Headle 2 escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 6
Você está brincando com fogo


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Já haviam se passado dez dias desde que Zack entrou nas vidas delas. Era uma rotina intensa, mas ainda sim, ambas não podiam negar que estavam amando. Ter Zack em sua casa, era como ter trazido brilho e vida, era tudo mais colorido. Elas se sentiam felizes antes de Zack, mas depois que ele chegou foi que elas notaram que lhes faltava algo, algo que elas nem sabiam. Elas precisavam dele, sempre precisaram, mesmo antes de saber. Esses dez dias foram cruciais para elas saberem que não queriam adotar uma criança, não qualquer criança, elas queriam o Zack. Aquele bebê era delas, e elas sentiam isso. Ainda sim, só podiam entrar com o processo de adoção, após se esgotarem todas as chances de encontrar um parente vivo dele. 

Roberto havia entrado com pedido para que elas fossem a casa de passagem de Zack. Para isso era necessário realizar um cadastro, esse cadastro permitia que elas fossem mães temporárias de crianças sem lar, e posteriormente esse mesmo cadastro era utilizado para realizar uma adoção definitiva. No entanto, Roberto já havia deixado claro a grande diferença entre a dificuldade de conseguir uma guarda provisória de uma guarda definitiva.

Sara recém havia saído do banheiro, seu expediente começaria em algumas horas, já estava vestida, mas a toalha ainda estava enrolada em seus cabelos. Quando chegou no quarto, Heather também entrava, mas ela vinha da porta que dava no corredor. A dominatrix olhou para Sara, e seus olhos castanhos tinham somente uma pergunta, que ela não precisava formular em palavras.

— Zack está dormindo no berço. – Ela sorriu.

— Eu vou passar para dar uma olhada nele antes de sair. 

Sara secava os cabelos com a toalha e ainda antes de ligar o secador, Heather a interrompeu.

— Amanhã você tem a sua entrevista com Roberto. – A ruiva tinha algo no tom de voz, era algo diferente, não era um tom de ordem, nem ciumento, parecia mais provocativo, não de um jeito sexy, mas desafiador.

Roberto já havia comentado que gostaria de entrevistar as duas separadas, mas primeiramente havia feito uma reunião com as duas juntas. Fazia alguns dias. O grande problema é que Sara se sentia diferente na presença dele, não eram sentimentos, propriamente, mas sensações. E ela sabia que era recíproco, Roberto também tinha alguma atração por ela. Quando entrevistadas juntas, estar na mesma sala que Roberto e Heather a deixou desconfortável, e ainda que tentasse ser discreto, era visível que em alguns momentos, ainda que inconscientemente, Roberto lhe olhava de maneira como se estivesse flertando. Se Sara havia percebido isso, Heather, com seu jeito, ainda mais. 

— Sim, vamos fazer depois do meu expediente, na lancheira perto do laboratório. – Falou sem dar muita importância.

— Ele parece gostar de você. – Heather mantinha aquele tom, de quem queria dizer algo, mas não falava. Era óbvio que esperava que Sara falasse alguma coisa.

— E de você também. – Ela deu os ombros. – Ele realmente acredita que conseguiremos a guarda de Zack. Pra mim isso é ótimo.

Sara ligou o secador logo em seguida, o barulho do aparelho fez com que a conversa tivesse que ser interrompida. E logo após, ela já estava de saída, não sem antes provocar sua mulher. 

Heather estava sentada na cama mexendo no telefone, estava distraída. Sara tirou da mão dela e jogou para o lado, subiu na cama sentando em seu colo, segurou seus dois braços e a beijou com vontade. Sabia que se arrependeria de ter feito isso, mas não pode resistir. Heather retribuiu ao beijo instantaneamente, ainda sim, tentou soltar seus pulsos, Sara lutou contra isso mantendo firme.

— Me solta. – Ordenou entre um beijo e outro.

— Não. – Sara soltou um riso anasalado, enquanto prosseguia com o beijo. 

Sara não era de fazer isso, de desafiar ela, normalmente ela respeitava a liderança de Heather. Mas Heather agora não conseguia se livrar, o peso de Sara sobre seu corpo na cama, e o modo que prendeu seus braços pelo pulso, ela estava em uma posição desfavorável, que não deixava ter força suficiente para virar aquele jogo a seu favor. Quando pararam de se beijar, ambas estavam sem fôlego, ainda sim, a morena não a soltava e nem saia de cima dela. Os olhos verdes pareciam estar pegando fogo, um misto de tesão e raiva, seu pulso estava acelerado.

— Baby... – Ela tinha um sorriso malicioso. – Você está brincando com fogo. Se eu fosse você, me soltaria agora. – Ordenou.

— Realmente não consegue se soltar, Kessy? – Disse com tom zombeteiro, que a enfureceu ainda mais. – Isso é bom. Quero você bem irritada. 

— Não deveria me querer irritada. – Seu tom era desafiado, ela ainda lutava contra Sara, mas ela havia a prendido bem.

— Desde que Zack chegou, nós estamos muito maternais, mas parece que esfriamos um pouco em outros aspectos. – Ela sorriu maliciosa. – Se eu tenho que fazer isso para voltar a ver fogo em seus olhos. Eu faço. – Ela piscou. 

Novamente Sara a beijou, com vontade. Heather retribuiu, era difícil não retribuir um beijo de Sara. Ainda sim, seu corpo tremia, odiava sentir-se presa e submissa, e era a primeira vez que Sara fazia isso propositalmente. Heather sentia que estava pedindo, a morena estava implorando que ela a castigasse com todas as ideias que já haviam passado pela sua cabeça.

Quando terminaram o beijo, ambas novamente estavam sem fôlego.

— Baby… Baby… Você vai se arrepender disso.

— Espero que sim. – Ela sorriu com malícia. – Vamos Kessy, pede para eu te soltar.

— Não me faça dizer isso. – Ela grunhiu.

— Vamos Kessy, implore. – Ela continuava a provocar.

— Não. – Estava relutante, mas parando de lutar para se soltar.

Sara percebeu que ela estava desconfortável de verdade, obrigar ela a se submeter e pedir algo assim, ia contra sua natureza, isso a fez soltar os pulsos de Heather e descer do colo dela. Tinha que ir trabalhar, mas por um momento se arrependeu de ter feito aquilo, sabia que teria consequências. Heather era uma linha tênue entre a Kessy que ela conhecia, e a Lady Heather, que sabia que ainda nem tinha chegado perto de conhecer.

Era final do turno, Sara estava se arrumando para sair do laboratório quando Julie chegou ao vestiário. O turno havia sido agitado, mal tinham tido tempo de conversar. 

— Hey Sara.

— Hey Jul. 

— Como estão as coisas. Como está o Zack?

— Ele está ótimo, cada dia mais fofo. Daqui uma hora vou encontrar o advogado da vara familiar para acertamos os últimos detalhes do lar de passagem dele. 

— O advogado bonitão?

— Esse mesmo. – Admitiu com certa vergonha.

— Vocês trocam algumas faíscas, não é? – Finlay perguntou interessada.

Enquanto falavam, Sara se sentou de lado no banco do vestiário onde ficavam os armários, de costas para a porta de saída que estava entreaberta. Julie, sentou-se a sua frente, na mesma posição.

— Eu não sei bem se são faíscas, mas ele flerta comigo. – Tentou esconder o sorriso ao falar isso, mas foi inútil.

— E parece que você gosta. – Provocou a amiga.

— Eu não sei bem se eu gosto, se não gosto. Eu só sei que existe uma tensão absurda entre nós dois quando estamos no mesmo ambiente. Isso me deixa até ansiosa, sabe? Vai ser a primeira vez que vamos ficar realmente a sós.

— Uma tensão é?

— Ah, para Fin! – Resmungou a perita morena.

— Para nada amiga! Agora eu quero que me conte tudo.

— Eu não sei bem o que contar. Desde que eu comecei o meu relacionamento com a Heather, eu não flerto com ninguém, muito menos com um homem. Eu não gosto dele, ele é apenas um cara gostoso que me deixa realmente tensa. Eu chego a tremer perto dele. – Admitiu.

— Talvez então devesse dormir com ele!

Sara gelou. Aquela não era a voz de Finlay, e ela vinha por trás, pelas suas costas. Sara mordeu os lábios por alguns segundos, fechando os olhos. Ela não tinha coragem de se virar naquele momento e olhar em seus olhos. Seu rosto ficou quente e, se não tivesse tanto autocontrole, seu corpo ia tremer. Aquela voz dura, sensual, feminina. Só podia ser de Heather. Mas que diabos ela fazia no laboratório?

— Ah, oi Heather. – Julie foi a primeira a cumprimentar e tentar quebrar o silêncio, mas ela também estava sem graça. Não havia notado a presença da ruiva, e deixado a colega em uma situação difícil. 

— Sara, não precisa se envergonhar. – Heather prosseguiu, ignorando o cumprimento de Julie. – Você sabe que eu sou bem aberta. Toparia um sexo a três se te fizesse feliz. – Seu tom era desafiador.

— Eu realmente preferiria que não tivesse escutado isso. – Admitiu Sara, que ainda tomava coragem de virar e olhar sua parceira nos olhos.

— Em minha defesa, eu não queria escutar, eu só vim deixar uns papéis que havia esquecido e acabei pegando a parte boa da conversa sem querer. – Ela deu os ombros.

Sara não sabia exatamente o que dizer, mas ainda sim, se virou para Heather. Não dava para definir a expressão em seu rosto, a ruiva nunca demonstrava muita coisa quando estava na frente de pessoas estranhas, principalmente seus colegas de trabalho. Ela então esticou o braço, de forma sensual e lhe alcançou alguns papéis que Sara pegou prontamente. Era difícil não notar o modo que se movia, sensualidade era algo natural para Heather, algo que Sara gostava muito nela.

— Bom, eu tenho que ir agora. – Heather disse dando as costas. – No entanto… – Ela deu um passo para trás e olhou para Sara por um momento. – Você deveria estar preocupada pelo que fez mais cedo, isso sim terá consequências. – Ela piscou de um modo malicioso e se retirou. 

Assim que Heather estava longe, ela percebeu que praticamente não respirava. Se sentiu realmente incomodada por ela ter ouvido aquela parte da conversa. Era um tanto constrangedor. 

— O que aconteceu mais cedo senhorita Sidle? – Julie perguntou curiosa. 

— Você não vai querer saber. – A morena então riu.

Sara não mentiu sobre ficar tensa na conversa com Roberto. Na realidade, agora que Heather sabia como ela se sentia na presença do advogado, a tensão aumentou ainda mais. Como não deixar isso transparecer? Ela havia chegado à lancheria primeiro, logo após ele. A ideia de ir em um local público, havia partido dela, que se sentia melhor assim, que encerrada em um escritório com ele. 

— Olá, senhorita Sidle, tudo bem?

— Olá, tudo bem. E com o senhor?

— Estou bem sim. – Ele já se sentava. – Bom, eu já tenho algumas notícias para adiantar. Estou com os papéis de vocês prontos, conforme conversaram sobre o casamento no civil. Como conversamos, para poderem tentar adotar o Zack juntas, terão que estar casadas. Também já designaram uma assistente social para o Zack. A primeira visita será marcada, mas após a visita marcada, poderá ocorrer uma visita surpresa a qualquer momento. 

— Uau. Ótimo. – Sara não sabia muito o que dizer. Cada vez tudo era mais real. Além da tensão que estava pairando entre os dois, ainda havia um casamento e uma aprovação de assistente social. Era tanta coisa. – Certo. E já sabe quem é a assistente social?

— Marie. Marie Reichs, se não me engano. 

Sara ficou pálida como papel. 

— Está tudo bem? – Ele logo percebeu o rosto da morena ficar branco e assustado. Involuntariamente ele colocou a mão sobre a mão de Sara. 

Ela sentiu um arrepio com o toque, e puxou a mão.

— Kessy sabe?

— Sobre a visita da assistente? Sim. Claro.

— Ela sabe quem é a assistente?

— Não. Eu fiquei sabendo disso ontem. Por que?

— As coisas nunca podem ser fáceis. – Resmungou baixo. – Marie Reichs foi a assistente social que se posicionou contra Heather no pedido de guarda da Allison, foi por causa dela que Heather não teve direito nem a visitas. Ela vai fazer de tudo para não termos a guarda do Zack.

— Eu posso solicitar a troca de assistente social, por uma que seja imparcial. Mas isso demoraria, e poderia fazer com que Zack saísse da casa de vocês por algum tempo.

— Eu não quero ficar longe dele. – Ela disse rapidamente.

— Eu não estou dizendo que é impossível, mas ter a guarda negada uma vez, dificulta muita coisa, Sara. Se ela não conseguiu a guarda de uma menina que era do sangue dela, neta legítima, você compreende que é difícil conseguir a guarda de uma criança adotada. No que depender de mim, farei o possível e impossível por isso, mas vocês têm que entender que não é uma situação fácil. 

A entrevista com Roberto havia demorado bem mais do que gostaria, ele havia feito muitas perguntas e algumas de foro íntimo. Ainda sim, o que pairava sobre sua cabeça era a conversa que Heather havia escutado. Chegando em casa, ela fora primeiramente ver Zack que dormia em seu quarto e após foi atrás de Heather que estava no escritório, onde também era seu consultório atualmente.

— Me desculpa…

— Por mais cedo você ter me submetido? – Arqueou as sobrancelhas.

— Não, por isso eu nunca me desculparia. – Ela sorriu desafiadora. – Pelo que você ouviu quando estava no lab. – Suspirou. – Eu não deveria ter falado isso.

— Falar não é crime Baby, você apenas externou para alguém da sua confiança algo que você sente.

— Então o crime é eu sentir? 

— Tampouco. 

— Então por que eu estou me sentindo tão mal e constrangida? – Ela riu sem graça.

— Porque, talvez, se fosse ao contrário, você se sentiria insegura. E acha que me faltou com respeito, mas eu fui sincera. Eu aceitaria fazer um sexo a três se você quisesse. 

— Nós três? – Ela riu. – Não. De jeito nenhum.

— Puritana como sempre. – Rolou os olhos.

— Não é isso, Kessy. Eu nunca te dividiria com qualquer outra pessoa. – Ela se aproximou então dela. – Eu te amo. – Sussurrou. – Você é minha. E eu sou sua. 

— Realmente, Baby… Você romântica é estranha.

— Não estrague meu momento, é difícil eu me abrir assim. A questão é que sim, existe uma atração sexual, física, e eu acho que da parte dele também. Mas é só isso, eu não tenho sentimentos por ele. Isso me deixa um pouco incomodada pra ser sincera. – Se explicou.

— Se você se sente melhor, podemos trocar de advogado.

— Não. Isso atrasaria tudo, poderia prejudicar nosso pedido de guarda do Zack. – Sara então sacudiu de leve a cabeça, como se estivesse em negação. – Você não está mesmo com ciúmes? Não era eu que deveria estar propondo a troca de advogado?

— Ciúmes? Não faz meu estilo ter ciúmes. – Ela sorriu. – E como foi a conversa com ele?

— A assistente social responsável pelo Zack é a Reichs. E que a adoção do Zack se torna mais complicada por que você já teve uma guarda recusada pela mesma assistente social. 

— Ele me comentou sobre isso anteriormente em uma reunião. E me ligou hoje mais cedo falando sobre a Reichs. Bom, ele me deu uma opinião, e eu queria comentar isso contigo. – Ela disse sentando-se no divã e chamando ela para sentar-se com ela.

— Qual? – Ela se sentou ao lado de Heather no divã.

— Ele disse que talvez se você pedisse a guarda do Zack sozinha, sem estar comigo, fosse mais fácil de conseguir.

— Não. Nem pensar. – Negou veementemente.

— Sara, temos que pensar no Zack primeiro.

— Exatamente. Eu estou pensando somente nele. Se começarmos isso com uma mentira, com vergonha da gente, que exemplo vamos ser para ele? Que exemplo eu vou ser pra ele? Ele é soropositivo, negro… Como vou ensinar para ele que o preconceito é errado, que ele é livre para viver e amar, que ele é livre para ser o que quiser, se nós vamos adotar ele com subterfúgios e mentiras? Eu quero oferecer ao Zack uma família, e a família dele somos nós duas. – Ela explicou com paciência, mas com um tom condizente com seu argumento.

— E se não der certo? Você sabe como funciona o sistema.

— Eu sei, e agora eu faço parte dele. Preciso acreditar nele. Se não eu trabalho para que? Nós vamos conseguir Kessy. De um modo que Zack se orgulhe.

— Certo Baby, vamos conseguir. 


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Notas finais do capítulo

Eu ainda não consegui decidir o ponto alto dessa capítulo. Se foi a Sara submetendo a Heather, se foi a Heather propondo um a 3, ou se foi a Sara defendendo não se esconder e serem elas mesmas para adotar o Zack!

SOCORRO. EU AMO ESSAS DUAS. PQP!



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