Color Anulus escrita por Macs


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma noite fria, como todas as outras. Andrei nem se incomodava mais. Mentira. Era impossível de se acostumar com as noites da Antártida. Temperaturas negativas faziam parte da rotina naquele deserto gelado.

— Vamos lá, Milton, jogue de uma vez. – Disse Giuseppe, com um sorriso malicioso no rosto.

Andrei se servia de um belo copo de café na sala de recreação enquanto observava seus colegas apostarem sobre quem iria sair da base para trocar os fusíveis de um poste de observação. Estava -35° C lá fora, e o azarado teria que passar um bom tempo lá fazendo o reparo.

— Hum, vejamos, eu tenho aqui um ...

— Pare de enrolar, Milton. Joga logo. – Falou um Theo impaciente.

— Hum, dois, hum, cinco ...

— Andrei, pega um café pra mim. Já vi que a coisa aqui vai demorar.

O cientista russo, sempre prestativo, atende ao pedido de Esteban. Ele deposita o líquido escuro em um gélido copo de alumínio vermelho. Quando está prestes a entregar o copo a seu colega, alguém entra na sala. Os cientistas se levantam imediatamente e escondem o baralho de cartas. A capitã não podia saber que eles estavam postergando para fazer o reparo. Tamanho sobressalto se mostrou injustificado: era apenas Natalia.

—  Péssimas notícias, pessoal. Estamos sem comunicação. Preciso de três de vocês comigo lá fora, para verificar a antena e os cabos de recepção.

— Ah, meu deus! – Fala Theo, com evidente alteração - Estamos jogando a 40 minutos para decidir qual de nós vai lá fora trocar os fusíveis do poste, e agora você chega com essa de que mais pessoas vão ter que sair! Sabe quanto está lá fora?

— Da última vez que olhei o termômetro lá em cima, estava 27° C. A sete minutos atrás, o termômetro estava marcando 63° C.

— O que vocês gênios fizeram para estragar até o termômetro?

— Esteban, não fizemos nada. Em um momento estava tudo bem, e então, o rádio começou a zumbir, e o termômetro enlouqueceu. A bússola também, por incrível que pareça.

— E os computadores?

— Estão fora do ar. Para dizer a verdade, eles estão oscilando entre ficar ligados e desligados. A capitã acha que os equipamentos estão sendo influenciados por alguma espécie de campo magnético.

— Merda. Tudo bem, vamos logo resolver isso. Eu vou. – Theo finalmente se deu por vencido.

— Que seja. Eu vou com vocês. – Giuseppe também.

— Não queria continuar jogando mesmo. Certo, vamos verificar a antena, e depois resolvemos o lance do poste. – Disse Esteban em resposta.

— Bem, boa sorte para vocês. Daqui a alguns minutos vou subir para ver o que diabos está acontecendo.

— Maldito Milton! Andrei, você vem ou vai ficar aqui com esse idiota? – Theo perguntou, carrancudo.

— Eu vou junto, esperem um pouco.

Passados 10 minutos, todos já estavam apropriadamente vestidos para ir ao encontro do frio horripilante. Quando os cientistas saíram da base, algo despertou no céu, como em resposta á presença deles. Imediatamente apareceram no céu 4 feixes de luz circulares de tamanho descomunal, um azul, um verde, um vermelho e outro púrpura. Esses “círculos” começaram a se intercruzar, formando as mais variadas cores no céu escuro.

Andrei se espantou com a beleza magnânima do fenômeno, afirmando para si que essa era a aurora boreal mais estranha que jamais havia visto. Sentiu memórias de sua infância vindo à tona enquanto olhava para o céu, n uma espécie de nostalgia bizarra. Logo adentrou em um estado de contemplação tão profundo que parecia um espectador de sua própria existência.

Não conseguiu medir quanto tempo ficou ali, parado em meio ao frio extremo observando os anéis coloridos. Só recuperou a consciência quando os anéis coloridos sumiram do céu, e por alguns instantes, apenas. Andrei seus colegas desabaram sobre o rígido chão gelado.

Quando o cientista acordou, já era dia. Andrei se viu momentaneamente desnorteado até perceber que estava em um lugar completamente diferente daquele em que perdeu a consciência. Ele estava no literalmente no meio de lugar nenhum. Tudo o que enxergava era gelo.


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