Me Dê Uma Chance escrita por Mayara Silva


Capítulo 9
A Promessa


Notas iniciais do capítulo

Oooi pessoas u3u
Cabei de assistir No Way Home e estou feliz 'u' bora de mais um capítulo!

Fotinho do MJ pq eu imagino ele com esse pijaminha lindo ♡



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Michael acordou. Era 19:50h.

 

Havia perdido todo um dia produtivo. Seu assessor ligou diversas vezes, mas foi informado por um funcionário que o cantor estava apenas muito cansado naquele dia. Acontece que aqueles assuntos não saíam daquela casa. Por consideração ao jovem e adorável Michael, que sempre os tratou como se fossem da família, aqueles assuntos sensíveis jamais saíam daquela casa.

 

Então… ignorando todo um dia de serviço, Michael forçou-se a dormir até o seu corpo doer. Havia chorado tanto, eram lágrimas de uma pessoa enlutada. Não tinha outra coisa em mente senão aquela imagem dos estalos das chamas devorando o seu caderno com aquelas labaredas destruidoras. Isso, seguido do sonho que tivera com o rapaz, parecia uma despedida.

 

— Michael…?

 

Mas então… a vida resolve fazer uma surpresa.

 

Ao ouvir aquele sotaque estranho, o cantor rapidamente se virou, olhando com espanto para o dono daquela voz. Era ele… Estava vivo. Estava bem.

 

Em silêncio, Morten parecia arrependido. Ele mordeu os lábios, sem saber muito o que falar.

 

— Eu…

 

Foi surpreendido com um abraço. Michael entrelaçou os braços em seu corpo, o apertou em um carinho intenso, em um abraço acalorado e cheio de medo e saudades. A princípio, o rapaz não entendeu absolutamente nada, mas havia sumido por tantos dias que não estranhou o afago.

 

Retribuiu, ainda um tanto acanhado. Aos poucos seus olhos se fecharam, seus músculos relaxaram, estava se entregando àquele carinho. Já o moreno, naquele momento, não estava preocupado com modos. Chorou em silêncio no ombro de seu amigo e, aos poucos, suas lágrimas foram ganhando intensidade, seus suspiros eram perceptíveis, seus soluços apareciam, ele estava se entregando.

 

Morten queria perguntar o porquê de tudo aquilo, mas sentia que não devia interromper a sua dor. Ficou ali para o compreender, para o acolher, para ser o seu amigo. Aquilo era, no fim das contas, o seu propósito.

 

— Ei… vamos deitar ali, hum?

 

Sussurrou naquele tom alegre que possuía, a fim de trazer algum sentimento positivo àquele reencontro. Apontou para a cama e Michael entendeu o que era para ser feito. Suspirou e assentiu muito discretamente, em seguida, ainda meio desnorteado e com o narizinho vermelho, se acomodou em sua própria cama. Morten fez o mesmo ao seu lado e, quando se deitou, sentiu o moreno se aninhar em seus braços e deitar o rosto em seu pescoço. Pouco a pouco, o rapaz pôde sentir a respiração quente de Michael aquecer a sua pele clara. O cantor se aproximou mais, parecia necessitado de sua presença. Fungou-lhe o pescoço apenas uma vez, não confiava em seus olhos, precisava ter certeza de que não estava sonhando novamente, e foi quando sentiu um doce cheirinho de frutas que teve a confirmação de que aquele Morten era real e era o seu amigo. Ele não o havia perdido.

 

— Mich…

 

Murmurou, mas não conseguiu completar. Michael levou o indicador aos seus lábios, o impedindo de completar a frase, em seguida entrelaçou os braços em seu corpo e ficou em silêncio. Morten estava confuso, mas, pela primeira vez, não se importou em entender.

 

x ----- x

 

Michael despertou quando os primeiros raios de sol invadiram o ambiente.

 

Lentamente abriu os olhos, sequer foi conferir que horas eram, a primeira visão que teve lhe privou desses pensamentos: Morten estava ali. Aquilo não foi um sonho.

 

Estava dormindo, seu semblante era sereno, o seu peito lentamente subia e descia, suas mãos repousavam perto do abdome e os seus cabelos de fios dourados estavam levemente bagunçados. Michael sorriu, estava bem mais calmo que na noite anterior. Levou a mão ao peitoral do amigo e suspirou ao sentir o movimento de sua respiração.

 

Voltou a se deitar, mas apoiou o rosto em uma das mãos e ficou o observando. Eles eram mesmo caracteristicamente diferentes. Levou a mão livre ao seu cabelo e sentiu a textura macia e os fios de ouro que escapavam de seus dedos. Desceu mais um pouco, acariciou a pontinha de seu nariz fino e passou novamente o indicador em seus lábios pequenos. Por fim, acariciou o seu queixo, e foi quando percebeu que o rapaz não conseguia mais disfarçar o sorriso. Michael arqueou a sobrancelha, pensando se ele realmente estava fingindo dormir esse tempo todo.

 

Teve suas suspeitas confirmadas quando Morten, já entregando-se, levou a mão à dele e o guiou até seu cabelo novamente, pelo visto havia gostado daquele afago. Michael sorriu, não conteve uma risada discreta, mas suficiente para fazer o seu amigo abrir os olhos.

 

— Bom dia, baby boy.

 

Michael não o respondeu de imediato, estava concentrado em seus detalhes. Voltou a massagear os seus cabelos e Morten fechou os olhos para desfrutar daquilo.

 

— Bom dia…

 

Sua resposta saiu quase imperceptível, mas ele havia ouvido e, por isso, tornou a abrir os olhos. Havia alguma coisa diferente em Michael… Morten percebeu isso desde que retornou. Ele passou todo aquele momento tentando adivinhar o que era, tentando imaginar o que havia perdido com 1 mês de afasto. Fitou os seus olhos negros, e, naquele dia em específico, estavam tão brilhantes que ele conseguia ver o próprio reflexo naquelas belas íris escuras. Michael, por outro lado, não conseguia deixar de admirar os seus olhos azuis. Mesmo que pequenos, eram tão incisivos, suas íris claras permitiam que o moreno tivesse acesso às suas pupilas, e vê-las dilatar deixava o seu corpo arrepiado.

 

Michael fez um sutil movimento para frente, quase hipnotizado, mas o barulho do estômago de Morten roncando o fez parar em um instante.

 

— Então... eu tinha vindo ontem pra jantar, mas me contento com o café da manhã.

 

Ele brincou, fazendo os dois rirem. Michael se levantou e foi acompanhado pelo rapaz.

 

— Vamos lá…

 

x ----- x

 

Foi o café da manhã mais silencioso daquele mês.

 

Estava muito cedo. Eram 05:42h e nenhum outro Jackson estava acordado. Katherine estava dormindo e Joe havia passado a noite fora. Os funcionários serviram os rapazes, que comeram em silêncio. Michael contentou-se apenas com uma fruta, enquanto Morten comia tudo o que conseguia. Isso arrancou outra risada do cantor, embora discreta.

 

— Daqui a pouco, você vai estar comendo as paredes…

 

— Nem brinque com isso!

 

Eles riram. Assim que o rapaz se sentiu mais satisfeito, desabotoou um pouco a camisa xadrez, liberando apenas dois botões, ficando mais à vontade. Michael o observou.

 

— Vou aproveitar que seu pai não tá aqui…

 

Ele riu. O moreno não o acompanhou, parecia estar pensando no que falar.

 

— Eu pensei… que eu nunca mais veria você.

 

Ele arqueou a sobrancelha.

 

— Por quê…?

 

Michael ficou em silêncio, apenas fitando os seus olhos. Aquela pergunta lhe trouxe a confirmação que precisava.

 

— Morten… você não consegue mais ler minha mente… consegue?

 

E aquela afirmação havia lhe arrancado as palavras. O rapaz mordeu os lábios, desviou o olhar para a mesa, mas Michael levou a mão ao seu rosto e não permitiu que aqueles olhos azuis escapassem de seu campo de visão.

 

— Você disse isso no meu sonho…

 

— Você sonhou comigo…?

 

Aquilo fez o cantor se calar. Ele estava um pouco acanhado, mas precisava conversar sobre aquelas coisas, sentia que escondê-las seria muito pior para sua saúde mental. Mesmo que agora todos o pudessem ver, Morten ainda era o seu confidente.

 

Ajeitou-se em sua cadeira e se aproximou.

 

— Você gosta de mim…?

 

Por um instante, mesmo mantendo o seu olhar no dele, notou o seu peito arfar lentamente, como se Morten estivesse, a todo custo, tentando controlar sua respiração. Seus lábios se moveram, mas de sua boca não saiu nenhuma palavra. Michael prosseguiu.

 

— Meu pai destruiu o meu caderno. Eu tive medo de não ter te salvado a tempo. Eu sonhei que você estava nele… você havia passado por ele. E, quando eu vi aquelas folhas pegando fogo… eu entrei em pânico.

 

Murmurou, por fim, fez a pergunta que estava em seu coração.

 

— Você sumiu por um mês inteiro… mas voltou agora. Você sentiu a minha aflição…?

 

Morten suspirou, sem muita escapatória.

 

— Senti…

 

Michael o olhou com um pouco mais de surpresa.

 

— Você pode ler minha mente?

 

— Não…

 

O cantor ia fazer mais uma pergunta, porém suas palavras embargaram. Ele custou alguns instantes para prosseguir.

 

— Por quê...?

 

Morten lentamente balançou a cabeça em negação.

 

— Eu não sei, Michael…

 

Por fim, se levantou. Michael percebeu que aquilo significava assunto encerrado, mas não deu-se por vencido, levantou-se e seguiu em direção ao rapaz.

 

— Pra onde você vai? Por que você está me evitando?

 

— Te evitando…

 

Repetiu. Lentamente se virou em sua direção.

 

— Você não acha que também é difícil pra mim? Michael, eu estou mudando. Eu… algumas coisas estão acontecendo comigo, e eu não sei o motivo. Às vezes fico sozinho pra não interferir na sua vida com essas coisas. Você não me criou pra ser um fardo…

 

— De novo essa palavra…

 

Michael suspirou.

 

— Pare. Você não é um fardo.

 

— Quase estraguei as coisas com o seu pai e a sua namorada.

 

— Por que isso importa? Se você sumir de novo, aí sim, irá piorar as coisas.

 

— Não fale isso…

 

— Me escute...

 

Michael deu alguns passos largos, se aproximando rapidamente do rapaz, em seguida segurou a sua mão e o fez olhar em seus olhos mais uma vez.

 

— Passe por isso comigo. Você é meu amigo… você esteve lá quando ninguém esteve. Eu te criei. Não sei o que está acontecendo com você, mas prometa que passará por isso comigo. Eu quero estar lá pra você, entendeu? E quero que você esteja aqui, pra mim.

 

Disse, finalmente descarregando seu coração para ele.

 

— Quantas vezes eu precisei de você, precisei falar com você, desabafar, espairecer, ou, às vezes, somente ficar em silêncio ao seu lado? Eu precisei muitas vezes desse momento, e você não estava lá. Não faça mais isso comigo… por favor…

 

Seus olhos brilharam. Engoliu seco, embora estivesse emocionado, não se permitiu chorar. Morten não precisava ver suas lágrimas para sentir toda aquela dor sufocar seu coração.

 

— Me perdoe…

 

Michael manteve-se em silêncio. Morten prosseguiu.

 

— Eu não vou mais sumir... eu prometo.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

— Olha pra mim…

Michael custou a fazê-lo, mas cedeu ao pedido. Seus olhos negros fitaram os olhos azuis dele, e, dessa vez, ficaram em silêncio. Morten não parecia querer falar [...] Com sua mão livre, apoiou-a no queixo e ficou admirando o olhar do cantor, parecia não ter pressa alguma. Michael não entendeu aquilo a princípio, mas focar no rapaz parecia arrancar suas preocupações de alguma forma. Aos poucos seus músculos relaxaram e os funcionários à sua volta não pareciam mais ter importância.



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