de se jogar fora e já fazia um bom tempo que não saia com ninguém.

Não custava nada ser educada com ele e até flertar um pouquinho, sem qualquer tipo de expectativa. Porque vai que ele seja o futuro pai dos meus três filhos?! Nunca se sabe, não é verdade.

—Não se preocupe, Henrique, se precisar de qualquer coisa o chamarei com certeza. - disse sedutora piscando para ele que sorriu convencido para mim, antes de se afastar da minha mesa.

Estava no meu segundo copo de suco de abacaxi com hortelã e determinada a pedir algo para comer, quando Daniel se aproximou da mesa interrompendo minha conversa com Henrique, que descobri depois ser o dono do Bistrô em que estava. Ele havia me contado que deixou a sala da administração do local, para ficar no lugar de uma das garçonetes que não havia amanhecido muito bem hoje e não tinha ido trabalhar.

—Estou interrompendo alguma coisa aqui? - Daniel questionou parado ao nosso lado de braços cruzados e com a expressão séria, demonstrando que não estava nem um pouco feliz de encontrar um homem sentado tão perto de mim.

E foi ali que vi a oportunidade de virar o jogo interno que acabei estabelecendo ontem com Daniel, o qual ele estava ganhando por hora. Sabia que era errado usar Henrique daquela forma, mas não era como se eu fosse levar aquele flerte a sério.

Ele era um cara legal, engraçado e divertido, tudo que uma mulher deseja em um homem, mas percebi que Henrique não queria nada sério comigo quando notei que ele olhava mais para o decote do meu vestido do que para os meus olhos.

—Com certeza, cara. Se não percebeu, estamos nos conhecendo aqui. -Henrique disse sério para Daniel que estreitou os olhos em sua direção, surpreso por sua ousadia.

—Que bom, porque é sempre bom fazermos amigos novos, mas noivo só tem um e eu sou o noivo dela. Agora levanta dessa cadeira, porque você está no meu lugar. -Daniel disse severo olhando de forma feroz para Henrique, alertando-o de que se não saísse de perto de mim ele o tiraria a força.

E olhei para o delegado surpresa, pois não esperava por uma reação tão exagerada como aquela, era quase como se ele estivesse com ciúme de mim...E pensar nisso me fez rir internamente, porque o abominável homem das neves merecia essa depois de me fazer imaginar coisas indecorosas ao seu respeito.

—Tu...Tudo bem, cara, não precisa apelar pra a violência, já estou indo. -Henrique disse nervoso se levantando rapidamente da cadeira e quase a derrubando, me fazendo disfarçar uma risada enquanto o via se afastar de mim.

—Eu te deixo alguns minutos sozinha, pequena, e já conseguiu arrumar um idiota pra dar em cima de você?!- Daniel questionou sério ocupando o lugar que outrora estava Henrique.

—Hei, o Henrique não era um idiota, ele até que era legal. E que história é essa de espantar meu paquera dizendo que é meu noivo? Por acaso ficou com ciúmes de mim? - questionei implicando quando ele, enquanto torcia para que respondesse minha pergunta.

—Não fiquei com ciúmes de você, pequena, disse que era seu noivo porque estava treinando para que nada desse errado no nosso plano. E legal?! Aquele cara não parava de olhar para o seu decote, ele podia até ser legal, mas não o cara certo pra você. -Daniel disse sério e sorri presunçosa para ele.

—Parece que ganhei o jogo, abominável homem das neves. É dois a um pra mim. - disse sorrindo vitoriosa e Daniel estreitou os olhos, antes de me olhar chocado me fazendo rir.

—Mas que pequeninha ardilosa...- ele segredou chocado me fazendo rir, antes de cair na gargalhada também.

—Bom, brincadeiras a parte, estava a ponto de pedir algo para almoçar porque ainda não comi nada, quer me acompanhar?

—Sim, por favor, só agora consegui sair da delegacia, então vou aproveitar para almoçar também. Que tal chamar o seu paquera do Bistrô para nos atender?

—Duvido muito que ele venha até a nossa mesa depois do susto que você deu no coitado, achei que ele fosse ter um ataque do coração ou sair correndo daqui. - segredei e começamos a rir da cena, porque realmente havia sido engraçado. - Como é que você consegue?

—Consigo o quê, pequena?

—Ser engraçado, doce, protetor e assustador ...É como se existisse várias camadas suas, como se você fosse uma boneca russa, sabe? E a cada boneca que tiramos, uma personalidade diferente nos é apresentada. Como consegui ser tão contraditório, Daniel?

—Não sei, você é a primeira pessoa que me diz isso, mas acho que talvez seja por conta do meu trabalho. Não posso ser o mesmo Daniel que sou com você ou com a minha família no meu trabalho e vice versa, locais diferentes necessidades diferentes. - ele explicou dando de ombros e concordei, antes de Daniel fazer sinal para um garçom que estava ali e logo veio anotar os nosso pedidos saindo em seguida.

—Então, delegado, qual foi a emergência que o fez pedir meu número para a sua prima, para que pudesse conversar pessoalmente comigo? - questionei olhando em seus olhos escuros, enquanto esperávamos nossos pedidos ficarem prontos.

—Bom, pedi seu número para a minha prima porque precisava conversar com urgência com você, pois hoje na delegacia começaremos a fazer as escalas de plantões para o final de ano e preciso saber quando precisará de mim para ser o seu “N.D.M”. - ele explicou e pisquei confusa sem entender do que estava falando.

—Que história é essa de “N.D.M”? -questionei confusa e ele respirou fundo, antes de se inclinar sobre a mesa como se fosse me contar algo que mais ninguém deveria saber e ter seus olhos escuros tão perto de mim me deixou atordoada.

—“N.D.M” é o código que inventei para “Noivo de Mentira” ou quer que todo mundo saiba que mentiu para a sua família sobre está comprometida?- Daniel sussurrou sério e balancei a cabeça negando, antes dele se afastar de mim voltando sua posição, tentando acalmar a confusão que havia se apossado de mim por alguns instantes.

—Entendo, você tem toda a razão. - disse assim que consegui me recuperar e respirei fundo em seguida, clareando minha mente para o assunto que iriamos falar agora.

—A minha família começa as festividades a partir do dia 20 de dezembro, pois é o aniversário de casamento dos meus pais, esse ano eles farão trinta e oito anos de união. - expliquei e Daniel assobiou alto, me fazendo sorrir enquanto o garçom se aproximava com o nosso almoço.

Esperamos ele arrumar tudo na mesa e lhe agradecemos, antes dele nos deixar a sós novamente e continuamos de onde nossa conversa havia parado.

—Bodas de carvalho, não é para qualquer um. Meus pais fizeram quarenta anos de casados em maio, a famosa bodas de esmeralda. Sabe, todas as vezes em que estou com eles me pergunto como conseguiram se manterem tanto tempo casados, se na maioria das vezes vivem querendo matar um ao outro. - Daniel disse sem entender, antes de provar um pouco do seu risoto de camarão com frutos do mar.

—Vai ver essa é a forma deles demonstrarem que se amam. Olha só você e a Sarah, por exemplo, vivem implicando com o outro o tempo todo, mas tenho certeza que não a nada que ela não faria por você e você idem. - apontei antes de dar uma garfada no meu peixe ao molho de maracujá, gemendo satisfeita pelo saber delicioso do prato fazendo Daniel rir. - Ou só talvez, seja algo da família Souza, implicar apenas com as pessoas que amam.

—Se essa teoria estiver certa, pequena, o que duvido muito, então, o fato de implicarmos um com o outro todo tempo é porque estamos secretamente apaixonados, mas somos orgulhosos demais para admitir? - ele questionou me olhando com curiosidade e engoli em seco, antes de tomar um gole do meu suco de abacaxi tendo meus movimentos observados de perto pelo delegado.

—O que?! Claro que não. Somos uma exceção a essa regra, além do mais, sem ofensa abominável homem das neves, mas você nem faz meu tipo.

— Graças a Deus, porque se o seu tipo for igual ao cara de minutos atrás que estava a um passo de pular dentro do seu decote, não faço mesmo seu gosto. Você devia ficar com alguém que estivesse mais preocupado em olhar nos seus olhos enquanto conversam, que preste atenção em cada palavra que diz, não que implore em pensamento que chegue o instante certo em que pare de falar para que possa convencê-la a ir pra cama com ele.

E suas palavras me pegaram de surpresa, porque jamais imaginei que pudesse existir um homem que pensasse dessa forma, não que não existissem, mas eles eram tão raros e a maioria comprometidos que encarei o seu tipo como uma espécie em extinção.

—Bom, você tem razão em alguns pontos, mas o sexo também é importante para uma relação. - apontei, pois já estive em um relacionamento ruim em que o sexo era pior ainda.

—Não vou negar, mas quando se está em uma relação legal com alguém que ama, na qual os dois se entendem e se respeitam, ele acaba se tornando apenas um complemento de tudo que sentem. -Daniel explicou suave, antes de tomar um gole do seu suco de acerola me fazendo olhar chocada para ele.

—Por acaso, além de delegado você é guru amoroso nas horas vagas? - questionei assombrada e ele sorriu negando.

—Não, Amanda, só tive mais experiências amorosas e vivi um pouco mais que você.

—Você não parece ser tão velho assim, Daniel...Acho que deve ter no máximo uns trinta ou trinta e um anos. - disse olhando para ele atentamente, tentando adivinhar sua idade.

—Fiz trinta e dois esse ano e você não deve ter mais de vinte nove, estou certo?

— Está, fiz vinte e cinco em novembro, mesmo assim você não é tão velho, Daniel.

—Sou sete anos mais velho do que você, pequena. Acho que isso me qualifica, como mais experiente e meus parabéns atrasado.

—Obrigada, e sete anos não quer dizer nada é só um número, ainda mais quando há sentimentos verdadeiros.

—Para muitas pessoas não é.- Daniel apontou e revirei os olhos fazendo-o rir

—Não sou uma dessas pessoas...E espera... Você tem uma tatuagem no pulso? Não sabia que a academia de policia aceitava homens de farda tatuados?!- questionei brincando assim que percebi um leve risco em seu antebraço, por baixo da manga dobrada da camisa social que Daniel usava.

—Observadora, você. - ele disse surpreso e dei de ombros, enquanto o delegado levantava mais a manga da camisa permitindo que pudesse ver algumas palavras tatuadas ali. - Esse tipo de pensamento é arcaico, pequena, no meu caso não é propriamente uma tatuagem é mais um alerta para a minha própria segurança, já que vivia perdendo minha pulseira médica ou esquecendo de colocá-la.

Sem cerimônia, segurei o braço de Daniel lendo a inscrição que dizia “Alérgico a dipirona”, algo muito simples e feito em um traçado tão simples e delicado que parecia fazer parte dele, sem perceber tracei os contornos de cada forma com a ponta dos meus dedos sem desviar os olhos da tatuagem que estava ali para salvar a vida daquele homem sarcástico e insuportável, mas que a cada dia me permitia conhecer uma nova faceta sua.

—Quão alérgico a dipirona você é? - questionei desviando os olhos da sua tatuagem para ver seus olhos escuros.

—Muito alérgico, pequena. Do tipo que tem um ataque anafilático, se receber essa medicação e não for socorrido a tempo.

—Quando descobriu que era alérgico?

—Meus pais descobriram quando tinha uns dois anos e tive amidalite, como a minha febre não baixava os médicos tiveram que recorrer a dipirona injetável o que quase me matou, por sorte estava no hospital e fui socorrido a tempo.

—Sinto muito. - disse preocupada, imaginando a aflição que os pais de Daniel sentiram vendo o filho pequeno passar mal e o quanto o próprio não deve ter ficado assustado com tudo aquilo.

—Tudo bem, pequena, não precisa ficar preocupada. Não é algo que me impeça de ter uma vida normal, só preciso tomar cuidado quando for a um hospital. E você, tem alguma alergia que preciso saber? - ele questionou suave olhando nos meus olhos e balancei a cabeça negando.

—Que bom, isso me deixa mais tranquilo. Voltando ao nosso assunto inicial, as festividades da sua família. -Daniel disse mudando de assunto e respirei fundo, soltando seu braço antes de lhe explicar sobre a semana natalina da minha família, na qual todos se programavam para passarmos juntos na chácara do meu avô que ficava fora da cidade, um verdadeiro paraíso escondido longe de todo barulho e poluição da cidade grande.

Inicialmente meu avô morava na Chácara Cecilia, uma homenagem dele a sua amada esposa, mas após a morte da minha avó e o aparecimento dos seus problemas de saúde a família concordou que séria melhor que ele morasse com meus pais, passando os finais de semana em sua antiga casa assim como as festividades natalinas com todos da família.

Todos iriam para a Chácara Cecilia a partir do dia dezoito ou dezenove, para que pudéssemos arrumar toda a comemoração das bodas dos meus pais, depois dessa grande comemoração continuávamos ali até o dia primeiro do ano seguinte, onde teríamos nosso grande almoço do primeiro ano em família, antes de retornarmos a nossa rotina agitada da cidade.

—E então, você vai poder ficar tanto tempo ausente da delegacia? - questionei preocupada assim que terminei de explicar toda a programação natalina da família Nunes, enquanto o garçom recolhia os nossos pratos assim que terminamos de almoçar informando que traria a nossa sobremesa e lhe agradecemos, antes dele nos deixar a sós novamente.

—Sinceramente, não sei, Amanda, mas prometo conversar com meus colegas delegados para ficarem no meu lugar, o que será uma surpresa para eles, afinal, sou o que sempre trabalha dobrado durante as festas. Só peço que espere que lhe confirme, se consegui arrumar minha escala, antes de confirmar a nossa presença para a sua família. - ele pediu e concordei, enquanto o garçom deixava nossa sobremesa, uma salada de frutas adoçada com mel excelente escolha naquela tarde quente, antes de nos deixar novamente a sós.

—Tudo bem, não se preocupe. Pra minha família, você já é praticamente um fantasma mesmo, desde que disse que estava “noiva” nunca me acompanhou em nenhum evento familiar que se não for nem acharam estranho ou talvez me levem para fazer uma ressonância, porque com certeza irão desconfiar que estou com algum problema porque inventei um noivo. - disse dando de ombros mexendo na minha salada de frutas fazendo-o rir.

—Me desculpe por isso, pequena, mas você pode dizer que seu “noivo” não te acompanha porque está ocupando colocando alguns caras maus na cadeia. - Daniel disse sarcástico comendo um pouco da sua salada de frutas.

—Por falar em caras maus, você me disse que estava ocupado com alguns mandatos, por acaso algum deles é para o cretino que enganou a mim e a sua prima e roubou nossas economias? - questionei esperançosa e Daniel estreitou os olhos, deixando sua salada de frutas de lado para me encarar sério.

—Me desculpe, pequena, mas não posso ficar falando sobre minhas investigações, especialmente uma que pode beneficiá-la.

—Qual é, Daniel?! Fomos as vítimas, acho que merecemos saber se devemos alimentar esperanças em reaver nossa grana ou esquecer de uma vez essa história.

—Sei disso, mas não posso comentar nada sobre esse assunto, será melhor para a segurança de vocês se não souberem como está o andamento da investigação. - ele disse evasivo e gemi resignada, pois Daniel não iria me contar nada sobre esse assunto.

—Tudo bem, não vou mais insistir nisso, mas fique o senhor delegado sabendo que se algum dia encontrar o picareta que nos enganou, acho bom ter duas celas vazias na sua delegacia, porque vou acabar em uma depois de descontar minha raiva naquele cretino oportunista.- avisei séria e ele sorriu alto, como se não acreditasse que fosse capaz de bater em alguém.

—Você, Amanda Nunes?! Batendo em alguém?! Duvido.

—Porque acha que não posso bater em alguém? -questionei ofendida, enquanto olhava em seus olhos escuros.

—Porque você é pequena demais, além de não ter a força necessária para machucar alguém. Se algum dia fosse bater em outra pessoa, tudo que conseguiria era se machucar feio.

—Hei, para sua informação não sou tão pequena assim, tenho um metro e cinquenta e sete, a altura de uma mulher normal. A culpa não é minha, se foi você que cresceu demais com seus quase dois metros, abominável homem das neves. - disse implicando com ele que sorriu suave, me fazendo rir em seguida.

—Tenho um metro e oitenta e cinco, Amanda. Uma altura normal, que me permiti pegar qualquer coisa no alto sem pedir ajuda de ninguém ao contrário de você, pequena.- Daniel disse implicante e olhei feio para ele, antes de dá um soco no seu peito me arrependendo em seguida, quando a minha mão latejou imediatamente, como se tivesse acabado de bater em uma parede de concreto, me fazendo gemer de dor.

 Confirmando o que Daniel havia acabado de falar minutos atrás, sobre me machucar feio se tentasse bater em alguém, o que me fez odiá-lo ainda mais por isso.

—Por Deus, Amanda, você ficou doida?! Me deixe ver sua mão. - Daniel disse preocupado trazendo sua cadeira para mais perto de mim, segurando minha mão direita nas suas com o maior cuidado possível, como se quisesse evitar que sentisse ainda mais dor.

Preocupado, ele me pediu para mexer os dedos da mão e fiz o movimento solicitado gemendo de dor, deixando-o ainda mais preocupado comigo.

—Não se preocupe, vou levar você para o hospital e vamos cuidar disso, logo não sentira mais dor. - Daniel prometeu suave tentando soar calmo, antes de chamar o garçom para pedir a nossa conta só que quem se aproximou da nossa mesa foi Henrique, o cara com quem flertei de brincadeira horas atrás e dono do Bistrô, que não parecia nada feliz diante da situação que havia me encontrado agora.

—Precisa de ajuda, Amanda? - Henrique questionou sério para Daniel, como se estivesse a um passo de pular em cima dele, o que era surpreendente depois de vê-lo praticamente correndo quando o delegado usou sua fachada intimidadora com ele.

—Estou bem, Henrique, não precisa se preocupar só me machuquei fazendo algo que fui avisada para não fazer. - disse com dor e os dois homens me olharam preocupados.

—Não acredito que teve coragem de bater na Amanda, em plena luz do dia. Sabia que você era encrenca assim que se aproximou, não se preocupe querida, vou chamar a policia e iremos garantir que esse covarde não encoste mais em você. -Henrique garantiu segurando meu braço esquerdo, me levantando da cadeira sem qualquer cuidado e fazendo gemer de dor, enquanto me afastava de Daniel que assumiu sua fachada intimidadora assim que me ouviu chorar de dor.

—Tire as mãos da minha noiva, agora. Não percebe que está lhe causando dor por segurá-la de qualquer jeito?! E eu seria incapaz de machucar uma mulher, principalmente a minha pequena. Agora, agradeceria se pudesse fechar a nossa conta porque quero levar Amanda para o hospital. -Daniel pediu sério e tentou me afastar de Henrique que não permitiu, me colocando atrás dele evitando assim que o delegado pudesse se aproximar de mim e seu gesto só me fez sentir ainda mais dor fazendo com que lágrimas caíssem dos meus olhos, atraindo ainda mais a atenção das pessoas que estavam ali.

—Como se eu fosse deixá-lo sair daqui com ela, depois de machucá-la. Gabriel, pode ligar para a polícia agora mesmo. - Henrique pediu para o garçom que havia nos atendido e ele concordou, pegando o celular do bolso e teclando alguns números, antes de colocá-lo no ouvido.

—Que bom que vai chamar a polícia, porque assim esclarecemos tudo, só me faça o favor de sentar a minha noiva e trazer um pouco de gelo para sua mão, porque se não percebeu essa movimentação toda está lhe causando dor. - Daniel pediu e Henrique virou para me ver, provavelmente ele deve ter visto no meu olhar que o delegado tinha razão, pois logo me ajudou a sentar e pediu um pouco de gelo para o garçom que foi buscar assim que terminou de falar com a polícia, assegurando que ela estava a caminho.

—Me perdoe. -sussurrei para Daniel que me olhava com preocupação, já que Henrique não o deixou se aproximar de mim desde que me afastou dele.

—Tudo bem, não se preocupe vamos resolver tudo isso, pequena, depois vou levá-la para o hospital. - Daniel assegurou pra mim e logo ouvimos o som da viatura da polícia, anunciando que estava próxima.

Tudo que esperava, era que Daniel não se prejudicasse por um mal-entendido que havia provocado, tudo porque não havia ouvido o seu concelho.


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Notas finais do capítulo

Em que roubada a Amanda meteu o coitado do Daniel, gente?!
Como será que tudo irá se revolver agora?

E só para lembrar: Violência contra mulher é crime e deve ser denunciada sempre, e ela existe de inúmeras formas não só a física.

Beijos e até amanhã.

❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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