3 dias depois...

P.O.V Da Sam

Edward trouxe o bebê para eu poder amamentar antes de ir para a confeitaria. Julian era muito parecido com a Melanie, porém, tinha alguns traços do Gibby como o formato do rosto, o nariz era igual. O Gibson estava louco para ver o filho e pegá-lo no colo. Freddie e eu decidimos ajudar o nosso amigo, ele iria tirar o irmão de casa e distrair ele e eu só teria que ligar para Gibby, nenhum pai merece ser proibido de chegar perto do filho.

Os olhos do meu sobrinho estão mudando de cor, indo de um tom azulado para um esverdeado.

Gibby tem olhos verdes.

Mamãe, minha irmã e eu temos olhos azuis. Ninguém da nossa família tem olhos verdes, tios e primos tem olhos azuis ou cor de mel. Mas isso não é um problema, a mãe de Freddie tem olhos verdes e o Edward pode achar que Julian herdou os olhos da avó.

— Que bom que veio rápido. Temos meia-hora no máximo. - Avisei para o Gibson.

— Me dá o meu garoto aqui. - Pediu sorrindo.

Entreguei Julian para ele.

— Segura direito, cuidado com a cabecinha. - O ajeitei no seu colo.

Gibson era bem alto e forte, tinha as mãos grandes.

Ele sorriu para o pequeno loirinho. Cheirou a cabeça do filho.

— Melanie está desequilibrada. Minha irmã não está nada bem, Gibby. - Contei.

— Como assim? - Me olhou confuso.

— Ela tem tido crises, anda muito estressada, o leite até secou. Ela não consegue cuidar do bebê. O Edward tem se virado sozinho. - Eu não podia esconder aquilo dele.

— Meu Deus. - Ficou preocupado.

— Deveria conversar com a Carly e contar toda a verdade, seu filho precisa de você. Se ama minha amiga e o seu filho, tem que fazer a coisa certa! - O aconselhei.

Foi então que ele caiu na real.

— Você é o pai do Julian. Minha irmã não tem capacidade de cuidar do menino. Ela precisa de ajuda psicológica. A Carly é louca por você, mas ela vai entender... Ela te ama, Gibby! - Iria doer, mas a Shay poderia perdoá-lo pela traição.

— Você tem razão, Sam. - Concordou comigo.

Gibby ficou com Julian até o Freddie mandar mensagem avisando que estava voltando pra casa com o Edward.

[...]

Os dois chegaram com coisas para Alice e Julian, compraram até fraldas.

Edward me agradeceu por eu ter tomado de conta do bebê e foi embora. Melanie não podia ficar tanto tempo sozinha.

— Convenci o Gibby a tomar providências. Ele vai contar tudo para a Carly e vai entrar na justiça para conseguir a guarda do filho. - Contei ao Freddie.

— Como é, que é? - Meu namorado largou as sacolas no sofá.

— Ele é o pai do menino. Tem todo o direito. E vai cuidar bem dele. - Dei minha opinião.

— Não acredito que você fez isso. - Se indignou.

— Mas Freddie, ele é o pai...

— Não é justo com o Ed, ele tem sido o pai dessa criança, até mesmo já registrou, ele cuida do menino e tem se esforçado muito. O Gibby deveria ter tomado a decisão antes, mas preferiu deixar pra lá, agora ele quer tomar a criança da mãe? Sua irmã precisa de ajuda, você deveria apoiá-la e não ao contrário, agora a Melanie e o Ed vão perder o Julian! - Ficou revoltado.

— Eu só queria ajudar. Entenda, Freddie. - Falei com calma.

— Como se sentiria se alguém tentasse tirar a guarda da sua filha? Eu me sentiria sem chão se o Ed resolvesse tirar a Alice de mim, eu amo essa menina como se fosse minha filha e meu irmão é louco pelo Julian. Como você acha que ele vai se sentir? Ele está bem, tem o próprio negócio, o Gibby não ganha muito e não terá tempo para se dedicar como o Ed tem feito, vai acabar largando o menino nas mãos da Carly! - Se irritou.

— Eu sei que é triste para você, mas...

— Você não pensou nem na sua irmã. Só porque ela tem passado por problemas não significa que ela não ame o filho. A Melanie também vai ficar sem chão... O Julian é a única coisa boa que o meu irmão tem, porque ele ama essa criança mais que tudo, e você convenceu o Gibson a tirar isso dele! - Freddie aumentou o tom de voz.

Eu nunca tinha o visto tão magoado e raivoso.

— Não é filho dele! O filho é do Gibby! Não é justo que ele passe a vida toda sendo enganado! É melhor ele aceitar que dói menos! - Também me irritei.

Freddie me olhou chocado.

— Alice é filha dele, não é minha! Mas eu assumi, eu registrei ela! E meu irmão já assumiu o Julian! Porque pai é quem cria, o Gibson nunca foi atrás dos direitos dele, agora ele vai fazer de tudo para conseguir a guarda do seu sobrinho! Você vai ajudar destruindo uma família. Isso vai acabar com o relacionamento dos nossos irmãos! - Jogou na minha cara.

— Nem sei porque está se doendo tanto, não é problema nosso! - Rebati nervosa.

Começamos a discutir. A discussão foi horrível.

[...]

Ele arrumou uma mochila. Saiu do nosso quarto apressado.

O segui calada.

Freddie entrou no quarto de Alice, ela estava sentadinha no tapete colorido brincando com um bichinho de borracha.

— O papai te ama. Ama muito. - Pegou ela no colo e a encheu de beijos.

Ele a deixou no tapete. Fiquei ali parada na entrada da porta.

E sem dizer nada, passou por mim indo embora.

Alice engatinhou choramigando. Ela olhou para mim.

— Tá tudo bem, vem com a mamãe. - A chamei.

Peguei ela, saí do quarto, fui para a sala e eu ouvi o motor do carro.

Abri a porta à tempo de vê-lo indo embora.

Um tempo... Ele pediu um tempo.

Alice chorou, acho que ela sentiu.

Sentiu que Freddie estava nos deixando.

Naquele momento todas as minhas cicatrizes internas se romperam.

Eu fiquei sem chão.

[...]

Abri a porta, Melanie entrou me empurrando, gritando comigo.

— COMO PÔDE FAZER ISSO COMIGO? SOMOS IRMÃS! O GIBBY LIGOU AVISANDO QUE VAI FAZER DE TUDO PARA TIRAR MEU FILHO DE MIM! - Estava enlouquecida.

— Melanie, calma, eu...

— Você é uma desgraçada, eu nunca vou te perdoar se ele tirar o Julian de mim! - Estava chorando.

Toda descabelada e com as roupas amassadas.

— Eu fiz isso pensando no menino, ele precisa do pai. Você não tem cuidado bem dele! - Expliquei.

— Quando o Ed descobrir... Ele vai surtar. Ele pode cometer uma loucura...

— Você errou, não devia ter sido gananciosa à ponto de fazer o que fez. Devia ter sido honesta com ele! - Falei.

— E o que você tem a ver com isso? Por quê não cuida da sua vida? Não tinha nada que se intrometer na minha! - Disse raivosa.

— Melanie, eu só queria ajudar! - Me irritei. - Por quê se importa com o Ed se estava dando em cima do Freddie no Dia de Ação de Graças? Você nem gosta do seu namorado! - Joguei na cara dela.

— Eu estava fora de mim naquela noite, e sinto muito por aquilo... É que nem sei explicar... Eu só... Senti inveja. - Chorou ainda mais.

Fiquei pasma.

— Ele vai conseguir... Vai tirar meu filho... Vai criar meu bebê com a Carly... - Estava inconsolável.

— Vocês podem compartilhar a guarda. Ele é o pai e...

— A culpa é sua, você o convenceu! - Acusou.

Nunca foi minha intenção causar dor a ninguém.

Minha irmã estava sofrendo.

— Me perdoa? - Comecei a chorar.

— Não fala mais comigo. Não quero mais saber de você. - Ela me deu as costas.

— Melanie! - A chamei.

Minha irmã foi embora sem olhar para trás.

Naquele mesmo dia Carly me ligou chorando. Já sabia de tudo. Sobre Melanie e Gibby.

"Você sabia esse tempo todo e não me contou. Escondeu de mim. Pensei que fosse minha amiga... Eu nem sei se consigo mais olhar pra sua cara!"

Perdi minha irmã e minha melhor amiga.

Ambas estavam me odiando.

E Freddie havia me deixado.

Minha mãe iria ficar do lado da Melanie.

Alice foi a única coisa que me restou.

Eu estava sozinha com a minha filha.

Dias depois...

Era sábado à noite, deixei Alice dormindo no berço, fui preparar algo para comer.

Não sentia muita fome, mas precisava me alimentar.

Resolvi dar uma olhada nela, e quando cheguei no corredor, ouvi o baque.

Corri para seu quarto e a vi no chão.

Minha filha tinha acabado de cair do berço.

Eu havia retirado o carpete para lavar mais cedo.

Era como se o universo tivesse se virado contra mim.

Só acontecia coisas ruins na minha vida.

Eu só podia ser uma amaldiçoada... Melanie me chamou de desgraçada.

Ela tinha razão.

Alice chorava e eu não podia mexer nela. Estava com medo de piorar a situação.

Ela com certeza bateu a cabeça.

Liguei primeiro para emergência, eles mandariam uma ambulância. Pediram para eu olhar ela, mas que não deveria pegá-la no colo.

— Alô! - Freddie atendeu.

— Vem pra casa, por favor, a nossa filha... Ela... - Vi a bebê estremecer e fechar os olhinhos. - Freddie, acho que ela tá morrendo... - Me apavorei só imaginando o pior.

Deus só podia estar me castigando. Não havia outra explicação.