Headle 2 escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 4
Me dobrar?


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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— Você está muito quieta Baby. Veio todo caminho calada. 

— Vim pensando no Zack. – Falou sincera. – Desde que soube que ele irá para adoção, irá entrar no sistema, algumas lembranças que eu pensei que estavam mortas, vieram à minha cabeça.

— Lembranças de quando você estava no sistema?

— Sim. A maior parte delas não são boas.

— Você nunca me falou sobre isso.

— São coisas que eu não gosto de lembrar ou falar. E eu sei que pode parecer loucura, eu estou com ele apenas há algumas horas, mas eu não queria que ele passasse por tudo que eu passei. Ele merece ser feliz. – Ela fitou o menino que agora dormia calmo e alheio a tudo que estava acontecendo.

— Não é loucura. Confesso que se eu pudesse, eu adotaria ele junto com você, nós poderíamos ter ele juntas. Mesmo não querendo mais ter filhos, mesmo não querendo passar por tudo que passei com Zoe e Allison, eu juro que te ajudaria a se realizar como mãe. Pois, percebi que essa criança despertou um lado seu que nem você mesma sabia que existia. No entanto, infelizmente eu não posso. E eu sinto muito por isso.

— Não sinta. – Sara sorriu, emocionada das palavras que ela havia falado. – Mas porque não pode?

— Na época que Allison era um bebê, meu ex marido conseguiu a guarda definitiva dela, e eu não tive direito a nada, nem visitas. Minha vida, meu estilo de vida, diante da sociedade, não é vista como um bom exemplo para criar uma criança. E pensando no modo que eu criei a Zoe, e como tudo terminou, talvez estejam certos.

Havia uma imensa tristeza na voz de Heather, uma tristeza que era perceptível para Sara. Zoe e Allison eram assuntos delicados, um tabu para Heather, assim como era para Sara, falar sobre sua mãe, o assassinato do seu pai e a sua vida nas casas de passagem.

Antes ainda de chegar em casa, Sara e Heather haviam passado no mercado, comprado fraldas, lenço umedecidos, fórmula e mamadeira. Também haviam comprado umas duas roupinhas para ele, para que pudesse trocar de roupa no caso de se sujar. 

Heather já vestida com uma camisola de seda com alguns detalhes em renda, estava deitada na cama e via Sara se aproximar com o bebê, e colocar no meio da cama, ele ficaria dormindo entre as duas essa noite. Em seguida ela trocou de roupa, colocando uma camisa confortável e um short. 

— Parece ironia do destino. – Sara brincou enquanto também deitava na cama. – É a primeira vez em muito tempo que estou dormindo com um homem na cama. – Ela riu.

— Baby, você é impossível. – Heather também riu.

Logo já estavam deitadas, com Zack entre elas. Heather de barriga para cima e Sara de lado, olhando para o bebê no centro da cama. Estava sem sono, não sabia se era por que deveria estar trabalhando, ou se era pela preocupação com o menino. Heather notou que ela não conseguia dormir. 

— Baby… - Murmurou. Não queria acordar a criança.

— Sim.

— Você sente falta de um relacionar com um homem?

— Nunca parei para pensar nisso. Eu amo você, e acho que isso é o suficiente, me sinto atraída por outros homens, sexualmente falando. Mas nunca me atraí por outra mulher, além de você. – Ela disse sincera. – E você?

— Eu? Acho que não. Gosto da ideia de nós duas sermos uma família.

— Eu também gosto. Mas as vezes eu acho que você sente falta de ser a Lady Heather. Eu não sou, bem, uma submissa. E eu acho que às vezes você preferiria que eu fosse uma submissa comum, obediente, treinada, assim como você estava acostumada…

— Nem pensar. – Respondeu quase instantaneamente. – Eu adoro esse seu jeito. É desafiador, com certeza, mais gostoso ter que te dobrar sendo assim. 

— Me dobrar? – Sara resmungou baixo, em um tom divertido, não podia se exaltar, não queria acordar o bebê.

— Sim. Submissos treinados são apenas cachorrinhos adestrados, você não, você é diferente. E cada vez que eu consigo te dobrar, te subjugar e te submeter a mim, é realmente delicioso e excitante.

— Uau. – Sara estava sem fala. – Eu juro que gostaria de ter uma boa resposta para isso.

— A sua sorte é que hoje temos esse hóspede aqui. – Ela fitou a criança que dormia. – Se não…

— Kessy… – Ela interrompeu, sabia exatamente o que Heather ia falar. – Eu não sei se eu estou pronta para a masmorra. 

— Baby, você está. Eu tenho certeza que está. Só tem que confiar em mim. Você confia?

— Eu confio. 

Pela noite, o bebê acordou somente uma vez, com fome. Sara preparou a mamadeira, mas foi Heather quem deu a Zack. A ruiva também trocou a fralda do menino. E em seguida Sara pegou-o no colo, o ninou e o fez dormir novamente. Após esse episódio, ele acordou somente pela manhã, quando Sara e Heather fizeram o mesmo ritual, nas mesmas tarefas. 

Kessler ficou tomando conta do bebê, enquanto Sara preparava um café da manhã e o trazia no quarto. Raramente elas tomavam café na cama, Heather tinha preferência por fazer isso na mesa, mas hoje era um dia atípico, e resolveram ficar na cama com o pequeno. 

— Não dá para negar que Zack trouxe um ar diferente para casa. – Heather falou enquanto tomava um gole de café.

— Eu não consigo parar de pensar que hoje a noite teremos que entregá-lo a assistente social. – Sara falou desanimada. – Não é apenas o fato de ele ir embora, mas de não saber como vai ser o futuro dele. 

— Eu estava pensando. Poderíamos falar com um advogado e tentar entrar com um pedido de guarda temporária, como uma casa de passagem para ele. Eu confesso que não sei se irá dar certo, mas é uma tentativa. Podemos ver como nós nos adaptamos à rotina de um bebê em casa, e talvez, quem sabe, a gente possa adotar ele. 

— Nossa. – Sara se surpreendeu. – Mas eu não pensei que você fosse querer. Eu achei que não iria querer uma criança depois de Zoe e Allison. 

— De fato não, eu não sei se estou preparada para essa responsabilidade, mas você parece pronta, preparada, é o seu momento e eu sou sua companheira, não sou? Se esse é o seu momento, eu vou estar ao seu lado.

— Eu? Eu não sei se eu estou preparada, se eu seria uma boa mãe para ele ou para qualquer criança. 

— Por isso a casa de passagem, se não nos sentirmos prontas para adotar ele, ao menos podemos garantir que ele estará bem cuidado e amado até aparecer uma família adotiva. 

— Fale com o advogado Heather. Vamos pegar a guarda provisória dele. – Sara parecia estar decidida.

Heather não tardou em tentar resolver isso. O advogado foi bem otimista, disse que por causa da doença do bebê, provavelmente não conseguiriam tão rapidamente um local para alocar a criança. Geralmente, os lares temporários, não gostavam de misturar crianças saudáveis com soropositivas. Isso deixou Heather um pouco chocada, mas ao mesmo tempo esperançosa de que conseguiriam ficar mais alguns dias com o menino. No meio da tarde, o advogado já havia conseguido uma resposta positiva, a primeira quinzena estava garantida, Zack ficaria com elas. Sara recebeu a notícia animada, mais animada que Heather imaginou. 

— Nossa, que rápido. – Estava espantada, mas animada.

— Me disseram que ele é um dos melhores da vara de família. 

— Bom, eu queria ficar em casa. – Resmungou. – Eu queria ficar em casa com vocês dois, mas tenho que ir trabalhar.

— Sara Ann Sidle quer faltar ao serviço? Quem é você e o que fez com a minha mulher? – Ela riu.

— É por um bom motivo.

— Pode deixar que eu cuido dele. E o advogado vai passar mais tarde para lhe entregar uns papéis da guarda provisória lá no laboratório. Você é a responsável por ele nesses quinze dias. Ele já avisou as autoridades competentes, mas talvez a assistente social apareça por lá.

— Perfeito. 

Como o bebê ficaria, pelo menos alguns dias com elas, tinham que providenciar um espaço adequado para ele. Heather buscou uma chave, de um quarto que sempre ficava trancado e Sara nunca havia entrado, a casa de Heather era enorme e ela tinha certeza que ainda não conhecia toda ela. Somente os principais cômodos. Heather parecia titubear para abrir a porta. Sara segurava o bebê no colo, com somente um braço.

— Kessy, está tudo bem? – Sua voz saiu suave.

— Esse quarto era de Zoe, e depois que meu ex-marido autorizou as visitas, eu adaptei ele para poder receber Allison. E desde então, eu não entro mais aqui. 

— Essa casa tem tantas peças, podemos escolher outro quarto.

— Não, esse quarto, vai ser o quarto do Zack, é perto do nosso e o mais confortável. 

Heather abriu a porta, olhou tudo, ficou calada por alguns segundos, olhando aquele quarto vazio. A cama feita, as coisas empoeiradas. Era uma pontada no coração, um soco no estômago. Seus olhos ficaram mareados, e ela ficou longe, tomada pelas lembranças da filha e da neta. Tinha um nó na garganta que a fazia sentir dificuldade até de respirar.

Sara colocou a mão sobre o ombro de Heather e deu um beijo.

— Com Zack vai ser diferente.

— Vai sim. – Heather sorriu, colocando a mão sobre a mão de Sara que estava sobre seu ombro.

Elas analisaram o quarto, paradas sob o marco da porta, por alguns minutos.

— Vou chamar alguém para limpar. Precisamos de um berço, uma babá eletrônica, algumas roupas…

— Fraldas… Muitas fraldas… – Sara interrompeu fazendo careta. – Nossa, bebê, você deve estar estragado. Que fedor.

— Quer que eu troque? – Ela se ofereceu tentando afastar as péssimas lembranças.

— Eu troco. Tenho que aprender, não?

O bebê, agora aliviado, ria para Sara. 

— Você ri, né? Você ri. – Ela falou com uma voz infantilizada. – Por que não é você que limpa essa caca toda. 

Sara foi até o quarto delas, e colocou Zack na cama. Heather foi junto para dar assistência, Sara ainda ficava insegura de fazer algo errado. Ele era o menor ser humano que Sara havia tido contato, e parecia que poderia quebrar se fizesse qualquer coisa errada.

— Meu Deus do céu. Nem cadáver fede tanto. – Reclamou quando abriu a fralda.

Sara limpou o bebê, e pediu para Heather pegar uma fralda nova. Já tinha colocado por baixo do bebê quando ele simplesmente começou a fazer xixi, acertando a perita e sujando sua roupa.

— Abriu a torneira. – Heather disse divertida ao notar a surpresa de Sara que agora estava toda molhada de xixi. 

— Engraçado. Muito engraçado. – Sara disse com ironia, mas ainda divertida. – Eu acho que deveria aproveitar essa barriga pelada… – Ela olhou para bebê. – Para fazer cosquinha e morder.

Sara então passou os dedos na barriga do bebê fazendo cosquinhas, e começou a encher de beijos também. O bebê por sua vez começou a gargalhar alto e dar alguns gritinhos.


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