Before the Darkness escrita por CupcakeChoco


Capítulo 1
Before The Darkness


Notas iniciais do capítulo

Yey!
ATENÇÃO, HUNTERS!
Aproveitando que estou reciclando histórias velhas/ones, resolvi postar uma das versões originais, ou melhor, do protótipo da Diva que conhecemos. Na verdade existem mais de uma versão dela, porém essa é uma das originais antes de estabelecer a história de ND como ela é atualmente.
Para começar:
?— A Diva dessa realidade é uma personagem do "próprio DMC", ou seja, ela existe dentro do canônico (seria isso considerado um headcanon?). Ela não viveu em outra dimensão, é mais como se Alexander tivesse sucesso em levá-la quando bebê e criado ela naquele mundo (Quem acompanhou ND sabe do que se trata). Isto é, nunca viveu como humana e sempre soube da sua real natureza.
?— Como "personagem do jogo", Diva seguiria Dante na gameplay (mais ou menos como a Cereza de Bayonetta ou a Ashley de Resident Evil 4), porém, ela não ficaria à toa tomando dano e forçando o jogador a protegê-la, Diva não teria uma barra de vida porque estaria distante do ponto de batalha e curaria o Dante de acordo com o comando do jogador.
?— De início, ela não luta, pois não tem habilidades. Conforme o jogador progredisse no jogo, ele teria a opção de comprar, com orbes, as habilidades dela para desbloquear assim como normalmente acontece com os outros personagens jogáveis.
?— Ela possui uma barra de energia e diminui de acordo com a utilização de suas habilidades, sendo que, quanto mais forte, mais gasta. Curas mínimas têm gastos menores e "salvar da morte" gastaria quase metade dessa barra. Então seriam capacidades para usar com sabedoria.
?— Ela pode criar pequenos portais (parte das habilidades desbloqueáveis) tanto para ser usado como método de eliminar os inimigos comuns do jogo quanto para deslocar Dante mais facilmente pelo cenário quando necessário.
?— O jogador pode escolher que ela seja muito boa em luta corpo a corpo ou uma exímia portadora de magia.
?— Ela interage com o Dante (jogador) durante a gameplay em alguns momentos, sendo que se escolher interagir de volta ganha afinidade com ela que pode auxiliar em futuras missões do jogo.
?— O jogador poderá definir os trajes dela e cada traje tem uma função específica.
?— Um final alternativo dependendo da afinidade e do vínculo do jogador com a personagem.



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O dominante silêncio na infame Devil May Cry seria, pelos poucos afortunados que os contratavam, um curioso e raro evento — considerado um dos pontos de serviços alternativos muito perigosos, sob a taxa crescente de mortes e incidentes de natureza suspeita, com um pessoal muito excêntrico para os parâmetros humanos, a quietude não se alinhava ao comum do local como também permanecer dessa maneira, a atmosfera pacífica e preguiçosa, tinha um curto prazo de duração.

Naquele dia, em especial, o fluxo da clientela se encontrava em baixa e a maioria dos telefonemas nas últimas horas não se relacionavam com trabalho, ora cobranças, ora ligações equivocadas. Dante se sentia generoso o suficiente para explicar, ainda que brevemente, as mesmas frases ensaiadas que gravou de uma chamada anterior na próxima e, com toda certeza, repetiria nas demais se houvesse mais enganos. Às vezes esse seguiria sendo um dos únicos momentos movimentados do negócio, se tivesse algo realmente novo receberia a ilustre visita de Morrison que, muitas vezes, o encarregava de missões que exigiam mais do que eliminar um demônio específico: indo de servir de babá de uma garotinha à tomar conta de relíquias mágicas.

Sentado com as pernas preguiçosamente cruzadas sobre a velha e fiel mesa, o Devil Hunter cogitou pedir uma pizza para comer pelo resto da noite, sobretudo por não ter que compartilhá-la com ninguém e poderia se fartar sozinho, ponderando sobre as opções de sabor enquanto folheava uma revista que, muito provavelmente, Trish deixara. Discou os números da pizzaria que normalmente pedia, apesar da extensa dívida que crescia consideravelmente a cada dia e que não prometia cessar, instruindo sobre sua escolha final.

Dante se levantou e marchou até o aparelho antigo para tocar algo, uma máquina vintage que Morrison consertou inúmeras vezes durante o tempo que se conhecem e que o homem facilmente categorizava como um sobrevivente do temperamento pouco cuidadoso do meio-demônio, esperando que a próxima faixa a ser inserida fosse alguma de suas favoritas no longo repertório. A música do Jukebox, uma melodia agitada sob a interpretação de uma voz feminina, preencheu o ambiente com mais agitação, ainda que meramente sugestiva. Dirigiu-se de volta ao seu assento, repousando as pernas, novamente, sobre a superfície do móvel, não fazendo menção de sair da posição que estabeleceu para si. Aproveitando a tranquilidade em seu apogeu e se certificando de que nada o atrapalhe em seu precioso descanso.

Balançou ligeiramente o pé no ritmo contagiante da canção, preparado para cochilar uns poucos minutos antes da chegada do entregador responsável pela sua pizza.

As coisas pareciam bem, mesmo com a entrada tempestuosa de uma figura encapuzada no escritório. E ficaram ainda melhores quando, ao tropeçar, em meio ao frenesi selvagem da corrida desesperada para entrar no estabelecimento, demônios sedentos se elevaram predatoriamente sobre a enigmática pessoa que tentou se arrastar para longe do escopo do ataque que visava despedaçá-la sem piedade com sua estatura e aspecto vulnerável. Um único disparo fora efetuado, preciso e eficaz, que atravessou o corpo de uma das criaturas e depois outra e outra em uma sequência rápida demais para olhos desacostumados.

Pela sua experiência e anos combatendo as mais diversas entidades, Dante testemunhou tudo que esse mundo oculto, que a humanidade não enxergava de sua bolha, proporcionaria para qualquer alma sem sorte que caia em seus domínios, vivenciava o incomum com frequência e ele mesmo representava tudo que estava em desacordo com o sano, sendo fruto de uma relação entre uma humana e um demônio. Entretanto, assistir a estranha pessoa adentrar sua loja, ofegante e aos gritos sôfregos — que indicavam um apelo de ajuda sem intermédio de palavras propriamente ditas —, desmoronar contra o piso sem forças para fugir e demônios prontos para executá-la, tudo que necessitou nesse intervalo de segundos se resumiu em sacar suas pistolas gêmeas e dar cabo dos inimigos.

— Não ensinaram que é mais educado bater na porta antes de entrar? — Dante gracejou, olhando para as armas. — Posso ensinar algumas lições de boas maneiras, para começar, não correr atrás de garotas indefesas.

Atirou Rebellion contra um grupo de demônios que portavam foices que se fincou no chão, resultando em uma fissura profundo. Derrotou cada um sem grandes empecilhos.

Dante andou até a espada e a retirou do assoalho danificado, descansando-a em seu ombro com naturalidade. Sua atenção se fixou na pessoa que irrompeu em seu escritório e que se recompôs prontamente com a proximidade do caçador, limpando a poeira de suas vestes, embora não funcionasse muito para encobrir o estado desgastado da capa.

— Você é forte como sua reputação sugere, senhor Dante. — a voz feminina iniciou com exultação. Havia traços de alívio mesclado em seu timbre harmônico e uma dose diminuta de pânico, talvez o efeito tardio do episódio violento de poucos minutos atrás.

— E onde ouviu falar sobre mim, senhorita? — questionou curioso com a procedência da informação coletada pela garota. Não era como se seu ramo de trabalho fosse convencional para que possuísse uma fama fora do nicho no qual estava habituado.

— Me contaram muito sobre você e que era o único que poderia me ajudar. — as mãos enluvadas baixaram o capuz puído, expondo a face jovial e o ar inocente muito notório.

— Te ajudar? — indagou como um questionamento teste para sondá-la e analisar melhor o que se desenrolaria desse diálogo, encaminhando até o suporte e depositando Rebellion em seu devido espaço, com o olhar afiado da garota em seu encalço, estudando minuciosamente suas ações. — Se estamos falando de negócios, tenho que deixar claro um detalhe importante. — as feições dóceis se transfiguraram a um princípio de um assombro ansioso. — Não trabalho de graça, senhorita.

Os dedos delgados deslizaram sobre o queixo em uma postura meditativa, então, em um gesto rápido e displicente, sacou uma bolsa de aparência humilde e despejou o conteúdo sobre a mesa revelando uma boa quantidade de dinheiro em efetivo.

— Isso está bom? — resfolegou apreensiva. — É tudo que tenho, por favor. Preciso realmente de ajuda, viajei por dias sem descanso para te achar, não tenho mais ninguém a quem recorrer. Por favor.

O Devil Hunter fechou os olhos com a perspectiva do que teria que enfrentar baseado unicamente no caos propagado que se viu na obrigação de pôr nos eixos, fitou seu possível pagamento e a perturbada jovem que lhe contratara, enxergando um medo e preocupação muito genuínos e muito difíceis de ignorar. Não. Ele simplesmente não poderia ignorar.

— Fique com o dinheiro, te ajudarei. — disse por fim, recebendo, para sua surpresa, um cálido e trêmulo aperto de mão da sua nova cliente. Não era acostumado a demonstrações tão abertas de agradecimento, contudo, não rechaçou o gesto.

— Muito obrigada, de verdade.

— E então, qual é o seu nome? — pediu demonstrando mais cortesia.

— Diva. Diva Lockhard. — o súbito ímpeto de felicidade, aos poucos, se ralentava até se converter em um toque sutil antes de que o corpo débil desfalecesse ante ao caçador.

Dante franziu o cenho, encarando a jovem desmaiada em sua mesa com semblante muito despreocupado, mas ainda intrigado com as teorias engenhosas que rondavam sua mente que justificassem ela estar naquelas condições. Estendeu a mão para retirar a capa, contudo, resolveu que seria melhor apenas acomodá-la em algum lugar que ela não estranhasse.

A viu se remexer em seu sono — sua fisionomia variando de terror a uma inquietação alarmante. Como se no mundo de seus devaneios, algo a atormentasse em uma espiral de pânico que não cessava. A jovem despertou sobressaltada, esquadrinhando o local sem sinal algum de reconhecimento, porém, se tranquilizou ao repousar sua atenção no caçador, respirando mais aliviada.

— Está com fome? — inquiriu, oferecendo a pizza.

— Eu não... — sua negação fora interrompida pelo ronco alto de seu estômago que tratou de denunciá-la.

— Não precisa ter medo, vá em frente. — encorajou, rindo.

Diva se aproximou e abocanhou uma generosa fatia.

Usualmente não comia muito o que o caçador lhe serviu, contudo, passou alguns dias racionando comida e seus suprimentos esgotaram na metade de sua martirizada viagem. Se não tivesse uma reserva de água muito provavelmente definharia rápido muito antes que pudesse achar o famoso filho de Sparda. O aroma apetitoso da pizza atiçou sua fome que reverberou em um ronco alto em seu estômago o que, naquela altura, não a envergonhou como seria em outras circunstâncias. Respirou fundo e, esquecendo as regras de etiqueta, pegou a fatia e a degustou com gana, saboreando cada centímetro ligeiramente fumegante de massa como se fosse a oitava maravilha do mundo. O primeiro pedaço fora devorado com assombrosa velocidade, mal parando para uma mastigação adequada antes de morder mais uma parte com igual gosto. Com a dor da fome gradativamente desaparecendo, Diva lambeu os dedos em contentamento, porém não satisfeita com sua refeição e comendo mais outra sem cerimônias. Dante nunca testemunhou alguém com tamanho apetite e muito menos se fartando com uma quantidade desumana, chegava a ser surreal como uma garota tão pequena conseguia comportar tanta comida e se questionou se esse impulso selvagem se atribuía as condições que ela passou até chegar à agência.

Deslizou um copo de água pela superfície da mesa na qual Diva pegou e bebeu com êxtase, corando com a sede saciada.

— Muito obrigada! — murmurou com doçura, fechando os olhos por um momento em uma atitude mais cortês comparado a sua persona de minutos atrás. Apesar da capa gasta, Diva tinha cordura de uma mulher de educação e ascendência de status elevado. — De verdade. Não lembro da última vez que comi tanto esses dias. — franziu a testa, reflexiva.

— Não precisa agradecer. — disse, sentando na poltrona. — Tenho que dar o melhor tratamento para uma convidada.

Diva sorriu.

Não um que aparenta ironia. Um genuíno e verdadeiro sorriso de agradecimento.

— Obrigada por cuidar de mim, senhor Dante.

— Sem senhor. — corrigiu, rindo da reação envergonhada dela. — Só Dante. Não sou tão velho quanto sugere.

— Dante… — o tom mudou ao entoar seu nome. — Agradeço a gentileza, Dante.

— Agora que está com a barriga cheia, poderia explicar sobre o trabalho. — pediu se esticando preguiçosamente contra o assento acolchoado.

— É complicado... — respirou fundo, procurando alento em si mesma para relembrar dos acontecimentos. — Como mencionei antes, estive a sua procura. Meu mentor me contou sobre você e seus feitos —as duas gemas castanhas emitiam um brilho juvenil de excitação, fazendo um sorriso desabrochar nos lábios do Devil Hunter. — E também que seria o único com força para enfrentar os inimigos que surgirão. — escovou o cabelo para trás, trêmula. — Há uns meses descobri que planejavam me usar para um ritual... Meu mentor não teve muito o que fazer diante de tamanho poder, antes de sucumbir, ele me rogou para que fugisse... — cerrou as pálpebras suprimindo a tempestade de sentimentos que a compeliam a chorar. Não queria demonstrar fraqueza para um homem cuja reputação superava contos ficcionais.

— Que tipo de ritual seria esse? Gosto de ficar a par do que estarei lidando a partir de agora. — Diva pressionou uma mão contra a outra, tremendo. Não tinha como negar o quão fragilizada esse relato a deixava, entretanto, se ambos conviveriam pela próxima temporada, precisava de todas as informações essenciais mastigadas.

— É, tem razão. — sorriu com simpatia. —Planejavam me usar como sacrifício para trazer uma entidade ancestral para o mundo, o objetivo era trazer o Dia da Irá.

— Dia da Irá?

— O julgamento final. Quando a humanidade terá seu devido julgamento no qual se decide se o mundo permanece como se encontra hoje ou é exterminado. — suspirou, roçando o indicador pelas bochechas levemente rosadas. — Não sei se é real ou uma maluquice, mas não queria arriscar.

Dante esfregou o queixo com pose falsamente meditativa.

— Existem malucos fanáticos em todas as partes.

Diva o fitou com curiosidade.

— Eu sei... — o tom terno abandonou suas palavras, sendo substituídas pela apreensão. — Queria acreditar ser apenas isso... — estendeu a mão. — Posso lhe mostrar?


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