Missão Cupido escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 1
Passo 1: Recebendo a missão




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Se alguém perguntasse como Katsuki esperava terminar a noite, a resposta mais previsível vinda dele só poderia ser “dormindo depois de ter terminado toda a caralhada de lição de casa”, que é como ele costuma terminar toda noite mesmo, o loiro tem sua rotina e procura segui-la ao máximo que pode. O que não faz parte de sua rotina é ter sua boca tapada por um par de mãozinhas gorduchas e ficar ensanduichado entre o teto da sala de convivência dos dormitórios e a dona das mãozinhas gorduchas.

Uraraka o encara em pânico quando ouve os passos se aproximarem da sala e vira a cabeça para tentar vê-los, mas ninguém aparece no campo de visão dela ou dele, o que significa que o Pikachu voltou pra cozinha. Poderia ser um alívio, porque assim tem menos chance de eles serem pegos, mas só deixa Katsuki puto, porque a conversa que ele tá tendo com a Orelhuda ainda não acabou. E puta que pariu, que inferno esses dois nesse chove não molha do caralho! 

Se a Orelhuda não quer ficar com o Pikachu, por que raios ela não fala logo isso pra ele? É só mandar um “Sai, não tô a fim.” e acabar com isso, mas não, ela fica lá enrolando, parece que nem sabe o que quer. E na moral, se ela tá na dúvida, melhor dispensar o idiota logo. É uma questão bem simples de “sim” ou “não”, e se ela não fala “sim” de uma vez, é porque tá pendendo mais pro “não” de qualquer jeito, então só dá o fora nele e chega desse drama idiota que já tá se arrastando por meses.

Começou no final de abril, mais ou menos, o Pikachu anunciou, sem ninguém ter perguntado, que ia se declarar pra Orelhuda. Katsuki cagou pra isso, lógico, em quê isso lhe interessa? Já o Kirishima e o Fita Crepe sorriram e assoviaram, dando parabéns pro outro pela coragem (?) e dizendo que tavam torcendo por ele, eles também perguntaram quando ele ia se declarar, e o imbecil falou que “logo”. 

Logo o caralho, isso foi há três meses! Tudo que o Pikachu fez nesse tempo foi choramingar que nunca consegue ficar sozinho com a menina e, quando consegue, ela fica lá olhando pra ele com cara de bosta e aí dá medo de se declarar. O Kirishima e o Fita Crepe, outros idiotas também, ficam falando “Não, mano, calma. É assim mesmo…” e a Rosinha, que também não tem paciência pra essa lenga lenga, mas é chata pra porra, fala pra ele andar logo porque vai que surge concorrência pra ele. Ela deve saber de alguma coisa, mas não conta logo e só deixa o Pikachu ainda mais apavorado com essa merda. E por algum motivo, eles tão sempre discutindo essa baboseira perto dele, Katsuki não dá a mínima pra patética vida amorosa do Pikachu —  se é que dá pra chamar assim —  nem pra de ninguém, e ainda assim, ele sabe de todo esse drama porque os idiotas não calam a boca sobre essa merda por um minuto!

Então ele sabe exatamente porque o Pikachu tá conversando com a Orelhuda na cozinha a essa hora da noite, a coragem deve ter batido e agora ele tá ali dizendo que ama ela ou qualquer que seja a baboseira melosa que se fala numa confissão. Se Katsuki se importasse, ele acharia que tá certo, tem que falar essa merda logo e acabar com essa bobagem, o idiota só enrolou demais pra fazer isso. Esse é um dos problemas, mas acaba nem sendo o  maior.

O maior problema é que o Pikachu calhou de encontrar a Orelhuda sozinha na cozinha na mesma hora em que Katsuki desceu pra pegar uma água depois de ter terminado a lição. Ele ouviu duas vozes vindo da cozinha e… viu a Uraraka flutuando um pouco acima da mesa de estudos. Ela também o viu e arregalou os olhos, levando um dedo perto da boca como se indicasse pra ele ficar quieto. Katsuki franziu o cenho e se aproximou, nem deu tempo de perguntar o “Que porra é essa, Uraraka?” que ele queria ter perguntado, ela só o puxou com tudo, usando uma das mãos pra tapar a boca dele e fazê-lo flutuar ao mesmo tempo. Katsuki ficou tão chocado que nem detonou uma explosão na cara dessa doida, só se viu de repente prensado contra o teto, imobilizado pela Cara de Lua. Tsk, a sorte dela é que ele já tava cansado e com sono, só por isso não reagiu na hora.

—  É que assim… me pegou de surpresa porque… sei lá, cara… —  dá pra ouvir a voz da Orelhuda —  Nunca nem achei que você me via assim.

—  Eu também fiquei surpreso quando percebi. Nunca achei que você seria o tipo por quem eu pudesse me apaixonar.  —  o Pikachu responde, Uraraka faz uma cara estranha, como se tivesse sentido dor por ter ouvido isso. Porra, mas ele acabou de falar merda mesmo, quem fala um negócio desses numa confissão?

—  Nossa, obrigada… —  a Orelhuda responde sarcasticamente, e dá pra ouvir o moleque entrando em pânico daqui. Imbecil!

—  N-não, eu não quis dizer assim! Eu já te disse, te acho demais, Jirou! Você é descolada, tranquila, trocar uma ideia contigo é mó de boa, eu me sinto bem com você, tipo quando tô com os caras. —  tanto Katsuki quanto Uraraka estremecem diante do péssimo comentário. Puta merda, Pikachu!

—  Então, você me vê como um… cara?

—  Si-NÃO! Não assim, pô! Eu gosto dos caras de um jeito diferente de como eu gosto de você! 

—  Na boa, Kaminari, pelo jeito que você tá falando, não parece que você gosta de mim de jeito nenhum.

—  Mas eu gosto! Eu gosto muito! Eu só- urgh, eu me enrolo todo pra falar com você, mas… mas é isso aí mesmo, Jirou. —  é isso aí o quê, porra? —  Você é minha amiga e já me conhece há três anos, sabe como eu sou burro desse jeito mesmo, e também sabe que eu sou sincero quando precisa. Você não sabia que eu te via desse jeito, agora você sabe porque eu tô te falando. Não tô exigindo uma resposta nem nada, só te falei porque já queria fazer isso tem muito tempo, mas daqui em diante é você que sabe. —  Uraraka ergue as sobrancelhas, parecendo impressionada com o Pikachu de repente ficando todo decidido e menos vacilão.

—  Eu… você queria falar isso tem muito tempo? Por que só agora?

—  Ah, sei lá. A gente tá no último ano, logo logo a gente se forma, eu não queria deixar a U.A. com isso na cabeça, aí te encontrei sozinha hoje e só falei.

—  Entendi… bom… obrigada por ser honesto.

—  De nada.

—  Uhum, obrigada. —  por que ela tá agradecendo de novo se ele já falou “de nada”, cacete? —  Eu… não sei, Kaminari.

—  Pois é, eu também não.

—  É…

—  É…

CARALHO! Qual o problema desses dois? Katsuki revira os olhos e, quando olha pra Uraraka, percebe que ela tá fazendo a mesma cara, nem ela tá aguentando mais essa palhaçada. Só que agora não dá pra descer, porque os dois imbecis vão vê-los e vão entender na hora que eles ouviram toda essa conversa deprimente, e a última coisa que Katsuki precisa é de alguém pensando que ele tava bisbilhotando ou que ele sequer se importa com essa desgraça.

—  Bom, então… —  A Orelhuda solta de repente. Então? A Uraraka também sussurra um “então?”. Dá pra sentir a respiração dela contra a cara dele, e porra, que cheiro doce do caralho! É o shampoo dela? 

—  Então?

—  Acho que a gente… precisa resolver isso.

—  Bom, é que nem eu falei, você não tem que me dar uma resposta.

—  Que bom, até porque eu não tenho uma.

—  Putz…

—  Pelo menos não agora. Não sei… você quer… sei lá, sair em um encontro?

—  U-um encontro?

—  É, pra ver no que dá. —  a Orelhuda não soa nem um pouco animada.

—  Oh… OH! Um encontro! Pô, acho que sim, né? —  ele “acha”?

—  Você “acha”?

—  Não, eu… sim! Eu topo! Vâmo num encontro, Jirou!

—  É, foi o que eu sugeri…

—  Legal! E-então… hã… a gente pode ir em algum lugar no sábado? A gente vai combinando ao longo da semana.

—  É, pode ser.

—  Fechou, então! Eu… eu vou pensar em alguma coisa legal pra gente fazer.

—  Ei, por que é você quem decide?

—  Ué, porque… é o menino que tem que pensar nisso, né?

—  Quem disse?

—  Ah, sei lá. Por quê? Tem alguma coisa que você quer fazer?

—  Não, acho que não.

—  Então por que- Ó, eu vou pensar em algo legal e você vai curtir, ok?

—  Tá bom, ok…

—  Ok, então. Bom… boa noite. —  eles ficam em silêncio, e Katsuki já se prepara pra não grunhir de nojo só de imaginar se eles tão prestes a se beijarem. Ah não! Ele já ouviu muito desses barulhos estalados de beijo vindo do quarto do Kirishima uma pá de vezes, coisa nojenta e irritante do caralho! 

—  Boa noite.

Mas nada disso acontece, e ele só sente a Uraraka se espremendo mais contra ele quando os dois bobões passam pela sala. Cara de Lua bestona, como se isso fosse impedi-los de verem os dois aqui no teto caso eles olhem por cima do ombro, o que também não acontece. Ambos parecem muito concentrados no fato de que se despediram quando iam ter que entrar no mesmo elevador para irem pros quartos. É tão constrangedor que eles nem devem perceber mais nada ao redor deles, e Katsuki e Uraraka escapam ilesos.

Assim que a porta do elevador se fecha, ela reativa a gravidade. Os dois flexionam os joelhos e caem no chão numa posição agachada. Ele mal dá tempo de ela ajeitar os shorts enrolados nas pernas pra praticamente gritar na cara dela.

—  Que porra foi essa, Uraraka?

 

***

 

Por incrível que pareça, Ochako tava achando mais fácil e menos desconfortável quando estava grudada com o Bakugou no teto, vai ver é porque ele não podia falar, já que a primeira coisa que ela fez ao imobilizá-lo foi tapar a boca dele para impedi-lo de gritar e denunciar a presença deles ali, mais a dela, na verdade.

O timing disso tudo seria bem cômico se não tivesse a colocado numa situação tão embaraçosa. Ochako acabava de deixar o banheiro feminino depois do banho e planejava pegar um pouco de água antes de ir para o quarto. Seus planos casuais foram interrompidos quando ela adentrou a sala e se aproximou da cozinha, ouvindo uma voz masculina proclamar um “Eu gosto de você.” A morena arregalou os olhos e congelou no lugar, percebendo que com certeza não poderia entrar na cozinha naquele momento e interromper a declaração de alguém —  e quem será que tava se declarando pra quem?

Ela se moveu para correr até o elevador. Mesmo que fosse notada, as pessoas na cozinha poderiam pensar que ela não ouviu nada e não se importariam, mas então as portas do elevador se abriram e Ochako entrou em pânico, não deu tempo de chegar até lá, então ela fez a primeira coisa que veio à sua mente: tocou em seu próprio ombro e se fez flutuar. Um de seus colegas mais distraídos talvez nem a notariam ali, porém, para o seu azar, a pessoa que saiu do elevador é possivelmente a menos distraída da classe, sempre alerta e focado nos mínimos detalhes em busca de qualquer sinal que represente uma ameaça: Bakugou.

Ochako não tem ideia do que deu na cabeça dela, apenas o puxou assim que percebeu que ele ia berrar e questioná-la. É meio vergonhoso admitir, mas ela ficou mais preocupada em passar a impressão de que estava bisbilhotando a confissão do que de atrapalhar a confissão em si. Óbvio que ela não ouviu por querer, talvez até tenha ficado um pouquinho curiosa a princípio, mas seu plano era fugir dali e dar privacidade a quem quer que estivesse na cozinha. O Bakugou gritando com ela só passaria a impressão de que foi de propósito, então ela fez o que lhe pareceu mais certo: calou a boca dele e o forçou a acompanhar o desdobramento da confissão que, agora ela sabe, foi do Kaminari para a Kyouka. E foi… constrangedor, para dizer o mínimo.

Ela não compartilha essa última parte e não expõe sua opinião sobre o que eles ouviram, mas explica tudo isso pro Bakugou. O garoto não parece estar interessado em nada do que ela diz, mas ué, ele perguntou! Ela só tá respondendo e talvez tentando limpar sua barra para não sair com fama de enxerida.

—  ...então é isso. Eu não tava ouvindo de propósito e só te puxei porque fiquei com vergonha, e também não queria atrapalhá-los.

—  Tsk, como se isso fosse atrapalhar em alguma coisa, o Pikachu sozinho já deu conta de foder com tudo. —  ele resmunga, cruzando os braços.

—  Ah… não sei…

—  Como não sabe? Não ouviu essa merda toda?

—  Ele só tava nervoso, e bom… de toda forma, conseguiu um encontro com a Kyouka-chan, né?

—  Aham, e ela parecia tão empolgada em ir num encontro com ele. —  ele revira os olhos.

—  Ah, a Kyouka-chan é daquele jeito mesmo. Ela só deve ter ficado nervosa porque foi pega de surpresa. Pode ter certeza, se ela não quisesse, ela teria falado pro Kaminari-kun.

—  Que seja. Tô nem aí pra essa besteira, nem sei por que raios você tá falando disso. —  ele dá de ombros.

—  Ué, mas… foi você que começou a falar sobre isso. —  ela aponta. Ochako não planejava compartilhar sua opinião sobre o que eles ouviram, mas o Bakugou ofereceu a dele e ela se sentiu na liberdade de discordar. 

O Kaminari pode ter se enrolado um pouco, mas conseguiu ser sincero e transmitir o que queria. Foi até surpreendente, ele soou tão sério e decidido, bem diferente do garoto descontraído que está sempre rindo com o Kirishima, a Mina e o Sero e que costumava se juntar ao Mineta em planos mirabolantes para ver as meninas da sala em roupas reveladoras. Isso a faz se perguntar se o Kaminari parou com essas coisas porque percebeu que era imaturo e ridículo, e que a Kyouka jamais daria uma chance para ele se o garoto continuasse agindo daquele jeito. Mudar para melhor e amadurecer por quem se gosta é bem legal. Se fosse por ela, Ochako apreciaria o esforço.

A Kyouka talvez não tenha soado muito impressionada, mas como ela explicou para o Bakugou, é assim que sua amiga é. Sempre que surgem esses assuntos de namoro e meninos quando as garotas estão reunidas, ela fica mais na defensiva, mas não ignora nem se retira totalmente da conversa, então quem sabe? Talvez o Kaminari tenha grandes chances com ela.

O Bakugou até pode discordar, mas não é como se ele planejasse continuar discutindo sobre isso. Ele fecha mais a cara quando percebe que não tem resposta pro fato de ter puxado o assunto sobre isso. É engraçado deixá-lo sem palavras, mas só desse jeito menos literal. Agora que ela está mais calma, a vergonha diante do que fez começa a bater, e o fato de ter se enrolado no corpo dele para segurá-lo contra o teto, mais perto do que ela jamais ficou dele e de praticamente qualquer outro garoto a deixa um tanto consciente de seus cabelos úmidos e dos shorts de seu pijama. A prova do que ela fez chega a ser visível, a camiseta do rapaz está molhada, formando uma silhueta arredondada próximo à gola, evidenciando que ela encostou a cabeça molhada contra ele.

Essa situação não foi embaraçosa pro Bakugou só por ter sido forçado a ouvir uma conversa extremamente pessoal entre dois de seus colegas, tem mais coisa aí pra deixá-lo compreensivelmente envergonhado e com raiva. 

—  Enfim… me desculpa, Bakugou-kun. Eu não sabia o que fazer, então agi por impulso. Me desculpa por molhar sua camiseta também, eu não quis-

—  Tá, tá. Já entendi, Cara de Lua. Só finge que não ouviu nada e  deixa essa história morrer de uma vez. —  ele resmunga.

—  C-claro, eu… não vou contar pra ninguém. Agora eles que se entendam, né?

—  Ou não.

—  Ah, bota mais fé no seu amigo, vai.

—  É do Pikachu que a gente tá falando.

—  Sim, ué… seu amigo, você deve saber quais são as qualidades dele que podem agradar uma menina. E ele e a Kyouka-chan sempre se deram bem, então acho que-

As portas do elevador se abrem novamente, e ela para de falar assim que percebe que é justamente a Kyouka que volta ao primeiro andar. Tanto Ochako quanto o Bakugou se viram para ela, o que a faz recuar um pouco e olhá-los em desconfiança.

—  Hã… tô interrompendo alguma coisa?

—  N-não, Kyouka-chan, imagina! Eu e o Bakugou-kun só estávamos, hã… a gente só se esbarrou. —  ela responde prontamente. Os três ficam se olhando em silêncio por longos e alarmantes segundos

—  Ok…? Só vim pegar meu carregador, acho que esqueci na cozinha. Finjam que eu não tô aqui. —  ela dá um meio-sorriso estranho e se dirige à cozinha com um movimento desajeitado. Será que ela… será que ela sabe que eles tavam aqui? A audição da Kyouka é muito melhor que a da maioria, mesmo sem ela precisar conectar seus plugues às paredes e ao chão, não é improvável que ela possa ter ouvido a respiração errática de duas pessoas que não deveriam estar ali alguns momentos antes. Seja como for, ela não fala nada, e retorna à sala com o carregador em mãos. Ochako decide que vai subir com ela para tentar sondar, já está até seguindo a garota em direção ao elevador, mas então a Kyouka se vira mais uma vez —  Faz muito tempo que vocês tão aqui?

—  Hum? —  Ochako pergunta.

—  É que eu não vi vocês antes, faz muito tempo que vocês tão aqui?

—  Hã… não, não muito. Eu acabei de sair do banho e já tava indo dormir quando esbarrei com o Bakugou-kun. N-não é, Bakugou-kun?

—  E eu lá vou saber do seu banho, Cara de Lua? —  ele vocifera, o que a faz olhar feio pra ele.

—  Não tô falando de banho, tô falando de ter te encontrado aqui, e isso aconteceu… agorinha mesmo, Kyouka-chan. Tipo… uns minutinhos atrás, no máximo. —  ela tenta soar calma e casual, sorrindo.

—  Hã… ok. Você tá bem, Ochako? 

—  Tô sim, por quê?

—  Nada, você parece meio vermelha e afoita e… —  ela lança um olhar afiado na direção do ombro dela. Ochako não entende e aperta os olhos, a Kyouka repete o olhar incisivo, apontando levemente com o queixo. 

Então Ochako nota a alça de sua regata escorregando de seu ombro, é uma blusinha velha e desgastada que ela só usa para dormir, a alça fica caindo mesmo, só que normalmente a garota já está em seu quarto debaixo das cobertas quando isso acontece e ninguém vê. É um pouco vergonhoso isso acontecer na frente da Kyouka e absolutamente horrível na frente do Bakugou, Ochako levanta a alça rapidamente e sente o rosto fumegar enquanto corre para o elevador, nem perguntando se a amiga queria acompanhá-la.

Vai ver é melhor assim, a manipuladora de gravidade sente que acabaria se enrolando e deixando escapar que sabe da confissão.

 

***

 

Se foi melhor ou não, Ochako só descobre no dia seguinte. A Kyouka disse que precisava falar com ela depois da aula, e a morena sabe que só pode ser relacionado à cena de ontem. Se ela sabe que foi ouvida, com certeza vai repreendê-la e exigir uma explicação, o que Ochako fornecerá prontamente. Se ela não sabe, mas tem dúvidas, também receberá uma explicação de imediato. A única preocupação da Kyouka deveria ser em relação aos seus sentimentos pelo Kaminari, a opinião de terceiros, mesmo que sejam pessoas que ficaram sabendo disso involuntariamente, não importa, e é isso que Ochako quer dizer para a amiga.

É o que ela teria dito caso não tivesse se deparado com o Bakugou quando chega ao banco que fica em frente ao Gym Ganma, onde as duas garotas combinaram de se encontrar. Ochako olha ao redor, confusa.

—  Bakugou-kun? Tá esperando alguém?

—  A Orelhuda.

—  Ué? Eu também, eu… —  então ela se dá conta —  Ah, ela quer falar com nós dois. —  ele não responde, e ela se senta ao lado dele —  Olha… pode ficar tranquilo que eu vou me responsabilizar por tudo, viu? Foi minha culpa, você só deu azar de aparecer ali naquela hora, eu vou explicar tudo pra ela.

—  Não faz mais que sua obrigação, Cara de Lua. —  ele dá de ombros, e mesmo sabendo que é verdade, isso a deixa irritada.

—  Não precisa ser tão grosso, eu já pedi desculpa.

—  É, você já pediu desculpa umas trocentas vezes, já encheu o saco isso. Tsk, por sua culpa eu vou ter que ouvir ainda mais dessa ladainha insuportável.

—  Ladainha?

—  Esse chove não molha desses dois, só me falta a Orelhuda achar que eu ligo pra essa história! Já não bastou o Kirishima com a Rosinha, agora são esses dois aí, certeza que é muito drama pra não dar em nada!

—  Você realmente não bota nenhuma fé num namoro entre eles, hein?

—  Os dois não têm nada a ver.

—  Será? Eu acho que eles combinam bastante…

—  E quem te perguntou, Cara de Lua?

—  Ninguém, só tô dando minha opinião sem ninguém ter pedido… igual a você.

—  Maldita! Vai se-

—  Oi, vocês dois! —  a Kyouka surge de repente e acena pra eles —  Desculpe a demora, tava conversando com a Yaomomo sobre o nosso grupo de estudos.

—  Ah, tudo bem, Kyouka-chan.

—  Tsk, se você chama os outros, no mínimo tem que ser a primeira a aparecer. —  o Bakugou não se mostra tão compreensivo. A Kyouka só revira os olhos pra ele.

—  Não liga pra esse ranzinza, não. Pode falar, Kyouka-chan.

—  Hã… é. Então… eu… —  ela toca as pontas de seus plugues, um sinal de que está nervosa —  É sobre ontem à noite…

—  Oh… sim?

—  Eu, hã… não sei onde vocês tavam antes, e podem ficar tranquilos que eu não contei pra ninguém que vi vocês. —  ela fala essa parte olhando mais pra Ochako, e isso a faz se perguntar porque ela parece tão alarmada por eles dois —  Eu, hã… eu recebi uma confissão ontem, um pouco antes de vocês aparecerem.

—  Oh… oh! Uau! —  a morena faz seu melhor para parecer surpresa ao perceber que a amiga não sabe que ela já sabe.

—  É, pois é… —  a Kyouka cora —  O Kaminari me pegou de surpresa.

—  Oh, o Kaminari-kun… —  Ochako segue se fazendo de boba e olha rapidamente para o Bakugou. Poxa… ele também podia fingir um pouco de surpresa… ou pelo menos fingir que se importa um pouco —  E como foi?

—  Ah, daquele jeito, né? O Kaminari não é desse mundo mesmo! —  ela ri nervosamente —  Ele… me chamou pra sair no sábado.

—  Que leg-

—  E eu queria saber se vocês topam um encontro duplo.

Ochako arregala os olhos e nota que o Bakugou faz o mesmo. 

Oh… talvez tivesse sido melhor ter despejado tudo que ela sabe no elevador ontem…


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Notas finais do capítulo

Oi oi! Não falei que voltava com uma kacchako em breve? Aqui estou hdsuhsdkhjd

Então é isso, temos aqui uma short-fic pelo Kacchako Project que, inclusive, segue com inscrições abertas para beta, capista, helper e escritor. Caso tenha interesse em participar, só entrar em contato comigo por mensagem que eu mando o formulário de inscrição e explico tudinho, só venham!

Agradeço muito à dilophosaurus_ pela betagem sempre muito sagaz e à Kuryama_nyah pela capa lindíssima. Obrigada demais, meus anjos!

É provável que o próximo capítulo venha daqui a duas semanas! Beijos e até breve ♥



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