Pela manhã, os primeiros raios de luz começaram a entrar pela janela do quarto, que não estava totalmente fechada, iluminando o quarto aos poucos e assim que luz chegou no rosto de Nick, ele deu um beijinho na cabeça de Judy e se levantou, de pijamas. A luz do sol em seu rosto era seu despertador natural. Judy continuou na cama. Era um sábado em que os dois estavam de folga dos serviços do DPZ. Nick saiu do quarto e foi para sala de televisão. O apartamento que os dois conseguiram juntos não era tão grande mas tinha dois cômodos pelo menos: uma suíte onde dormiam e a sala de televisão que era junto com a cozinha e lavanderia.

Nick foi até a geladeira pegar algo para comer no café da manhã e depois se sentou no sofá para procurar algo interessante na TV. Ele estava com um pouco de sono ainda, mas já estava acostumado a acordar cedo, mesmo em dias de folga. Enquanto procurava algo na TV, foi lembrando que sentiu Judy o abraçando durante a noite, não era algo habitual dela, já que quase não se mexia a noite. Nick não se importava com isso, ela era uma das melhores preciosas em sua vida. Ele não tinha o que reclamar mas ficou curioso.

Alguns minutos depois, Judy se levantou e se sentou na cama. Ela estava se sentindo bem, tinha dormido bem, mas aquele sonho tinha sido perturbador demais para uma coelha, só de lembrar do que viu no sonho, já era o suficiente para gerar um desconforto. Não conseguia imaginar Nick ser de outro jeito, ser alguém diferente do que ela tinha se apaixonado. Ela respirou fundo e repetiu para si mesma que era apenas um sonho e assim se levantou da cama e foi até a cozinha pegar um suco de cenoura, que ia tomar no café da manhã.

Logo percebeu que Nick estava no sofá assistindo TV. Judy preparou seu suco e depois foi se sentar ao lado dele, claro que acabou escorando nele como um travesseiro. Nick sentiu sua presença e a puxou para perto. Só de sentir o carinho de Nick já sentia melhor, já sentia que era o Nick que conheceu e que amava. Nick tinha o pressentimento de que ela tinha acordado durante a noite por algum motivo, mas não sabia o porque. Talvez conversando com ela, saberia o motivo.

— Dormiu bem, Cenourinha? – Ele perguntou, com o braço em volta dela, olhando para TV.

— Acho que sim. – Ela se sentia melhor ao lado dele.

— Senti seu abraço, de noite. – Ele a olhou. – Aconteceu alguma coisa?

— Não foi nada demais. – Ela encostou a cabeça nele. – Foi só um sonho estranho.

— Sonhou com o que? – Nick estava surpreso, não esperava que um sonho fosse perturbá-la assim.

— Não foi nada. – Ela insiste mais uma vez.

— Pode me falar. – Ele disse com uma voz calma e gentil. Essa gentileza e carinho que Judy amava.

— Ta bom. – Ela respirou fundo. – Eu sonhei com você, mas você era diferente, você tinha que usar um... – Ela o abraçou, porque só de imaginar Nick usando aquele colar a deixava triste.

— Um o que? – Ele colocou a pata atrás da cabeça dela, consolando-a.

— Um colar, todos os predadores tinham que usar. – Ela o olhou nos olhos. – Para controlar, você sabe.

— Não precisa dizer. – Ele tinha entendido.

— Por causa desse colar, você era diferente. Você... – Ela deixou cair algumas lágrimas. – Não era podia ser você mesmo. Não podia ser quem eu amava. – Isso tocou Nick de um jeito diferente. Ele sabia que Judy o amava, mas não tinha ideia do quanto.

— Judy, foi só sonho, tá tudo bem. – Ele a consolou, de maneira carinhosa e gentil. Ele a abraçou. Ela foi se sentindo melhor. – Vamos comer, tá um dia lindo lá fora. – Ela sorriu para ele e concordou. Ela estava diante do Nick que amava.

Os dois comeram no café da manhã e depois Nick sugeriu para que aproveitassem o dia fora de casa, para descansar um pouco do trabalho no DPZ que era estressante. Judy concordou, já que seria um jeito que esquecer aquele sonho que a perturbou.

Os dois saíram do apartamento e durante o dia, Nick a levou para diversos lugares pela cidade. Como ele morou por muito tempo nessas ruas, sabia bem por onde andar, os melhores lugares para ir e tudo mais. Nick tinha percebido que mesmo um sonho tinha incomodado Judy e por isso quis levá-la em alguns pontos interessantes da cidade para ajudar a esquecer o que tinha sonhado. Em cada lugar que ia, Judy estava se sentido melhor e sorrindo, mas não era por causa do lugar em si. Era porque estava com Nick.

Judy nunca acreditou que fosse se apaixonar desse jeito, muito menos por uma raposa que conheceu ao acaso. Mas aconteceu, querendo ou não, aconteceu. Ela estava bem e feliz com quem menos esperava. O jeito carinhoso e amável de Nick era seu porto seguro para os dias difíceis ou estressantes. Judy, entretanto, não tinha ideia do quão especial era para Nick. Durante anos, Nick viveu sozinho nas ruas com Finnick e ela foi o primeiro animal que o viu de verdade, que foi além do que os olhos podiam ver. Ele não esperava que algum dia pudesse sentir o amor, ou ser amado por alguém além da própria mãe, muito menos uma coelha boba que o arrastou para uma investigação policial.

Nick não esperava que uma simples coelha policial mudaria sua vida do que jeito que mudou.

Nunca imaginou que seria amado do jeito que era.