Após algum tempo, Lune felizmente teve férias. Da faculdade. Agora tinha mais tempo para ficar em casa ao lado do bichano que queria a sua companhia. Quando seu dono não lhe dava atenção, aquele gato felpudo acabou mordendo o tornozelo do norueguês que dava leves chutes no animal pelo susto.

— Mas o que você quer?

— Miau.

— "Miau" o quê? 

— Miaaauu.

— Tá com fome?

— Miau.

— Já sei. Sua caixa de areia está cheia? 

— Miau.

— Miau, miau... você só sabe falar miau?

— Miau.

— Ah, esquece! - Pegou o felino no colo que começou a ronronar. Lune caminhava pelo pequeno apartamento, checando a caixa de areia e os potes de ração e água. Não tinha nada faltando e nem caca de gato na areia. - Não tem nada que você precise, exceto carinho? 

— Miau. 

O estudante universitário ia abrir a boca para falar com o seu gato quando a campainha tocou. Ele não pediu nada e também não esperava ninguém...fora que nem foi informado pelo porteiro sobre ter alguém subindo. Então, ele abriu a porta...

— Oi amor!

— Aiacos?

— O próprio. 

— O que faz aqui? Quer dizer...porque não me avisou? Aliás, ninguém me avisou nada sobre você estar subindo!

— Eu quis te fazer uma surpresa. E então? Não vai me deixar entrar?

— Ah..é..c-claro! Entre. - Ele deu passagem ao mais velho que entrou.

O gato ficou observando e seu comportamento mudou logo depois de Aiacos entrar. Já estava rosnando.

— Ei Minos...fica quieto! - Além de rosnar, o gato começou a dar bufadas na direção de Aiacos, que não entendia nada. O namorado amava gatos e tinha alguns em sua casa.

— Qual é o problema dele? 

— Não sei. Ele estava miando e ronronando há pouco tempo. - Lune fechou a porta e colocou o animal de pêlo fofo no chão, que não mudou nem um pouco em seu comportamento. O mais novo sabia que teria que ficar de olho naquele gato!!

Aquele felino ficava de olho em seu dono e quando viu que o outro tentava colocar a mão na perna do seu tutor, Minos pulou e ficou no meio do casal. Ainda bufando para o visitante.

— Minos! Que feio! 

— Tá tudo bem Lune. Ele deve estar sentindo o cheiro dos meus gatos. Por isso está assim.

— É, pode ser. Mas cuidado para não se machucar. Minos está arisco demais. E normalmente, ele não é assim com as pessoas. 

— Ele deve tá me estranhando aqui.

— Talvez... - O mais novo ficava de olho no animal que ainda rosnava para o visitante. 

— Diga-me Lune, vamos jantar fora ou você prefere comer em casa?

— Ah, então foi pra isso que você veio?

— Sim. Porque? Estou incomodando? 

— Não. Eu estava apenas lavando a louça que não era muita. Já terminei. E Minos ficou me mordendo, querendo atenção.

— Então vamos jantar. Quer uma pizza ou vamos cozinhar?

— Pede uma pizza. Eu vou arrumar a mesa.

—X_

Após jantarem, o casal estava lavando a louça. O gato estava sempre perto do dono. Minos ficava sentado observando o casal. Mas quando Aiacos jogou água na face do namorado, o bichano saiu de sua posição e andou até as pernas do nepalês. Roçou entre as pernas como se acariciasse e de repente...

...fez xixi na perna do humano sem graça que judiava de seu dono.

Aiacos, por sua vez, sentiu algo quente que aos poucos ficou gelado. Um cheiro forte de amônia foi sentido pelo casal e ao olharem para baixo, o gato peludo sacudia o quadril, dando por encerrado a sua arte. O bichano olhou para o humano feio ao lado de seu dono e saiu, com a cauda erguida todo pomposo.