10 anos atrás, em Chuo, Yamanashi, haviam duas crianças que eram muito amigas. Estes pequenos, sempre que podiam, brincavam juntos; faça chuva ou faça sol, lá estavam os dois. Compartilharam de muitos momentos juntos, e até mesmo vez ou outra iam na casa um do outro. Até que em um dia, a garota parecia mais melancólica, o que preocupou o menino ao ver seu semblante, se aproximando após terem brincado.

— O que houve?

— É que… papai e mamãe disseram que encontraram uma boa casa em uma outra cidade…

O menino ficou levemente desacreditado com o que ouviu de sua colega.

— ...Você vai embora?

— ...Daqui a alguns dias…

— Por que?

— Mamãe disse que a qualidade de vida lá é melhor…

É claro, a pobre pequena poderia muito bem ter adorado a novidade, não fosse o fato de que haveria de se separar do seu querido amigo ao qual conviveu e brincou por todos aqueles anos. Ela não conseguiu se conter e deixou as lágrimas rolarem, enquanto o menino a abraçava. Sua tristeza era contagiante, uma vez que ela também o tenha feito chorar enquanto se abraçavam.

— Eu não quero que você vai embora…

— Desculpa… mas eu não posso fazer nada a respeito…

— Não, eu não quero! Se não for para ir junto com você, eu não quero!

Ela então o abraçou mais forte enquanto ambos ainda choravam, antes de enfim se recomporem, estando tristes em seus corações. Ela então tomou sua mão e o fitou em seus olhos, com um sorriso.

— Então… você me promete uma coisa?

O pequeno menino acenou, com confiança.

— Promete que não vai me esquecer?

— Prometo! E você, promete que vai voltar algum dia?

— Eu prometo.

— E quando você voltar, você promete que vai ficar e não vai mais embora?

— Prometo. Quando a gente se reencontrar, não vamos mais nos separar.

— Independente das circunstâncias?

— Independente das circunstâncias.

— É uma promessa, viu!

— Sim.

— Vou ficar bravo se você não voltar.

— Eu vou voltar.

A menina então levantou seu dedo mindinho, de forma a sugerir uma jura a ele. Ele então uniu seu dedo com o dela, e havendo cantado, juraram cumprir aquela promessa. Os dias se passaram, a família da menina enfim terminou de carregar o caminhão de mudanças com as últimas mobílias da casa, e antes de entrar no carro, relembraram da promessa, para que não se desvanecesse. Tudo que ele poderia fazer era assistir ela ir embora com a família, acenando e chorando, enquanto sua mãe o abraçava tentando lhe confortar. Correu para o quarto e pegando uma folha de papel, escreveu “Objetivo: Cumprir a promessa e reencontrar a Akane-chan”. A mãe, ao ver aquilo, sorriu, pois viu no filho, além de sua inocência, uma surpreendente determinação ao qual não havia visto jamais em seu olhar.

Dez anos então se passaram. Aquele garoto cresceu, tendo agora seus plenos 15 anos. Ele também havia se mudado do humilde bairro aonde vivia, em Asari, para um mais acima, chamado Kasai. Seria seu primeiro dia de aula, estava nervoso pois seria sua primeira vez pegando um metrô para sua escola, que dessa vez era longe.

— Hisashi, você tem certeza de que não quer que eu vá com você?

— Está tudo bem, mãe. Eu vou ficar bem.

— Mas é tão longe, querido…

— Você realmente é coruja, hein. Mas não se preocupe, eu tenho o celular, posso usar o mapa para encontrar meu caminho. Além do mais, é uma boa chance de eu conhecer outros lugares.

— Tem certeza? Fujinomiya é um lugar grande…

— Você se preocupa demais, mãe… e também, você ouviu no dia da matrícula que por morarmos longe, eu teria de ficar em um dormitório…

— Sim… Quando você for, você me liga, para eu poder enviar suas roupas, tá bom?

— Era o que eu pretendia fazer. Não tivemos escolha, já que não havia escolas de ensino médio por aqui...

Hisashi então pegou o papel que estava colado com fita em sua parede, e o fitou por um instante. Sua mãe o observava.

— Já faz dez anos que vocês não se veem, né…

— Me pergunto se ela lembraria de mim se nos encontrássemos novamente…

— Ela também deve se perguntar a mesma coisa. Deve estar uma moça linda agora.

O rapaz então buscou do fundo de sua memória uma imagem dela, e com esta imagem, tentou imaginar como ela estaria por volta de sua idade atual. Tudo que surgia em sua mente era a imagem de sua infância, porém no corpo de uma adolescente, o que não lhe era nada mal. Ele então pensou por onde ela poderia estar morando e se realmente iriam se encontrar novamente. Não demorou muito para que imaginasse que ela poderia ter namorado, contudo, tirou tal pensamento de sua cabeça, e tendo vestido o uniforme e pego sua bolsa, se despediu de sua mãe e então saiu de sua casa. Mesmo que ele tenha lhe prometido que ficaria bem, ainda assim, como uma mãe, seu coração ficou aflito pois aquela situação naquele momento já não estava mais sob seu controle. Aquele era somente o começo de suas preocupações, e também o começo da jornada de independência de Hisashi, que também estava nervoso, porém, não o admitia a sua mãe.