Headle 2 escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 2
Socorro! Socorro!


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Sara queria dizer que não, mas estava pensativa, o que Heather havia lhe dito não saia da sua cabeça. Elas estavam há mais de um ano morando juntas e ela nunca havia dito isso. 

 

— Talvez eu devesse te levar para a sala vermelha depois do trabalho.

 

O quarto vermelho de Heather estava fechado há anos. A última vez que havia estado na masmorra de Heather foi quando a dominatrix havia sido morta lá, coincidentemente no mesmo dia que ela se envolveu com Kessler pela primeira vez. E ela nunca havia comentado desejo de ir para lá. De levar Sara para lá. E não era apenas isso, foi o modo que ela ficou também, os olhos escureceram, seu corpo ficou ameaçador, não ameaçador de um jeito que fosse matá-la, mas ameaçador de um jeito como se tivesse aflorado um lado primitivo que estava contido ou até reprimido. Ela podia jurar que Heather naquele momento não era somente Heather, e sim Lady Heather. 

— Sara?

A perita tomou um susto, estava tão concentrada em seus pensamentos que nem pôde perceber que Julie havia entrado na sala. O susto foi visível já que se sobressaltou na cadeira.

— Não quis te assustar. D.B. pediu para a gente ir lá na casa da mulher que morreu essa manhã. Parece que o caso ficou para gente, e não para o turno do dia.

— Ah, claro. Vamos. — Ela ainda estava um pouco áerea.

— Sara, está tudo bem?

— Está sim.

Julie percebeu que não estava. Ela não parecia estar triste, apenas preocupada com algo, um pouco distraída. A cena do crime era longe, poderiam ir conversando no carro. E assim o fez, assim que ficaram sozinhas, Julie retomou o assunto. Sara não sabia se devia se abrir, no entanto, Julie era a única que realmente aprovava e respeitava o relacionamento dela com Heather sem nenhum tipo de preconceito e talvez a única que pudesse se abrir sobre o que se passava, se sentindo confortável.

— Heather me disse algo antes de eu trabalhar hoje. Algo que me deixou meio assustada. – Julie se manteve calada, e deixou que Sara continuasse. – Ela disse que queria me levar até a masmorra, na sala vermelha.

— Nossa. – A loira não conseguiu se conter, aquilo a deixou realmente surpresa. – A sala vermelha? Tá falando aquela sala vermelha? – Estava surpresa. 

Julie conhecia a sala vermelha como ninguém, durante o caso do ano anterior, ela havia sido a primeira na cena do crime e a que mais havia periciado aquele lugar. Se havia alguém que conhecia bem aquele ambiente era, com certeza, Julie.

— Sim. Isso mesmo. E eu não sei se eu quero isso, mas ao mesmo tempo não quero dizer não.

— Você não quer decepcionar ela, não é?

— Também. Sabe, nosso relacionamento é, digamos, noventa por cento baunilha. Tem momentos que eu deixo ela se soltar mais sabe, e é bom, não vou negar, mas a sala vermelha? Eu fiquei assustada. Tenho que admitir. 

— E por que você não fala isso pra ela. Você tem uma palavra de segurança, não tem?

Essa pergunta deixou Sara desconfortável. Era obvio que ela tinha, ainda sim, era estranho admitir aos outros que tinha um relacionamento baseados em práticas que até pouco tempo atrás ela mesmo não aprovava.

— A questão não é essa. Kessy tá sempre pensando em mim, sabe? Ela cuida para não extrapolar meus limites. Conto nos dedos as vezes que eu precisei usar a… – Sara ficou constrangida, mas agora que havia iniciado, o que era falar um pouco mais?  – A minha palavra de segurança. Só que eu noto que ela se contém, que ela não tem tudo que ela quer sabe? Como se ela se privasse, para não me assustar eu acho.

— E por que você não tenta? Eu digo, você tem sua palavra não tem? Se extrapolar seus limites ela respeita. É assim que funciona a prática, não é? Eu acho, e me desculpa dizer isso, que você ainda tem um certo preconceito com o BDSM, mas isso é parte do que a Heather é. E talvez seja importante, você ao menos tentar conhecer esse mundo dela.

— É talvez. Eu só não quero que ela fique ofendida, sabe? E eu quero que ela seja feliz também no nosso relacionamento.

— O que você decidir, eu tenho certeza que Heather vai respeitar. E se você tentar, ainda que não goste, desista, ou não dê certo, ela vai reconhecer o esforço. 

— Você já fez isso?

— O que? Ir em um quarto vermelho?

— Não, a prática, BDSM, de modo geral.

— Na realidade não. Não que eu não tivesse curiosidade. Mas eu acho que sou mais de bater do que de apanhar. – Finlay riu. – Embora digam que amarras podem ser algo bem excitante.

— É sim. – Sara admitiu. – Principalmente quando a pessoa sabe o que fazer.

Ela riu contida, um pouco envergonhada, era incomum ela abrir tanto sua intimidade para alguém do laboratório. Era impressionante como isso podia ser uma conversa completamente normal com Julie. A amiga não via preconceitos como seus demais colegas e amigos, para ela era realmente algo normal. Assim, podia ter uma conversa adulta e madura sobre seu relacionamento sem julgamentos. 

A conversa terminou assim que chegaram na cena do crime, era uma casa grande, com pátio na frente. Elas entraram, a polícia ainda tinha que fazer uma contenção, os curiosos ainda estavam na volta. As duas peritas entraram na casa e falaram com o detetive.

— Mulher, trinta em cinco anos, segundo o legista duas facadas. Tem indícios de ela ter um bebê, mas não encontramos nenhum na casa, já estamos buscando um possível pai ou familiar para localizar o paradeiro da criança. Ela morreu lá em cima, estavamos apenas esperando vocês para poder liberar o corpo.

— Vou começar pelo andar de cima. – Julie comentou para Sara. 

— Ok. Vou dar uma olhada aqui embaixo, ver se acho a arma do crime.

Sara iniciou a perícia pela sala, devido a notar alguns indícios de luta, mas logo foi  para a cozinha. A arma do crime era uma faca, talvez ainda estivesse na casa. O assassino poderia tê-la lavado e tentado incluir de volta na casa, isso era mais comum que as pessoas poderiam imaginar. A perita se sobressaltou quando ouviu um balbucio, não sabia exatamente o que era, colocou a mão na cintura e pegou a arma. Ela se assustou quando abriu o armário da despensa da cozinha, e viu um bebê, já grandinho, de uns seis meses, enrolado em uma coberta, de olhos fechados como se estivesse dormindo. No entanto, se a mãe havia morrido pela manhã, como o bebê ainda estava tão quieto? Será que estava vivo?

— Socorro! Socorro! – Gritou alto, para que a emergência viesse logo.

Ela se abaixou e pegou o bebê no colo, não sabia exatamente como segurar, mas percebeu que ainda respirava, como se estivesse dormindo. Puxou ele contra seu corpo e completamente assustada parecia que ninguém chegava para ajudá- la. Ele não parecia machucado, ainda sim não acordava.

— Sara, o que aconteceu? – Julie já desceu as escadas correndo empunhando a arma.

— O bebê. – Gritou. – Achei o bebê, mas não parece estar bem. 

Logo chegaram os paramédicos e Sara acompanhou o bebê até a ambulância e de lá para o hospital. Ficou tranquila em saber que clinicamente o bebê estava bem, mas que havia sido administrado algo para deixar o bebê sonolento. Ela ficou no hospital em volta da criança o tempo inteiro, não o deixava sozinho. Ele coletou sangue para exames complementares, foi alimentado assim que acordou e em seguida já estava liberado, e retornariam com o resultado dos exames. 

— D.B. – Sara chamou o chefe pelo telefone assim que soube que estava tudo certo com a criança.

— Oi Sara, como está o bebê? Parece que o nome dele é Zack.

— Ele está bem. Já foi liberado. Estou aguardando a assistente social, mas não chegou ainda.

— Estava vendo isso também. Parece que eles não tem como mandar ninguém até amanhã a noite. 

— Ele vai ficar no hospital então?

— Na realidade não. Ele está sob nossa responsabilidade até chegar a assistente. Queria que ficasse com ele até amanhã.

— Eu? Não, D.B., eu não sei cuidar de uma criança. – Ela negou na hora, nunca havia nem segurado um bebê no colo até aquele momento, imagina se responsabilizar por uma criança por quase vinte e quatro horas. Nem pensar.

— Sara, eu não posso, Finn está processando algumas provas e os meninos estão em outro caso. Eu não tenho ninguém além de você. E ele precisa ficar sob supervisão de algum funcionário do laboratório.

— E Hodges? Helena? Alguém do laboratório, qualquer outra pessoa.

— Sara, eu realmente preferia que ele ficasse com você.

— Sério?

— Sério.

Sara aceitou, porém totalmente contra gosto. Não sabia exatamente o que fazer. Quando pegou o bebê nos braços, agora acordado, o pequeno apenas sorriu para ela criando duas covinhas. Ele era um bebê mulato, ainda com poucos cabelos, olhos castanhos e um sorriso encantador, as bochechas gordinhas eram um charme irresistível, que faziam duas covinhas quando ele sorria. Ele era uma criança calma e extremamente fofa, mas a perita se encontrava completamente assustada e sem saber o que fazer com aquele mini humano.

O telefone de Sara tocou, era Heather.

— Hey Baby, está tudo certo? Estou indo para que possamos jantar juntas.

Heather sempre ligava, às vezes Sara estava em campo e acabava por não poder cumprir a promessa de jantarem juntas. A ruiva entendia, sabia que o trabalho de Sara era assim, por isso, raramente elas combinavam de jantar juntas, e quando o faziam, era de praxe que Heather ligasse para confirmar. Quando ouviu a voz dela, se lembrou instantaneamente que ela já havia sido mãe e avó, e que poderia ajudar ela com Zack. Suspirou aliviada. Era exatamente de Heather que ela precisava naquele momento.

— Está tudo certo, já estou a caminho. Mas acho que não vai ser um jantar a dois.

— Como assim Sara?

— Você vai entender quando eu chegar aí. Já estou a caminho.


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