Time Reversal/Reversão do Tempo escrita por LadyIce


Capítulo 17
Capítulo 17 - Mulheres de Esparta




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PHEZZAN

Mittermeyer retornou a Phezzan e encontrou Muller que lhe deu as boas vindas. Ele e Bittenfeld foram imediatamente fazer o relato de toda supressão da rebelião. Mittermeyer pediu para falar em particular com o Reinhard.

— Estou sabendo de tudo Majestade. Precisamos contar isso pelo menos aos seis Almirantes, Muller, Mecklinger, Bittenfeld, Eisenach, Wahlen e Kessler. Eles precisam saber sobre Kircheis e Yang Wen-Li.

— Isso será feito Mittermeyer, infelizmente tudo foi feito de forma que os cultistas e Adrian Rubinsky não soubessem. Qualquer mudança na linha temporal poderia acarretar desastre total. Nathan deve ter lhe explicado isso com detalhes.

— Sim eu compreendi. Até mesmo Reuenthal.

— Muita coisa eu não quis aceitar, mas precisei em prol do que temos agora e de bilhões de pessoas no futuro, acabou virando nossa responsabilidade também. Do que adianta unir o universo para deixar cair no caos. Não podemos.  É nossa obrigação preparar as gerações que virão, nossos filhos e netos. Só restou você e Kircheis com o legado militar.  Não morra Mittermeyer é uma ordem, já perdi um não quero perder mais um amigo.

— Sim Majestade. - ambos seguraram as lágrimas, era um momento difícil.

— Estou aguardando a chegada de Elizabeth e Kircheis em Phezzan para fazermos uma reunião com todos. A força revolucionária de Iserlohn virá também para acertamos de vez um tratado de paz. 

 

Naquela mesma tarde Reinhard estava em sua mesa tomando seu café e Hilda chegou para acompanhá-lo.

— Hoje está frio não?- ele olhou pela janela - será que a senhorita está resfriada?

— Seria um problema eu ficar doente, Majestade. Não seria bom para o bebê dentro de mim.

Reinhard se virou espantado e compreendeu, ela estava grávida, esperando um filho dele. O herdeiro esperado. Agora mais do que nunca queria torná-la sua esposa.

— Gostaria de perguntar novamente. Gostaria de casar comigo, senhorita Mariendorf? Finalmente eu entendo como você me é importante. Nos últimos meses fui forçado a notar. Você nunca me deu um conselho errado, e acho que você é uma mulher boa demais para mim. Eu..eu...- ele queria dizer que sentia algo diferente, mas as palavras não saiam. Mas ela o conhecia e entendia.

— Sim Majestade, eu aceito, se me aceitar.

Reinhard sorriu alegre, finalmente ela seria sua Kaiserina.

— Quando eles chegarão?  - perguntou Hilda se referindo a Elizabeth e Richard.

— Me disseram que viriam antes de um casamento. Agora sei a qual se referiam.

— Richard quando estava na Brunhild em seu lugar  me disse que breve eu saberia quem seria a Kaiserina - ela riu - me sinto uma tola.

— Não sinta, eles precisavam agir assim.

— Eu sei.

— Você sabia que peguei acidentalmente uma foto de família da Elizabeth, quando eu estava a bordo da Brunhild deles? Sabe o que vi? Uma linda senhora idosa.

Hilda arregalou os olhos e corou.

— Quando foi isso?

— Antes de nos conhecermos.

— Então você já sabia?

— Sim, mas não tinha convicção, com o tempo fui cada vez mais tendo certeza. Elizabeth acabou me confirmando quando a confrontei. Eu fiquei tão confuso com meus sentimentos, minha prioridade era conquistar o universo e trazer Kircheis e Annerose de volta, não pensei em mais nada. Não consegui pensar em nós, até aquele dia que ficamos juntos - ele sorriu levemente - Eu estava péssimo, precisando desesperadamente de alguém e você estava lá, eu sabia que podia me entregar inteiramente a situação sem arrependimentos, pois nunca ficaria com qualquer mulher - sua voz ficou mais suave -  só aquela que escolhi e seria minha Kaiserina.

Hilda ficou sem palavras, ele confessou que só se entregaria para ela. Ela esticou a mão procurando a dele e apertou, ternamente sorriu. Ele abriu o coração dele para ela.

 

ISERLOHN/BARBAROSSA

A nave Barbarossa do futuro descamuflou e pediu solicitação de entrada em Iserlohn. Esta nave seria responsável por levar uma comitiva dali até Phezzan. Muitos em Iserlohn não entenderam nada sobre o que estava acontecendo de verdade, apenas o alto escalão sabia.  

Yang permaneceu na nave, bem como Siegfried. Julian e Frederica ao entrarem não aguentaram a emoção e correram para abraçar Yang. Attenborough, Poplan e Katerose vinham logo atrás. Blumhardt e Soul também foram com eles. Schönkopf ficaria em Iserlohn. Todos prestaram continência para Siegfried e estavam prontos para rumarem para Phezzan. Chegariam logo após o anúncio do casamento de Reinhard. Era urgente que certos fatos fossem discutidos para evitar confusões em Heinessen.

Lena os guiava pela nave e cada vez mais se surpreenderam com a tecnologia e se convenceram de toda a verdade.

No caminho para Phezzan, Katerose, Frederica e Lena organizaram uma pequena festa de passagem de ano. Siegfried e Yang brindaram e conversaram alegremente.

— Nem parece que ontem estávamos nos matando - disse Dusty ao se aproximar de Lena que estava sozinha.

Ela pegou a taça e virou.

— Feliz Ano Novo - ele levantou a taça.

— Feliz Ano Novo Lena- eles beberam um gole da bebida e ele logo indagou - Como entrou nisso tudo?

— Eu conheci Richard na universidade em Phezzan, somos amigos. Richard apesar do sobrenome nunca o usou para obter vantagens. Eu o admirei sempre por isso, muitos o invejavam por ele ser um gênio e com pouca idade ter chegado onde chegou. Ele sofreu muito bullying por vários alunos, fiquei com muita raiva deles. Acabei hackeando o sistema da universidade e coloquei todos em grandes apuros. Richard soube e não gostou do que eu fiz, mas eu adorei - ela riu. - Os valores dos herdeiros Lohengramm são fortes, Richard acabou me convencendo a contar tudo ao diretor. Sabe o que aconteceu? Fui expulsa. Acabei indo para Odin terminar lá meus estudos. Richard ficou inconsolável, argumentou com todos, mas sem sucesso. Mas antes de sair deixei um presentinho para eles, sabe o que fiz?

— Não imagino.

— Apaguei todo o banco de dados da universidade. Já estava dentro na nave em direção a Odin, quando vieram me procurar em desespero para restabelecer o sistema deles. Mas era tarde demais. Me lembro de subir para a nave e olhar para eles e apenas mostrar o dedo médio.

Dusty começou a rir sem parar.

— Acabei a universidade e fui trabalhar no centro de sistemas do espaço porto em Odin. Naquele dia da bomba, eu estava arrumando o sistema de uma nave, mas deixei cair o amuleto da sorte dentro e voltei para pegar. Foi então que recebemos o alerta. Foi tudo tão rápido em questão de minutos a nave encheu de gente e fugimos. Do espaço era possível ouvir os gritos - as mãos dela começaram a tremer - num instante tudo acabou e ficou apenas o silêncio.  O amuleto da sorte me salvou  - ela não parava de tremer. Dusty segurou suas mãos.

— As naves refugiadas rumaram para Phezzan, mas descobrimos que o planeta fora destruído também, nossa última esperança foi Heinessen. Tentei contato com Richard e após entrar em vários sistemas consegui, ele estava a salvo e o contatei. Foi ai que ele me chamou para fazer parte da equipe em Iserlohn.

— Iserlohn?

— Sim foi lá onde ficamos em treinamento por cerca de sete meses antes da volta no tempo. Richard estava desenvolvendo o portal - ela contou toda a história em Iserlohn.- Quando estudamos a história em detalhes, Richard e eu ríamos de como você queria a cabeça do avô dele.

— Ainda quero - Lena ria. Ela evitou de contar por que estava em Phezzan e não em Heinessen, não queria dizer a Dusty que ele acabou no futuro integrando o parlamento do Império e teria de ficar alocado em Phezzan.

Eles conversaram ainda por um longo tempo até ouvirem alguém.

— Estão nos chamando, vamos lá - Lena disse apontando para Frederica.

Apesar da estranheza, Lena e Dusty se aproximavam aos poucos e seria assim por toda a viagem, com Dusty falando de seus sonhos e projetos e cada vez mais ele percebia que ninguém mais compreendia o que ele queria do que ela.

 

Ano 801 do Calendário Universal

BRUNHILD DO FUTURO

Elizabeth e Richard chegaram a Phezzan  após sete dias da chegada das naves de Mittermeyer, no caminho ainda aguardaram Barbarossa do futuro para virem juntos. Nathan foi com Mittermeyer em sua nave para conversarem melhor, ele foi reincorporado a frota imperial.  

Em 6 de janeiro eles finalmente alcançam Phezzan.

Elizabeth sabia que agora iriam navegar em águas escuras, fizeram modificações temporais que culminariam em mudanças a partir daquele momento. Faltava muito pouco para tudo se concretizar. Ela conversou com Reinhard via comunicador para acertar detalhes de uma reunião apenas com os almirantes mais importantes.

— Parabéns pelo casamento Majestade - ela sorriu. - Finalmente vocês dois se acertaram.

Reinhard puxou um sorriso nos lábios e ela continuou:

— Mas temos assuntos mais urgentes, Heinessen vai ser assolada por problemas, agravados pelos cultistas. Wahlen não dará conta de tudo. E aviso que será desastroso enviar Oberstein para lá resolver a situação. Todavia os cultistas vão partir para o último alvo que serão vossa Majestade e a Kaiserina.  É a chance de acabar com eles no passado. Ao mesmo tempo teremos de nos preparar para os do futuro. Richard conseguiu descobrir pela nave de Heinessen o local mais provável de chegada deles.

— Eles vão aparecer em qual lugar?

— Pelo corredor de Iserlohn.

— De novo teremos uma batalha pelos corredores.

— Mas tenho um plano. Já adiantei com Yang.

— E..?

— Ele disse que eu realmente era uma Lohengramm. - Reinhard riu. - Irei lhe contar tão logo chegue ai precisamos manter sigilo total, Lena vai rastrear e bloquear qualquer sistema que haja espionagem. Manteremos as naves próximas. Richard andou fazendo uns brinquedos novos também que podem ajudar.

— Irei convocar a reunião para depois de amanhã.

 

No dia seguinte Lena já acessou todos os sistemas devidos e conseguiu bloquear e inutilizar diversos pontos de espionagem.

— Amadores.

 

8 de janeiro

QG em PHEZZAN

 

A bordo da Brunhild do futuro, Elizabeth foi até o cofre e pegou um objeto nas mãos, era algo importante que ela herdara.

“Hoje é um dia apropriado para usá-lo”- ela o colocou no pescoço e se olhou no espelho. - “Estou pronta.” - Elizabeth respirou fundo e partiu para o QG em Phezzan.

Reinhard convocou Mittermeyer, Oberstein, Muller, Mecklinger, Bittenfeld, Eisenach e Kessler. Lena conseguiu uma vídeo conferência segura com Wahlen em Heinessen. Nem Wahlen acreditava que era possível uma comunicação a tantos anos luz. Reinhard apareceu na sala onde estavam sentados os Almirantes, estes se levantaram e prestaram saudação. Reinhard pediu para eles se sentarem e começou a falar.

— Há revelações que serão feitas aqui hoje de alta gravidade. Os fatos aqui a serem descritos afetarão esta época e principalmente o futuro - exceto por Mittermeyer, os outros pareciam bem curiosos. - Muitos fatos ocorreram fora do conhecimento de vocês para evitar problemas mais graves que poderiam ter sido criados. Mantenham a mente aberta, mesmo pra mim foi bastante difícil acreditar e aceitar. Vou lhes apresentar algumas pessoas importantes que explicarão tudo o que está acontecendo.

A porta se abriu e uma figura altiva e imponente feminina apareceu vestida em um uniforme totalmente prata. Alguns a reconheceram da época da festa da coroação, era a mulher alvo acusada de ser amante do Kaiser. Mas o mais surpreendente ela usava o medalhão igual ao de Reinhard. Ela se postou ao lado do Imperador.

— Senhores Almirantes, alguns me conheceram como Elizabeth von Braun, mas meu nome verdadeiro não é este. - ela fez uma pausa, estava um pouco nervosa. Reinhard a olhou e acenou com a cabeça dizendo estar tudo bem.  Ela se voltou aos Almirantes e com uma voz imperial disse - Sou Elizabeth von Lohengramm, Kaiserina no ano 53 neo imperial, sou neta do imperador Reinhard e viemos numa viagem temporal para salvar o passado e o futuro.

Todos os seis Almirantes exceto Mittermeyer e Eisenach  permaneceram sentados. Wahlen do outro lado se curvou na cadeira. Oberstein permaneceu inalterado como sempre.

— Impossível - disse Bittenfeld - devem estar ludibriando Vossa Majestade.

— Almirante Bittenfeld vou começar a provar tudo que estou dizendo. Vou trazer aquele que construiu a máquina temporal e nos trouxe até aqui. Meu irmão Richard von Lohengramm.

Richard entrou no salão, com os cabelos desta vez curtos e o uniforme prata. Os Almirantes ficaram surpresos e seus olhos ficaram vidrados. Pareciam estar vendo Reinhard da época da guerra civil imperial. Richard se aproximou e ficou do outro lado de Reinhard. Bitterfeld se deixou cair na cadeira e aos poucos os outros também boquiabertos.

— São iguais - disse incrédulo  Bittenfeld. Reinhard sorriu e colocou a mão no ombro de Richard.

— Não há o que discutir meus genes estão aqui - disse Reinhard - eles são meus descendentes.

Usando tecnologias que eles desconheciam, Elizabeth projetou uma tela mostrando um planeta completamente destruído. Elizabeth iniciou a explicação:

— Daqui exatos 50 anos, sobreviventes do grupo cultista de hoje se reorganizam e com a tecnologia de nossa época desenvolvem bombas antimatéria planetárias. Este planeta que vocês veem aqui é Phezzan, foi totalmente destruído - o choque se instaurou na plateia - e este aqui - ela mudou a tela - é Odin.

— Não...pode ser... - disse Muller.

— Infelizmente é o que acontece Almirante Muller. Minha avó Hilda e meu pai conseguiram evacuar poucos do planeta. Odin não teve tanta sorte, pois foi o primeiro planeta a ser destruído. Morreram 40 bilhões de pessoas. Heinessen foi o único que escapou da explosão, não sabíamos o porquê - ela baixou a cabeça de forma triste - hoje sabemos. Mas senhores o mais contundente foi o fato de descobrirmos que as bombas foram implantadas 50 anos antes.

— Você quer dizer que... - falou Kessler.

— Sim Almirante Kessler, eles voltaram no passado para implantá-las nesta era.

— Eu vi com meus próprios olhos - disse Mittermeyer que estava calado até o momento. - Reuenthal e o Almirante deles impediram que Heinessen explodisse. Só verem como ficou a região de Marr Adetta.

Mittermeyer explicou o que aconteceu e como no final Reuenthal acabou se redimindo. Isso foi um bálsamo para os Almirantes, exceto Oberstein.

— Tudo o que sabemos que o período mais provável para a implantação das bombas seria após o nascimento do príncipe.

— Mas porque tudo isso? - questionou Muller.

— Eles desejam acabar com a humanidade por considerá-la totalmente podre, sem valores, perdida. Os sonhos deles é recomeçar com a humanidade na Terra segundo seus os dogmas. Pela crença deles seria o Apocalipse da humanidade, onde apenas os escolhidos teriam a terra prometida. Os outros seriam pecadores que iriam queimar por toda eternidade no inferno deles.

— E como eles conseguiram voltar no tempo?

— Eles usaram as teorias propostas por Richard, restritas apenas aos mais altos meios académicos científicos devido ao que podia implicar. Um cientista da nossa era, um cultista infiltrado teve acesso e levou-as a cabo, obtendo sucesso.

— Mas ele não parece ser tão velho para ser um cientista - comentou Bittenfeld se referindo a Richard.

— Ele é um gênio na área científica, pulou várias etapas. Está em nosso sangue Almirante Bittenfeld- ela respondeu sorrindo e continuou a explicação - O objetivo dos cultistas ao voltar no tempo é terminar o serviço que o grupo do passado não conseguiu e em caso de insucesso teriam as bombas para gerar o caos no futuro. Estamos em vários loopings temporais e fracassamos em todos. Desta vez, resolvemos vir bem antes e nos revelar, todavia nossa prioridade era manter a linha temporal intacta a qualquer custo, senão os fatos poderiam não acontecer como deveriam e teríamos um problema muito maior. Um exemplo, era o Imperador Reinhard não conseguir unificar o universo. Isso era de suma importância para o futuro. Até acontecer estes cataclismas a humanidade prosperou e floresceu em meio a paz criada nesta era. Enfim, tivemos que começar a alterar a história sem grandes problemas para a linha do tempo original.

— O que significa alterar a história sem grandes problemas? - perguntou Mecklinger.

— Senhores antes de explicar, quero que entendam, vidas tinham que ser infelizmente perdidas de ambos os lados desta guerra, pois fazia parte da história e tinham um significado. Gostaríamos de ter salvo as vidas das pessoas em Westerland, ter salvo a vida de Kempf, Lutz, Fahrenheit e tantos outros, mas Richard fez várias simulações e isso implicaria em uma mudança drástica na linha temporal que precisávamos manter a qualquer custo inalterada. Se salvássemos apenas uma ou duas pessoas das mais relevantes poderíamos ter mais controle da linha temporal. Sendo assim decidimos salvar duas pessoas com base na sua importância para a construção do futuro e que nos ajudasse a lutar contra os cultistas.

— Vocês estão dizendo que duas pessoas que pensávamos estarem mortas na verdade estão vivas? - indagou Kessler.

— Exatamente -  Eles se olharam entre si.

— E quem são estas pessoas? - questionou Muller.

— Deixarei que vejam com seus próprios olhos. Mas por enquanto uma delas. Vocês vão gostar de revê-lo.

Mittermeyer deu um sorriso e pensou “Ela falou algo verdadeiro. Se ele estivesse conosco...”

A porta se abriu e um jovem ruivo adentrou no salão. Todos pareciam que viram um fantasma.

— Como???!!! - exclamou Bitterfeld. - eu o vi morto.

— Vocês viram um clone dele que nós fabricamos- disse Elizabeth.

Siegfried caminhou e se colocou a frente de Reinhard prestando continência.

— Bem vindo de volta Kircheis.

— Majestade.

Ele se virou e prestou continência aos companheiros. Passado o choque inicial todos deram um enorme sorriso.

— Fiz vocês lutarem sozinhos, me desculpem. Historicamente eu morri naquele momento, se eu ficasse poderia haver uma mudança na linha do tempo e Vossa Majestade poderia não conquistar o universo, para não correr riscos foi melhor eu ficar longe até a unificação completa.  Enquanto isso pude me infiltrar e investigar os cultistas, passarei todas as informações a Kessler.- Kessler concordou com a cabeça - Mesmo distante protegi Vossa Majestade.

— Aquela nave, a Barbarossa em Vermillion, era você quem comandava não ?- perguntou Mittermeyer

— Sim. Houve uma alteração na linha do tempo, a rendição de Heinessen atrasou e Muller também, fui para o front proteger Vossa Majestade. Por causa destas anomalias temporais só pude voltar agora, a última grande batalha foi travada, não há mais perigo para Vossa Majestade. O universo está unificado.

— Não irei desperdiçar a segunda chance que me foi dada, Majestade. - Siegfried se curvou perante a Reinhard.- trabalharei ao seu lado e dos meus companheiros.

— Estou realmente feliz por tê-lo de volta - falou  Mittermeyer, e os outros consentiram. - Voltaremos a ser três Almirantes de Frota novamente.

— O Almirante Kircheis deve assumir qual posição? A mesma do almirante Reuenthal? Não acho aconselhável - perguntou Oberstein que estava até então calado.

Aquilo ferveu o sangue de Elizabeth.

— Almirante Oberstein, Siegfreid quase foi morto de verdade por sua recomendação descabida e Westerland aconteceu por sua causa - ela cerrou o punho furiosa. - Reuenthal era ambicioso sim, mas você sabia tudo sobre Lang e fez vista grossa. Pode enganar o Imperador, mas não a mim.  Sua falta de escrúpulos me enerva. Cabe unicamente a Reinhard definir para onde Siegfried vai. - Reinhard a segurou pelo ombro e balançou a cabeça em negativa para não continuar. Ela estava tão nervosa que acabou não usando o formalismo nos nomes de Siegfried e Reinhard.

Os olhos furiosos dela eram os mesmo de Reinhard, isto gerou por um momento temor nos Almirantes, se tinham dúvidas sobre a hereditariedade dela, não tinham mais naquele momento. 

Bittenfeld sorriu.

— Gostei dela.

— Desculpe Majestade - ela se escusou.  - Desculpe Almirante Oberstein, apenas mantenho a observação que a posição do Almirante Kircheis já foi discutida com Vossa Majestade.

— Sobre a unificação, ainda temos Iserlohn...- disse Bittenfeld.

— Isso já está em andamento, houve negociações entre Vossa Majestade e ...Yang Wen-Li, a segunda pessoa que salvamos. As negociações foram e estão sendo mediadas pelo Almirante Kircheis.

— Yang Wen-Li???? - gritou Bittenfeld batendo na mesa.

— Todos os lados tiveram perdas Almirante Bittenfeld, seja Aliança ou o governo revolucionário de Iserlohn, assim como o Império. E muitas destas lutas foram provocadas pelos cultistas unidos com Adrian Rubinsky.

— Em que momento Vossa Majestade negociou com Yang Wen-li? - perguntou Muller.

— Eles me enganaram Muller- respondeu Mittermeyer-  na batalha no corredor de Iserlohn, Richard ficou no lugar de Vossa Majestade e ele saiu com Kircheis que me enganou também e ficaram a bordo da Barbarossa. Ficando invisíveis, ninguém nunca suspeitaria que o tratado de paz estava em andamento.

— O objetivo dos cultistas é impedir qualquer tratado de paz a qualquer preço, eles tentaram matar Yang, criaram a armadilha para Reuenthal, Mecklinger pode confirmar isso, não?

Mecklinger surpreso explicou o que ele achou das investigações. Aquilo gerou mais raiva entre os almirantes, todavia Elizabeth foi enfática que não haveria salvação para Reuenthal, ele sucumbiu a sua ambição e poderia ser perigoso no futuro. Tristemente Mittermeyer confirmou tudo.

— Existe uma série de outras coisas - ela relatou tudo e os almirantes ficaram cada vez mais enojados com tudo aquilo. - Eles são perigosos demais, precisamos detê-los, mas ao mesmo tempo precisamos agir com cautela. A partir de agora a história irá mudar e os cultistas podem mudar seu modus operanti. A única vantagem que temos é sabermos onde e quando eles possivelmente atacarão. Mas a partir de determinado ponto isso não será mais possível. Assim sugiro mantermos a morte de Yang Wen-Li em segredo. - Elizabeth relatou o que aconteceria na história em Heinessen e a batalha final. Novamente os Almirantes ficaram revoltados pelas ações que poderiam acontecer. Wahlen era um dos mais irritados. Oberstein de novo foi alvo de críticas.

— O representante de Yang Wen-Li, Julian Mintz, seu filho adotivo, pode assumir o tratado, acalmando Heinessen, até a formação do governo provisório. Os cultistas vão se voltar com tudo para o Imperador, a Imperatriz e seu herdeiro, neste momento iremos acabar com todos.

Eles ainda discutiram vários detalhes e tiraram dúvidas.

— Senhores, após resolvermos a questão dos cultistas desta época temos a questão dos cultistas do futuro. Conseguimos a partir da nave que apareceu em Heinessen descobrir a origem de onde ela saiu. - Ela mostrou o rastreamento da nave e a origem era no corredor de Iserlohn- elas sairão pelo corredor, provavelmente próximo a Amritsar. Serão cerca de 15.000 naves e carregarão as bombas planetárias. Temos que impedir que cheguem a Phezzan e Odin. Mesmo sendo poucas naves o poderio de cada nave é 5 vezes superior as naves de vocês, ou seja, enfrentarão uma frota de 75.000 naves.

As informações eram impactantes e os Almirantes entenderam a gravidade da situação.

— Mas nós temos um plano senhores - neste ponto até Reinhard estava curioso, ele não fazia ideia do que seria, acabou não havendo tempo para ele falar com Elizabeth. - Nós iremos usar o corredor a nosso favor.

— Como? - perguntou Mittermeyer.

Ela apontou para o painel. Usaremos duas frentes de batalhas para encurralar as naves e não dar espaço pra elas dentro do corredor, isso é uma coisa.  A outra ficará por conta de Richard - ela explicou em detalhes o que pretendiam. Todos ficaram perplexos. Reinhard escutou a ousadia e loucura do plano deles, sentiu uma ponta de orgulho.  

— Eu pedi para Vossa Majestade algumas naves imperiais, o Almirante Kircheis irá liderá-las e o Almirante Yang Wen-Li também quer lutar, ele tomará tudo o que ainda houver da frota da antiga Aliança e ainda o que eles têm, além de construir mais. Temos duas naves ainda operacionais do futuro, Brunhild e Barbarossa. Beowolf foi destruída como sabem. Vossa Majestade me deu autorização para deixar livre a escolha de vocês para ajudar nesta empreitada.  Desta vez senhores, vocês não lutarão por uma pessoa, por glória, mas pela vida de bilhões de pessoas. Pelo presente e pelo futuro. Nada disso poderá ser registrado na história.

Os Almirantes novamente se surpreenderam, eles lutavam pelo imperador sempre. Mas a força que aquela mulher imprimia e sua força de vontade eram enormes. Digna de uma líder.

Mittermeyer se levantou e se curvou perante Elizabeth e Reinhard.

— Minha fidelidade está com a dinastia Lohengramm, eu irei aonde eles forem. E não quero um mundo destruído para meus filho e neto.

Siegfried se aproximou e fez o mesmo. E um a um fizeram o mesmo, até mesmo Oberstein. Wahlen se curvou em sinal de referência também, mesmo estando a anos luz.

— Eu irei também - disse Reinhard.

— Excelência - falou Mittermeyer - breve terá um herdeiro vindo e sua esposa.

— Wow e você também não tem filho e esposa? - Mittermeyer se calou.- Além do mais, venho me preparando para esta luta há mais de três anos. Não deixarei estes miseráveis cultistas destruírem o que construí. Ademais, Yang Wen- Li estará lá não vou deixar os louros da batalha com ele.

— Os cultistas não contam que os melhores estrategistas desta era vão estar juntos lutando- disse Elizabeth - este é nosso trunfo. Existe outro fator importante que farão vocês lutarem até o fim, não disse nada até o momento, nem Vossa Majestade sabe. Mas no futuro os cultistas se uniram a Erwin Josef von Goldenbaum II. Ele está vivo e bem escondido nesta era. Ele vai causar problemas, meu pai e o Almirante Felix Mittermeyer travaram grandes batalhas para não permitir o retorno dos Goldenbaums.

Reinhard ficou irado ao saber de tal notícia, bem como os Almirantes. Mittermeyer escutou o nome do filho e se sentiu feliz que ele estará ao lado do futuro Kaiser.

— Por que não matar ele agora? - questionou Bittenfeld

— Porque eu sei da sua natureza de Vossa Majestade e ele não mataria uma criança, além dele estar bem escondido, nem nós o encontramos. Meu pai dará um jeito no futuro e eu mesma farei isso.

Reinhard avisou que o assunto falado ali era altamente sigiloso, não poderia ser discutido livremente, haveria punições se acaso algo vazasse. Mas os Almirantes estavam totalmente cientes. Eles saíram da sala um a um. Do lado de fora Bittenfeld comentou:

— Se ela me quiser levar para o futuro eu iria. Que mulher!

Muller deu uma risada. Até mesmo Mittermeyer não conseguiu se segurar rindo.

 

 

— Como estou exausta, como consegue? - Elizabeth perguntou a Reinhard.

— Acostumamo-nos. - ele sorriu.

Ela encostou em Richard o abraçando e descansando a cabeça em seu ombro.

— Amanhã fecharemos o tratado de paz com Yang, precisamos resolver isso logo. - disse Reinhard.- Temos que apaziguar a Terra Nova.

— Terá de enviar Oberstein não tem alternativa, ele vai poder pegar Rubinsky em Heinessen, só soltar um rumor de que o Imperador estará lá. - Elizabeth contou o que acontecerá. Reinhard disse que iria repassar a Oberstein para tomar providências.

— Acho que está tudo em ordem, vou me retirar agora Majestade.

Eles saíram abraçados, dava para perceber o quanto eles se amavam. Reinhard lembrou de Annerose, sentia tanta falta dela. Kircheis estava ali ainda.

— Está na hora de trazermos Annerose, Kircheis. Ela deve vir para o casamento.

— Sim Reinhard.

Reinhard levantou-se da poltrona, aproximou de Siegfried e pegou os cabelos dele encaracolados e os correu entre os dedos, da mesma forma de quando faziam desde criança.

— Foi uma longa jornada até aqui, mas conseguimos. Venha vamos tomar um vinho tenho uma safra boa na minha adega. Comemorar seu retorno.

 

No dia seguinte Elizabeth foi até Barbarossa para receber a comitiva e conhecer os integrantes da Aliança que apoiaram Yang e foram fundamentais na história. Ela novamente conversou com Yang e Frederica sobre os rumos da política.

— Eu não podia falar antes, até os dois se resolverem de vez, até que enfim decidiram casar. Mas a Imperatriz é quem deverá ser parte ativa desta negociação. O Almirante Kircheis e ela certamente poderão convencer Reinhard, mas o processo será lento. Uma luta contínua. Mas hoje começa a semente de tudo. Estão prontos? - eles assentiram com a cabeça - O Almirante Kircheis irá com vocês.

Elizabeth falou sussurrando a Siegfried.

— Cuide de Oberstein.

Para o tratado de paz, Oberstein fez uma série de recomendações que Hilda simplesmente olhou e balançou cabeça entregando a Reinhard, ele passou os olhos e simplesmente ignorou. Estaria com Siegfried, Hilda, Mittermeyer, Oberstein e os outros cinco Almirantes para selar o tratado. Oberstein ainda foi contra a presença de Hilda, mas Reinhard foi firme em mantê-la.

— Ela é a futura Kaiserina, ficará ao meu lado - disse Reinhard. Mesmo que Hilda não emitisse opinião, apenas o olhar dela já seria suficiente pra ele.

Yang chegou com Frederica e toda a comitiva por fim. Hilda já conhecia o perfil de Yang. E de certa forma, ela sorriu por suas suposições sobre ele serem verdadeiras.

Frederica não podia deixar de se impressionar com o Imperador e a futura Imperatriz, por um momento as duas mulheres se olharam e sorriram uma para a outra. Cada uma sabia em seu íntimo que elas compartilharam o mesmo destino: serem os alicerces dos dois homens mais importantes da galáxia.

Vários pontos foram debatidos, outros Reinhard e Yang já haviam meio acertado.  Mas ficou definido a autonomia política na zona estelar de Baalat. Sobre uma Constituição, o imperador preferia que houvesse outras conversas para definir melhor, na verdade Reinhard queria Hilda mais participativa neste processo e só após o casamento isso seria viável. Mas o começo de tudo estava feito. Reinhard e Yang se aproximaram e deram as mãos.  Ao final Yang se aproximou de Muller

— Acho que o enganamos o Almirante peço perdão.

— Eu entendi as circunstâncias, e sinceramente achei melhor assim - ele sorriu. Yang retornou o sorriso.

Julian, Frederica e os outros partiriam no dia seguinte para Heinessen para a transição para o novo governo. Oberstein iria para auxiliar a transição e tinha a missão de pegar Rubinsky e impedir que ele destruísse Heissenopolis. Wahlen foi instruído para avisar ao povo de Heinessen sobre o tratado e que breve haveria um novo governo. O povo de Heinessen recebeu o aviso com enorme alegria, mesmo assim Wahlen ficou em alerta contra ataques dos cultistas, principalmente no centro de distribuição de comida, onde foi assinalado que haveria problemas.

 

 

 


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